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quinta-feira, 21 de maio de 2015

EVENTO PELOS 130 ANOS DA FERROVIA PARANAGUÁ – CURITIBA

                        crédito da foto - Google

     Dias atrás eu fui visitar o Museu Ferroviário de Curitiba que fica anexo ao Shopping Estação, este que ocupa boa parte que era a antiga Estação Ferroviária da cidade.   No contato que fiz lá, arranjei mais um amigo de Facebook, este que recentemente me convidou para o Evento dos 130 anos.
     Foi um bate papo com especialistas da área para um público que não era tão grande, mas composto em geral de gente que tem afinidade  e paixão pelas ferrovias.   Inclui pesquisadores científicos.
     O evento foi no Teatro Regina Vogue que fica dentro do Shopping Estação, no dia 19-05-15 a partir das 19 h.
     Compuseram a mesa as seguintes pessoas:
     Aimoré Índio do Brasil Arantes – Historiador da Coordenadoria de Patrimônio Cultural do Estado do Paraná.
     Henrique Paulo Schimidlin (Vitamina) – Curador do Patrimônio Natural do Paraná e Montanhista.
     Juliano Martins Doberstin – Historiador do IPHAN – PR  Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
     Adonai Arruda Filho – empresário da Serra Verde (trem turístico Serra do Mar)
    
     Fala do Aimoré
     Havia em várias partes do BR cursos técnicos para formar mão de obra ferroviária.  Um dos cursos que chegaram mais perto dos dias atuais (extinta há dez anos) antes de ser fechado foi o de Mafra-SC.    
     Curso de Museologia – teve um aqui em Curitiba que formou 3 turmas e depois encerrou as atividades.
     Museu como espaço pedagógico e muito mais.   Para se ter um Museu há vários requisitos legais como pessoal com formação em História, Museologia, etc.
     Ferrovias -  no passado, transportando inclusive passageiros, foram importantes meios de encurtar distâncias, propiciar lazer, dentre outros.
     Havia vagões de primeira classe com bancos estofados e de segunda classe com bancos de madeira.  Eram de madeira, mas não deixavam de ser confortáveis.
     Quando um dos palestrantes era criança, fez uma viagem de trem para Ibiporã-PR que fica vizinha de Londrina-PR.   24 horas de viagem.   O trem ia rumo à divisa com São Paulo lá pelos lados de Ourinhos e de lá, seguia em “baldeação” para Ibiporã.
     A Dra.Vania, professora, é uma estudiosa da História das Escolas e dentre estas, pesquisa as escolas que davam formação para mão de obra ferroviária. 
     O historiador lembrou que a ferrovia Paranaguá-Curitiba trouxe do porto muito suprimento para Curitiba e o interior do Paraná e de outro lado, levou para o porto muita madeira nativa da mata atlântica do Paraná.   Hoje temos menos de 7% da mata nativa.  O café também foi desde longa data escoado em parte por ferrovia para o porto.
     O atual Paraná Clube é um sucessor do antigo Clube Atlético Ferroviário de futebol.   Não é por acaso que o estádio desse clube fique encravado na região da Estação e pátio ferroviário de Curitiba-PR.  (Estádio Lourival de Brito).
     Foi dito que a ferrovia, por ter se iniciado de Paranaguá (cidade mais antiga) rumo a Curitiba, poderia ser citada como Ferrovia Paranaguá-Curitiba, nessa ordem.

     Fala do Juliano – do IPHAN-PR
     Ele tem formação em História.    Falou da lei 11.483 de 31-03-2007 que extinguiu a RFFSA Rede Ferroviária Federal  S.A e colocou os bens e equipamentos de interesse histórico no “colo” do IPAHN.  
     Tratam a estrutura da estação e oficinas do trem em Curitiba com o nome de um dos engenheiros pioneiros – Teixeira Soares.  
     Mostrou fotos de parte do acervo.   Muitos sinos, relógios que ficavam nas estações, etc.     Disse que a UFPr vai utilizar parte do espaço do parque ferroviário de Curitiba para expansão da mesma.     A entrada para o complexo Teixeira Soares / estação Curitiba tem acesso pela Rua João Negrão.
     O IPHAN fez o inventário do acervo aos seus cuidados.    Há atualmente 8.125 peças ligadas à ferrovia aqui em Curitiba para Cessão a terceiros.    Entidades, que podem incluir Prefeituras que tenham a ver com a ferrovia na história das mesmas.
     Curiosamente, primeiro teria havido o povoamento de Paranaguá-PR e lá havia o porto e com o tempo surgiram dois caminhos para Curitiba.   O mais íngreme, o Caminho de Itupava, que pegava os trechos mais difíceis da Serra do Mar.    E havia lá pelos lados de Morretes e Antonina, o Caminho da Graciosa, que fazia um percurso menos íngreme.   
     Primeiro, havia trilhos para transporte de mercadorias no ombro das pessoas, no lombo de mulas.   Antonina tinha também seu porto e começou a se desenvolver mais por causa do caminho da Graciosa.     Quando foram construir a ferrovia, por pressão política (havia até Senadores que eram de Paranaguá) acabaram optando pelo caminho mais íngreme ligando Paranaguá a Curitiba.
     Os 110 km de ferrovia foram feitas em apenas cinco anos, sendo dois sob a batuta do engenheiro francês Ferruci, que teria projetado toda a ferrovia e tocado a obra lá na planície litorânea por dois anos.   O trecho mais desafiador da execução da obra ficou a cargo da engenharia brasileira com destaque para o engenheiro Teixeira Soares e os irmãos engenheiros Rebouças, que tiveram inclusive estudos na França.    Curiosamente ambos eram negros.    Perto da estação de Curitiba há uma rua que tem um nome incomum por homenagear duas pessoas.    Rua Engenheiros Rebouças.    Mais que justa homenagem.
     Teixeira Soares tem inclusive cidade no interior do Paraná em sua homenagem.
     No trecho de serra onde passa a Ferrovia, tinha a Estação Marumbi e no pequeno povoado próximo havia uma Escola de Cantaria – a arte de trabalhar/entalhar a pedra para edificações, pavimentação, meio fio, estátuas/monumentos, muros de arrimo, etc.
O profissional do ramo é o canteiro.
     Mostrada uma foto antiga de um casarão que foi amplo e servia inclusive de escritório de apoio da ferrovia na estação Ipiranga, no trecho da serra.   Atualmente o casarão, que era de alvenaria, sólido, não existe mais.

