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quarta-feira, 28 de março de 2018

AUDIÊNCIA PUBLICA - CAMPO MOURÃO - TEMA AGROTÓXICOS E ZONA DE PROTEÇÃO VERDE - 27-03-2018

RESENHA DO EVENTO COM A PROMOTORIA PÚBLICA DE CAMPO MOURÃO – TEMA: AGROTÓXICOS – 27-03-2018 – NA CONCAM
     Resenha feita pelo Eng.Agr Orlando Lisboa de Almeida
     O evento em Campo Mourão foi convocado pela Promotora de Justiça da Comarca, Dra. Rosana Araujo de Sá Ribeiro.   Ela é Promotora da comarca e Coordenadora Regional da Bacia Hidrográfica do Alto Ivai.
     Ela fez um Convite às pessoas interessadas e às autoridades da região e houve um evento de casa cheia no auditório da Concam que tem ao redor de 300 lugares.   Foi na parte da tarde de 27-03-18.     
     Eu estive lá na qualidade de Gestor da Fiscalização pela CEA Câmara Especializada de Agronomia do CREA PR em companhia do Sr. Helio Xaviver que é o Gerente Regional do CREA Maringá-PR.
     No telão da abertura o destaque para o dia 09-04-18 – Dia Mundial da Saúde
     Algumas das autoridades e entidades presentes:  Edson Batilani, Eng.Agrônomo e Presidente da Câmara de Campo Mourão; Eng.Agrônomo Edinei – Emater PR; representantes da Adapar, IAP, Ocepar, Secretarias de Agricultura e Meio Ambiente de várias prefeituras daquela região e muitos interessados dentre agricultores, técnicos, estudantes.       Na recepção, no apoio, conversei com dois estudantes de Direito com foco na área de Meio Ambiente.
     Da fala da Promotora que não formou mesa de autoridades e partiu para a prática, dando o recado.    Disse que não se trata de um enfrentamento contra os produtores rurais.   Busca-se construir um trabalho em conjunto com a comunidade e suas lideranças na área de abrangência da Bacia Hidrográfica do Alto Ivai.    O esforço está focado em criação de leis municipais para proteger o entorno das zonas urbanas dos municípios numa região que é fortemente agrícola e que se usa agrotóxicos como rotina.
     No contexto da busca de criação de Zona de Proteção Verde ao redor das cidades para tentar barrar no que for possível a ação de agrotóxicos nas lavouras vizinhas destas. A Zona de Proteção é uma faixa de 300 m que tem sido estabelecida na lei entre a cidade e o local até onde se poderia aplicar agrotóxicos nas lavouras, quando não há renque de árvores na proteção.   A faixa pode ser menor onde há renque de árvores plantadas para ajudar na proteção inclusive contra a deriva (produto arrastado pelo vento ao aplicar) de agrotóxicos.
     O Comitê da Bacia Hidrográfica local está organizando um evento para celebrar o dia Mundial da Saúde (09-04-18) com ações como Feira de Produtos Orgânicos, etc.  Já há três Cooperativas de Agricultores Familiares que aderiram:  Nova Tebas, Corumbatai e Mato Rico.   Está aberto a novas adesões.    Programados vídeos, teatro, etc.     Buscam inserir produtos orgânicos na merenda escolar das escolas públicas do Paraná.
     A Promotora destacou que na democracia alguns podem ser contra certas iniciativas, mas tem que participar.     O foco é criar mecanismos para reduzir o uso de agrotóxicos na região.   Evitar poluição do solo, das águas, das pessoas e da fauna e flora.
     Ela disse que se conseguirmos em sociedade cumprirmos ao menos o que diz a lei vigente do setor, já teremos um ganho para a sociedade.     Elogiou a SEAB Secretaria da Agricultura do PR e a ADAPAR a ela ligada, pela criação e operacionalização do Sistema SIAGRO que é um sistema informatizado para cadastrar e monitorar as receitas agronômicas no Paraná, e que mantém banco de dados sobre quem comercializa, quem compra, quem recomenda agrotóxicos e onde aplica.   
     Ela disse que estão meio que unindo duas Bacias Hidrográficas para efeito de gestão conjunta.   Haverá a Bacia Hidrográfica do Alto Ivai – Piquiri, das quais ela continuará como a Gestora com mais uma equipe.  São 45 municípios na área de abrangência da Bacia em pauta.   Uma das preocupações neste quesito é ter água de qualidade para as populações.   Abastecimento hídrico seguro.
     Para obter água de qualidade preconizam ações integradas envolvendo:
Ø  Proteção das matas ciliares adjacentes aos córregos, etc.
Ø  Monitoramento da qualidade da água de poços tubulares
Ø  Agrotóxicos – buscar monitorar e  cobrar o uso responsável dos mesmos
Ø  Tecnologia no Uso e Conservação dos Solos.    Evitar erosão que empobrece o solo, leva água e resíduos de agrotóxicos aos rios e assoreia rios e represas.
Ø  Conservação de estradas rurais.     Requer cuidados com as estradas e a conservação do solo de uso agropecuário nas adjacências.
     A cidade de Campo Mourão tem 95.000 habitantes.   Forte na Agricultura.
     A Promotora historiou um pouco as ações na questão dos agrotóxicos.   A população de Luiziana-PR que fica na comarca de C. Mourão se sentia prejudicada com as aplicações de agrotóxicos junto ao meio urbano e entrou com um abaixo assinado com 150 assinaturas na Promotoria pedindo providências, datado de 15-09-16.   A Promotora passou à ação.   Fez reuniões, convidou pessoas (convocou) para oitivas, inclusive 15  Engenheiros Agrônomos que assinaram Receitas Agronômicas para os proprietários vizinhos da zona urbana, etc.     Eles em geral disseram que seguiam as recomendações da Embrapa pesquisa em suas Receitas Agronômicas.
     Dentro de iniciativas da Promotoria Pública de diversas regiões do PR, o CREA se comprometeu e imprimiu 5.000 exemplares de Cartilhas sobre uso racional de agrotóxicos para divulgar junto aos Engenheiros Agrônomos e Técnicos que emitem receituário no estado reforçando os cuidados exigidos em lei.   Também o CREA colocou em seu site na internet três Boletins Eletrônicos com esse mesmo tema e objetivo de uso racional de Agrotóxicos por recomendação do Ministério Público.
