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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

RESERVAS EM DOLAR DA RUSSIA DIVULGADA EM FEVEREIRO DE 2022, BASE 30-06-2021 PELA FOLHA DE SÂO PAULO

 SOBRE AS RESERVAS MONETÁRIAS DA RUSSIA - fevereiro de 2022 (base 30-06-21)

Na página A15 da Folha de SP de hoje, 28-02-2022 saiu um gráfico mostrando onde estão depositadas as Reservas da Russia expressas em dolar, apesar de haver reservas em ouro metal.
Reservas totais 30-06-2021: 630,2 bilhões de dolares.
Assim distribuidas:
Ouro (metal) ............ 23%
China........................... 13%
França......................... 11%
Japão.......................... 09%
Alemanha................. 09%
USA,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,, 06%
Bancos internac..... 05%
Reino Unido............. 04%
Outros........................ 21%
Em valores aproximados, tirados de um gráfico.
OBS - Ver que há países que irão bloquear o acesso a essas reservas nos respectivos territórios.

sábado, 19 de fevereiro de 2022

CAP. 10/10 - fichamento - livro - O MAPEADOR DE AUSÊNCIAS - autor moçambicano - MIA COUTO

capítulo 10/10

 

          O  Inspetor Óscar Campos escreve ao prisioneiro Adriano Santiago

                   Ano de 1973

         Sobre espionagem e agente infiltrada.   Almalinda era uma espiã disfarçada de prostituta.   “No calor dos prostíbulos as mulheres ganham a confiança dos nossos inimigos”.

         Arrancar confissão – despir a roupa do que vai ser interrogado.  O policial diz:   “a roupa atrapalha a sinceridade”...

         Carta da avó Laura ao Inspetor Campos – 1973

         “Quando um regime começa a prender os poetas é porque esse regime está perdido”.

         Uma senhora sobre as estratégias das mulheres de sua época:

         “Os senhores (policiais) não aprenderam com as mulheres da minha geração.    Era o que fazíamos no casamento.   Trazíamos o lobo para dentro de casa, que era onde ele se convertia num cachorro manso”.

         Capítulo 21 – Naufragadas Nuvens  - Inhaminga,     março de 2019

         O povo local ver os brancos nas piscinas e não poder entrar.       ...”e que deveríamos dar graças a Deus por poder ver a alegria dos outros”.

         O marido de Maniara é contratado como guarda do cemitério.   Logo lhe passaram uma pá para ele abrir covas.   Ele argumentou que era guarda e não coveiro.   O chefe retrucou:   “És guarda de noite... de dia vais abrir covas que é um trabalho em que os pretos são bons porque mal nascem já vão abrindo a própria sepultura”.

         Por lá eles consomem muito “peixe seco”.   (como leitor já ouvi que muitos povos africanos tem o hábito de consumir peixe seco e procuram a mercadoria mesmo em países distantes para os quais migram, como nos USA).

         Cubata é o nome que dão às choças que servem de moradia nas aldeias.   Cubata é coberta com folhas de palmeiras.

         Capítulo 22 – O amor e outras mentiras  - Os papeis da PIDE – 11

         Ano de 1973.    O da polícia política.

         “Retirei da minha maleta um livro que os nossos serviços de censura tinham recolhido na livraria Salema.    Tinha por título Capitães da Areia e o autor era um tristemente célebre comunista brasileiro chamado Jorge Amado”.   Neste tempo o livro citado era proibido em Portugal e em suas colônias.

         Dá pane no poeta ao receber o livro do policial.   Desmaia.  Chama-se um médico.        

         O médico puxa a orelha do poeta que andava fugindo de retornar à consulta e não andava bem de saúde.   O poeta argumenta:   “É verdade, doutor, ando com problemas de memória.  Tenho-me esquecido de ficar doente”.    O poeta defendia a necessidade de ter uma doença.  Justifica:

         “Há dois inimigos da inspiração poética:   o primeiro era ser saudável num mundo tão doente; o segundo era ser feliz num mundo tão injusto”.

         O por quê do não retorno ao médico:  Quando eu ia, lá só tinha pacientes da estrada de ferro, todos brancos.   Não se via negros.   “Se eles não adoecem, eu também quero ser negro”.

         O marido poeta já doente e não largava de fumar.   Tanto a mulher dele reclamou. Mas...   “A certa altura, deixei de me importar.   Era melhor o cheiro do tabaco que o perfume das amantes que ele trazia agarrado no corpo”.

