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sábado, 30 de março de 2024

Fichamento 17/22 - do livro - O BRASIL NO ESPECTRO DE UMA GUERRA HÍBRIDA - autor Professor Dr Antropólogo - PIERO C. LEIRNER (UFSCar)

 capítulo 17/22

 

 

         ...”O General Villas Bôas  ... “comandou e viabilizou o desenho elaborado por Heleno e outros das Operações Psicológicas que foram testadas ao longo do tempo, que, do meu ponto de vista, foram o principal fator de condução de Bolsonaro ao poder, inclusive produzindo efeitos jurídicos e eleitorais”.

         O autor cita quase uma dezena de Planos das nossas forças armadas mirando nos defender contra ameaças externas e em defesa da Amazonia.

         Na Constituinte “os militares atuaram para que ficasse uma porta aberta para intervenções internas...  Entre elas, as GLO Garantia da Lei e da Ordem (sob a batuta dos militares).

         De 1988 até o ano 2000, o ex militar que se doutorou na USP, Frecille, lista em seu livro 12 intervenções militares Brasil afora, em eventos específicos como greves etc.  (página 241)

         SISFRON – Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras.   Um projeto de defesa ambicioso com submarino nuclear, aviões caça Grippen para FAB e desenvolver uma indústria bélica de defesa e segurança.

         A EMBRAER que era do consórcio, “vai parar na mão da americana Boeing em menos de cinco anos.  Em dezembro de 2008, mês de lançamento da END Estratégia Nacional de Defesa, foi montado o protocolo do consórcio da DCNS francesa com a Odebrecht que depois foi “baleado’ pela Lava Jato e no bojo disso, prenderam o Almirante Othon, “afundando” o projeto do submarino nuclear da Marinha em parceria com empresa francesa, com repasse de tecnologia.

         No caso dos caças Grippen, sobrou um processo contra o presidente Lula.   O professor Licio Monteiro que havia pesquisado justamente o SISFRON conclui sua fala mostrando os planos do Brasil criar um sistema de defesa e a derrocada dos planos.

         “Olhando tudo junto e combinado, ou as elites brasileiras são as mais corruptas do mundo, ou esse lavajatismo todo caiu como uma bomba inviabilizando qualquer probabilidade do Brasil pisar além de sua própria sombra na política internacional”.

         (extraído de comunicação pessoal do pesquisador Professor Licio Monteiro, 2019).   Página 252

         No sul do Brasil há unidades do Exército mais completas em “logística, apoio de fogo e comando e controle.   No RS são cinco brigadas bem completas, em Santa Maria e Pelotas.  No PR e SC, mais três brigadas.   “...na região Sul, há 8 brigadas e quase 40% do efetivo do Exército brasileiro”.

         Há um certo desbalanceamento, vendo a região amazônica e outras no contexto.

         Por outro lado na região sul são muito remotas ameaças externas de parte da Argentina e Uruguai.

         “O Gal Villas Bôas projetou um desenho que produziu as seguintes transformações : 1 incorporação de doutrina do terreno humano como centro de previsão de novas ameaças com mobilização de material e expertise vindas dos USA.

         Antes houve um balão de ensaio lá nas operações no Haiti.

         ... “intensificação dos contatos dos militares com os parlamentares e designação de pessoal para estabelecer ligação e pontes com o mundo político.”    ...” intensificação de contatos com empresários e membros das elites financeiras...”      “... intensificação de contatos com membros da Polícia Federal, Procuradores e Juizes,  para projetar e realizar ações combinadas.  (página 253)

 

                   Continua no capítulo 18/22

sexta-feira, 29 de março de 2024

Fichamento 16/22 - do livro - O BRASIL NO ESPECTRO DE UMA GUERRA HÍBRIDA - autor Professor Dr Antropólogo - PIERO C. LEIRNER (UFSCar)

 capítulo 16/22

         ...”do meu ponto de vista, Bolsonaro não foi mais um candidato qualquer com apoio dos militares”.

         Não é só alguém que atraiu a simpatia de um segmento.  Ele passou a ser uma peça central de um movimento que começou a ser realizado a partir de um consórcio de generais que tiveram as experiências necessárias para dirigir o processo de guerra híbrida...   (página 232 do livro).