     Fala do Adonai -  Serra Verde – Trens turísticos

     Mostrado filme institucional da empresa com os passeios de litorina e trem de passageiros pela Serra do Mar.    Eles tem divulgado inclusive em feiras de turismo no exterior o passeio e tem tido boa resposta.
     Mostrou a foto da ponte São João – toda em estrutura de ferro.   A ponte no passado só se apoiava nos barrancos do rio, sem pilares intermediários.   Quando começaram a usar no trecho as locomotivas diesel com mais vagões, tiveram que reforçar a ponte e ela ficou com a feição atual.
     A mesma empresa tinha a concessão do trem de passageiro (Tem do Pantanal do Mato Grosso do Sul).  Começou a operar com turismo em 2009 e ele disse que entregaram a concessão em março deste ano.  Não compensava.
     Citou alguns estados nos quais tem trens turísticos como RS, SC (Piratuba), PR, MG, ES.
     Tem um site da BWT ligada à Serra Verde que busca divulgar e vender pacotes para várias ferrovias no Brasil.
     Eles procuram preservar o meio ambiente em sua atuação na Serra do Mar.  Tem certificação do Instituto Falcão Bauer de Sustentabilidade.     Costumam toda quarta feira dar 40% de desconto no trem turístico pela Serra do Mar.       Disse que o trecho deu prejuízo por nove anos seguidos, mas depois passou a trabalhar em azul.    Disse que a oficina das litorinas pode ser visitada e fica no início da Avenida Silva Jardim em Curitiba-PR.
     Convidou o público para um evento de ferromodelismo que ocorrerá nas dependências da Serra Verde (ao lado da Rodo-ferroviária de Curitiba), entrada franca no dia 20-06-15.    Seria o dia todo.
     Alguém do plenário lembrou que parece não ter um esforço em captar para a história os depoimentos dos ferroviários que estão idosos.   Quando estes se forem, teremos uma lacuna irreparável.   Foi algo bem lembrado, por sinal, como sugestão de iniciativa.

     Isto foi o que consegui destacar e espero que estimule as pessoas a visitarem o Museu Ferroviário de Curitiba.  Vale a pena.      Já fiz o passeio de trem pela Serra do Mar e é maravilhoso também.
    
                 Blog      www.resenhaorlando.blogspot.com.br



     

sábado, 16 de maio de 2015

RESUMO DO FORUM LIXO& CIDADANIA - 14-07-2011

          
           Anotações pelo Eng.Agr. Orlando Lisboa de Almeida     


     O evento foi realizado nas dependências da UEM Universidade Estadual de Maringá (Maringá - PR), no DACESE – bloco 125 -    Início 19.30h  e contou com duas explanações, sendo a primeira com os convidados da cidade de Tibagi – PR que tem um trabalho interessante no tema e a segunda palestra por conta de um representante da empresa Foxx que está sintonizada com o propósito do poder público municipal de Maringá no sentido de incinerar o lixo urbano.

     Palestra do pessoal de Tibagi-PR.    O tema deles é “Recicla Tibagi”