         Capítulo 23 – O ciclone -    Beira, março de 2019

         Lá na região a cada uma porção de tempo ocorre ciclone que causa enormes estragos.    Em 2019 houve um que foi arrasador.

         Epílogo – O último interrogatório  - Beira – março de 2019

         O Inspetor velho recordando.    “...sempre me senti derrotado.   Comecei a perder vitória.   A minha mulher escapou-me, da pior maneira que pode suceder: desistiu de ser ela mesma.   Enlouqueceu...”

         A Vitória teve uma filha mulata, a Ermelinda.   Nome português e lá em Moçambique os nativos não tem a pronúncia do erre e então ficou como Almalinda.

         No passado o Inspetor desprezava Ermelinda.  Depois que ela morreu assassinada, ele mudou de comportamento.    “No dia que mataram Ermelinda, nesse dia ela nasceu como minha filha.   Pela primeira vez eu era pai”.  (fora do casamento)

         O velho inspetor confessa que no passado tinha uma atração pelo poeta Adriano.   E um dia visitou Sandro, filho de Adriano e teve um caso com ele sonhando com Adriano.

         O inspetor já em Portugal.   O exército nunca chegou a me prender.   “E não era necessário.  Eu já estava aprisionado no meu passado”.

         O antigo inspetor confessa e pede sigilo a Diogo, filho de Adriano.  Foi ele que pagou secretamente os estudos de Benedito Fungai.  No passado a polícia matou o pai dele por ter testemunhado o crime dos policiais ao matarem Almalinda.

         Liana, filha de Almalinda diz que como punição ao Inspetor vai escrever a história dele.   E ele tinha cedido a ela toda a papelada.  Ele diz à neta.    “Mas devo dizer-te uma coisa – avisei – Não é reproduzindo a minha história que te vais curar.  É escrevendo a tua história”.    Pela primeira vez Liana escutou o meu conselho.    O livro dela:    O Mapeador de Ausências”.   (este que estamos lendo).

         O desfecho -   “A história do que fomos e de quem somos”.    “Esses anônimos guardiões das histórias buscam, entre os escombros, a palavra redentora.   Eles sabem:   tudo o que não se converte em história se afunda no tempo”.

                            Fim.            Término da leitura dia 08-02-2022

                                                                                                                                                                 orlando_lisboa@terra.com.br 

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

CAP. 09/10 - fichamento - livro - O MAPEADOR DE AUSÊNCIAS - autor moçambicano - MIA COUTO

 capítulo 09/10                    leitura feira em fevereiro de 2022

 

 

         Logo que Almalinda voltou para Moçambique, foi trabalhar numa boate.   Dali dois meses, estava morta. (“caída” do quinto andar...)

         O jornalista vê Soraya e Liana se abraçarem e chorarem juntas o fim de Almalinda.  Ele:   “Por um momento sinto inveja daquela habilidade.   Chorar é um modo de falar.   O meu corpo não tinha acesso a esse idioma”.

         Capítulo 16 – A descida aos céus – Os papeis da PIDE -8

         No prédio da Beira, Almalinda, aos 22 anos, dançarina de boate, foi asfixiada com fita adesiva no pescoço e tem sinais de que ela lutou para se livrar.    Depois jogaram ela pela janela do prédio.   A colega dançarina também tinha morrido da mesma forma não fazia tempo.   Eram vizinhas de quarto no prédio.

         Sobre a morta atirada do quinto andar do prédio.   “Os moradores do prédio falaram todos ao mesmo tempo, parecia que tinham medo do silêncio que escapava da falecida”.

         Capítulo 17 - Os que escutam a pólvora.     Inhaminga  - março de 2019

         Em 2019 o protagonista Diogo, Liana e Benedito partindo de Beira para Inhaminga.   Benedito pede a Diogo que recite poesias enquanto dirige, como fazia Adriano, pai de Diogo no passado no mesmo percurso.   Diogo confessa a Benedito.   “Às vezes sinto vergonha de ter sido seu patrão”.

         Benedito a Diogo sobre o tempo sofrido da guerra (anos 70).    “Aceitar que toda nossa vida tivesse sido um inferno seria dar um prêmio aos opressores”.

         O povoado de Inhaminga feito frangalhos após duas guerras.   Casas sem telhado, paredes com marcas de balas, sem energia elétrica...   “Bendito Fungai sugere que não procuremos a vida nas casas.  Procurássemos Inhaminga nas pessoas, nos laços sociais que escampam a quem está apenas de passagem.