         A operação de “estabilização no Haiti” comandada por militares brasileiros.    Em 2008 num seminário militar, um general disse ao autor deste livro:   “Olha, essa missão no Haiti...  O ponto é o seguinte:  Cuba, Venezuela, Caribe, tem toda infraestrutura desses lugares que é potencial para a gente.   É projeção de poder”.

         ...”Mas junto com projeção de poder vem outras coisas.  No caso, vem toda uma atualização da parafernália teórica e doutrinária das MOUT militares.  Operations in Urban Terrain elaborada pelos USA.   Segundo o manual do MOUT, as projeções populacionais para o futuro indicam que praticamente todos os conflitos do mundo irão ocorrer em ambiente urbano.”

         “Mais do que tudo isso, e ainda tomando os valiosos depoimentos dos comandantes  (obra – Castro e Marques, 2019) é notável que a experiência do Haiti, além de bélica, foi de governo”.   (comandada por militares brasileiros).

         Além de combater a criminalidade por lá, combater as forças insurgentes, mas também coordenar inúmeras agências, Ongs e setores da administração pública, relações com as elites...   elaborar eleições...   “Tudo isso somado foi um verdadeiro laboratório, onde os comandantes experimentaram a expertise de ser o centro do Estado e da nation-bilding haitiana”.

         O autor estudou a lista dos onze comandantes brasileiros que atuaram no Haiti.   Discrimina no livro os nomes, as patentes militares e o tempo que cada um operou lá.  Mostra que não por acaso estes militares foram alçados no governo Bolsonaro a cargos estratégicos aqui no Brasil.

         “Ou seja, o que vemos aqui?”  Quase todos os comandantes da Minustah (campanha no Haiti) assumiram posições chave em ministérios ligados às informações e à articulação política.”

         ...”no mundo militar as coincidências não devem existir”.   Não creio que isso se trata somente de uma coterie baseada em camaradagem”.

         ...”Acho que o Haiti foi  um rascunho para um desenho mais complexo que passou a ser pensado antes”.

         Um dos que atuaram no Haiti, o General Heleno que comandou todas as tropas lá.

         Depois, se desentendeu com Lula e foi destacado para a Amazonia.  Depois passou para a reserva em 2011.     ...”passou a fazer política intensa pelo Clube Militar e em células de militares radicais como o Terrorismo Nunca Mais.   (contraponto ao Tortura nunca mais da Esquerda)

         ...”Heleno, assim, voltou do Haiti apto a produzir uma guerra psicológica de espectro total e alavanca sua posição”.     “...realizou um balão de ensaio onde se testou a ideia de intervenção”.

         “Já o General Villas Bôas passava a imagem de bom moço e no seu cargo que era o terceiro na hierarquia do Exército, passava a imagem de uma arma a serviço da legalidade e longe de ser política.  Só que no bastidor, desde 2015 quando Bolsonaro andava  em campanha, franqueou a ele livre trânsito nos quarteis...”

 

                   Continua no capítulo 17/22

Fichamento 15/22- do livro - O BRASIL NO ESPECTRO DE UMA GUERRA HÍBRIDA - autor Professor Dr Antropólogo - PIERO C. LEIRNER (UFSCar)

 capítulo 15/22

 

 

         Além desse descontentamento do Exército com a Comissão Nacional da Verdade,  havia outros fatores.   Negócios ampliados do governo Dilma com a China agravaram a ira dos militares.   Investimentos chineses no Pré Sal, no setor elétrico, o Banco dos BRICS, os negócios usando a moeda Yuan (da China) em detrimento do dólar.

         Houve inclusive em 2014 participação de empresa russa explorando petróleo na Amazônia (empresa Rosneft).

         Desde meados dos anos 2000 a Rússia andava num movimento de  aproximação militar com  países da América Latina como Peru, Equador, Nicaragua, Venezuela.

         Nossos militares viram isso como Dilma implantando no Brasil uma versão 2.0 do comunismo.    “... disposta a colocar a ordem internacional de ponta cabeça...”.