     Ao demonstrar os riscos dos agrotóxicos na periferia das cidades citaram o caso da Santa Casa de Campo Mourão que fica na periferia e tem unidades de atendimento oncológico e maternidade dentre as atividades e não longe desta, se aplicava agrotóxicos com menos atenção aos riscos do que o caso merece.
     Campo Mourão tem ao redor de 75 propriedades rurais que fazem divisa com o meio urbano.   Eles tem uma lei do final dos anos 90 já sobre esse tema.   Faixa de 100 metros entre área de aplicação e zona urbana.
     A Promotora destacou que eventualmente pode haver alguma perda para os produtores mas disse que o interesse coletivo se sobrepõe ao individual.     E que havendo pessoas afetadas estas tem o caminho de reclamar às autoridades e estas tem o dever de tomar providências. 
     Nessa leva de criação da Lei de Proteção Verde recente há 10 municípios da região que já criaram a lei e há outros em discussão do tema.     Ela disse que em contato com o PARANÁ CIDADE, órgão do governo estadual, foi informado que os municípios terão que constar em seus Planos Diretores, diretrizes sobre esse tema da proteção contra os agrotóxicos.
     PRONARA – Programa Nacional de Redução dos Agrotóxicos
     Aberta a palavra aos presentes.    O Eng.Agr. Djalma, da equipe de Cooperativa local de Campo Mourão usou a palavra.     Ele que também é Advogado, levou em mãos cópias de alguns laudos e disse que havia algumas distorções na questão do número de aplicações de agrotóxicos.   Disse que as ações tem que ser pautadas na “verdade”.    Falou inclusive que há recomendação de produtos em mistura de tanque na qual se usa mais de um produto numa mesma aplicação.  
     Fala do colega Eng.Agr. Edinei da Emater.   Falou de MIP Manejo Integrado de Pragas, processo consagrado há tempos, para racionalizar o uso de agrotóxicos.   Ele destacou que há lei federal que trata do uso racional de agrotóxicos no sentido de proteção das pessoas e meio ambiente e que eventuais desvios podem resultar em penalidades aos faltosos, inclusive aos agentes públicos em caso de omissão.
     Serão instalados Comitês Técnicos-Científicos com abrangência em averiguações em agrotóxicos em relação ao ar, água, solo, produtos agrícolas, etc.    Assim as discussões ficam com mais embasamento.
     Consta que na página do IPARDES (órgão estadual que coleta e tabula estatísticas sócio-econômicas) na internet há dados importantes sobre Saúde por município.  Idem na ADAPAR.
     Como exemplo citado pela promotoria de casos extremos de uso de Receituário Agronômico por um só profissional:   Em Luiziana houve caso de 4.000 Receitas/1 profissional/ano.   Já em Ibiporã houve caso de 11.000 Receitas.   São pontos bem fora da curva, mas servem de alerta.
     O Sr Jonas, advogado, ligado à prefeitura de Altamira do Paraná, parabenizou a Promotora pelas ações.
     Foi destacado lá que os herbicidas (mata mato no popular) costumam ter efeitos mais visíveis pelas pessoas do entorno porque os danos são mais visíveis em plantas domésticas dos atingidos e estes reclamam.    Mas há risco em casos invisíveis de produtos que tem efeito cumulativo e de longo prazo nas pessoas.
     O Eng.Agr. Gilberto Bramisso que é da região, disse que já foi do CREA PR e opinou que este evento é uma discussão política e legal.    Pede que haja mais embasamento técnico.
     Sobre as cidades crescendo sobre a zona rural, o colega da Emater lembrou que todo novo loteamento é aprovado pela lei e em audiência pública. 
     A representante da prefeitura de Roncador-PR    (Camila) destacou que no seu município, um lado tem bastante pequenos produtores e isto causaria dificuldade aos mesmos para eventual implantação de Barreira de Proteção Verde.      Mas lá foi dito que não se proíbe plantar na faixa e a agricultura orgânica nesta é uma das alternativas.
     Programa PAR    Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos
     É um programa federal em curso.    Citado que o estado do PR tem também um programa estadual dentro dessa mesma linha.     Que análises são caras e dificultam a expansão do programa.
     Fala do Eng.Agrônomo pesquisador da Embrapa – Dionisio Gaziero que participou da CEA do CREA PR como Conselheiro Titular e do Grupo de Trabalho Agrotóxicos na mesma.    Ele disse que a iniciativa da Promotoria é bom e ele acha que há distorções no aspecto técnico da condução da matéria e que devem ser corrigidas para obtenção de melhores resultados para a comunidade.    Seguir a tecnologia de aplicação de agrotóxicos com mais profissionais de assistência técnica aos produtores será de grande valia.    Disse que o produtor rural precisa de assistência técnica e também ser fiscalizado para que ele faça a parte dele conforme determina a lei.   Não eximí-lo da parte que tem de responsabilidade no uso racional de agrotóxicos.    Ele se coloca à disposição para ajudar a buscar esse rumo de ação mais racional e segura.
     Falou-se na necessidade de haver mais treinamento para aplicadores de agrotóxicos e também foi dito que houve promoção de eventos do gênero na região e houve pouca demanda por parte dos produtores rurais.
     O Eng.Agrônomo Djalma, da Cooperativa local, falou de treinamento de aplicadores.  Lamentou que na atualidade está muito um Nós e Eles, meio que um confronto na sociedade e isso contamina os outros temas.  
     O Eng. Agrônomo Batilani, Presidente da Câmara de Campo Mourão usou a palavra e fez considerações sobre o problema e lembrou que no passado os agrotóxicos eram bem mais agressivos que os de hoje.   Que há ações a realizar para que os mesmos sejam usados com critério para o benefício de todos.
     Esta foi uma resenha do que eu vi e ouvi e anotei de forma resumida e espero com a mesma passar uma idéia do que foi discutido naquele evento.   
             orlando_lisboa@terra.com.br      Eng.Agr. Orlando Lisboa de Almeida
                                          Curitiba PR.       Conselheiro Titular do CREA PR
(Conselheiro – cargo exercido sempre de forma voluntária e não remunerada)
    