         Nesta visita de 2019 o pai de Benedito, o Sr Capitine já é falecido e o filho foi ao cemitério para reverenciar o pai.   Fala do coveiro, fala dos mortos nas duas guerras:   “A vida aqui é uma outra guerra – acrescenta”.   “A gente chega a ter vergonha de ser um sobrevivente – concluiu o coveiro”.

         Capitine foi assassinado dois dias após presenciar a morte suspeita da dançarina Almalinda.    Ele viu a polícia levar o corpo e apagar pistas para não levantarem suspeitas.    A boate era vizinha do cemitério e ele era coveiro.

         Em Inhaminga há o paredão de fuzilamento.    O Diretor da escola foi do pelotão de fuzilamento nos anos de guerra e não quer prosa sobre o passado.   Benedito também tem suas razões para não mexer mais no passado.   E fala a Diogo...    “vivemos em sentidos opostos.   Tu queres lembrar.   E eu quero esquecer”.

         Quarenta anos atrás, Benedito saiu de seu povoado Inhaminga para fugir da guerra.

         Capítulo 18 – O chão do corpo.  Apontamentos autobiográficos do Inspetor Óscar Campos  -  Os papeis da PIDE – 9

         Segundo fragmentos da autobiografia de Óscar Campos, de 1951.

         Voltamos a Inhaminga de 2019.

         O Inspetor da Polícia Óscar Campos era o pai de Almalinda, fora do casamento.

         Sobre as guerras e os que ficam e os que partem da terra por causa destas.     “A guerra tem costas largas.  Usamo-la para explicar o que sucedeu e para justificar o que não aconteceu”.

         A dedicatória do pai ao filho, fruto das escapadas do pai.          “Querido Sandro, escrevi livros porque nunca soube ser autor de minha vida.   Espero que sejas autor dos seus sonhos”.

         Árvore de casuarina.   Digo como leitor que essa árvore deve ser bem frondosa e de destaque em certas regiões da África porque a mesma é bem citada nos mitos dos povos originários.

         Capítulo 20 – A culpa dos inocentes  - Os papeis da PIDE – 10

         Ano de 1973  (tempo de guerra).

         Virgínia na Delegacia brava e o marido preso.   Ela quer que ele fique por lá preso mesmo.   “Se quiserem castiga-lo tirem-lhe tudo que é papel e caneta.   Ele que apodreça, mais a porcaria da poesia”.

         O filho falando com o pai infiel preso.

         - “Volta para casa, pai.   A mãe vai perdoar-te”. Ele responde:   - A mãe é uma mulher de paixões.   E a paixão não chama o perdão.   Atrai, sim, vingança.

 

         Continua no capítulo 10/10 

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

CAP. 08/10 - fichamento - livro - O MAPEADOR DE AUSÊNCIAS - Autor moçambicano MIA COUTO

 capítulo 08/10

  

         Os domesticadores de milagres   - cidade de Buzi, março de 2019

         Estão na vila do Buzi à margem do rio do mesmo nome.

         Na época da tentativa de suicídio da mãe de Liana, o pai de Almalinda (Ermelinda) ficou sabendo que ela foi salva por um pescador no distante rio Buzi e foi lá rever a filha.   Ela logo o acusou pela tentativa de suicídio e pelo suicídio do noivo dela (ele era preto), ela sendo mulata e o pai, branco.

         O pai resolve depois voltar para sua cidade e pagou para que os que a acharam se calassem.    A mãe de Almalinda teve que ser internada num hospício por conta da tragédia.

         O pai pensa em contar a ela que a filha não morreu e a esposa sararia e voltaria para casa.  “voltaria para casa para me atazanar o juízo”.

         Nos ventos que  prenunciam um furacão. “Há uma chuvinha que vai tombando sem saber onde cair”.

         Tradição local.   Enterrar as crianças perto do leito dos rios, em terras úmidas.    “Não se enterra em terra seca quem ainda não é pessoa”.

         “A vida é um percurso da água para a terra, do barro para o osso”.

         Capítulo 14    Os que nascem com raça.   (os papeis da PIDE-7)

         A PIDE é a polícia do colonizador.

         Anotações de viagem do meu pai a Inhaminga.   Viaja só Adriano e Benedito.   Diogo não foi daquela vez.   Benedito no banco da frente pela primeira vez.   O guarda da barreira (branco) fica bravo por causa do branco estar andando com um preto no banco da frente do carro.