         ...”Estamos muito além de Snowden que revelou inclusive a espionagem dos USA na Petrobras: isso pode ter sido apenas uma operação... para encobrir o fato de que os USA estavam abastecendo militares brasileiros com material para uma teoria da conspiração.   (o tal comunismo...)

         ...”em 2014... oficiais da ativa que, depois de 25 anos mantendo-se em silêncio extramuros, passaram a abertamente criticar o governo – entre eles o General Mourão, quando ainda em 2014 começa dar palestras falando do PT e do Foro de São Paulo.

         Dilma e sua equipe já vinham tendo sucessivos atritos com os militares.  Em 2015 ela praticamente extinguiu o GSI Gabinete de Segurança Institucional (comandado por militares), que até então tinha status de ministério e existia desde 1938.

         Em  maio de 2016 ...”quando veio à tona um documento sobre resolução de conjuntura do PT elaborada pela Executiva nacional do partido onde se colocava que o PT falhou em não mexer nos currículos dos militares e nas promoções.”

         “A conspiração petista foi assim fechada na cabeça dos militares...”

...”O general Villas Bôas, Comandante do Exército declarou a uma jornalista do jornal O Estado de SP:  “Com esse tipo de coisa, estão plantando um forte antipetismo no Exército”.

         Há trecho de entrevista de generais à Revista Piauí e eles (em 2018) se colocam de forma contundente contra isso de tentar o Executivo mexer no currículo dos militares e no sistema de promoções   ...”foi uma coisa burra.   Essa é  coisa não é admitida nas Forças Armadas; a intervenção em nosso processo educacional....isto nos fere profundamente.  Está na nossa essência, no nosso âmago” concordou o General Villas Bôas.

              Bolsonaro e a janela de oportunidade.

         No governo Dilma se estabelece a crescente politização dos militares.  Bolsonaro em sua fala aos cadetes da AMAN Academia Militar de Agulhas Negras (RJ)...  “Alguns vão morrer pelo caminho, mas estou disposto em 2018, seja o que Deus quiser, tentar jogar para a direita este país...”.   (página 228).

         O peso da AMAN e seus 380 cadetes que concluem o curso com todos os ritos e seus padrinhos das armas.    É tradição o presidente da república prestigiar a solenidade  de formatura na AMAN.   Dilma não foi ao evento e assim ficou mais marcada pelo setor.

         Já Bolsonaro, nas formaturas da AMAN onde ele se formou...  “Em 2015, 2016, 2017 e 2018 ele repetiu a dose.   Foi todos os anos citados na formatura dos cadetes da entidade.     “Tudo isso numa situação em que ele já era (pré) candidato”.   Junto de Bolsonaro, já o General Mourão nas formaturas da AMAN (em campanha...)

         ...”do meu ponto de vista, Bolsonaro não foi mais um candidato qualquer com apoio dos militares”.

 

                   Continua no capítulo 16/22

quarta-feira, 27 de março de 2024

Fichamento 14/20 - do livro - O BRASIL NO ESPECTRO DE UMA GUERRA HÍBRIDA - autor Professor Dr Antropólogo - PIERO C. LEIRNER (UFSCar)

capítulo 14/20

..."pelo que pude reparar, com base em uma intuição etnográfica, é que durante dois governos Lula seguiu-se um padrão muito parecido com o que havia se instalado com Fernando Henrique Cardoso: institucionalmente o Exército estava 'recolhido', mas internamente os poros estavam bem abertos para a política."

"A maior novidade, talvez, foi algo que comecei a detectar mais recentemente, uma intensa formação de 'grupos de estudos', 'turmas' e 'sinergias' entre militares, desembargadores, juízes, procuradores e delegados de polícia".

Cita o site muito usado pelos militares: www.defesanet.com.br

Aceleraram a partir de 2012 inclusive. "Fui verificar os formandos de um dos principais cursos da ESG Escola Superior de Guerra, o CAEP Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia... "a lista inclui títulos e nomes dos formandos. "A grande maioria militares... mas dos nomes de desembargadores, juízes e procuradores que vi, percebi que quase todos são oriundos dos TRF 1, 2 e 4, respectivamente Brasília, RJ e RS.