    
    



terça-feira, 20 de março de 2018

SEMINÁRIO INTERNACIONAL - VIVA SEM AGROTÓXICOS - CURITIBA PR 13 A 15-03-18 - RESENHA DAS PALESTRAS

RESENHA DA PRIMEIRA PARTE DO SEMINÁRIO  INTERNACIONAL “VIVA SEM VENENO” -  CURITIBA – PR      AUDITÓRIO DA UTFPR – 13 A 15-03-18
     Anotações feitas pelo Engenheiro Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida
     O evento teve sua abertura por volta das 14.30 h num anfiteatro da UTFPR Campus de Curitiba-PR.    As pessoas que consegui anotar da composição da mesa de abertura:
     Ana Gabriela Oliveira de Paula – do MPT Ministério Público do Trabalho
     Eng.Agr. Florindo Dalberto – Presidente do IAPAR Instituto Agronômico do PR.
     Paulo Costa Santana – representando o Secretário Estadual da Saúde – SESA
     Paulo de Oliveira Perna – Professor da UFPR – do Observatório do Uso de Agrotóxicos e Consequências para a Saúde Humana e Ambiental do Paraná / Núcleo de Saúde Coletiva da UFPR Universidade Federal do Paraná
     Roberto Baggio – representante do MST no estado do Paraná
     Everaldo da S.Onidoni
     Ligia do Prado -  da APREA Associação Paranaense dos Expostos ao Amianto
     Deputados estaduais:Rasca Rodrigues (PV), Tadeu Veneri (PT) e Pericles Melo (PT)
     Este Seminário foi lançado no Forum Nacional Contra Agrotóxicos.   O Forum  em 30 meses com página na Internet já teve mais de 70.000 acessos.    Foi impulsionado inclusive pela apresentadora Preta Gil que colocou o tema dos resíduos de  Agrotóxicos nos alimentos na TV e deu forte repercussão.       www.vivasemveneno.com.br
     Fala do Professor Paulo Perna da UFPR -   Em sua fala de abertura do evento ele diz que ao seu ver o problema dos agrotóxicos é hoje o maior problema de saúde pública no Brasil.   Destaca a força mundial dos fabricantes de agrotóxicos.   As contaminações no ser humano de forma aguda, que aparecem de imediato, são as que mais aparecem nos serviços de saúde.   Por outro lado, há o problema das intoxicações crônicas que vão ocorrendo de forma lenta e cumulativa prejudicando a saúde da pessoa e que são menos detectadas pela Saúde oficial.
     A Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Paraná, presente no evento, destacou que nosso estado tem grande número de pequenos produtores da Agricultura Familiar.     Eles buscam apoiar para que cada vez mais esses agricultores migrem para a Agricultura Orgânica que reputam como Produtora de Vida.   Há núcleos nesse esforço em várias partes do PR e União da Vitória-PR tem um desses núcleos.   Disse o representante sobre o slogam deles:   “Produzir  o alimento sagrado e viver em comunhão”.   No ano Jubilar de 2000 já tinham ações nessa linha.
     Fala do Roberto Baggio do MST do Paraná -  Disse que o modelo atual de agricultura é pernicioso e compromete nosso futuro.   O desafio é como construir a Matriz de produção agropecuária com a Agroecologia.     Os esforços deles seguem essa linha.  Destacou que os quilombolas e os índios fazem agricultura Orgânica.
     Destacou os agricultores como guardiões de sementes e por isso, guardiões da vida.
     Fala da Ligia do Prado – da APREA -   disse que tem casos de pessoas da família dela inclusive com problema de saúde em função de resíduos de agrotóxicos.    Falou de depressão e gente com vontade de se suicidar.
     Contei por alto, por filas de cadeiras, de forma aproximada, entre 280 e 300 pessoas presentes, geralmente lideranças de várias entidades que se identificam com a causa.
     O Eng.Agrônomo Nelo estava presente e ajudou na secretaria do evento.
     Fala do Eng.Agr. Florindo Dalberto do IAPAR
     Parabenizou e agradeceu aos organizadores do evento que convidaram o IAPAR para o mesmo.  Disse que o IAPAR tem em seu dna a Agricultura Conservacionista que objetiva preservar, melhorar e adotar o Manejo Integrado de Solos, manejo integrado da água.    A busca da resposta para a pergunta:  Como melhorar os Agrossistemas?
     Destacou que o governo do estado tem o CPRA Centro Paranaense de Referência em Agroecologia.    Disse também que o Seminário aqui é um espaço para se debater a questão.
     Fala do Sr.Paulo Costa Santana – da Vigilância Sanitária da Secretaria da Saúde do Paraná.       Disse que eles tem algumas ações nessa área.   Vão fazer oficina sobre o tema ainda neste mês de março em Cascavel-PR.    Disse que no evento de Cascavel o Dr. Angelo e Dr Ciro que são do Ministério Público do Paraná estarão presentes.    Uma das pautas é a Proteção dos Mananciais.
     Há um GT Grupo de Trabalho interdisciplinar do qual fazem parte inclusive produtores rurais.
     No Paraná a sociedade está cobrando das autoridades, ações para defende-la contra os problemas advindos dos agrotóxicos da forma que estão sendo utilizados.
     Ainda nas falas da abertura, a Professora Angela Emilia de Almeida, da anfitriã UTFPR Universidade Tecnológica Federal do Paraná, deu as boas vindas a todos.   (12 pessoas na mesa de abertura, sendo 4 mulheres e oito homens)
     A Reitora em exercício da UTFPR, Professora Vanessa Ishikawa Ivasato usou a palavra.      A origem da UTFPR vem de 1909 com a escola de artífices e ofícios, que depois passou a Liceu Paranaense, em seguida CEFET Centros Federais de Educação Tecnológica e a atual UTFPR.     A UTFPR  tem foco na parceria com a sociedade.  Alianças estratégicas, inclusive para promover eventos como este.   A busca de melhorar a vida das pessoas.   Está a Instituição chegando aos 38.000 alunos entre curso médio e superior, mestrado, etc.   São ao redor de 4.000 servidores e tem campus em 13 municípios do PR.    Demonstra gratidão para com a sociedade.    Praticam o Ensino, a Pesquisa e a Extensão.    Disse que é uma grande honra, ela, mulher no Vice comando de uma entidade (UTFPR) mais que centenária no cômputo das diferentes etapas da mesma.   Encerra sua fala de boas vindas com as palavras:    “Sejam muito bem vindos!  Paz e bem!”
     Fala do Reitor da UFPR  Universidade Federal do Paraná, Professor Ricardo Marcelo Fonseca .   Saudou os presentes e lamentou que a mídia vem dando destaque desmedido a problemas ocorridos em gestão anterior na UFPR.      Disse que é papel da Universidade ajudar a pensar.   Que ela é um espaço contra hegemônico e um espaço de ação.
     Fala de uma Promotora de Justiça  (do Tribunal Regional do Trabalho) que estava na mesa de abertura:    Na fala dela destacou ações do geógrafo Milton Santos na linha de incentivar a ação do homem contra ações que sejam destrutivas do próprio homem e do meio ambiente.   Disse que a Sustentabilidade deve estar no contexto das ações.   Ela atua em Irati-PR.
     Fala do Dr. Glauco – da chefia do MPT Ministério Público do Trabalho do PR.
          Ele é o chefe da Dra. Margaret Matos que é integrante do MPT em Curitiba e que atua de longa data nessa linha da busca da cidadania defendendo o trabalhador urbano e rural contra toda forma de degradação do ambiente e relações de trabalho.     Ele destacou que sendo chefe dela, acompanha e apoia esse trabalho que vem sendo  realizado.     Busca-se inclusive condição de trabalho saudável e alimento saudável.
     Encerradas as falas da mesa de abertura, antes de desfaze-la para dar início às palestras programadas, agricultores familiares que estavam expondo alguns produtos orgânicos no saguão da UTFPR presentearam as autoridades da mesa com cestas de produtos.
     OBS -  Eu, Engenheiro Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida, na qualidade de Conselheiro Titular do CREA PR e Gestor da Fiscalização da área de Agrárias do mesmo, me identifiquei como tal na Secretaria do Evento e esta na abertura fez constar aos presentes esta participação no plenário.
     Este relato está sendo publicado no blog   www.resenhaorlando.blogspot.com.br