         Deixou passar porque o motorista era jornalista, mas com muita má vontade por deixar um jornalista ir pra região do conflito e ainda essa de carregar um preto no banco da frente.

         Foram pra falar com Maniara, a madrasta de Benedito.

         A vizinhança da aldeia de Inhaminga onde vive Maniara e seu povo.

         “Havia ali tão pouca terra que a qualquer lagoa se dava o nome de mar.”    Ela exemplifica a vida de uma mãe na aldeia dela e os conflitos e riscos para os filhos.

         “Transitava de um filho morto para um outro que ia morrer”.    Maniara fala.   “Com esta mão abro a luz; com esta outra, fecho o escuro”.  O filho Benedito explicou:  - “Minha mãe está a dizer que tem dois serviços:  é parteira de  dia e enterradeira à noite”.

         O jornalista reparte o lanche com Benedito que estranha o gesto do patrão.   Depois vai lavar os pratos e Benedito, de novo, fica indignado.

         O jornalista avisa...  “hoje o teu serviço vai ser o de contares a história da sua mãe”.

         A mãe biológica de Benedito morreu ao pisar numa mina explosiva.  Daí ele ficou com a mãe adotiva, Maniara, com quem no passado o pai dele teve um caso.   Desse caso, nasceu um filho que já em seguida morreu.   Na casa de Maniara, o jornalista se reencontra com Sandro e este estava vestido de mulher e fazendo trejeitos femininos.

         Depois de breve conversa entre ambos, o jornalista resolve voltar para casa.   Vai dizer à esposa que Sandro se juntou à guerrilha da Frelimo Frente Nacional de Libertação de Moçambique.

         Capítulo 15 – Uma chaga na pele do tempo -  Beira, março de 2019

         Visitam a casa da cabeleireira Soraya em busca de pistas da mãe de Liana.   Ela vendo na TV a fala de um bispo protestante brasileiro.  Desliga a TV para falar com as visitas.  Diz que aprende português brasileiro com os pregadores e as novelas do Brasil.

         Soraya se gabando do corpo que ela julga em dia.  O segredo seria nunca beijar na boca os fregueses como as outras fazem.   E acrescenta o resultado negativo nas que beijam:   “Havia de as ver, andam com o corpo pendurado no pescoço”.

         Liana diz a Soraya que é filha de Almalinda, amiga e colega de prostituição de Soraya.   Do baú, Soraya tira um vestido que foi de Almalinda no tempo das danças na boate.

         Almalinda quando bebê foi enviada para um orfanato em Moçambique depois que a mãe dela morreu em um manicômio.   Em seguida foi enviada para Lisboa.   Aos 15 anos, ela resolveu voltar para Moçambique para morar com o pai.   Ela era linda.   O pai não teve os cuidados paternos com ela, apesar de lhe pagar os estudos.   Era linda e de pele escura e cabelos encaracolados.

         Voltou depois do afogamento para o orfanato em Lisboa.  Ao completar 18 anos, os enfermeiros do orfanato tocaram nela e lá havia uma prática de uma vez por mês uns homens virem escolher as “mulheres de aparência” e levavam sem volta, não se sabia para onde.     Voltou mais uma vez para Moçambique depois de ter uma filha em Portugal e de fazer Secretariado.

         Continua no capítulo 09/10

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

cap. 07/10 - fichamento - livro - O MAPEADOR DE AUSÊNCIAS - Autor moçambicano - MIA COUTO

capítulo 07/10

 

         Papel 20 – Excerto do meu diário.  A avó, o mar e os fatos

         Diogo usava consumir flocos de aveia no café da manhã.

         Juliano, o preto velho que sempre foi empregado da avó Laura de Diogo.   A avó dizendo que o marido queria despedir o empregado porque ele estava muito velho e que por isso não ajudava em nada.    ...”este preto – que todos dizem não ser já de nenhum préstimo – todos os dias nos traz uma história”.   A patroa, avó Laura, vê isso como um grande serviço.

         “Não imaginas como preciso escutar essas histórias”.

          Capítulo 11 – Os domadores do caos   -  cidade da Beira, março de 2019

         O velho farmacêutico militante do passado, natural de Goa, que foi província portuguesa no sul da Índia.   Benedito levou o Diogo para visita-lo, estando então o velho acima dos noventa de idade.

         “Estou velho e tão magro que já tenho mais ossos do que palavras.”

         O velho Natalino que foi um dos agitadores da revolução e era comunista.