"Mas gostaria de deixar registrado o fato de que tal sinergia começou a adquirir feições de formação de um bloco histórico - no sentido gramsciano - mais consistente ainda durante os governos Dilma."

b) - Dilma e a Ressonância: Cismogênese, mode on

"Com Dilma essas forças latentes vão explodir. Como se sabe, ela é uma ex-guerrilheira e do polo civil dos anistiados. Dilma eleita e o governo cria a CNV Comissão Nacional da Verdade. O autor cita os generais da ativa batendo de frente contra o presidente e ministros nos tempos de Lula e Dilma. Contra Dilma no caso da Comissão da Verdade, General Maynard Rosa e no caso da demarcação da Reserva Indígena Raposa Serra do Sol no governo Lula, pelo General Augusto Heleno.

"De certa maneira essas manifestações/manifestos inauguraram este padrão, de generais da ativa batendo de frente com presidentes e ministros. Hoje em dia fica clara a posição do General Augusto Heleno, às vezes bem explícita, de homem forte do governo Bolsonaro, se colocando como a última voz em reuniões e solenidades."

A partir dos anos 80, terminado o regime militar, houve uma certa "limpeza" envolvendo os militares mais radicais. Por outro lado há no Exército elevado nível de endogamia. Filhos de militares entrando na carreira militar e "herdam" um ranço de radicalismo da comunidade repressiva do passado.

..."comunidades repressivas ... além de efetivamente estar presente nas associações e clubes militares".

Ano de 2012 - Reação forte dos militares da ativa e reserva à Comissão da Verdade. O clube militar espalhou manifesto contra a Comissão da Verdade.

O governo pediu a retirada do manifesto dos clubes militares e estes são entidades privadas. Azedou mais ainda o clima. Os militares fizeram ainda um segundo manifesto. O autor deste livro contou desse manifesto com o nome "A Verdade Sufocada". "Foi assinado maciçamente: "fiz contagem em março de 2018: só de generais foram 130 assinaturas; de coronéis, 868. Isto é muito".

"O general Heleno tem uma carreira notável. Ele conquistou a chamada Medalha Marechal Hermes... significando ter sido 1º da turma na AMAN Academia Militar de Agulhas Negras, ESAO e ECEME. Mais adiante ficou meio chamuscado por suas ações no comando das tropas da ONU enviadas ao Haiti e depois por sua ação no comando da GLO Garantia da Lei e da Ordem na segurança pública no Rio de Janeiro e também da sua atuação no Comando Militar na Amazônia por discordar da criação da Reserva Indígena Raposa Serra do Sol.

 

Continua no capítulo 15/20 

quarta-feira, 20 de março de 2024

Fichamento 13/20 - do livro - O BRASIL NO ESPECTRO DE UMA GUERRA HÍBRIDA - autor Professor Dr Antropólogo - PIERO C. LEIRNER (UFSCar)

 capítulo 13/20

 

         Na Argentina, depois do Regime militar e a derrota na Guerra das Malvinas, os militares saíram humilhados e foram punidos com rigor.

         Aqui no Brasil, após o regime militar, restaram punidos os da esquerda que atuaram e foram presos, mas os militares que agiram de forma ilegal foram beneficiados pela anistia.

         Os militares radicais passaram a ter menos promoções mas ao irem para a reserva, continuaram formando células radicais ativas.    “Nesse sentido,  a anistia civil foi um contracheque político para a anistia militar.  Aliás, é bem possível que após passarem para a reserva, muitos desses agentes começaram a atuar em PM Polícia Militar, segurança privada e esquadrões da morte.”

         “Não me surpreenderia se um esquadrinhamento das atuais milícias do Rio de Janeiro chegasse a nomes que participaram da repressão durante os anos de chumbo”.  (página 197)

         Entre os militares com os quais o autor tem contato, percebeu que classificaram até o governo Collor como de esquerda.   (também classificaram como de esquerda os governos de Tancredo, Sarney, FHC).

