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domingo, 19 de novembro de 2017

FICHAMENTO DO LIVRO - A ORIGEM DO EI ESTADO ISLÂMICO (2017)

RESENHA DO LIVRO – A ORIGEM DO ESTADO ISLÂMICO
Autor do livro:   Patrick Cockburn – Editora Autonomia Literária – 207 p.
Resenha (fichamento) pelo leitor:  Eng.Agr. Orlando Lisboa de Almeida   17-11-2017
     O livro foi editado em sua 5ª reimpressão em junho/2017 e é bastante atual.    Foi recomendado numa reportagem do jornal Folha de SP por ser o autor um jornalista muito premiado e que visitou ao longo do tempo mais de vinte vezes os países do oriente médio em conflito.   É considerado um dos mais entendidos do tema que é pauta de interesse mundial.     
     Destaques das páginas de introdução de Reginaldo Nasser.
     Sobre notícias desencontradas que correm pelo mundo atual...
...”pois a cura de muitos males demanda apenas a luz do sol”.
     Página 15 – “pelas lentes da mídia ocidental o EI Estado Islâmico aparece como um grupo irracional que age sem motivos políticos, movido apenas pelo ódio religioso”.
     16 – O EI conseguiu a proeza de unir Irã e USA no combate do mesmo.
     17 – O autor conhece como poucos a região do conflito, tendo ido dezenas de vezes por lá nos vinte anos recentes.
     17 – O autor até admite que o EI é jihadista, mas deixa claro que a “guerra  religiosa” não é tudo no caso.
     18 – Jihad não significa “guerra santa” mas significa luta, esforço.
     A radicalização tem a ver com a interpretação errada do wahabismo que é uma  das muitas correntes do Islã.   A Arábia Saudita é um dos lugares do wahabismo e difunde o mesmo pela região.
     O wahabismo nasceu no século XVIII e confronta-se com sunitas, sufistas, e considera os mesmos como  não muçulmanos.    E o wahabismo  é também contra judaísmo e cristianismo.
     O wahabismo é a ideologia oficial da Arábia Saudita.
     “Os maiores responsáveis pela difusão do wahabismo no mundo são os países árabes aliados ao mundo ocidental:  Arábia Saudita, Qatar e Emirados Árabes.
     20 – Sunitas (uma das correntes do Islã) no Iraque são deixados em segundo plano pelo governo e discriminados pelos xiitas.  Uma das causas de muitos sunitas do Iraque apoiarem o EI está nessa discriminação que inclusive lhes dificulta o acesso a empregos, etc.
     O EI ocupa Mossul  (livro de junho-17) e ameaça Bagdá.      Os dez anos de “estruturação” do Iraque pós guerra, no figurino do gosto americano, com gastos de 100 bilhões de dólares para estruturar a segurança estaria indo por água abaixo.
     20 – O EI atacou a prisão de Abu Gharaib que era um local dos  soldados americanos/ingleses/franceses torturarem inimigos na guerra do Iraque.
     22 – Países do Ocidente, USA, França e Inglaterra, na vanguarda articulando com a oposição ao governo sírio dentro da própria Síria.
     22 -  O autor do livro faz ressalva ao “repórter de guerra” porque entende que se deve contextualizar as ações militares com as intenções políticas em jogo.
     22 – O repórter dramatiza eventos para ter audiência.
     Ex:   Quando caiu Saddan, os repórteres mostraram tanques bombardeados.    O autor foi ver os tanques e estes ao serem bombardeados já estavam abandonados porque as forças iraquianas já achavam que não compensava defender Saddan e seu governo.
     Mostram as batalhas como algo simples entre o bem contra o mal e a realidade é outra e mais complexa.
     E destaca que os jornalistas que cobriram as guerras pelo ocidente em geral ficam “engajadas e protegidas” por um dos lados e assim sempre tendem a entender esse lado como o do bem e os do outro lado como sendo os do mal.
     23 – A guerra da propaganda.  Foram  vistos garotos num campo de refugiados sírios assistindo um filminho de gente sendo serrada com motosserra e o filminho imputando isso aos soldados alauitas (pró governo Sírio) contra os sunitas sírios.   Na verdade o vídeo era do México, do cartel das drogas.
     24 -  Ações dos USA que potencializaram a emergência do EI Estado Islâmico.    USA ataca o Iraque em 2003 e nesse contexto os sunitas passam a ser marginalizados.   Campo fértil para o EI conseguir simpatizantes e apoio.
     Em segundo lugar, o apoio dos ocidentais aos insurgentes na Síria.  Também isso ajudou o EI.
     O autor afirma que a guerra ao terror feita pelos USA foi um grande fracasso.
   (para continuar a leitura, clique no local informado...  )