         Em 1962 a Índia tomou o governo de Goa e Natalino foi preso por uns tempos.   “Nunca Natalino disse uma palavra sobre o que tinha padecido no cárcere”.  Não há lamento mais digno que o silêncio.

         Era o que ele sempre dizia.     Em certo momento, Diogo esperando o barco.   – Que horas parte este barco?

         O marinheiro responde:   “O horário aqui, meu boss, é quando aparecer o último passageiro.  O barco fica cheio e nós arrancamos pontualmente”.

         O Diogo pergunta qual a lotação do barco e vem a resposta:   “O limite máximo pode chegar a uma média de vinte e tal pessoas.  Mas aguenta até cinquenta, dependendo da ventania”.    Esta viagem que vão fazer demora ao redor de três horas rio acima.    “No mar é como na caça: contam-se histórias”.

         Ventania, ondas fortes, água entrando no barco.   O piloto diz:   “Este barco é uma igreja flutuante, reza-se mais aqui que nas igrejas”.   “Um dia começo a cobrar o dízimo”.

         O guia que é da região da terra visitada vai parando para conversar com cada conhecido que não vê há tempos.  E a prosa tem assuntos de colheitas, saúde dos amigos etc.

         Na repartição pública “na parede lateral está suspenso um relógio antigo.   Está avariado, os ponteiros estão mortos”.

         Termo mizungo, equivale a mestiço.

         A viagem de barco foi de Beira até Buzi, sendo uma viagem por um rio e seu afluente.  Foram buscar informações sobre a mãe de Liana.    A que se atirou no mar junto com o namorado, ambos amarrados juntos para se suicidar porque os pais não deixavam eles se casarem.

         Capítulo 12 – Se os mortos não morrem.   Quem é dono do passado?

         Os papeis da PIDE – 6

         Adriano, pai de Diogo, era ateu.   “Estou a chegar aos cinquenta anos, altura em que a idade se vai tornando uma doença.”

         O desprezo da candidata a sogra portuguesa em relação a alguém (alguma pretendente) “de menor estatura”.    A sogra ao conhecer a futura nora:   “Tantas moças do nosso meio e foste buscar uma rapariga da aldeia!”

         A nora em carta à sogra depois de muitos anos.   Chorei e chorei muitos anos...  a senhora me obrigava a sentir vergonha de mim mesma”.

         Carta do Inspetor de Polícia – Óscar Campos

         O inspetor vê na rua protestos de brancos contra o exército que está supostamente lutando para defende-los.    “Alguém disse que a esperança alimenta multidões.”   Pois eu digo:  “O desespero cria exércitos alucinados”.   Estes protestos atingiram a honra da corporação. (do exército).

         “A Beira nunca foi nossa.   Eles elegeram o candidato da oposição.   O quase cego da família, um octagenário  ... “ser quase cego é pior que ser completamente cego...   “a cegueira total inspira compaixão.   Mas não ameaça ninguém.  A cegueira incompleta suscita meto.   Entre os da nossa família, nós nos indagávamos o que é que esse nosso tio era capaz de ver”.

     Um paralelo do militar.   Entre nós militares neste tempo de guerra.   Quem é o inimigo?

         Um dia o Inspetor devolveu o caderno de poesias inédito que tinha confiscado do poeta.   Ele não estava em casa e a esposa dele recebeu o caderno.    Estava sendo pintada a casa dela e ela, irada, pegou o caderno e enfiou dentro da lata de tinta.

         Continua no capítulo 08/10 

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

CAP. 06/10 - fichamento - livro - O MAPEADOR DE AUSÊNCIAS - Autor moçambicano - MIA COUTO

 capítulo 06/10                    (leitura em fevereiro de 2022)

  

         Voz do comando das tropas:    “Se derem atenção aos pretos, eles desatam a contar-nos histórias e acontece como nas Mil e Uma Noites:   nunca mais vocês os matam”.

         “Ainda bem que eles falam outra língua, disse o capitão.   Se os entendêssemos, nesse momento deixariam de ser inimigos”...

         Sandro que é gay e soldado quer como soldado deixar a causa dos colonizadores e passar para o lado da guerrinha armada pelo seu povo.

         Sandro em carta fala ao seu tio adotivo Adriano Santiago que é jornalista e poeta:    “Quando pensa poeticamente o tio diz coisas acertadas”.