(também no blog já há mais quatro matérias com falas de palestrantes em temas específicos no evento em pauta.   Haverá mais umas cinco ou seis falas que também serão publicadas por etapas na medida que sejam colocadas no Word)

           Orlando – Curitiba – PR.      (41)  999172552   orlando_lisboa@terra.com.br     

segunda-feira, 19 de março de 2018

PARTE IV - PALESTRA DA MÉDICA/PESQUISADORA ADA CRISTINA PONTES AGUIAR - VALE DO CARIRI - CEARÁ - UFCE UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

RESENHA DA PALESTRA DA MÉDICA/PROFESSORA ADA CRISTINA PONTES AGUIAR –  NO SEMINÁRIO  VIVA SEM AGROTÓXICOS
     Local do evento:   Curitiba PR – Dependências da UTFPR   15-03-18
Evento: SEMINÁRIO INTERNACIONAL – VIVA SEM VENENO
     Anotações feitas pelo Engenheiro Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida
     A pesquisadora é ligada à UFCE Universidade Federal do Ceará, unidade Campus Cariri.   Pertence ao Núcleo TRAMAS da UFCE.
     Tema :   Saúde Coletiva, Meio Ambiente e Segurança Alimentar.
     TRAMA  Trabalho, Meio Ambiente e Saúde.    O grupo tem várias áreas de conhecimento em estudo e aplicação.
     Ela atua no Baixo Jaguaribe, Vale do Rio Apodi.     Coordenadas geográficas 5º08’ Norte e 37º58’ W.  (altitude em relação ao mar:  139 m)
     Lá há fruticultura comercial irrigada em larga escala.   Ela disse com base nos estudos que lá esgotaram o solo, a água e os trabalhadores.    Vários agricultores desistiram desse uso intensivo do solo com fruticultura e outros persistiram.   Maior ênfase em banana e melão.    Citou duas comunidades estudadas:   Tomé e C. do Meio  .    A zona urbana de ambas está encurralada pelas plantações.  Contaminação da água, do solo e do ar por agrotóxicos.     A água quando chega às comunidades já passou por uma série de lavouras e já vem prejudicada pela poluição química.
     Lá pelo ano 2000 é que começou o problema com a intensificação das lavouras irrigadas.       Ela fez um estudo com apoio do CNPq e publicou.  “Estudo epidemiológico.....   Saúde”   Não consegui anotar nos detalhes.
     Constataram presença de resíduos de agrotóxicos no aquífero Jandaiba que ajuda no abastecimento da região.   Ocorrência de resíduos em 6 de 10 amostras coletadas.   Entre 3 e 12 ingredientes ativos de agrotóxicos em todas as 23 amostras coletadas.
     Há contaminação do ar também por agrotóxicos.
    Um líder comunitário – Zé Maria do Tomé – foi assassinado por reiteradas denúncias de problemas ambientais na comunidade dele.   Ela mostrou foto dele entrando numa lagoa poluída para retirar dela embalagens vazias de agrotóxicos, como forma de protesto.      Em relatos de Sousa, 2015 há comprovação de resíduos de glifosato no solo e água.   Mostrou também resultado de pesquisa publicada por Raquel Rigotto, 2011, integrante do IF Instituto Federal sobre resíduos de agrotóxicos.   Citou três municípios abrangidos pela pesquisa no Vale do Apodi e um deles é Limoeiro do Norte-CE.
     Quando vão discutir o tema lá no Nordeste, o pessoal tenta desacreditar os fatos alegando que no contexto nacional a questão é irrelevante porque o Ceará seria apenas o 20º estado do BR em consumo de agrotóxicos.   Acontece que em determinadas regiões do estado, como no que está em pauta, o problema é sério e vem afetando a saúde da população.
     Na região do Vale do Apodi foi constatado em estudo que 97% dos trabalhadores estão expostos aos agrotóxicos.    Exposição a uma gama entre 4 a 30 diferentes ingredientes ativos de agrotóxicos.    Há sintomas de intoxicação agudas, alterações hepáticas, alterações hematológicas segundo estudos de Maciel, Rigotto e Alves, em 2011.   Nos três municípios integrantes da região de Limoeiro do Norte-CE a pesquisa constatou que há uma incidência de morte por câncer 38% maior que em outras regiões do estado do CE.
     Há outro estudo que correlaciona e já constatou maior incidência em câncer juvenil naquela região de Limoeiro do Norte-CE em relação ao restante do estado.     Na comunidade de Tomé, que é bem pequena, não tinha histórico de nascimento de crianças com má formação e começou a ocorrer, assustando a população.    Inclusive vem ocorrendo casos de puberdade precoce.
     Entre trabalhadores, feitas análises de sangue e em 19 amostras, 11 tinham resíduos de  agrotóxicos organoclorados que há tempos são proibidos.
     O SAAE Serviço Autônomo de Águas e Esgoto – também constata contaminações químicas na água.
     A palestrante encerrou a fala dela com a declamação em vídeo de um poema de protesto de Maria do Levi, moradora da comunidade do Tomé.