         Mais recente...   “Sendo que hoje as designações de esquerda chegam até mesmo à Rede Globo, ao jornal O Estado de SP e os grandes conglomerados internacionais”.

         ...amazonia.      ....”a fala do então senador e depois vice presidente americano Al Gore, em 1999, dizendo que, “ao contrário do que os brasileiros acreditam, a Amazonia não é propriedade deles, ela pertence a todos nós”.

         Na época da ditadura militar de 1964, era punição aos militares, transferi-los para a Amazonia.

         Essa nova onda de se considerar uma ameaça de internacionalização da Amazonia trouxe aos nossos militares interesse de servir na região   ...”e estar na Amazonia representa também uma espécie de rito de passagem em que todo militar tem a chance de chancelar o discurso de ´sacrifício´ pelo bem do Brasil”.

         Agora nossas FFAA colocam o discurso de luta contra a cobiça internacional sobre a Amazônia e, a “recente doutrina da resistência” desenvolvida pelo Exército.

         Por outro lado nas FFAA sempre há referência do anti-comunismo.

         ...”quando Collor trouxe para o Brasil a ECO 92 no Rio de Janeiro – Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente, o Exército conseguiu emplacar que se decretasse uma GLO Garantia da Lei e da Ordem no RJ.  Era um balão de ensaio para novos projetos militares...   “A porta para a intervenção militar estava aberta”.

         As FFAA criam novos procedimentos mas não abandonam os mais antigos.   

         Em 1996 numa publicação do Coronel Sillas Bueno no jornal Ombro a Ombro, do meio militar reclama contra o Bispo de SP Dom Paulo Evaristo Arns e a campanha Tortura Nunca Mais.    O coronel cita no artigo que depois dessa campanha ele começou a colocar no envelope das correspondências o seu slogan Terrorismo Nunca Mais numa resposta à campanha de Dom Paulo.

         Os militares mais radicais tinham o Teruma (Terrorismo Nunca Mais) como elo de agregação de ideias.   Há outros grupos como o Inconfidência e o Guararapes.

         Cita tempos de Olavo de Carvalho levando suas ideias conservadoras para dentro dos quarteis.   Ele inclusive vinha com o papo do Foro de São Paulo e o fantasma da ameaça comunista.

 

Continua no capítulo 14/20

segunda-feira, 18 de março de 2024

Fichamento 12/20 - do livro - O BRASIL NO ESPECTRO DE UMA GUERRA HÍBRIDA - autor Professor Dr Antropólogo - PIERO C. LEIRNER (UFSCar)

 

capítulo 12/20

 

...” Cabe ressaltar que ninguém seja isento de vieses.  Nem este livro, inclusive; porém uma outra coisa é dizer, como constantemente se ouve de militares, que só os outros são ideológicos.”

         Os militares persistem em comemorar o êxito deles sobre a intentona comunista de 1935 e a “revolução” de 1964...    Essa celebração foi usada não apenas para construir uma versão repulsiva sobre o significado do comunismo, mas, também, para unir os militares em torno do inimigo comum”.  (página 189)

         O Brasil nos anos 60 e o conceito de guerra revolucionária.    ...”aparece um item sobre ação psicológica e guerra psicológica.”     ...”no entanto, já no manual de 1961 a prevê como uma quarta força, ao lado de Marinha, Exército e Aeronáutica, evidenciando seu potencial dali para frente.”

         O Brasil nos anos 50 e a busca de uma ideologia...    ...”em exércitos como os da Argentina e do Brasil nos anos de 1950, envolvidos cada um a sua maneira na criação de uma ideologia militar abrangente e ambiciosa, caia como uma luva o exemplo francês dos  intelectuais militares que pensavam por conta própria em pé de igualdade com os colegas e aliados civis, que de resto nunca faltaram”.

         Tempos do apogeu da Guerra Fria.    Na época a Geopolítica   ...”valorizava o Terceiro Mundo como cenário de confronto mundial da Guerra Fria.”

         Cita a Biblex – A robusta Biblioteca do Exército.   Publica literatura de interesse militar.