     O projeto em andamento lá resulta de um convênio entre a Prefeitura local e as Associações de Catadores de Recicláveis de Tibagi.   Um pouco sobre o município:
     Tibagi-PR é o segundo município do estado em extensão territorial.  Tem 20 mil habitantes e é o maior produtor de trigo do Brasil.
     Citadas as duas leis e resoluções que deram amparo ao trabalho deles.   A lei federal atual exige que todo serviço relativo aos resíduos sólidos urbanos tenham uma parcela de separação dos recicláveis a cargo de pessoas da comunidade, numa visão inclusiva do ser humano.
     Eles lá fizeram e está operando o Centro de Triagem e Compostagem de Tibagi.   Foi elaborado um projeto e divulgado à comunidade que apóia o serviço.   O caminhão de coleta do lixo puxa uma carretinha preparada para o lixo reciclável para atender aquelas pessoas que podem se enganar com os dias de descarte do reciclável.
     No galpão de separação da fração reciclável, ao invés da esteira convencional (que é cara) eles adaptaram aquelas telhas amianto grandes, tipo calhetão sobre cavaletes para dar a altura adequada à pessoa para trabalhar em pé separando o lixo.
     Os recicladores, através de convênio, são remunerados pela prefeitura em 1 salário mínimo, transporte ao trabalho, três refeições por dia mais uniforme adequado.   Além disso, as muitas mulheres que trabalham na varrição de ruas, têm jornada de 4 horas e quem tem filhos que precisa de creche, tem 100% de atendimento por conta da prefeitura.   Afinal esse pessoal presta um serviço relevante para a comunidade.
     Compostagem:   A  parte orgânica e molhada do lixo vai para a compostagem que dependendo do clima pode demorar de 35 a 90 dias.    A compostagem pronta se torna um excelente adubo orgânico que eles estão usando em três estufas para produção de flores que são colocadas pela prefeitura ou adquiridas pela comunidade.    Como dizem:   lá nosso lixo vira flor.   A produção de compostagem não consegue suprir a demanda local.    Para cada 1 kg de material orgânico que entra no processo, gera-se 0,6 kg de compostagem.     Apenas uma pessoa tem dado conta de cuidar das três estufas.

     Objetivos dos trabalhos deles   (são 80 recicladores – coleta – varrição de ruas e separação de recicláveis no galpão)
Ø      tratar os resíduos sólidos urbanos
Ø      criar trabalho e renda para o pessoal carente
Ø      proteger a saúde pública
Ø      reciclar resíduos e acabar com o lixão
     Eles tem um sistema e recolhem inclusive o lixo eletrônico e dão o destino correto.

     Destaque:   Após o processo de separação do reciclável e do material que vai para compostagem, prensam (compactam) para reduzir volume do que sobra e resulta em apenas 20% do lixo que vai para o aterro sanitário.   Com isso o aterro prolonga em 12 vezes sua vida útil.
     Eles tinham na cidade problema com aranha marron e escorpião.   Fizeram campanhas pela mídia local e realizaram bota fora de lixo, entulhos dos quintais e solucionaram o problema das aranhas e escorpiões que se proliferam em lugar onde há lixo e entulho.
     Pneus velhos – eles têm convênio com oficinas e lojas de pneus para articular o descarte correto e destinação adequada aos pneus velhos.   Ganha o meio ambiente.    Iniciaram suas atividades em 04-01-2009 – ACAMARTI Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Tibagi.
     Inauguração:  29-05-2009.   LO Licença Operacional 18.481         O trabalho deles tem sido premiado e repercutido, levando muitas pessoas e entidades a visitarem a cidade, ao ponto deles precisarem organizar uma agenda receptiva e as visitas são pré agendadas sempre para as quintas feiras.     No site oficial da prefeitura há dados também sobre a entidade.       www.tibagi.pr.gov.br  .   E-mail meioambiente@tibagi.pr.gov.br    fones (42) 39162151   e 88161189
     Na parte de Educação Ambiental – resumo das ações que eles fizeram e vem fazendo:
Ø      produção e distribuição de material informativo impresso
Ø      inserção de spot na emissora de rádio local
Ø      publicação de ações no site da prefeitura e jornais
Ø      realização de peças teatrais amadoras
Ø      palestras de divulgação.
     Frações do lixo local:
     Reciclável seco                   25%
     Rejeito/inservível                 16%          (45 toneladas por mês)
     Reciclável orgânico 56%          (158 toneladas por mês)
          A entidade já ganhou muitos prêmios pela forma de atuação, inclusive o título de Cidade Limpa, sendo a primeira cidade do Paraná a conquistar esta premiação.
     Contaram com o apoio de um técnico em Saneamento Sanitarista para dar suporte aos trabalhos da entidade.         (a palestrante deu o recado em 30 minutos)


     Segundo Tema:      “Central de Recuperação Energética de Resíduos”
                                        Alexandre – empresa Foxx