          

sábado, 17 de março de 2018

PARTE III - RESENHA PALESTRA SOBRE ATLAS DE AGROTÓXICOS - BRASIL E UNIÃO EUROPEIA 2018

RESENHA DA PALESTRA SOBRE ATLAS DOS AGROTÓXICOS
Evento:     II Seminário Internacional:  “Fortalecimento da Agroecologia, consequências dos Agrotóxicos à Saúde Humana e à Natureza”
     Local:   UTFPR – Campus Curitiba PR       15-03-2018
    Palestrante:   Geógrafa Larissa Mies Bombardi – Depto.de Geografia da USP Universidade de São Paulo  (dois pos doutorados em geografia humana)
     Ela elaborou por sua atuação em pesquisa da Geografia Humana de um trabalho científico que resultou no Altas do Uso de Agrotóxicos no Brasil

     Disse que o Brasil consome 1/5 de todo o agrotóxico usado no mundo.   O consumo se acelerou bastante nos anos mais recentes.    Ela disse que o Brasil exporta commodities de baixo valor agregado como minérios e grãos, produtos primários. 
     Destacou que a área de soja no Brasil é equivalente a 10x a área territorial da Bélgica.   Informou que a soja vem aumentando a área inclusive tomando lugar de outras culturas.
     Mostrou dados de intoxicações por agrotóxicos no Brasil no período que vai até 2014.   A partir de 2015 o governo tirou do ar os dados de intoxicação no que é um retrocesso.   A sociedade tem o direito a saber como andam as coisas como os riscos à saúde, etc.
     Até quando se tinha dados disponíveis, a estimativa de quem acompanha o tema é de que a cada 1 caso notificado de intoxicação, haveria mais 50 não notificados.   Aí se incluem as intoxicações crônicas que não aparecem e afetam a pessoa ao longo do tempo acarretando outras doenças.
     Disse que a maior parte dos cursos de Medicina no Brasil nem tem a matéria que trata de intoxicações por agrotóxicos.   Intoxicações na atividade laboral  (do trabalho).
     No Espírito Santo, em regiões de lavouras de café e de hortaliças comerciais, usa-se bastante agrotóxicos (organofosforados e outros) e tem havido elevada ocorrência de doenças, dentre estas, depressão.  O índice de suicídios é acima da média.    Tem registros de casos de bebês com idade de 0 a 2 meses intoxicados via leite materno.  
     A Anvisa Agência Nacional de Vigilância Sanitária avalia por amostragem resíduos de agrotóxicos em alimentos frescos in natura.
     As culturas de soja e cana de açúcar respondem por 70% do consumo de agrotóxicos no Brasil.     Disse que está ocorrendo concentração fundiária no Brasil.
     A ocorrência de produtos transgênicos no Brasil na atualidade:
     Soja -      96,5%  da área plantada é de soja transgênica
     Milho -    88,4%  da área – milho transgênico
     Algodão –78,4% da área – algodão transgênico
     Princípios ativos de agrotóxicos:   Acefato e Atrazina estão entre os dez mais usados no Brasil e que são proibidos na Europa.
     A partir de 2013 o acefato é restrito no Brasil para aplicação motorizada, sendo vedada a aplicação com equipamento costal.
     Média de uso de glifosato no Brasil varia de região e cultura entre 9 litros por hectare por ano e 19 litros por hectare por ano.
     Ela disse que na Europa, o país que usa a maior dosagem de glifosato é a Belgica e a dose fica no máximo em 2 litros por hectare por ano.
  Resíduo de glifosato na soja é tolerado no Brasil um índice 20 vezes maior que o tolerado na Europa.
     Feijão nosso de cada dia -  No Brasil o malation aplicado na cultura e a diferença de tolerância de resíduo no feijão.   Brasil tolera resíduo 400 vezes maior que na União Europeia.
     Resíduos de agrotóxicos na água dos mananciais de abastecimento.   No Brasil muito dos resíduos nem são analisados.   No Brasil a tolerância de resíduo de glifosato na água é 5.000 vezes maior em relação à UE União Européia.

     Dados sobre a venda de glifosato no Brasil expresso em Tonelada de Princípio Ativo  (o produto comercial é volume bem maior)   - fonte - Atlas que usa dados do IBAMA no caso.

     Ano                 toneladas de glifosato (princípio ativo)
     2009                       118.000 toneladas
     2010                       134.000     "
     2011                       132.000     "
     2012                       188.000     "
     2013                       186.000     "
     2014                       195.000     "     
     Aumento de 64% em seis anos  


     O atlas está disponível para download no sítio:    www.larissabombardi.blog.br/atlas2017 .   O nome do Atlas é “Geografia de Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia”.
     Ela atua no Projeto Vida no Campo.        
 
   Este material está publicado no Facebook   -   Orlando Lisboa de Almeida e no blog www.resenhaorlando.blogspot.com.br  
    
    



sexta-feira, 16 de março de 2018

Parte II - RESENHA DE PALESTRA - SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE AGROTÓXICOS - CURITIBA - PR - BRASIL - 15-03-18

