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sexta-feira, 29 de março de 2024

Fichamento 15/22- do livro - O BRASIL NO ESPECTRO DE UMA GUERRA HÍBRIDA - autor Professor Dr Antropólogo - PIERO C. LEIRNER (UFSCar)

 capítulo 15/22

 

 

         Além desse descontentamento do Exército com a Comissão Nacional da Verdade,  havia outros fatores.   Negócios ampliados do governo Dilma com a China agravaram a ira dos militares.   Investimentos chineses no Pré Sal, no setor elétrico, o Banco dos BRICS, os negócios usando a moeda Yuan (da China) em detrimento do dólar.

         Houve inclusive em 2014 participação de empresa russa explorando petróleo na Amazônia (empresa Rosneft).

         Desde meados dos anos 2000 a Rússia andava num movimento de  aproximação militar com  países da América Latina como Peru, Equador, Nicaragua, Venezuela.

         Nossos militares viram isso como Dilma implantando no Brasil uma versão 2.0 do comunismo.    “... disposta a colocar a ordem internacional de ponta cabeça...”.

         ...”Estamos muito além de Snowden que revelou inclusive a espionagem dos USA na Petrobras: isso pode ter sido apenas uma operação... para encobrir o fato de que os USA estavam abastecendo militares brasileiros com material para uma teoria da conspiração.   (o tal comunismo...)

         ...”em 2014... oficiais da ativa que, depois de 25 anos mantendo-se em silêncio extramuros, passaram a abertamente criticar o governo – entre eles o General Mourão, quando ainda em 2014 começa dar palestras falando do PT e do Foro de São Paulo.

         Dilma e sua equipe já vinham tendo sucessivos atritos com os militares.  Em 2015 ela praticamente extinguiu o GSI Gabinete de Segurança Institucional (comandado por militares), que até então tinha status de ministério e existia desde 1938.

         Em  maio de 2016 ...”quando veio à tona um documento sobre resolução de conjuntura do PT elaborada pela Executiva nacional do partido onde se colocava que o PT falhou em não mexer nos currículos dos militares e nas promoções.”

         “A conspiração petista foi assim fechada na cabeça dos militares...”

...”O general Villas Bôas, Comandante do Exército declarou a uma jornalista do jornal O Estado de SP:  “Com esse tipo de coisa, estão plantando um forte antipetismo no Exército”.

         Há trecho de entrevista de generais à Revista Piauí e eles (em 2018) se colocam de forma contundente contra isso de tentar o Executivo mexer no currículo dos militares e no sistema de promoções   ...”foi uma coisa burra.   Essa é  coisa não é admitida nas Forças Armadas; a intervenção em nosso processo educacional....isto nos fere profundamente.  Está na nossa essência, no nosso âmago” concordou o General Villas Bôas.

              Bolsonaro e a janela de oportunidade.

         No governo Dilma se estabelece a crescente politização dos militares.  Bolsonaro em sua fala aos cadetes da AMAN Academia Militar de Agulhas Negras (RJ)...  “Alguns vão morrer pelo caminho, mas estou disposto em 2018, seja o que Deus quiser, tentar jogar para a direita este país...”.   (página 228).

         O peso da AMAN e seus 380 cadetes que concluem o curso com todos os ritos e seus padrinhos das armas.    É tradição o presidente da república prestigiar a solenidade  de formatura na AMAN.   Dilma não foi ao evento e assim ficou mais marcada pelo setor.

         Já Bolsonaro, nas formaturas da AMAN onde ele se formou...  “Em 2015, 2016, 2017 e 2018 ele repetiu a dose.   Foi todos os anos citados na formatura dos cadetes da entidade.     “Tudo isso numa situação em que ele já era (pré) candidato”.   Junto de Bolsonaro, já o General Mourão nas formaturas da AMAN (em campanha...)

         ...”do meu ponto de vista, Bolsonaro não foi mais um candidato qualquer com apoio dos militares”.

 

                   Continua no capítulo 16/22