     Ele, sabendo que o público tendia mais para a forma de destinar os resíduos sólidos acima citado, ressaltou que acha o sistema razoável, principalmente para cidades pequenas.      E o seu enfoque será para cidades de maior porte.
     Lembrou que na lei atual a ordenação básica exige:  Coletar, reciclar, tratar e dispor.  A meta da lei é acabar com o sistema atual de lixão a céu aberto.
     Ele fez uma explanação bastante técnica e usou muito o PPT Power point, com lâminas ricas em artes gráficas, porém com muita informação por lâmina, dificultando a visão de quem assistia a palestra.      (letra 10 para quem está distante uns 6 m... não dá). Ele citou o caso de SP que fez campanhas para reduzir o uso de sacolinhas plásticas e as indústrias das tais sacolinhas aumentaram a espessura das mesmas.   Assim, caiu em 70% o número de sacolinhas utilizadas, mas aumentou a venda de plástico dos fabricantes de sacolinhas.    Estamos vivendo a época das redes sociais na web e ações desse tipo podem, logo, logo, custar caro a tais empresas...  assim espero!
     Mostrou um fluxograma de uma indústria de incineração de resíduos sólidos numa lâmina de ppt.    Eu contei nesta lâmina 33 quadradinhos, cada um “explicando” uma parte do processo.   (em letra oito!).     Ele disse  que o desafio é, como manda a lei, articular  a ação dos recicladores (catadores de recicláveis, etc) com a indústria que trata os resíduos.     “O município que não tem coleta seletiva de lixo está ilegal”.    E nós do  plenário sabemos disso e estamos esperneando por aqui, inclusive a Promotoria de Defesa do Meio Ambiente.    
     Ele falou muito da Europa, do Primeiro Mundo, para tentar respaldar o método da incineração.   Na Alemanha e França se usaria muito a incineração de lixo.    Em Paris eles conseguem, segundo citou, ao redor de 30% de recicláveis.    Disse  que em geral é a Europa é quem mais recicla e também quem mais incinera lixo.     Citou que da década de 70 para cá foram só 5 acidentes com gravidade nesse tipo de usinas.
     Na França houve um sério acidente (explosão) de uma incineradora e isso desacelerou o processo de uso desse sistema por um tempo, mas estaria o sistema em expansão por lá.
     Disse que na Alemanha a coleta e destinação do lixo não é da jurisdição dos municípios, mas sim dos estados.    Me parece algo razoável em princípio.
     A Espanha é o país da Europa onde se faz mais compostagem a partir do lixo urbano.
     A China implantou 90 usinas (unidades térmicas) de incineração de lixo.    
     No Qatar, que é um país pequeno e rico em petróleo, optaram por usar o material orgânico do lixo em compostagem no sistema fechado, que gera também o biogás.
     O sistema proposto é processado em usinas que queimam o lixo gerando calor e este gera vapor que fornece energia mecânica e esta gira turbinas que geram energia elétrica. No processo, são gerados gases tóxicos e 10 a 15% do material queimado sobra como cinzas.   Os gases tem que receber tratamento para recuperar os materiais tóxicos em suspensão e que são destináveis a aterros classe 1.  ( No PR só tem 1 aterro para esse tipo de resíduo – classe 1 na Região Metropolitana de Curitiba)
     Sobre o medo das usinas, disse que elas têm que ficar nas zonas urbanas por questão de logística (não gastar muito combustível para levar o lixo para longe) e que são seguras, ao ponto do povo de Paris conviver bem com elas, por exemplo.
     Perguntado se há incineradores do gênero proposto implantado no Brasil, ele disse que em operação ainda não.   Que os projetos mais adiantados estão em São Bernardo do Campo, em Barueri e Jundiaí.
     O lixo do Brasil é mais úmido que o da Europa, tendo umidade entre 55 e 65%.   É mais difícil de queimar na usina.     Disse que na queima de orgânicos gera inclusive dioxinas.     Que há no Brasil normas para esse tipo de queima e que no caso do lixo é muito menos tolerante do que as emissões de quem queima bagaço de cana, resíduos de madeira, etc.    Para estes últimos no Brasil não há limite de emissão de gases.     Falou também que no Norte do BR muito da energia elétrica vem de centrais movidas à queima de petróleo que são altamente poluentes e não tem havido preocupação com isso.                               
     Ele disse que no sistema proposto dá para inclusive gerar crédito de carbono.    Que a coleta seria viável ao redor de 50 km da usina.    O módulo mínimo seria ao redor de 500 t por dia e o custo para o cliente (município) sairia entre R$.60,00 e R$.80,00/tonelada.      
     Eu cá, fiz meus cálculos grosso modo:    Se Maringá gera por dia 200 t de lixo, já descontado o reciclável, seriam 6.000 t por mês, a 70,00 por tonelada, daria 500.000 por mês, ou R$.6.000.000,00 por ano.      Sem contar com as despesas de coleta e recicladores..         Disse que ao redor de 100 pessoas trabalham numa usina da modalidade,  uns 80 no operacional e uns 20 no administrativo.

     A fala do segundo palestrante se estendeu um tanto e terminou as 21.40.    Haveria uma fala do Prof.Jorge Villalobos que iria discorrer sobre a situação jurídica dos municípios da região no tema dos lixões.   Mas dado ao adiantado da hora, o plenário resolveu deixar esta parte para a próxima reunião.     As reuniões do Fórum Lixo & Cidadania são nas segundas Quintas Feiras do mês e são abertas aos cidadãos e entidades.   
    Isto foi o que consegui anotar da forma que entendi e espero ter retratado de forma adequada o que foi discutido.                 orlando_lisboa@terra.com.br