         Sobre a ameaça comunista vinda do Oriente.    “O instrumento fundamental da guerra revolucionária é a psicologia, muitas vezes mais eficiente que as armas tradicionais”.

         O tenente-coronel Hermes Araujo de Oliveira, de Portugal, que participou de missões em vários países da África e seu livro Guerra Revolucionária.    Repercutiu muito no meio militar no Brasil.     No livro dele...  de 1965.     “a defesa da soberania e das suas instituições, estão a exigir das FFAA se preparem para enfrentar com técnicas próprias, decorrentes dos novos processos de luta, esse tipo de guerra, em que se dão as mãos modernos conhecimentos de psicologia, a astúcia e a mais nefanda crueldade...   a luta...   contra o comunismo não admite pausa”.

         No Brasil no regime militar de 1964, havia entre os militares, células com certas nuances, umas mais radicais.    Caso da Centelha Nativista que apareceu entre os paraquedistas.  “Sua proposta era radicalizar a repressão contra a esquerda revolucionária com ações armadas independentes.”

         Curiosamente eles passaram a ficar conhecidos a partir de sua logomarca, que é o brado:  O Brasil Acima de Tudo! Inventado por um coronel que participava do grupo e remetia à ideia de Alemanha acima de Tudo!  dos anos no nazismo.

         Os militares radicais tentaram dar um golpe dentro da ditadura militar de 1964 durante o governo do General Costa e Silva.

         Os radicais viraram os “filhos do Frota”.   O general Sylvio Frota via comunistas até dentro do governo da ditadura militar.

 

         Continua no capítulo 13/20

sábado, 16 de março de 2024

Fichamento 11/18 - do livro - O BRASIL NO ESPECTRO DE UMA GUERRA HÍBRIDA - autor Professor Dr Antropólogo - PIERO C. LEIRNER (UFSCar)

capítulo 11/18

         Guerra híbrida...    “Esse conceito também capturou a difusão ou confusão de tipos de conflitos, combatentes/não combatentes e tempo de guerra/tempo de paz.”

         ...”certos países chamam de guerra multivariada.”   ... guerra informacional, cyberwar...   “guerra psicológica”.

         “Exemplos de sabotagem (fonte:  CIA – 1979, página 4 do órgão).  O agente agindo ao telefone e armando sabotagem...   “A figura mostrada no manual da CIA para aplicar na Nicaragua em 1979)   pag. 163 deste livro.

         “A maneira de se realizar isso é a partir de uma ampla coleta de informações, identificar os valores.... culturais que são determinantes... da população, e a partir daí disseminar – através de vários meios, como redes sociais, imprensa e agentes infiltrados – um conjunto de informações que atuam para provocar dissonância cognitiva.   Trata-se de um efeito semelhante ao de bombas de efeito moral.”

         “Isto, enfim, vai ser a espinha dorsal dessa forma de guerra, que não vai mais reconhecer a distinção entre a guerra e a paz, e entre a guerra e a política”.

         ...”não há assim, a percepção de que exista um agente agressor estrangeiro, uma força de fora que está atuando diretamente no conflito”.

         “Deste modo, em tese pelo menos, os USA jamais seriam implicados numa guerra híbrida.  Ela dissimula assim seu próprios termos, e empurra para as forças domésticas todas as implicações”.

         ...

         “Mas, pior ainda, é perceber que os USA dissimulam que usam a guerra híbrida e acusam outros de faze-la.         ...”acusam os russos nos casos da Criméia, Georgia, Ucrânia...”

         “A versão russa de guerra híbrida difere pouco da norte-americana no fundamental – a ideia de que tudo ocorre em processos mesclados.   De fato, todo ponto parece ter sido a leitura da própria teoria norte-americana, e sua identificação como algo que se voltava contra si”.

         “O termo guerra híbrida apareceu nos USA em 2005 em artigo do General James Mattis, apelido Mad Dog”.

         “Em 2010, o conceito da OTAN Organização do Tratado do Atlântico Norte introduziu o termo “ameaças híbridas”.

         Em dezembro de 2015 na cúpula dos Ministros das Relações Exteriores dos países membros da OTAN, uma nova estratégia para conduzir uma guerra híbrida foi adotada e aprovada pela cúpula da OTAN em Varsóvia, em julho de 2016.