         Papel 17 – Excerto do meu diário  - Teatro de sombras – ano 1973

         ...................     Capítulo 9 – Os fintadores do Destino

         Cidade da Beira, março de 2019

         Liana pede para o jornalista Diogo falar com o padre Martens no telefone.    – Como você descobriu o padre Martens?   Resposta dela:  Milagre chamado internet.    “É uma seita com mais seguidores que qualquer religião.   E já tem fanáticos...”

         As fotos secretas que eram para Adriano, lá no passado entregar a um revolucionário.   Adriano se enganou e entregou fotos de mulheres bonitas no lugar das fotos relativas à revolução.

         Benedito agora, 2019, é do Partido que está no poder na Moçambique independente.   “O seu amigo agora é uma pessoa importante”.     O reencontro entre Benedito Fungai e Diogo depois de mais de quarenta anos.

         Diogo em reflexão:   “E vejo nele como eu próprio envelheci”.   Homens andando de mão na mão é costume em nossa terra.

         Benedito, no passado, criado por patrões portugueses, tinha vontade de ir para a guerrilha.    “Foi assim que aconteceu – diz Benedito – Em casa de portugueses aprendi que era moçambicano.”

         Mais adiante, Benedito já na guerrilha, comunica ao pai que passou a lutar pela liberdade.   O pai diz:   - Pobre do povo que é oprimido – vaticinou Capitine – E mais pobre o povo que tem que ser libertado”.

         Diogo e Benedito recordando em 2019 na infância e os tempos das peladas de futebol.   Entravam em campo em fila como se houvesse torcida.   O Diogo puxava a fila e os meninos o aplaudiam muito.   “Na altura eu não percebia:  não aplaudiam o jogador, mas o dono da bola”.

         Um dia receberam um time de meninos ricos, todos brancos.   O time do Diogo era de povo simples, mesmo todos brancos, menos o Benedito, que jogou no gol.

         Passados muitos anos, Benedito já autoridade na cidade, no campinho pede para o Diogo contar um causo da infância deles num jogo de futebol.   Contar para o jovem sobrinho de Benedito.    O jovem ouve o causo e depois volta ao jogo.  Benedito diz ao amigo:  “Tenho inveja de ti.  E não é a fama, não é o sucesso.    Imagino um escritor como alguém que vive a vida dos outros.

         Benedito conta ao amigo Diogo que Sandro era na verdade filho do pai de Diogo com uma amante.   E que ela era dançarina de cabaré.   Virgínia, mãe de Diogo inventou a história de acidente de automóvel dos pais de Sandro.   Isto foi para enganar os vizinhos sobre o caso.

         Sandro então, por parte de pai, era o único irmão de Diogo e ele não sabia.   Cresceram “primos” juntos.

         Capítulo 10 – A espera do fim do mundo

         Os papéis da PIDE – 5

         O Papa Paulo VI pediu aos padres que atuavam em Moçambique que não abandonassem o país quando este passou pela revolução de Independência.

         Parte 19 – Carta do Inspetor de Polícia – Campos

         Na rebelião popular  (anos 70) o exército prendeu todos os suspeitos em Inhaminga.  Era muita gente.    Mandavam os presos para trás do hospital.  Faziam os presos abrirem a própria cova e depois eram fuzilados.

         A família dos executados vinham à polícia em busca de informação e eram informadas de que os presos estavam “desaparecidos”.   Que tinham ido ao mato buscar lenha...

         Entre os executados...  “havia ali velhos, mulheres, rapazitos”.

         O agente em carta reclamou ao seu superior.   “Não poderíamos matar tanto e tão a eito”.

         As execuções começaram a causar mal estar nas tropas portuguesas.    Os soldados portugueses tinham colocado muitas minas terrestres na região do conflito em Moçambique.

        

         Continua no capítulo 07/10

        

domingo, 13 de fevereiro de 2022

CAP. 05/10 - fichamento - O MAPEADOR DE AUSÊNCIAS - autor Moçambicano - MIA COUTO

capítulo 05/10

 

         Capítulo Seis do livro – O Corpo como Cemitério  (Os papeis da PIDE -3 – polícia da repressão)

         Um soldado fala ao jornalista no tempo que o narrador era garoto e estava na companhia do pai na conturbada Inhaminga.

         O soldado português diz que seus colegas são todos medrosos da guerra.   Que se pudessem, voltavam todos para casa.   E acrescenta:   “O que eles não sabem é que ninguém volta de uma guerra”.   (se volta fisicamente, mas a cabeça é outra, perturbada)

         Declaração da líder Maniara (a que é parteira e enterradeira de mortos do conflito)

         Foi ela que trocou a bandeira portuguesa pela capulana  (roupa típica de Moçambique).   O que deu toda a confusão na aldeia de Inhaminga.