   
    


quinta-feira, 14 de maio de 2015

RESENHA - 2º SEMINÁRIO INTERNAC. REUSO DA ÁGUA - CURITIBA - PR

 Continuação...    (trecho final)
     Ele mostrou experimentos agronômicos da Universidade Federal do Ceará com água de reuso de esgoto tratado em hidroponia – sistema de cultivo em estufas, sem contato com o solo.  Bons resultados.
     Mostrou hidroponia para produzir forragem de milho com água de esgoto tratado.  No caso, colocam o milho por 24 h em água para estimular a germinação.   Em seguida, colocam na hidroponia e o milho brota e cresce rápido.  Com 15 dias já tem o porte de uns 25 cm (pelo visual do slide) e é usado como forragem para animais.   Pelo método produzem a cada 15 dias, 20 kg de forragem verde por m2 de alto valor nutricional.    Este caso é o da Universidade Federal de Viçosa-MG.    Suponho que dá para ver o artigo e as fotos em busca pelo Google com o título:  “Forragem verde hidropônica com Esgoto Tratado)   + UFViçosa-MG.
     Ele destacou que há vários livros técnicos produzidos pela equipe de pesquisadores nos tempos do Prosab – Programa de Saneamento há citado.    Atuavam no Prosab universidades de 13 estados e eram mais de 200 pesquisadores no tema do saneamento.  Os livros estão destacados no site da FINEP.
     Sobre o risco de alguma bactéria do esgoto passar por um vegetal (metabolismo deste) e ir parar no fruto, ele comparou que a bactéria é um “monstro” em tamanho e que isto é impossível.       Diferente de irrigar, digamos hortaliças com água de reuso aspergindo água nas folhas de alface, por exemplo, que é consumida in natura.  Aí é proibido e o risco é total.
     O pesquisador, muito  bem humorado, comparou a bactéria passar pelo metabolismo da planta, seria como uma pessoa estar na praça de alimentação do Shopping tomando um suco de canudinho e engolir uma vaca...  impossível.
     O problema para o reuso da água do esgoto em geral é a logística.  Levar a água até a cultura agrícola adequada.   Uma das soluções é a hidroponia com produção intensiva de vegetal bem perto da fonte da água de reuso.    Hidroponia produz via de regra 10 vezes mais que no sistema convencional.
     O gargalo é normativo, pois não há impecilho agronômico ou sanitário/ambiental ao reuso de água em agricultura, adotando-se os cuidados técnicos específicos.
    Ele elencou e explanou sobre os itens abaixo, sobre diversos prismas.  Reuso controlado:
     - Ponto de vista sanitário – questão de saúde pública
     - Ambiental – sustentabilidade
     - Tecnológico – adequação
     - Econômico – viabilidade
     - Social – decisões e benefícios
     - Legal – normas, direitos e deveres.
                                  cícero@ct.ufrn.br

     Palestra 17ª  -  “Estudo de Caso – Projeto SAFIR – União Européia – Produção Segura e de alta qualidade de alimentos na agricultura... “   
     Palestrante:   Finn Plauborg – Universidade de Aarthus – Dinamarca

     A Dinamarca tem 5,6 milhões de habitantes.     Ele trabalha no Departamento de Agroecologia da universidade citada.
     Lembrou dos desafios que as mudanças climáticas trazem para todos.     Na opinião dele é uma estupidez as pessoas quererem vir todas para as periferias das cidades em detrimento da vida no campo.     Mais vida urbana,  mais demanda para reuso da água.  Ele tem trabalho no tema em Gana na África.   Disse que a Dinamarca é um dos países que tem mais normas para regulamentar a Agricultura do mundo.     Citou o potencial da quinoa (planta dos Andes peruanos) que cresce mesmo em lugar com pouca água e solo com pH até 8 a 9, adversos para a maioria das culturas.  Um alimento nutritivo.
     Projeto Safir – Eficiência/economia/segurança.
     A palestra dele deve estar no site da ABES PR e deve conter dados interessantes.   www.safir.eu.org

     Palestra 18ª -   “Estudo de caso – Reuso de água em sistema de resfriamento utilizando a tecnologia de Eletrodiálise Reversa”   -  Palestrante:  Engenheiro Químico Rodrigo Suhett de Souza – Petrobras
     “O melhor reuso é o uso eficiente”.    Na Petrobras eles adotam o reuso de água desde a década de 70.   Consumo de água em refinaria de petróleo (geralmente para resfriamento de equipamentos) fica em torno de 1 litro de água para 1 litro de petróleo processado.      Boa parte da água se dissipa como vapor.
    
     Palestra 19ª – “A experiência do Vale do Mesquital (México)”   Palestrante Bianca Jiménez – Unesco – ONU
     Ela é mexicana.   Disse que quando o México foi “descoberto” pelo colonizador, o local da Cidade do México já tinha uma zona urbana com mais ou menos 200.000 habitantes.     Hoje a Cidade do México tem 22 milhões de habitantes.    O solo dessa cidade era encharcado e o uso intensivo da água por lá está causando problema nas construções, inclusive as de grande valor histórico.   Tem monumentos afundando lentamente por lá.     Se captei corretamente, ela disse que a Catedral da cidade em 50 anos afundou 87 cm.   ???
     Ela falou de um sistema de reuso de água para agricultura nas regiões de periferia, onde há muita pobreza.     Falou da água de esgoto conter muito nitrato que é uma ameaça à saúde pública.      (A Universidade Positivo tem Pós na área de Gestão Ambiental)