         Capítulo 3 – A Cismogênese Dilma – Militares e Além

         a – bases ideológicas e organizacionais de células militares

         “Por isso, se aqui houver confusão, ela é proposital.  Nesse sentido, se estiver certo, o anticomunismo foi mais uma peça a ser usada na mobilização para um projeto de aparelhamento do Estado do que propriamente um inimigo concreto a ser prontamente combatido como na época da Guerra Fria”.

         Os militares de alta patente ficam lendo resenhas de livros sobre comunismo, resenhas já distorcidas e ajustadas aos seus argumentos.

...      “De certa maneira, creio que isso reforça a percepção de que o modo como a informação – conceitual, teórica, mas também sobre a conjuntura – circula nas FFAA Forças Armadas se dá de forma que favorece versões parciais e em grande medida controladas nas mãos de agentes-chave que dominam este processo”.

         ...

         ...”desde um cadete até um general se ouve regularmente comparações entre as academias militares e as universidades, sendo que as últimas são tomadas como antros de anarquia e desonestidade”.

 

         Continua no capítulo 12/18 

quinta-feira, 14 de março de 2024

Fichamento 10/18 - do livro - O BRASIL NO ESPECTRO DE UMA GUERRA HÍBRIDA - autor Professor Dr Antropólogo - PIERO C. LEIRNER (UFSCar)

 capítulo 10/18

 

         O termo guerra híbrida começa a ser usado após os conflitos no Iraque e no Afeganistão com participação dos USA.    Frank Hoffman (2007)  ..... “táticas irregulares ... não há mais fronteira entre guerra e paz”.

         ...”basicamente podemos estar em guerra sem percebe-la.”   ...”guerra híbrida ou de 5ª geração segundo Frank Hoffman.   (página 101)

         “C3I (comando – controle – comunicação – inteligência).  O símbolo C3I usado pelos militares para sua teoria de operações.

         Cita inclusive as chamadas bombas semióticas.   (semiótica – verbete no google:  Desta forma, estuda como o indivíduo atribui significado a tudo o que está ao seu redor. Os objetos de estudo da semiótica são extremamente amplos, consistindo em qualquer tipo de signo social, por exemplo, seja no âmbito das artes visuais, música, cinema, fotografia, gestos, religião, moda etc.)

         ...”Para resumir, a guerra híbrida ideal é aquela em que teoricamente as pessoas sequer notam que estão no meio de uma guerra”.

         ...”guerra neocortical, infiltração no aparelho cognitivo da população”.

         “A guerra neocortical  ... se esforça para  controlar ou moldar o comportamento dos organismos inimigos sem destruí-los”.

         Uma prática relativamente recente é o uso de drones para ações específicos.    Um exemplo é matar um líder adversário que está em trânsito num carro.

         Capítulo 2 -  O lugar da guerra:  problemas conceituais e terminológicos

         Conceito citado por Engdahl (2009)  “deepstate e espectro total de dominação”.    ...”são em certo sentido, formas atuais para aquilo que o gigante C. Wright Mills descrevia como complexo financeiro – industrial – militar no livro Elite do Poder Norte-Americano nos anos 50.   Em épocas de franco avanço do neoliberalismo, o Estado inclusive deixa mais escondido que desregula o mercado e as forças invisíveis com o intuito claro de transferir renda para o  0,1% da população, para os donos dos papeis”.

         O autor entra numa necessária seara dos conceitos filosóficos envolvendo o público, o privado etc.   Como leitor, confesso que meu cabedal não foi suficiente para “resumir” esses conceitos relevantes, pelo suposto, mas fora do meu alcance.

         ... Nome do tópico: a) Breve digressão etimológica: o doméstico e o estatal.       ...c)   Weber e além: público/privado e política da guerra.

         ...g) – o lugar da guerra híbrida.  “É certo que há um tanto de dissimulação em assumir a guerra híbrida enquanto estratégia, sobretudo porque teoricamente os USA não poderiam oficializar que está na margem do legal e ilegal”.