         “Quem primeiro vê os mastros são os deuses.   Se mexi na vossa bandeira foi para agradar os antepassados”.    Ela lavava fardas dos soldados.    Ela, sobre os jovens soldados.   “É sempre assim com estes rapazes:  por mais tamanho que tenham, a farda fica-lhes sempre demasiado grande”.   “Não é o corpo que lhes falta.  É a idade”.

         Ela sobre os soldados portugueses:   “Que soldados são os deles que não cantam e não dançam?”

         O padre moçambicano que recebe na igreja o alferes que comandou as tropas que executaram várias pessoas em Inhaminga.  Ele, negro.

         Disse do seu dilema.  É padre, mas ninguém confessa com ele.   Para os portugueses, por ele ser preto e pelos locais por ele ser padre (cristão, fora das tradições religiosas deles)

         Ele diz que lá ele atende o Deus dos brancos de dia e os deuses da sua terra à noite.

         O Alferes tinha tatuagem no braço com “amor só de mãe”.   E após matarem os locais, Maniara protestou e disse que todos ali tinham pais e ela era a mãe de todos.   Aquilo abalou o alferes.

         A poeira na estrada.    “O carro brecou, os pneus deslizaram pela areia vermelha levantando uma imensa nuvem de poeira que engoliu o homem, o carro e a estrada.”

         Eles em Inhaminga, zona de conflito e terra de Benedito e sua gente.

         O pai de Benedito fala mais a língua local e já foi preso político várias vezes   Para falar em prisão, pronuncia o termo prisão na língua portuguesa porque na linguagem deles, nativos, não existe esta palavra.

         O pai de Benedito (ao ser preso) “Era o primeiro de sua aldeia a dormir numa casa de cimento”.

         Argumenta:    “que queriam tanto a sua companhia que até fecharam a porta à chave”.  (ele preso...)

         Capítulo 7 – Há chumbo dentro de Camila

         Cidade da Beira, março de 2019   (ocasião que Diogo, filho de Adriano está de retorno após décadas, ao lugar onde viviam)

         Diogo (jornalista e poeta) no Hotel e recebe recado de que tem visita.   Pensa que era Liana e autoriza a portaria a deixar a visita entrar.    Chega Camila e não, Liana.   Usava vestido curto.    Agora Camila com 65 anos de idade.   Ele recordando.   O pai dela matou o namorado dela no dia que ela fez 15 anos.

         Camila depois na rua conversando com Diogo e pega uma pedra para atirar na delegacia de polícia.    Ela não se conforma pelo fato de Moçambique manter a polícia no mesmo prédio depois da Independência (1976), prédio este onde os repressores puniam seu povo.

         Capítulo Oito – As Notícias   (Os papéis da PIDE – 4)

         Anotações de meu pai.        A Encomenda – ano de 1973

         Falando a um líder revolucionário, o português Pacheco.

         “A nossa causa está a crescer, camarada”.   “Não sei qual é a sua causa, meu caro Pacheco – declarei – A minha causa é ter emprego, cuidar da minha família...”   (diz o jornalista Adriano, pai de Diogo)

         Carta do Soldado Sandro para minha mãe 

         Voz do comando das tropas:    “Se derem atenção aos pretos, eles desatam a contar-nos histórias e acontece como nas Mil e Uma Noites:   nunca mais vocês os matam”.

         “Ainda bem que eles falam outra língua, disse o capitão.   Se os entendêssemos, nesse momento deixariam de ser inimigos”...

 

         Continua no capítulo 06/10 

sábado, 12 de fevereiro de 2022

CAP. 04/10 - fichamento - livro - O MAPEADOR DE AUSÊNCIAS - autor moçambicano - MIA COUTO

 cap. 04/10

 

            O da polícia para saber dados de Adriano Santiago (pai de Diogo) foi procurar a mãe dele.   Disse a ela que iria visitar em Moçambique o lugar onde ele vivia e que se interessava por ouvir dados do local.    E deu corda para ela ir falando.   "Uma pessoa daquela idade troca tudo por um momento de atenção".   A velha sabia que ele era Inspetor de Polícia, da PIDE Polícia Internacional e de Defesa do Estado.   

