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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

FICHAMENTO DO LIVRO LAMPIÃO & MARIA BONITA - escrito por um Jornalista mediante pesquisa


FICHAMENTO DO LIVRO – LAMPIÃO E MARIA BONITA
Autor: jornalista Wagner G.Barreira – Editora Planeta – 2018 – 224 p.
Livro lido em março de 2019 e fichamento pelo Eng.Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida - WhatsApp (41) 99917.2552
Destaco que faz pouco tempo que estive visitando a cidade de Piranhas AL à margem do Rio São Francisco e na ocasião fomos até o local exato, do outro lado do rio, já em Sergipe, onde Lampião foi fuzilado junto com seu bando.
Já do livro – a lenda do sal. Segundo a qual um dia um do bando do Lampião reclamou da falta de sal na comida e Lampião teria mandado comprar sal e fez o cabra comer sal puro.
Página 14 – Cita o Anarquista Buenaventura Durruti e suas lutas. Inclusive dos catalães contra a Ditadura de Franco na Espanha. Buenaventura morreu em 1936 em luta, sendo contemporâneo de Lampião.
14 – Franco toma o poder na Espanha e instala uma ditadura iniciada em 1948, que perdura por quatro décadas.
14 – A primeira biografia de Lampião é publicada quando ele ainda estava nas batalhas. Tanto que ele chegou a ler a biografia e destacou as incorreções na visão dele.
14 – Estima-se em mais de 1.500 publicações sobre Lampião e o cangaço entre livros, artigos, filmes, etc. aqui e no exterior.
15 – A história de Lampião é ficção coletiva. Quem a constrói tem necessidades, convicções e ambições...
16 – A casa onde moraram os pais de Maria Bonita virou museu a partir de 2006. Fica no interior da Bahia.
16 – Documentos oficiais douram a pílula das ações da polícia no caso...
16 – “Com voz pausada, grave e baixa, deixa vazar o que interessa”. Sobre a forma de expressão de Lampião.
17 – Historiadora francesa. Coloca três certezas sobre Lampião. Pele escura, cicatrizes de batalha e um olho ruim. (usava óculos)
17 - ...”conheceu e negociou com o Padre Cícero. Tornou-se por ordem do religioso, Capitão do Batalhão Patriótico financiado com verbas do Estado brasileiro. (tentativa de se antepor à Coluna Prestes na região)
18 – Opinião de Rubem Braga (escritor capixaba): “Não creio que o povo o ame só porque ele é mau e bravo. O povo não ama à toa. O que ele fez corresponde a algum instinto do povo. Há algum pensamento certo atrás dos óculos de Lampião: suas alpercatas rudes pisam algum terreno sagrado”
21 – O pai de Lampião era almocreve e agricultor. Almocreve era uma atividade de alta confiança onde uma pessoa tinha uma tropa de animais e uma equipe preparada para longas caminhadas com riscos levando dinheiro vivo de comerciantes para compras no atacado para os referidos comerciantes.
21 – Expedita é o nome da filha de Lampião e Maria Bonita.
28 – As onze cabeças cortadas, duas delas de mulheres, Maria Bonita e Enedina, junto com as de nove do bando, incluindo Lampião. Foram colocadas como troféu nas escadas da prefeitura de Piranhas AL. (eu, leitor, estive no prédio da prefeitura que ainda é no mesmo local).
Cortar cabeça vem de longe e é uma das formas de impor grande humilhação ao inimigo abatido. E mais fácil de transportar para provar o feito.
28 – Cabeças expostas na escada da prefeitura dia 28-07-1938.
29 – Telegrama do tenente João Bezerra que comandou a chacina na madrugada, avisando da liquidação do bando.
Determinado pelo governo que as cabeças fossem enviadas para Maceió, distante 266 km de Piranhas. Na época o cortejo demorou quatro dias. Em cada cidadezinha que passavam, expunham as cabeças numa frente de igreja ou prédio público.
