RESENHA DA PALESTRA DA MÉDICA/PROFESSORA ADA CRISTINA PONTES AGUIAR –
NO SEMINÁRIO VIVA SEM AGROTÓXICOS
Local do evento: Curitiba PR – Dependências da UTFPR 15-03-18
Evento: SEMINÁRIO
INTERNACIONAL – VIVA SEM VENENO
Anotações feitas pelo Engenheiro Agrônomo
Orlando Lisboa de Almeida
A
pesquisadora é ligada à UFCE Universidade Federal do Ceará, unidade Campus
Cariri. Pertence ao Núcleo TRAMAS da
UFCE.
Tema :
Saúde Coletiva, Meio Ambiente e Segurança Alimentar.
TRAMA
Trabalho, Meio Ambiente e Saúde.
O grupo tem várias áreas de conhecimento em estudo e aplicação.
Ela atua no Baixo Jaguaribe, Vale do Rio
Apodi. Coordenadas geográficas 5º08’
Norte e 37º58’ W. (altitude em relação
ao mar: 139 m)
Lá há fruticultura comercial irrigada em
larga escala. Ela disse com base nos estudos
que lá esgotaram o solo, a água e os trabalhadores. Vários agricultores desistiram desse uso
intensivo do solo com fruticultura e outros persistiram. Maior ênfase em banana e melão. Citou duas comunidades estudadas: Tomé e C. do Meio . A zona urbana de ambas está encurralada
pelas plantações. Contaminação da água,
do solo e do ar por agrotóxicos. A
água quando chega às comunidades já passou por uma série de lavouras e já vem
prejudicada pela poluição química.
Lá pelo ano 2000 é que começou o problema
com a intensificação das lavouras irrigadas. Ela fez um estudo com apoio do CNPq e
publicou. “Estudo
epidemiológico..... Saúde” Não consegui anotar nos detalhes.
Constataram presença de resíduos de
agrotóxicos no aquífero Jandaiba que ajuda no abastecimento da região. Ocorrência de resíduos em 6 de 10 amostras
coletadas. Entre 3 e 12 ingredientes
ativos de agrotóxicos em todas as 23 amostras coletadas.
Há contaminação do ar também por
agrotóxicos.
Um líder comunitário – Zé Maria do Tomé –
foi assassinado por reiteradas denúncias de problemas ambientais na comunidade
dele. Ela mostrou foto dele entrando
numa lagoa poluída para retirar dela embalagens vazias de agrotóxicos, como
forma de protesto. Em relatos de
Sousa, 2015 há comprovação de resíduos de glifosato no solo e água. Mostrou também resultado de pesquisa
publicada por Raquel Rigotto, 2011, integrante do IF Instituto Federal sobre
resíduos de agrotóxicos. Citou três
municípios abrangidos pela pesquisa no Vale do Apodi e um deles é Limoeiro do
Norte-CE.
Quando vão discutir o tema lá no Nordeste,
o pessoal tenta desacreditar os fatos alegando que no contexto nacional a
questão é irrelevante porque o Ceará seria apenas o 20º estado do BR em consumo
de agrotóxicos. Acontece que em
determinadas regiões do estado, como no que está em pauta, o problema é sério e
vem afetando a saúde da população.
Na região do Vale do Apodi foi constatado
em estudo que 97% dos trabalhadores estão expostos aos agrotóxicos. Exposição a uma gama entre 4 a 30
diferentes ingredientes ativos de agrotóxicos. Há sintomas de intoxicação agudas,
alterações hepáticas, alterações hematológicas segundo estudos de Maciel, Rigotto
e Alves, em 2011. Nos três municípios
integrantes da região de Limoeiro do Norte-CE a pesquisa constatou que há uma
incidência de morte por câncer 38% maior
que em outras regiões do estado do CE.
Há outro estudo que correlaciona e já
constatou maior incidência em câncer juvenil naquela região de Limoeiro do
Norte-CE em relação ao restante do estado.
Na comunidade de Tomé, que é bem pequena, não tinha histórico de
nascimento de crianças com má formação e começou a ocorrer, assustando a população. Inclusive vem ocorrendo casos de puberdade
precoce.
Entre trabalhadores, feitas análises de
sangue e em 19 amostras, 11 tinham resíduos de
agrotóxicos organoclorados que há tempos são proibidos.
O SAAE Serviço Autônomo de Águas e Esgoto –
também constata contaminações químicas na água.
A palestrante encerrou a fala dela com a
declamação em vídeo de um poema de
protesto de Maria do Levi, moradora da comunidade do Tomé.
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