     Palestra 20ª -   “Tratamento de Águas e Efluentes com Peróxido de Hidrogênio”
     Luiz Alberto Cesar Teixeira -   empresa Peróxidos do Brasil

     Peróxido de hidrogênio     H2O2.    O produto é miscível em água.   Ao dissolver, o H e o O são átomos que não são contaminantes do meio ambiente.
     O produto é fabricado no Brasil em grande escala por várias empresas competidoras.  Ele é da fábrica de Curitiba-PR.    Ele disse que comumente o pessoal usa em tratamento de esgoto a alternativa do hipoclorito de sódio que parece barato, mas geralmente este vem com 20% de concentração.   Já no caso do peróxido é praticamente 100% concentrado.  
     Lembrou alguns usos do peróxido.    Tratamento de água/esgoto, desinfetar local para fazer curativo nas pessoas, branqueamento de papel na indústria, branqueamento de tecido na indústria, etc.
     Disse que em SP e PR é bem utilizado o peróxido em tratamento de esgotos e reduz inclusive o mau cheiro.   Baixas doses.
     Controla inclusive a proliferação do danoso mexilhão dourado.   
     Lembrou que cloro na forma de gás é mais barato, mas é de risco em caso de vazamento.   Cloro em outra formulação não em gás é mais caro.
     Peróxido não deixa resíduo na água tratada.    Outros tratamentos podem reduzir o O2 na água e se esta for lançada ao rio pode matar peixe por falta de O2.    Lembrou que mortandade de peixe é um dano visível pela população que fica indignada.
    Mostrou fotos de uso de peróxido na região mais poluída da represa de Guarapiranga que abastece parte de SP.   Nos lugares mais poluídos tem muita matéria orgânica que sofre ação de microrganismos e no processo se consome O2 da água.    O peróxido ajuda a repor O2 na água no caso.

     Palestra 21ª  “Cuidando da Água e do Cliente”
     Palestrante – Andrés Forghieri -   empresa Neoflow

     A empresa é norueguesa.   Um dos produtos dela é um tipo de hidrômetro.   Estão no mercado em 23 países.   No BR tem fábrica em Embu das Artes-SP.
     Hidrômetros de alta precisão.     Permite inclusive a leitura por ondas de rádio de distância de até 300 m.    Disse que na Noruega é comum o uso do equipamento e a água é cobrada uma vez por ano.   Passa o carro com o equipamento de leitura remota e a leitura é feita.    Isto ocorre de forma periódica porque assim se houver algum vazamento eles já conseguem detectar e avisar o cliente.    O hidrômetro funciona com ultrassom e não tem partes móveis.   Tem bateria interna com garantia de 16 anos.  Agüenta impacto, é à prova d´água, não sofre efeito de imã, etc.   Não mede ar.   Aprovado pelo Imetro.     Caso se tente inverter o fluxo da água, o hidrômetro veda.  Transmite informação ao leitor a cada 16 segundos.    Produzido totalmente com uso de robôs.     Como emite cada 16 segundos mensagem, caso haja vazamento, já em seguida dá para saber e cuidar do caso.       (custaria hoje ao redor de R$.500,00)  

     Isto foi o que consegui anotar (e passar para o Word!) da forma que compreendi e espero que o material seja útil às pessoas que tem interesse no tema.    

     Eng.Agr. Orlando Lisboa de Almeida    -  Curitiba – PR    orlando_lisboa@terra.com.br          (41)  9917.2552

segunda-feira, 11 de maio de 2015

2º SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE REUSO DE ÁGUA (CONT...)

     Palestra 14ª   - “Prática de reuso na Indústria” – Estudo de caso  - Cetrel-Odebrecht
Ambiental.     Palestrante – Eduardo Pedroza

     O caso em pauta é do Pólo Petroquímico de Camaçari-BA.   O Pólo tem PIB de 15 bilhões de dólares/ano.    15.000 empregos diretos e 20.000 empregos indiretos.
     Consumo de água de 1,6 milhões de m3/mês de água superficial mais 2,5 milhões de m3/mês de água subterrânea.     Fazem reuso de 250 mil m3/mês.
     No Pólo de Camaçari há várias indústrias e a questão da água é decidida como se fosse um sistema de condomínio.   Discutem o problema e fazem a gestão  conjunta.   Tratam também os efluentes industriais do Pólo.    Destaca uma questão legal que não está clara no BR:  Tratar e reusar a água é trabalhar com um produto ou um serviço?   E a tributação?   De quem é a água?
     CETREL Central de Tratamento de Resíduos.    Contratos de 20, 30 a 40 anos para poder viabilizar os contratos e investimentos necessários.   Projeto Água Viva.   Conseguiram enquadrar no FINEP Financiadora de Estudos e Projetos (federal) e obtiveram recursos subvencionados, dentro do programa Inova Brasil.
     Eles inclusive captam e reusam água de chuva e estão numa região que chove bastante.   Acima de 2.000 mm por ano.    E o palestrante é no Nordeste (RN), de uma região que chove apenas 400 mm por ano.
     O reuso deles no Pólo de Camaçari equivale ao consumo de água de uma população de 150 mil habitantes.   Gastam em energia, 0,5 KWh/m3 de água tratada para reuso.
     No caso deles, se fossem captar água, transportar, tratar e levar ao local de descarte, o gasto de energia seria de 1,5KWh/m3.      Portanto, ganho de 1,00 KWh/m3.
     Ganharam pela região NE o Prêmio de Inovação da FINEP.    Estão pleiteando redução de impostos para quem processa, vende e distribui água de reuso.    Pedem redução de 75% do Imposto de Renda para empresa que atua em oferecer serviço de reuso.  Proposta de PLS 12/2014 com apoio da CNI Confederação Nacional da Indústria.     Proposta também de redução para Zero por cento o PIS/COFINS p/ tal.
                               eduardopedroza@odebrecht.com  