30 - Havia na época vários outros bandos em ação em toda a região até pela fraca presença do Estado no interior. As “volantes”, policiais itinerantes criadas para reprimir a violência rural.
31 – No caso da chacina de Lampião e seu bando houve um dedo duro. O local chamado Angico, onde houve a chacina, era na fazenda do sergipano Coronel Antonio Caixeiro, este que emprestou metralhadora para a volante policial.
32 – Coiteiro – quem dava abrigo aos cangaceiros. Positivo, nome dado a informante dos cangaceiros.
Corisco, o que escapou na chacina e era do bando, chamava a grota de Angico, onde houve a chacina de cova de defunto. Se fossem atacados, não tinham por onde fugir. (é a encosta que desce para o Rio São Francisco coberta de caatinga com muitos espinhos e um pequeno rio que não é perene. Seca em muitos períodos e do lado desse leito pedregoso, uma caverna rasa na qual estavam os cangaceiros acampados). Eu, leitor, estive no local.
33 – Sila, bem jovem, viu “luz de pilha” (farolete) longe e alertou mas acharam que era vagalume. Sila se safou.
A volante toda sediada temporariamente em Piranhas-AL para a perseguição. Eram 45 soldados armados.
34 – Os soldados, sabendo do local do esconderijo, se dividiram em quatro grupos, cada um com uma metralhadora Hotchkiss com apelido de “costureira”. Madrugada, chuviscando, nem os cachorros latiram. As tendas facilitaram a mira dos policiais. Eram14 tendas. Os sobreviventes falaram que ao todo o bando então estava em 36 pessoas no local.
37 – A polícia justificou a degola dos 11. Argumentou que havia soldados feridos e não dava para levar os corpos todos dos abatidos. E as cabeças, para comprovar que o bando não mais existia.
38 – No mesmo dia a notícia chegou ao RJ e ao jornal e no outro dia ao New York Times. (em 1938)
39 - As cabeças ficaram em vidros com formol até 1969 no Instituto Nina Rodrigues.
A neta de Lampião levou o crâneo dele e sepultou num túmulo da família em Aracaju-SE.
40 – Corisco ( vulgo Diabo Loiro), que não estava no acampamento, vingou as mortes e decapitou uma família. Em 1940 foi morto.
44 – A origem do nome Virgulino Ferreira da Silva. Do livro lunário de 1594 editado em espanhol. Fala da constelação da Virgem e disso veio o nome Virgulino. Nascido em 07-06-1897 em Serra Talhada PE.
45 – O pai, agricultor e pecuarista, que também atuava como almocreve, criava cabras, jumentos e gado e fazia pequenas roças.
46 – Na pré adolescência e mesmo na infância de Lampião a criançada brincava de lutas entre cangaceiros e as volantes (policiais). Só que não era a visão de bandidos e mocinhos, do mal e do bem. O cangaceiro era visto como quem resolve entreveros de conflitos entre famílias, etc. Eram respeitados na comunidade.
Muitos cangaceiros atuavam na comunidade como justiceiros, substituindo a justiça e a polícia que eram ausentes nos lugares remotos.
... muito comumente atuando como justiceiros a serviço dos grandes proprietários e chefes políticos da região.
46 – 1910 – naquele tempo todo mundo tomava partido dos cangaceiros. Pentes de bala cruzados no peito, armas, chapéu de couro. O sertão era uma sociedade armada.
O herói da infância de Lampião era Antonio Silvino, que foi para o cangaço e vingou a morte do pai. Era tido como o Rifle de Ouro. Se hoje em dia a criançada tem ídolos no futebol, lá pelo Sertão do Pajeú (rio Pajeú), os ídolos eram cangaceiros armados.
Silvino foi preso em 1914 e deixou de ser herói por isso.
47 – Havia a presença apenas eventual de professores no meio onde havia esse povo sertanejo. Lampião mesmo estudou três meses. Aprendeu para “ler uma carta e respostar outra”...
47 – Lampião aprendeu a lidar com couro, como fazer arreios, etc. Tocava sanfona de oito baixos e dançava bem.