         ...[Mas] o conceito chave do exército australiano vai muito além, e capturou a complexidade do terreno em futuros conflitos em termos de terreno físico, terreno humano e terreno informativo”.

         “Esse conceito também capturou a difusão ou confusão de tipos de conflitos, combatentes/não combatentes e tempo de guerra/tempo de paz.

 

         Continua no capítulo 11/18

terça-feira, 12 de março de 2024

Fichamento 9/18 - do livro - O BRASIL NO ESPECTRO DE UMA GUERRA HÍBRIDA - autor Professor Dr Antropólogo - PIERO C. LEIRNER (UFSCar)

 capítulo 9/18    (nova projeção do número de capítulos)

  

         Cita na página 86 do livro, um texto de Price de 2008.     Dentre os destacados cientistas sociais dos USA na época...   “Paul Lineabarger, que no pós guerra editou o Psichological Warfare onde se vê um dos paradigmas militares da ideia de primeiro entender a cultura e depois manipula-la”.

         Foram contratados numa fase pós II Guerra Mundial, aproximadamente 30 antropólogos nos USA, visando sobretudo o estudo e a manipulação do moral japonês”.

         Foram os antropólogos dos USA, a serviço no pos guerra muito importantes para assessorar o país sobre “o que fazer com o Imperador do Japão, batido na guerra”.

         Na II Guerra Mundial nos USA estima-se que metade dos seus antropólogos atuaram em tempo integral no esforço de guerra e que outros 25% atuaram em tempo parcial.

         “Em 1943 toda agência governamental dos USA tinha ao menos um antropólogo na equipe.   O MIT   Massachusetts Institute of Technology  foi um dos que ajudou a produzir armas químicas para a guerra.”

         Mais adiante a AAA Associação de Antropólogos Americanos  “realizou uma série de críticas contra o aproveitamento de antropólogos pelas agências (para o esforço de guerra) na década de 1960.

         Ano de 2008, Obama era candidato a presidente nos USA e é filho de uma Antropóloga.

         Operações militares (2008)  no Iraque e no Afeganistão...    “Paula Loyd, uma bacharel em antropologia que fazia parte de uma das equipes de HTT (militar) foi queimada viva com gasolina por um afegão que logo depois, foi alvejado na cabeça por um dos companheiros da equipe dela”.

         O evento teve repercussão internacional.

         Sobre essa inserção de antropólogos na área militar nos USA...   “Fico inclusive com a questão que permanecerá em aberto aqui, se o HTS não apareceu justamente para encobrir o que realmente se preparava que era a base das guerras híbridas”.  HTS Human Terrain System.   Um complexo doutrinário que institui como o principal parâmetro de ação operações de inteligência que utilizam como apoio a psicologia, a linguística e a antropologia.  (página 82)

a)     A antropologia na era da guerra híbrida

        “Como disse acima, é notável a atual falta de interesse dos antropólogos sobre a guerra híbrida”.   

         No Exército brasileiro, mesmo na década de 90, antes de se falar em guerra híbrida, nas Operações Psico estavam expressas nos seus manuais...

         ...”a quase totalidade do manual operacional do Psico se dedica à ‘propaganda´, ‘informação´ e ‘notícias´.”

         Um exemplo de revolução colorida...   “uma que incentive as pessoas a derrubar o governo”.    “O principal objetivo da campanha de informação e que o alvo internalize as ideias que lhe são apresentadas, dando a impressão de que os próprios manifestantes chegaram a suas conclusões (induzidas por fora) por conta própria”.      Em (Korybko, 2018) páginas 45 e 46.   Andrew Korybko em seu livro Guerras Híbridas – Das revoluções coloridas aos Golpes.      “todo esse mecanismo pensado para fabricação de revoluções coloridas centra-se assim em dois aspectos: a abordagem indireta e a ação por indução.     (maquinar meios de colocar o povo na rua em protesto).

         Tudo é produzido para que os agentes de ponta trabalhem sem saber para “meu” objetivo.

         Como leitor, suponho que isso se encaixa na turma da camiseta da CBF...

 

         Segue no capítulo 10/18