     Palestra 15ª -  Projeto em País da América Latina -  Palestrante Bianca Jiménez – da UNESCO.
     Ele é membro do IPCC Painel Intergovernamental para assunto de mudança de clima
     Citou que há países da Ásia e África que apresentam restrições de ordem religiosa ao reuso da água.   Consideram a água “impura”.
     França – citou caso de irrigação de milho com água de reuso em 700 há da lavoura.
     Lembrou que há no Mediterrâneo uma região de pouca chuva que pega parte sul da Espanha, da França, da Grécia e Israel.     Chuva pode ser de 300 a 500 mm na região que por outro lado é densamente povoada e recebe bastante turista do mundo todo.
     Citou reuso de água em plantio de arroz em Kamamoto no Japão.
     Pede-se mais incentivos e menos normas sobre o reuso de água pelo mundo afora até para que haja mais reuso e se poupe mais os mananciais.
     No debate foi lembrado por um pesquisador brasileiro que nos USA no assunto de normas para reuso, adotam o seguinte:   As leis são estado por estado, cada um tendo o seu, mas geralmente deixam a Academia (a pesquisa) delinear as normas e parâmetros.  Depois estas são colocadas por um tempo ao debate público e depois vão para o legislativo que as transformam em leis.   Parece uma conduta bastante razoável.
     No BR não se escuta a Academia (a pesquisa) e se copia norma de fora, muitas vezes inadequadas às nossas demandas.
     Lembrado que em SP tem a CETESB, órgão ambiental.   Tem até um arquiteto que apita lá sobre normas de reuso de água, sem se louvar em dados e métodos científicos.
Foi lembrado que São Paulo pelo vigor da economia e pela densidade populacional é o carro chefe no setor e teria a responsabilidade de puxar a questão de forma pioneira.  Mas o que se tem notado é que as coisas lá não andam bem na questão de normas e estamos patinando por isso.     Foi destacado pela Coordenação deste evento internacional que a CETESB foi convidada mas esta não aceitou participar.


     Palestra 16ª   “Reuso da água na Agricultura”   - Palestrante:  Cícero Onofre de Andrade Neto – UFRN  Universidade Federal do Rio Grande do Norte

     Esgoto com 400 de DBO – cada 1 litro desse esgoto demanda 100 litros de água do manancial para equilibrar o oxigênio com uma água de 4% de O2.    Disse que o ser humano não é tão problema pelo que consome de água, mas sim pelo que ele polui.
     Lembrou que estamos poluindo em geral a água e também salinizando a água.     Se tratarmos o esgoto para reduzir em 80% a DBO deste, precisaremos de 20 litros de água do manancial para diluir 1 litro de esgoto nessa condição.
     Cada l litro de água de reuso economiza de 20 a 100 litros de água.
     Falou que no passado o BR tinha o PROSAB  Programa de Saneamento Ambiental com recursos da CEF Caixa, FINEP, CNPq.   Programa de Pesquisa em Saneamento Básico.  Teve vigência de 1997 a 2009 e depois acabou.  Disse que precisaria ser reeditado.   Ele foi pesquisador do programa.  Havia no BR uma rede de universidades e pesquisadores atuando nesse Programa com troca de experiências e sinergia. 
     Lembrou que a UFPR tem sido avaliada pelo MEC como a melhor do NE.   Mostrou pesquisa local com canteiro de sorgo irrigado com água de reuso em comparação ao sorgo sem irrigação.   O irrigado tem aproximadamente 4 vezes mais massa verde.  Curiosamente sobre o slide (foto) ele disse que o sorgo no caso não está com sede, mas com fome.     A água do reuso ajudou, mas houve muita ajuda da Matéria Orgânica (MO) contida na água de esgoto.    No caso, o limão da DBO vira limonada, pois a MO é nutriente para os vegetais.