A principal fonte de renda da família dele era a almocrevaria (ir fazer compras longe, na cidade, para os comerciantes locais).
Essa profissão de almocreve vem de Portugal antigo. Almocreves atuavam em longas distâncias pela BA, AL, PE e CE.
Aos 12 anos Lampião já tinha o conhecimento básico da lida com animais e o pai o achou apto a seguir numa das viagens para a cidade onde se abasteciam.
48 – Uma rota lucrativa era ter acesso à cidade de Pesqueira, até onde chegava a ferrovia inglesa que partia de Recife. (ferrovia de 200 km)
Pesqueira PE era um centro regional por ter acesso à ferrovia. Tinha fábrica de doces, curtumes (com mal cheiro danado) e cinemas que exibiam filmes mudos. Tinha também um teatro e uma orquestra. Era então a Atenas pernambucana.
A região demandava então encomendas como bolachas, cachaça, “massa do reino” (farinha de trigo), açúcar, arroz, tecidos. Imaginar um garoto da zona rural aos 12 anos ver tudo isso numa primeira viagem.
Ficou encantado por tudo que viu.
Nas sucessivas viagens como almocreve, Lampião foi conquistando contatos com comerciantes, etc. Conhecia muito bem a geografia da região e sabia caminhos e locais onde havia água, elemento escasso na região da catinga. E, claro, lugares seguros para pernoitar.
49 – A grande seca de 1915 no NE. (inclusive retratada no romance O 15 de Rachel de Queiroz). Uns 100.000 morreram e uns 250.000 migraram do Nordeste fugindo da seca.
............... continua na postagem seguinte.

FICHAMENTO - PARTE FINAL - LIVRO LAMPIÃO E MARIA BONITA - ESCRITO POR JORNALISTA MEDIANTE PESQUISA

PARTE FINAL - FICHAMENTO DO LIVRO LAMPIÃO & MARIA BONITA
51 – A família de Lampião foram 400 km de ida e volta a Juazeiro do Padre Cícero. Ao voltar, sentiram falta de algumas cabras marcadas. Acharam o couro delas enterrados no quintal da fazenda dos vizinhos, até então, amigos.
Naquele tempo não havia cercas por lá nas divisas das fazendas. Era a marca dos animais que indicava o dono. E os chocalhos (sinos no pescoço) dos animais. Era comum, se os animais invadiam a propriedade dos outros, o atingido cortava o rabo das cabras e amassava os chocalhos.
51 – Acusação do vizinho de que Virgulino havia roubado um chocalho deu treta. Tempos depois, em outra ocasião, Antonio que era o irmão mais velho de Virgulino falou que iria levar um cavalo para cobrir a mãe e a sogra do vizinho. Ofensa da maior. “No sertão, quem não se vinga está moralmente morto”.
Na primeira refrega a tiros com os vizinhos, Virgulino tinha 18 anos.
61 – Humilhante. Tomar surra com cipó de boi (feito com o pênis de boi)
63 – A mãe de Virgulino morre aos 47 anos por mal do coração. O pai dele foi assassinado numa vingança. Os irmãos, três deles, agora sem nada, resolvem vingar, matar até serem mortos.
63 –Saturnino, o primeiro inimigo (vizinho) morreu por morte natural aos 87 anos em 1981.
64 – O Lucena, da volante (policial), acusado de matar o pai de Virgulino foi perseguido por tempos, mas teve oportunidade de estar entre os que mataram Lampião. Subiu na carreira militar e depois na política. Foi prefeito de Maceió e deputado estadual. Morreu em 1955.
No sertão era mistura de índios com branco e não dava mulato. Já no litoral era branco com preto e havia os bem escurinhos. Daí surgiu entre os cangaceiros de chamarem os das volantes (policiais) de macacos.
Lampião era racista mas em muitas ocasiões teve negros entre os do bando.
73 – O apelido de Lampião teria vindo pela luz do disparo de arma de fogo continuamente em conflitos.