 PARTE II RESENHA DE PALESTRA – SEMINÁRIO INTERNACIONAL SOBRE AGROTÓXICOS – CURITIBA – PARANÁ  (BRASIL)
     Tema:    Efeito dos Agrotóxicos à Saúde e ao Meio Ambiente
     Palestrante: Dr. WANDERLEI PIGNATI – Médico – Doutorado pela Fiocruz – RJ e Professor da UFMT    -   15-03-2018
     O nome da palestra dele:   Saúde e Ambiente – Pesquisas e Efeitos dos Agrotóxicos
     Anotações pelo Eng.Agr. Orlando Lisboa de Almeida – Curitiba – PR
     As nascentes do Rio Paraguai ficam no Mato Grosso em região de vastas monoculturas de soja transgênica.
    Havia em certo lugar na região de nascentes sete lagoas que após ação humana se resumem agora a quatro.  As demais foram assoreadas e hoje estão sendo ocupadas também por soja.
     Falou que no passado havia uma pressão para instalar usinas de açúcar e álcool perto do pantanal e em regiões da Amazonia e a pesquisadora da Embrapa de então, Debora Calheiros fez laudo que contra indicava a cultura de cana no entorno do Pantanal.    O chefe dela engavetou o laudo e ela não se conformou, levou o caso para o Ministério Público, este que barrou  as usinas de se instalarem por lá.    Ela foi demitida da Embrapa por isso e depois de um processo, conseguiu a reintegração no cargo.   Atualmente ela faz parte da equipe da Universidade Federal do Mato Grosso.     Agora o senador Blairo Maggi disse que é questão de honra e item da campanha dele, de derrubar essa proibição das usinas no entorno do Pantanal.  Uma ameaça ambiental.
     Disse que a cidade de Sorriso-MT que é considerada a capital da soja por ter a maior área de soja num só município,  teria esse nome porque se plantava muito arroz por lá.   Era Só Rizo, arroz.   Hoje, arroz só no mercado local.    É soja e soja transgênica.
     Alertou que a água está virando commodity, mercadoria, o que é uma ameaça à cidadania.    O governo federal está articulando mudança na lei de exploração mineral (o sub solo é da união e ela dá direito de lavra a terceiros) e aí se inclui a água e os aquíferos.  Ameaça de privatização e grandes corporações estão interessadas, como Nestlé, Coca Cola, etc.   Para complicar ainda mais, na nova lei de exploração mineral querem incluir até terras indígenas, permitindo exploração mineral no sub solo delas, o que é um absurdo
    Ele disse como médico que nós deveríamos estar fazendo vigilância à saúde (cuidando inclusive da prevenção) e na prática estamos fazendo vigilância à doença.  
     Disse que a empresa Nortox, grande fabricante de herbicidas, mudou de Arapongas-PR para Rondonópolis-MT.    O povo de lá está descontente com o risco ambiental.    E ironicamente conta que não se seguiram os protocolos todos do ramo para a instalação ao lado da cidade, na rodovia em frente a uma fábrica de cerveja (Itaipava) que está lá há 60 anos.   Duas atividades incompatíveis quase no mesmo lugar.   Risco em dobro.   
     Por lá tem muito gado, abatedouros e curtumes que usam no processo, muitos metais pesados que causam altos riscos ao meio ambiente.
     Destacou que houve recentemente aqui em Curitiba uma vistoria do pessoal da área da Saúde a uma única fábrica de agrotóxicos e nessa mesma inspeção houve 22 autuações diversas.    Risco aos empregados, etc.
     Aumentando demandas trabalhistas por contaminação dos trabalhadores por agrotóxicos e outros produtos químicos.
     Em toda a cadeia produtiva do agronegócio há riscos ambientais.   Desmatamento, erosão, queimadas, agrotóxicos, acidentes, etc.
     Ele tem e mostrou dados de contaminação com resíduos de agrotóxicos no sangue de pessoas da região agrícola do MT.    Inclusive indígenas de reservas estão com contaminação.
     Destacou que produtos primários do BR para exportação não pagam impostos, incluindo o não pagamento de ICMS.    Empresas e pessoas poucas enriquecem, o meio ambiente e os trabalhadores sofrem e pouco sobra para as comunidades agropecuárias além do dano ambiental.
     A lei Kandir há anos isenta inclusive os agrotóxicos de impostos e então fica para as comunidades só o ônus da produção.    Se houvesse impostos, estes poderiam ser usados na defesa da saúde, do meio ambiente, das condições de trabalho das pessoas.
     Citou o caso do município de Querência-MT que é adjacente à maior reserva indígena do Brasil.   Xingu.   Por lá se usa a média de 17,7 litros de agrotóxicos por hectare de soja por ano, além da soja ser transgênica.
     Na gestão do Blairo Maggi como governador do MT mudou a lei que preconizava o recuo da área de lavoura que não poderia ser pulverizada no entorno da zona urbana.   Eram 300 m e passou para os atuais 90 metros.  Insuficiente.
     Citou o caso do Fipromil, um produto que estava matando abelhas na região e que foi proibido.    Houve pressão dos agropecuaristas e voltaram atrás e o mesmo foi liberado de novo.
     Houve caso até de falsificação de homologação de agrotóxico que é potencialmente cancerígeno e foi liberado para uso no MT.   Há casos em investigação na PF Polícia Federal.
     Ele disse que a mudança da lei trabalhista veio deixar ainda mais vulnerável o trabalhador rural.
     Em Campo Verde-MT que é uma região de muita soja, havia 12 revendas (e estocagem) de agrotóxicos na cidade e estavam poluindo e pondo em risco a população.   O ministério público chamou as empresas e disso resultou um TAC Termo de Ajuste de Conduta pelo qual elas mudariam para fora da cidade.   As empresas compraram um terreno fora da zona urbana e lá edificaram suas instalações.    Mas antes, as empresas trucaram o MP e queriam provas de que estavam poluindo.    Pesquisadores coletaram amostra de solo nas revendas (pátio), a 100 m, 200 m, etc.   e em todos os locais deu resíduo inclusive em área onde há moradia de vereador, delegacia de polícia dentre outros.   Daí convenceu as revendas a mudarem.
     Disse que o “fumacê” para combate à dengue tem sido feito com uso de Malation a 30% de concentração.   É um produto pra lá de complicado.
     Ele como médico diz que gosta de estudar a água, até porque nosso corpo é 70% água.    Lembrou que não tem água nova no planeta.
     Na UE União Européia a tolerância de resíduo de glifosato na água é na casa de 0,5 micrograma por mililitro de água.    Aqui no Brasil é 500 microgramas.   Tolerância mil vezes maior.
     Tomando por base em dados disponíveis, diz que hoje  o maior problema da água no Brasil não é mais a questão de coliformes fecais na água de beber.    O maior problema são os resíduos de produtos químicos.
     Disse que no PR com seus 399 municípios, dos quais há relatório periódico de monitoramento de água potável, em 43 destes as análises mostraram água fora do padrão e o documento publicado cita apenas os que estão fora do padrão, mas não mostra dos que estão dentro, quais os índices de poluentes, que sempre há.    Os dados deveriam ser acessíveis mas não são.
     Mostrou uma foto denúncia de 2012 tirada por um belga e que foi mostrada na Europa e causou indignação.   Avião agrícola passando agrotóxicos em lavouras de soja e jogando produto inclusive em cima de aldeias indígenas Xavantes no Xingu.   Lastimável.
     Ele participa do Conselho de Saúde e como tal já participou em Brasilia de vários eventos inclusive no Senado.   Disse que uma vez ao apresentar o problema de contaminação do Rio Paraguai e que o mesmo vai afetar os países vizinhos, um senador teria dito algo tipo:   Azar deles!   Assim a gente dá um chega pra lá neles.
     A decepção foi tanta que ele diz que envia outro representante para Brasilia porque não tem mais estômago para aguentar esse tipo de comportamento não cidadão.   Resumiu a coisa assim:   Aquilo lá é um circo! – se referindo ao Congresso Nacional.   Muito triste.
     Disse que no Paraná há casos notificados de má formação fetal humana na casa dos 30/ 1.000 e há correlação com as regiões de soja onde se usa agrotóxicos em escala e produtos transgênicos.
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quinta-feira, 15 de março de 2018

SEMINÁRIO INTERNACIONAL - VIVA SEM VENENO - UTFPR - CURITIBA - PR - BRASIL

SEMINÁRIO INTERNACIONAL – VIVA SEM VENENO – CURITIBA
     Palestrante:   Dr. Medárdo Ávila Vázquez -  Médico e Professor da Universidade Nacional de Córdoba – Argentina     
     Local do evento:   Anfiteatro da UTFPR em Curitiba – PR.   15-03-18
     Anotações feitas pelo Eng.Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida

     Eles fizeram pesquisa científica para averiguar se está havendo danos à saúde de populações de pequenas localidades (pueblos) cuja população tem como principal atividade a lavoura extensiva de soja que atualmente é quase totalmente transgênica e recebe uma carga bem elevada de herbicida à base de glifosato.    Produto este da mesma empresa que criou e vende a semente transgênica.
     Ele chama as pessoas que vivem nessas comunidades cercadas por lavouras de populações “fumegadas” porque recebem resíduos de agrotóxicos inclusive através de pulverizações aéreas.
     Tema da palestra:  “Saúde e Ambiente – Agrotóxicos e Saúde na Argentina”.
     Da fala dele:    O Brasil planta por ano 45 milhões de há.de soja.   A Argentina planta 25 milhões de hectares de soja.     Na Argentina vivem em regiões densamente cultivadas com soja em torno de 12 milhões de pessoas.    O risco no contato com agrotóxicos.
     Houve indícios de elevação da ocorrência de problemas de saúde nesses povos e a partir de 2010  fizeram uma série de pesquisas para comprovar o que andava ocorrendo na região.     Recorrência crescente de abortos, má formação de fetos e câncer na população.
     Estudo de Saúde e Socioambiental de Monte Maiz, uma comunidade de 8.000 pessoas.  (um Pueblo).    Cidade pequena com algumas indústrias e atividade de lavoura de soja no entorno.    Ele é da Cátedra de Pediatria da Universidade de Córdoba.
     Em Monte Maiz se planta por ano 45 mil hectares de soja no verão e no inverno 20 mil há de milho e 15 mil há de trigo.     Estudos revelaram que nessas áreas se usa em média 15 kg de agrotóxicos por ano por hectare.  Dessa soma, só em glifosato (herbicida para matar mato) na soja transgênica se usa 10 kg de produto por há/ano.
     Uso de agrotóxicos totais na Argentina:   290.000.000 de litros.
     Aqui no Brasil há um tipo de pulverizador terrestre que o pessoal chama de gafanhoto.    Lá eles chamam o trator com pulverizador de barras acoplado de mosquito.    Na cidade de M.Maiz há uma série de agricultores que após o trabalho de pulverização, trazem o “mosquito” para guardar em casa na cidade.   Complica a contaminação das coisas e pessoas.    Além disso há silos de estocagem de grãos na zona urbana  e também estoque de agrotóxicos.     Eles georreferenciaram os silos e depósitos de agrotóxicos na cidade.    
     Fizeram análises e constataram que a concentração de resíduos de agrotóxicos na zona urbana está 10 vezes superior ao nível de resíduos nos campos de lavouras.
     Média de ocorrência de asma em crianças no País (Argentina) :  14%
     Média de ocorrência de asma em crianças de M.Maiz -   52,43%
     Resultado de pesquisa entre 2009 e 2014 em M. Maiz – Ocorrência de  câncer   no período citado:  104 casos.    Se seguisse a média do País seriam 44 casos.      Usando o índice por 100.000 habitantes, a média do país seria de 883 casos de câncer no período 2009/2014.    Ocorreram proporcionalmente em M.Maiz equivalentes a 2.122 casos/100.000 pessoas.
     Ainda casos de câncer em 2014 na mesma localidade  M.Maiz:   Se seguisse a média nacional seriam 11 a 13 casos.   Houve de fato 35 casos. 
     Constataram que há mais casos de câncer onde há mais depósitos de agrotóxicos na zona urbana.
     Ocorrências de caso de câncer em pessoas que trabalharam com agrotóxicos nas lavouras:  3 e ½ vezes acima da média em relação aos que não trabalharam com os produtos.   
     Eles fizeram publicação do trabalho científico num jornal internacional do setor.
     Em outra comunidade chamada Maria Juana que também fica em região de soja transgênica na Argentina, fizeram as pesquisas e os resultados foram bem semelhantes aos de M.Maiz.   Reforçou a constatação da correlação entre o uso de glifosato (herbicida) e ocorrência de câncer.
     As mortes por câncer em regiões onde há plantio extensivo de soja na Argentina são bem maiores que em outras regiões.   Eles tem números que atestam isso.
     Voltando a M.Maiz, agora sobre crianças nascidas com má formação física:   3% dos nascimentos foram com esse problema.   A média da Argentina é de 1,4%.       Eles tem o RENAC que é um órgão com banco de dados.
     Já na mesma localidade, há também 4% de natimortos.
     Citou dados do Dr. Paramo, da Província de Misiones (região de soja):  Em 200 partos realizados, ocorreram 12 nascidos com má formação física, o que dá 6% sendo que a média nacional é de 1,4%.
     No Chaco também os problemas se repetem pela mesma causa.   Má formação física dos bebês.
     Vem crescendo o problema de câncer e má formação com o uso da soja transgênica e o uso crescente de glifosato como herbicida da soja.
     Argentina e o percentual de abortos espontâneos em cinco anos:  3%
Em três regiões de soja constataram índices de 21%, 19% e 23% respectivamente.  
     Ele disse que na crença popular o glifosato não seria tão perigoso e que se a pessoa tomasse 1 copo do produto (200 ml) não teria maiores danos.  Disse que a ciência documentou na Ásia pessoas que tomaram o glifosato como suicidas, em dose aproximada de 200 ml morreram em 100% dos casos.    Disse que está comprovado que a ingestão de 5 ml por uma pessoa adulta, ela vai a óbito.
     Ele citou um artigo da Dra. Aiassa da UNRC  (Cordoba) sobre glifosato.  Editado no Journal of Basic & Aploied Genetics.    (é possível busca pelo Google).
     Ele fez um paralelo interessante:
     Os humanos tem 40% dos genes iguais aos dos vegetais
     Temos 60% dos genes iguais aos dos insetos
     Temos 85% dos genes iguais aos do rato    (o pessoal lembrou dos políticos de certo país e houve risos)
     Ele disse:   Se usamos agrotóxicos para matar vegetais (mato) e animais (insetos, etc), como achar que o ser humano não seria afetado por tais produtos?
     Ele disse que na década mais recente na qual se expandiu por lá a soja transgênica, deu um salto o uso de agrotóxicos em geral e de forma particular o uso de glifosato.     “Isto é uma loucura” – desabafou.
     Os alemães já fizeram estudo de resíduos em cerveja em Munique e constataram resíduos de glifosato na bebida.     Estudos na Argentina e nos USA comprovam que nas chuvas em regiões de soja, a água captada analisada contém resíduos de agrotóxicos inclusive glofosato.
     A fábrica da Monsanto (que vende sementes transgênicas e o glifosato) foi expulsa de Córdoba – Argentina.    Isto depois de muitos protestos.
     UNC Universidade Nacional de Córdoba.