     24 – A respeito o Reginaldo Nasser, do prefácio do livro já lança uma provocação:    Será que a intenção dos americanos é promover a paz ou manter o conflito para “justificar” sua presença militar por aquela região petrolífera?     “Se alguém tem interesse em vender armas (azeitar esse mercado), é interessante ganhar uma guerra contra  o terror?    Ou mantê-lo sempre ativo...
     Lança mais uma provocação:    Será que o aparato militar americano é tão falho nas ações militares e mesmo sua diplomacia, ou os “erros” são calculados...
     25 -  As potências ocidentais, após a guerra “criaram” e impuseram fronteiras no Oriente Médio  (após a Segunda Guerra Mundial) que não respeitaram nações, culturas, etc.
     26 – O EI é especialista em semear medo.    A propaganda do EI degolando e coisa e tal angaria certos apoios, mas também gera oponentes que não se agregavam em outras causas.
     A guerra com “apoio” divino tem dois gumes.   Se há avanços, é por “aprovação” de Alá e se há derrotas, seria porque Alá assim determinou...
     Prevê-se que o Califado não se concretize frente a dois países com governos xiitas.  Mas o EI terá em Raqqa e Mossul gente sempre articulada para ações de guerrilha.
     26 – Três décadas de crescimento da ideologia.   Lider:  Abu Bakr al-Bahdadi e a busca do Califado:   “Estado onde  árabes e não árabes, brancos e negros, orientais e ocidentais são todos irmãos.   A Síria não é para os sírios, o Iraque não é para os Iraqueanos.   A terra é de Alá”.
     27 – Até aqui os comentários do livro são do professor de Ciência Política da Unicamp – Reginaldo Nasser.    
     Na sequência, as palavras do autor propriamente dito.
     A partir daqui deixei de anotar passo a passo conforme costumo fazer, tantas eram as passagens relevantes que ficavam difíceis de sintetizar.  Destaquei alguns pontos que seguem:
     93 – Cita a morte do embaixador americano por rebeldes em Benghazi na Líbia.
     94 – Muitos diferentes grupos jihadistas.    ...”atualmente as diferenças entre as crenças dos jihadistas estão de estreitando, independentemente de serem ou não ligados ao núcleo da Al-Qaeda.
     103 - ...” importante verdade política no Iraque contemporâneo:  Nem o governo, nem qualquer outro dos movimentos políticos institucionais são tão fortes quanto fingem ser.   O poder está dividido...    (esse cenário ajuda o avanço do EI)
     104 – Corrupção no exército do Iraque.   Um general chega “comprar” um posto de comando para depois usar o cargo para desviar milhões.
     120 -  Os primeiros protestos da primavera árabe em vários países tiveram passeatas pacíficas.   O aparato de repressão policial foi violento, o que gerou indignação e revolta no povo.   Abriu caminho para conflitos armados.
     120 -  Assad (da Síria) quando assumiu o poder na sequência do governo do pai dele, deu atenção ao povo simples, inclusive do interior do país.  Com o tempo se distanciou dessa base e descontentou muita gente.  Gente que ficou sem sustentação econômica para viver.    Caldo de cultura para conflitos.
     136 – A Arábia Saudita é aliada dos americanos.   Por outro lado...    “A Comissão que investigou o atentado de 11 de Setembro (nos USA) identificou a Arábia Saudita como fonte principal de financiamento à Al-Qaeda, mas nenhuma ação foi tomada a respeito.”
     A Arábia Saudita também apoia (com $) o Talibã e outros movimentos...
     153 – Libia -   “O foco da mídia em colorir o confronto desviou a atenção do foco central:  Gaddafi foi derrubado por uma intervenção militar conduzida pelos USA, Grã Bretanha e França.”
     153 - ... na Líbia após depor Gaddafi.   ... “não há surpresa alguma nisso.  As aparições públicas de políticos ocidentais junto a crianças sorridentes ou soldados triunfantes são invariavelmente produzidas para forjar cenários favoráveis”
     193 – O Iraque tem uma população de 33 milhões de pessoas, das quais 7 milhões moram em Bagdá.
     193 -  Lá na região está havendo grande desestabilização, mas o autor diz que mesmo na Europa Ocidental as coisas não vão bem.
     194 – “A Casa Branca continua a ser uma superpotência, mas já não é tão forte como antes”.    
   Anotações deste resenhista que mostram um pouco da perda de poder pelos USA inclusive em favor da China que cresce a cada dia como potência econômica, deslocando o foco de poder.  
     A China tem atualmente mais de 1 trilhão de dólares da dívida externa americana.       Somente em 2016 entre importação e exportação no comércio China x USA, o balanço foi favorável à China em 237 bilhões de dólares.      É uma boa amostra da migração do polo de poder...


      
     


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