No auge do bando dele era o auge do cangaço como um todo. Na caatinga entre 1919 e 1927, havia mais de cinquenta bandos de cangaceiros em ação.
73 – Voz espaçada e calma. Gostava mais de ouvir do que falar. Mas sempre a decisão final era dele.
A baronesa idosa, mãe de políticos influentes e o casarão em Água Branca. Para descontar as afrontas da família dele nessa cidade e para levantar dinheiro para o bando, Lampião invadiu o casarão e saqueou joias, etc.
76 – Algumas táticas para não serem perseguidos. Varredores com galhos apagando rastros. Andar sobre pedras e andar com as sandálias (alpercatas) com a sola invertida. (tipo curupira).
77 – Dançar era só entre os marmanjos, fazendo de par na dança, a própria espingarda. E daí surge o xaxado, pelo barulho das sandálias no chão.
Quelé, que foi do bando de Lampião foi desligado do grupo e com o tempo passou a ferrenho ativista da volante à caça dos cangaceiros. Participou de 21 refregas contra o bando de Lampião.
81 – Lampião levou tiro no calcanhar, o que fez um bom estrago. Quase foi pego.
82 – Ele foi seleiro, que trabalha com couro, fazendo arreios, etc.
Nessa profissão, Lampião lançou o hábito de colocar enfeites e detalhes em couro na roupa e chapéu dos cangaceiros. Enfeites e moedas aplicados na roupa e chapéu.
85 – Cego de um olho e o acidente que causou isso. No tiroteio com a volante, um tiro acertou num cacto perto de lampião e um espinho voou e furou o olho dele. Apesar do autor deste livro dizer que há controvérsia sobre esse olho defeituoso. Consta que ele há tinha problema nesse olho desde pequeno.
O olho bom dele era o esquerdo e ele era canhoteiro. Dizia que com um olho só era até mais fácil fazer mira.
86 – Teve óculos com lentes presenteadas pela fabricante alemã Zeiss. (até pelo prestígio que ele tinha numa grande região).     Outro detalhe interessante.   Ele era tão famoso na região que chegou a fazer comerciais de Cafeaspirina para a alemã Bayer.
87 – No estado do CE ele andou por uns tempos mas até por respeitar o Padre Cícero, não fazia confrontos naquele estado.
92 – Várias vezes noticiaram a morte de Lampião. Já havia fake News naquela época.
A Coluna Prestes com 2.000 homens com treinamento militar andou pela região na época de Lampião.
95 – Padre Cícero já aos 82 anos, ainda super influente. Decidiu dar patente de Capitão do Exército ao Lampião para este ajudar a combater a Coluna Prestes se fosse o caso. O padre, para não aparecer numa aliança do bandido com o exército, procurou alguém do Poder Público federal para dar a patente a Lampião. O mais graduado funcionário público federal local era o Engenheiro Agrônomo Pedro Albuquerque Uchoa, do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. E assim fez.
Numa reunião o agrônomo foi requisitado pelo padre que ditou os termos e o funcionário público ia redigindo. Ao final o padre determinou ao funcionário: Assine! Não houve como escapar, tal era a autoridade de fato do padre Cícero. Com o documento assinado, Lampião passa a assinar Capitão. E recebe fardamento e armas modernas (fuzil mauser alemão) para si e seus jagunços. Tudo isso em Juazeiro do Norte CE, terra do padre Cícero.
98 – O médico do Crato CE, Dr Octacilio Macedo, o entrevistou. Capitão Virgulino então com anéis de brilhantes e pedrarias. Seis anéis. Na entrevista citou que matou três oficiais e mais de duzentos combatentes.
99 – Disse que respeita as famílias e quando descobre que um do bando não respeita, ele castiga. Pagava espiões inclusive. Declarou que seu bando variava de 15 a 50 homens.
101 – O padre Cícero foi candidato a deputado federal.
102 – Fase mais violenta de Lampião e ele e o bando usavam medalhas com a imagem do Padre Cícero, a única pessoa a quem ele respeitava.