         A mãe de Adriano:   “Não se preocupe com meu filho.   O meu filho é um sonhador.    “Sonha com a política como sonha com as mulheres”.

         “O Adriano acha que a poesia é o mais poderoso dos explosivos”.

         A mãe de Adriano acha que ele quis sempre ser criança.   “É por isso que o Adriano escreve versos.  É por medo.  O meu filho tem medo de olhar o grande vazio de sua vida”.

         O Inspetor da Polícia quis saber o que o levou a ir par Inhaminga.  (o lugar onde o conflito estava mais acirrado)

         Ela sabia que a FRELIMO Frente Nacional de Libertação de Moçambique atuava por lá inclusive.    A Frelimo matou um maquinista de trem branco.

         O Sandro fez serviço militar e atuava na terra dele pelo colonizador, contra a guerrilha da Frelimo.

         A mãe do poeta fala ao policial.   Sobre o filho adotivo dela, o Sandro, ser atualmente militar.    “Foi mandado para o serviço militar.  Acho graça que se chame ‘serviço’ a ocupação que consiste em matar pessoas”.      “Meu filho Adriano não é fiel na política...  O meu filho será um eterno amante da vida, das mulheres e de devaneios poéticos.   O regime dele só existe em sonhos”.

 

         Papel 8 – Depoimento da vizinha Rosinha – vizinha da família de Adriano.

         A vizinha dizendo que a família de Adriano é muito doida.    ...”dona Laura, sendo mulher, se põe a ler livros na varanda à frente de toda gente.  Exibe-se assim, sem pudor, de manhã à noite”.

         ...”os pretos lá na tradição deles, são muito dados a visitar os familiares e, para eles, os parentes são todos misturados, os vivos e os mortos”.

         A vizinha diz que faz reuniões na casa dela, mas não são de política.   Ela é espírita.  E diz:   “O inspetor sabe dos segredos dos vivos.  Pois eu conheço os segredos dos mortos”.

         Papel 9  - Diário de uma mãe, Virgínia Santiago (mãe de Adriano)

         A esposa de Adriano, jornalista e poeta, que não impediu o marido e o filho Diogo a irem para o local dos conflitos, Inhaminga.     “...fazer as malas e vou sair desta cidade.   Não sei para onde.   Não saber para onde fugir é tão triste como ficar em casa”.

         Capítulo 5 do livro – Uma alma esburacada.

         Cita Lao Tsé:   “A lembrança é um fio que nos condena ao passado”.

         Encontro do poeta Diogo (filho de Adriano)  com uma vizinha e amiga de infância.    Camila, que veio com sua mãe Rosinda.    “Esta mulher que me abraça é linda e sabe da sua beleza”.

         A velha parente recordando a mãe do jornalista.   “A tua mãe dizia que na nossa cidade, tão fechada e cinzenta, faltar à verdade não era um pecado.  Era uma generosidade”.      O marido da velha, Vitorino Sarmento, dizia sobre o povo seu e os da colônia.   “Estes pretos, mesmo sendo estranhos, são todos da mesma família.   Que inveja dessa gente.   Nosso caso é inverso.  Somos parentes e nunca chegamos a ser família”.

         Rosinda, viúva, mãe de Camila, declara:    “Esta cidade que vai te libertar é a minha prisão.  Passo a vida em casa.”

         Na saída, Camila de forma escondida da mãe, deixa o número do telefone para o jornalista Diogo.   A mãe entrega a Diogo uma carta.

         O guarda do cemitério é Capitane, pai adotivo de Benedito e Jerónimo.

         Vitorino Sarmento (pai de Camila) tinha como criado o Jerónimo, tinha um quê com essa filha e ficou possesso quando pegou ela no flagrante com o criado Jerónimo no passado.    Montou uma farsa e matou o criado e a outra filha dele.     Por causa do crime que cometeu e pelo caso que tinha com a filha Camila, Vitorino ficou louco.    Toda noite tinha a visão de que o morto estava na porta de sua casa e que ele tinha que remover o corpo de lá.   Pirou.

         Em Portugal já tinha terminado o tempo do ditador Salazar no poder e já era tempo do presidente Marcelo Caetano.  

         Logo após o crime,  Vitorino internou Camila num hospital psiquiátrico sem indicação médica.    Mais adiante, Vitorino já louco, foi internado no mesmo hospital.   Mais ou menos no mesmo tempo que Camila foi liberada do hospital.    Vitorino morreu na cela dois dias depois.

        

                            Continua no capítulo 05/10