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quinta-feira, 8 de março de 2018

08-03-18 - RESENHA DA PALESTRA - DIA INTERNACIONAL DA MULHER - PALESTRANTE AMYRA EL KHALILI


08-03-2018    RESENHA DE PALESTRA – DIA INTERNACIONAL DA MULHER

     Anotações pelo Eng.Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida – Curitiba – PR

     Palestra:  “A FEMINÍSTICA DAS MULHERES E HOMENS PELA PAZ”
     Palestrante:   Economista e Ativista Ambiental AMYRA EL KHALILI  (SP)
     Local:   IEP Instituto de Engenharia do Paraná – Curitiba – PR

     Ela é especialista em Mercados de Capitais – Bolsas.   Professora Independente na área Sócio Ambiental  (filha de palestino com brasileira).    Milita pela Paz.   Tem e-book:  Commodities Ambientais...
     A fala dela, de forma resumida, pelo que captei.
     É uma palestra com compromisso e um chamamento, uma missão.    Há vários movimentos de mulheres.  Visões bem diversas.   Muitos colocam o Dia Internacional da Mulher como dia de protestos.  
     Hoje vivemos num mundo Neo Liberal e mercado capitalista.     Não estamos contentes.   O BR é capitalista, patrimonialista e oprime a mulher.    Ela disse que sempre que vai proferir uma palestra a platéia comumente fica procurando descobrir o ou os rótulos para ela.
     Habilidade feminina não é missão para a pessoa ser “prendas domésticas” e submissa.
     Qual a paz que eu quero?   A paz do túmulo ou a paz duradoura?     Falou um pouco dos muçulmanos e costumes diversos.   O véu para mulheres de certos países.   Pode não ser opressão desde que elas assim o vejam e sintam dentro da cultura específica.  No caso da indumentária das mulheres da Arábia Saudita a coisa já muda, pois pela lei da Sharia (lei com fundamento no islã) elas são obrigadas a usar roupa específica.
    
       Pergunta:   Como você criou ou está criando seus filhos, suas filhas?   Para respeitar as mulheres ou para serem machistas?
       Ela diz que tem encontrado em palestras sobre o tema, inclusive muitos homens que tem respeito e sensibilidade maior para o feminino.    Pessoas assim somam para a dingidade da mulher.
       Ela, economista com décadas de atuação na Bolsa de Valores em São Paulo, disse que foi bastante desafiador atuar num local então praticamente povoado por público masculino.    Tipo 600 operadores de bolsa e ela por lá.   Havia estranhamento, mas ela conseguiu se firmar naquele meio e vencer profissionalmente.
     Disse que lá pela década de 70 houve no BR uma verdadeira revolução na condição da mulher, inclusive com maior difusão de meios de anticoncepção e muito mais.  E na visão dela hoje em dia estamos caminhando para trás no quesito da evolução da convivência.   Uma mudança reacionária inclusive nas questões da mulher.     Mistura-se cantada com assédio e por aí vai.     Disse que essa mudança reacionária estaria inserida num contexto maior onde todo o sistema daria respaldo para esse estado de coisas.
     Contou que teve eventos com lideranças de diversos países latino americanos e constatou que as mulheres brasileiras estão atrasadas em conquistas da dignidade e cidadania.   Viu as de fora mais politizadas e mais ativas na luta pela condição da mulher mais plena.    Que as de fora tem vida dura, mas tem uma visão de cenário melhor que as daqui numa visão nesse foco.
     Ela diz sentir o que está “acontecendo na rua”.    Gente sendo expulsa da terra lá na Amazônia, gente sendo assassinada nas periferias dos grandes centros.
     Participou de evento com gente com a proposta de Engenharia da Periferia (Engenharia Social)
     Ela tem contato e acesso ao Pravda e tem colocado matérias na área Sócio Ambiental e social naquele órgão de imprensa.     Já militou na área sindical dos Economistas.   Já ouviu muitos pedirem para ela calar a boca.
     Economia não é exata.   Economia muda.  
     Sobre periferia.   Baile funk e a moçada vai em peso, gosta.   Pode haver casos da mulher ser sabotada com adição de drogas em bebida inclusive.     Há casos da mulher ser vítima de ações do gênero e depois estuprada.   Sem condições de reação e nem de lembrar o que se passou e quem foi o causador ou os causadores. 
     Se vai pedir providência, tem que fazer BO Boletim de Ocorrência.   Lugar geralmente machista.  Vai enfrentar perguntas e caras de quem a vê como uma pessoa sem dignidade.     Exame de Corpo de delito, etc.    Em resumo.   Além de tudo, se um processo começar errado, até por má vontade do pessoal que atende a ocorrência, o processo vai andar errado o tempo todo.   Impunidade.
      Ela disse que infelizmente temos razões para não confiar na polícia, o que é um enorme complicador da nossa sociedade e no enfrentamento da violência que é enorme.
      Ela vê a militarização da segurança, nas condições citadas, como algo negativo e que não vai resolver a questão da violência.
     Como Professora, o dia a dia dela é educar.   É uma ação transformadora da realidade social.
     Queremos segurança mas temos razões para não confiar na nossa polícia.
     Ela é ativa e articulada no meio em que vive e defende que a comunidade também tem que interagir no sentido de criar solidariedade entre si.    Criar cumplicidade, cooperação.
     Vivemos aqui no BR num estado de guerra.    Disse que o BR é o quarto maior exportador de armas leves do mundo.    Falou até em armas químicas que seriam feitas no Brasil.
     Reclamou da exorbitância dos juros no Brasil.   Disse que o capitalismo está com altos problemas aqui e no mundo.    O armamentismo crescente está nesse contexto.
     Voltando ao tema da mulher, ela disse que se as pessoas se fecharem em casinhas (grupos de ideias) e não interagirem com outros pontos de vista no tema, as coisas não avançam.   Se cria tirania.     Sugere diálogo inclusive em família.  Pais e filhos.
      A palavra que define o foco da luta dela no tema da mulher é a Feminística .  Seria um patamar diferenciado, não se fechar em nicho por grupos de ideias e estratégias. 
     Disse que a polícia ao tentar enfrentar a violência, olha tudo de quadradinho em quadradinho.  Não procura ver o cunjunto da obra.    A realidade social do meio.    O funcionamento da comunidade.  
     Ela é contra o uso de armas.   Tem que desarmar o povo.   Treinar pessoas em tiro achando que vai fazer defesa pessoal não é solução.
     Na visão dela mesmo as igrejas em geral estão aparelhadas politicamente o que seria ao seu ver, inadequado.
     Na militância dela pela paz, ela não tem ficado filiada a grupos até porque isto gera rótulos e estreita a visão.
     Destacou a importância da água na Sustentabilidade Econômico/Social/Ambiental do planeta. Até ela fez um paralelo com um slogan que a Globo vem fazendo do Agro.  Ela mudou para Água:  Água é tec / água é pop / água é tudo.     Todo alimento vai água, etc.
      Ela falou aproximadamente das 8 as 9.30 h e houve bastante perguntas que ela respondeu com muito boa vontade.