104- O grande plano feito detalhado de enfrentar e derrotar todas as volantes numa batalha só, feito por Virgulino.
Chegou a sequestrar um representante da Standard Oil e outro da Souza Cruz e pediu um resgate em valor que dava para passar um ano na Europa. 20 contos de reis.
107 – A batalha envolveu 297 militares contra 72 cangaceiros.
108 – Lampião liberou o refém e fez carta ao Governador do PE a ser entregue pelo refém. Que o governo reconhecesse a autoridade de Lampião como governador do interior e o governador do Estado ficaria com parte mais para os lados do litoral. E assim haveria paz.
111 – Depois da morte do irmão Antonio pelo disparo acidental da arma de um conhecido, Lampião passou a deixar o cabelo e unhas compridas. Muitos do bando seguiram isso. Ao atacarem, o aspecto dos cangaceiros era mais assombroso.
112 – O plano de atacar Mossoró-RN. Ouvia dizer que no Banco do Brasil local haveria 900 contos de reis. Mossoró, cidade rica pelo algodão e pelas salinas. Distante 280 km de Natal com ligação por estrada de ferro. Tinha a cidade então 20.000 habitantes. Cidade com teatros, roupas vindas da Europa, mais de cem residências com piano. Houve a tentativa mas a reação foi muito forte e o bando debandou.
Na narrativa do livro fica um pouco fora da ordem cronológica a sequência de fatos e o autor coloca a morte de Lampião numa fase intermediária da obra. Destaco que no final do livro há uma extensa bibliografia citada pelo autor. Publicado no Face aos 14-02-20

domingo, 16 de fevereiro de 2020

FICHAMENTO DO LIVRO BOY ERASED - Autor: Garrard Conley (Auto biografia)


FICHAMENTO DO LIVRO – BOY ERASED – Uma Verdade Anulada
Autor do livro: Garrard Conley    (auto biografia) –Editora Intrínseca – RJ ano de 2019 a edição brasileira  - 320 páginas  (li em fevereiro de 2019)
         Fichamento pelo leitor Eng.Agr. Orlando Lisboa de Almeida
                                                   orlando_lisboa@terra.com.br
         Dedica o livro:    “Aos meus pais”  
         No prólogo do livro, apresenta uma cronologia da entidade AEA Amor em Ação    (que promete cura aos homossexuais)
         1973 – A Psicologia dos USA, a Associação Americana de Psicologia tira o homossexualismo da lista de doenças mentais.
         O pessoal contra, através de igrejas fundamentalistas cristãs, cria a AEA prometendo curar os “vícios sexuais”.
         1977 – Um integrante da AEA há quatro anos, Jack MC – Jack McIntire se suicida.  Bilhete de despedida:
         “Prostraram-me diante de Deus continuamente, pedir perdão e fazer promessas que não vou conseguir manter é mais do que posso suportar”.
         A AEA e a Exodus International se espalham pelo mundo.  Holanda, Portugal, Austrália, Brasil.    John Evan – co fundador da AEA.
         O mesmo John Evan, em 1993 desnuda a AEA no The Wall Street Journal:     “Eles estão destruindo a vida das pessoas.   Se não fizer o que eles querem, você não é de Deus, vai para o inferno.  Eles estão vivendo num mundo de fantasia.”
         No ano de 2000 há em Quito (Equador) uma conferência da AEA.  Ela já está expandida para a China, Índia, Indonesia, Malásia, México, Scri Lanka e Taiwan.
         2003 – A AEA começa com o Programa Refúgio.
         2004 – O autor deste livro, jovem (19 anos), passa pelo tratamento.
         Página 13 – O manual a ser seguido pelos internos em tratamento contém 274 páginas.   Os Doze Passos para Ação.
         14 – O manual fala do que é desvio sexual no conceito da entidade.
         15 – Conselho ao novato e ao grupo.   “manter a cabeça aberta”.
         O protagonista disse que estava ali por escolha própria.  Sentia vergonha desde que os pais descobriram que ele era gay.     No internato do tratamento, o mestre era um ex- gay.
         16 – “Os gays estão usando o pecado para preencher o vazio da falta de Deus”.
         17 – O jovem vem de uma família Cristã Batista, que nos USA tem mais de 100 diferentes ramificações.
         Norma:   Ao entrar aqui, deixe tudo para trás.  Aqui só a Bíblia e o manual...
         18 – Literaturas escolhidas pela direção da casa, além de textos com depoimentos de ex gays vitoriosos.
         18 – Ora para si algo que vira um mantra:   Senhor, torne-me puro.
         19 – A mãe o levou de carro para internação.  Programa de duas semanas das 9 h até as 17 horas.   Após as sessões, pousava com a mãe num hotel próximo.  Noites com tarefas a cumprir (e confinado).
         24 – Na matrícula – entrega do celular à Casa.   O da recepção avisa, por “regra” que vai ver todas as fotos e mensagens do celular.
         25 - ... sobre foto com namorado... medo de revelar a vergonhosa vontade de ter um namorado.
         O diário dele.   Teve que entregar na recepção também.   O rapaz da recepção arrancou as páginas... no grupo.
         30 – No grupo a maioria vinha do Sul dos USA, do chamado cinturão da Bíblia.    Pais e o ultimato...   mude isso senão...   corte de mesada, etc.
         30 – A maioria dos internos era para um programa de três meses ou mais.
         32 – Primeiro passo:  admitir o erro e querer mudar.
         32 – Saiu num jornal.   No início, o guru local colocou para um interno:   É melhor se matar do que...   (e o rapaz se matou).   Houve outros suicídios de pessoas em tratamento.
         33 – Medos que evitam o suicídio:  medo da vergonha e medo do inferno.
         33 – Ele, ajoelhado em sua igreja, nos últimos 18 anos, isto três vezes por semana.    Pedindo para não ser homossexual.
         38 – Tarefa aos novos internos – escrever a sua genealogia e dados da família para captar indícios de motivos para o ativismo do internado.
         38 – Nos dias do tratamento dele, o pai dele foi Ordenado como Pastor da Igreja Batista que a família frequentava desde sempre.
         39 – Os desafios da Igreja Batista de então:  Divórcio, coabitação, homossexualismo.
         47 – Medo do Armagedon, do Arrebatamento.  ( e julgamento)
         O pai dele via na internet indícios que que estava chegando o momento do Arrebatamento e a pressão aumentava.     
         Entre os fieis, esperava-se que se elegesses presidentes republicanos...
         O pai do jovem era vendedor de carros e os outros funcionários também, todos evangélicos.   Ler a Bíblia no trabalho.    Um dia pedem ao jovem protagonista deste livro que lesse a Bíblia.  Ele não consegue.
         Para si:  não consegue se ajustar a vender carros, a falar de religião, de curtir a namorada.   Se esquiva de tudo e espera um dia superar tudo e deixar esses segredos no passado trancado.
         63 – Puberdade, o fascínio pelos  personagens do vídeo game.  O masculino o distraia.   Ficava grudado no jogo.
         Antes dos 16 anos, ele a fazer xixi no pé da cama com desenhos tipo infinito, etc.   Tudo para chamar a atenção da mãe.
         Ele e a namorada, cada um passou numa faculdade diferente e teriam que encarar o curso e a separação.  As dúvidas:   Parar de namorar? Continuar? Casar?
         67 – Uma das regras da Igreja Batista dele.  Castidade.
         71 – Recado do colega da revenda de carros onde o pai dele trabalhava e ele ajudava.   – Estamos no fim dos tempos.   Fique esperto!  (ameaça como sendo de Deus)
         77 – O irmão novo da namorada também era gay.   E disse que os outros namorados da irmã agiam de outra forma com ela.  (transavam)
         79 – Ele vai para a faculdade de Artes.
         86 – A mãe de Cloe (namorada dele) pegou o filho gay tentando uma relação sexual com outro amigo.   A casa caiu e ela chamou o pastor, o pai do nosso protagonista.
         81 -  Ele colocou o equipamento de game na banheira e soltou água.  Chamou os pais para verem.    “Cansei do jogo”.   (fica insinuado que contou aos pais sobre sua homossexualidade.
         83 – A AEA em Memphis – USA.
         84 – Notícias de violações da lei americana na prisão de Guantanamo (em Cuba) pelos americanos.
         Na internação.    Tarefa – cada um analisar sua trajetória pecaminosa até chegar à homossexualidade.
         85 – Literatura que leu teria ajudado nesse caminho.   O Retrato de Dorian Gray, dentre outras.    (contou inclusive fantasias...)
         85 – Lia bastante e ficava com medo que a leitura iria leva-lo a ser um herege.
         Na faculdade, liberou a leitura.   Inclusive Laranja Mecânica (que também há em filme).   Ao ler, sentia sensações que atribuía à ação do demônio.
         No tempo de tratamento.   No hotel, vontade de ligar o game como fuga, mas o regulamento da AEA não permitia.
         Inventário Moral.  Se refletir nos pecados para superá-los.
         Resgatar o pecado, dizer ao grupo, se arrepender e pedir perdão a Deus.
         90 – Na igreja dele o pastor achava que todo problema  se resolvia com fé e oração.   Nada de terapia.
         95 – Boy achou que o colega de AEA pelo jeito teria sido educado em casa  (sem vida social ativa)
         95 – Estudar em casa, sem uso da escola.  Comum no cinturão da Bíblia.  (na atualidade há quem busque incentivar essa prática)
         97 – Ele diante do genoprograma da AEA (os vícios de cada parente) se sentiu mais confortável para encarar cada um deles.   Afinal, eles cheios de pecados, quem seriam para julgar os seus?    (pergunta do protagonista)
         98 – Após relacionamento frustrado, mais culpa e dor. Acreditar em mentiras: que ele não valia nada, que não tinha esperança de futuro.   Ele cita algo dos evangélicos Menonitas.
         104 – Auto punição.   Comer só 500 calorias por dia e correr duas horas por dia.   Perdeu 22 kg.    Quando falhou com a namorada.
         108 – No passado o pai do Boy (protagonista) lidou com  beneficiamento de algodão.
         109 – O Criacionismo e o medo da Evolução das espécies  (a ciência).
         113 – Fez sexo oral no colega dele de faculdade.
         114 – o Boy lendo Memórias do SubSolo de Dostoievski.
...................................................     

– segunda parte (final) - vide no artigo da sequência....












        
        


Parte Final do Fichamento do livro Boy Erased - Autor : Garrard Conley - 2019

Continuação.....   Fichamento do Livro Boy Erased

         Página 117 -  Boy fala de um estupro que sofreu do Davi, mas que o colega não era mais forte do que ele.   E que secretamente até torceu por isso.
         125 -  Pastores culpam o homossexualismo pelo terrorismo.
         129 – Fazendo amor do jeito deles.  Com David
         132/133 – O David liga para a mãe do Boy e conta que ele é gay.   A mãe do Boy vem busca-lo e pergunta.  Ele confirma.  Ela encaminha ele para falar com o pai.   O pai disse que se ele continuar assim, não terá mais faculdade paga e nem a casa da família para morar.
         136 -  Com um ano de faculdade, ele tinha se  transformado (e o pai imaginava isso) num herege, num cético.
         140 – Na AEA o guru – indica que ele tem necessidade de praticar esporte para não ficar efeminado.
         145 – Homossexual e uma super novidade.    Constava no Manual: “Quando sua manipulação fracassa, eles ficam profundamente deprimidos e a auto estima deles despenca”
         152 – Ele tinha fantasias sexuais desde o sétimo ano da escola.
         152 – Seu pai pregando e expandindo o rebanho.  Pregando até na prisão, aos detentos.
         154 – Pais falando com ele após caso na faculdade.  Não ir à escola.  Estar em casa, distante duas horas da faculdade.
         155 – O pai:    - Você nunca mais vai pisar nesta casa se agir de acordo com o que sente.
         156 – Por várias vezes pensou em suicídio com a ponta da tesoura.   O pai pregando na prisão e conseguia recuperar tanta gente e o filho ali no sofrimento.
         A filha do pastor da igreja do pai dele era drogada e cheia de problemas.   A filha pródiga.
         164 – Imitação da vida – nome de filme de introdução para brancos sobre o que é ser negro.
         189 – A AEA era a mais forte dos USA para “formar a pessoa hetero”.
         193 – Frase de Foucault sobre regra e poder . citada...
         197 – Cita também ter lido O Retrato de Dorian Gray.
         201 – Após passar pela AEA  ... ficou sem falar com antigos namorados.
         210 -   Ele e a mãe no carro indo na posse do pai como Pastor.
         246 -  Está para ir com a mãe na médica que vai mostrar resultado do teste do nível de testosterona dele.   Ele sente sensações que supõe ter a ver com o nível de testosterona baixo.   (hormônio masculino).   Nessa hipótese, acha que se isso for constatado e ele num tratamento colocar o nível no normal, resolve seu caso, alterando seus sentimentos.
         247 – Meditações e orações não conseguiram, ao longo do tempo, reverter seu quadro.
         Antes de fazer o teste de testosterona, a médica fica a sós com ele e já sabendo da sua homossexualidade.   Ela pergunta:
         Quer tocar a vida assim?  Há os que querem, encaram tudo e se dão bem.   Se não quer, vamos ao exame.
         259 – No hotel no período de tratamento.   Sai de fininho uma noite para correr.  Olha pro céu.    Diz:  Foda-se Deus.
         260 – A terapia estava me transformando em alguém que eu não reconhecia...
         268 – Lembrança do avô alcoólatra.    “A face de alguém que havia trocado todos os seus bons sorrisos por uma última gota de álcool”.
         269 – O avô alcoólatra batia no pai dele, quando este era criança.
         271 – O pai dele, quando garoto, do time.   A mãe, jovem, chefe de torcida.   Se casaram e todos torciam pelo jovem casal.   Bebida alcoólica só na noite do Ano Novo.
         271 – Casal feliz ia ter um filho e perdeu por aborto natural.   O segundo foi o Boy.   Familia com tudo para ser feliz.   E o garoto se torna um problema.
         277 – Questão existencial:   Se ele se cura e perder a identidade?
Viver um discurso e não a ação.
         280 – Sem motivação para estudar.   O pai não mais pagaria seu estudo e empresas não contratam gay.
         286 – Foi ao quarto de Kaleb, fez sexo com ele e mesmo sabendo que deus o vigiava, desta vez não se importou com isso.
         290 -  Kaleb acendendo o cachimbo.    O Boy não concorda com as exigências impostas por Deus.   “eu prefiro ir para o inferno com todas as pessoas interessantes”.
         294 – O orientador da AEA.  Foco na oração, na fé...  ameaça do diabo, do castigo.
         298 – O Boy disse que no dia anterior mais uma vez pensou em suicídio.
         300 – O “jogo” na AEA.   Conte tudo e será salvo.
         310 – Epílogo.    Ele, o Boy, já está fazendo mestrado em escrita criativa.   Os amores que vem e que vão.  Não a sério.   “Ninguém chegaria perto o bastante para me machucar”.
         311 – Pensa em  retornos de visita aos pais e imagina eles sofrerem por terem internado o filho.
         313 – Viver longe da família.   A maior barra são os feriados típicos de estar em família.   Ação de Graças, Natal, etc.
         313 – Frase de um que passou pela “reorientação” na AEA.    “Ela fez a sexualidade deixar de ser uma parte da minha vida e se tornar o centro dela”.   Tudo gira em torno do medo e do medo de ser descoberto.
         314 – Perdeu muito, ficou confuso.    Em relação a Deus, fé, o lugar que pertenço, o lugar aonde devo ir...      (e segue a vida)