     Resultado de experimento na UFRN -   Milho de sequeiro – produtividade 500 kg de grãos por hectare.    Milho com irrigação com esgoto – reuso – produtiv. 5.000 kg/há.    (continua) *

.............*......há anteriormente as partes I e II.  Esta é a parte III e em breve teremos aqui a parte final.

domingo, 3 de maio de 2015

CONTINUAÇÃO - RESENHA 2º SIMPÓSIO INTERN. REUSO ÁGUA


     Quarta Palestra:  “Metodologias & Tecnologias para águas em cidade empregadas na Dinamarca”    - Palestrante:  Alejandro Ernesto Lasarte -   Grupo DHI

     A DHI é um órgão independente, privado, sem fins lucrativos.   Atua em uma ampla gama de áreas.
     No mundo está havendo uma competição pela água.   Na Dinamarca (rica em água), além de outros usos da água, há forte demanda para a suinocultura.     Para destacar o problema da água foi citado até caso de fechamento de fábrica de multinacional de refrigerantes na Ásia em tempo recente.     A DHI atendeu demanda para resolver problema na fábrica de pneus da Madras na Índia.      Atuou em controle da água urbana na cidade de Aarhus – Dinamarca.     Esta é a segunda maior cidade daquele país, com seus 310.000 habitantes.    Eles tem na cidade citada todo um complexo sistema de coleta da água da chuva, que é processada e armazenada de forma programada para não dar inundação, não poluir mananciais, etc.    Até para evitar que a água de chuva arraste poluentes da cidade para o mar, alterando a balneabilidade das praias locais.
     Eles colocam informações sobre a qualidade da água para banhistas, por exemplo, em aplicativo de celular, para as pessoas consultarem em tempo real.

     Quinta Palestra:   “O desafio da implantação de um processo de reuso da água”
     Palestrante:  Renato Rosseto -   empresa SANASA/CAMPINAS – SP
     Em Campinas a água e saneamento é feito pela Sanasa que é municipal.    Em 2008 fizeram um projeto que envolve o reuso da água de esgoto tratado.   Lembrado que esgoto contém matéria orgânica, fósforo, nitrogênio, hormônios, etc.     Em 2001 foi feita uma meta para Campinas:   para até 2004 ter 70% de esgoto tratado no município.  Em 2012 implantaram sistema de tratamento de esgoto por membranas filtrantes (EPAR).    Unidade para tratar 370 l/segundo.    Campinas tem 1,2 milhão de habitantes e na região metropolitana, 3 milhões.
     Ele disse que pela legislação federal atual (obsoleta) no tratamento de esgoto se tem que retirar ao menos 80% da DBO demanda biológica de oxigênio com a redução de matéria orgânica no esgoto.   Ele disse que o que “sobra” de resíduo é muito elevado para retornar esse esgoto tratado nos mananciais.     O sistema de tratamento de esgoto com membranas é mais caro, mas tem algumas vantagens, como usar um espaço físico e instalações menores que o sistema mais usual no setor.    O cheiro emanado do local também é menor.    A manutenção do sistema é menor.     As membranas filtram o esgoto de fora para dentro das mesmas.   Os elementos filtrantes são tão estreitos, que retem bactérias, nematóides e protozoários.   Assim demanda menor uso de reagentes químicos no tratamento do esgoto.     A EPAR Capivari trata esgoto de Campinas em duas unidades de l80 litros/segundo cada.     Paralelamente a estação de tratamento citada tem local para receber esgoto de caminhões fossa.    É uma prestação de serviços a mais e também fonte de renda.    O sistema com uso de membranas é bom, mas requer um razoável uso de energia elétrica, acima do sistema convencional.
     No sistema em pauta, há uma retro lavagem automática das membranas filtrantes a cada 11,5 minutos.    Parando a filtragem, muito do que está aderido na membrana se solta.    Cada dez ciclos de filtragem, vem pressão contrária de retro lavagem que limpa as membranas automaticamente.
     Espera-se que as membranas usem dez anos em uso.  Com certa periodicidade se faz uma limpeza mais geral do sistema todo.    Começou a operar lá em fevereiro de 2012.
     DBO – Portaria do Ministério da Saúde (Portaria 29/14) que estipula parâmetros para o tratamento de esgoto no Brasil.
     Resumo das vantagens do sistema com membranas:
Ø      requer pouca área para instalar os equipamentos da ETE Estação de Trat.Esgotos
Ø      elevada eficiência de tratamento
Ø      geração de efluentes com ausência de protozoários nocivos à saúde pública
Ø      não precisa aplicar produtos químicos no tratamento do esgoto
Ø      menor uso de mão de obra
Ø      menor produção de lodo   (10 a 20% a menos que o sistema convencional)
     Eles tem um projeto de transformar esse esgoto tratado em “água nova” para reuso.  Para isso, estão com um projeto Piloto para tratamento de 700 litros/hora para os ajustes visando a “água nova” para reuso.
     O Sistema da Sanasa para tratamento com membranas custou ao redor de 90 milhões de reais, a obra e equipamentos em si mais obras complementares.   Só a obra especificamente, ao redor de 36 milhões de reais.     Para aprox.tratar 180 l/segundo.   O custo total de operação é de aproximadamente R$.1,00/m3 de esgoto tratado.

     Sexta Palestra:  “Práticas de reuso de água na Alemanha”
     Palestrante:  Professor Uwe Menzel – da Universidade de Sttutgart
     Na Alemanha já contam com mais de cem anos de tratamento de efluentes.    Nos processos, inclusive separam o fósforo que vem no esgoto e recuperam o mesmo para novos usos.    Ele trabalha num dos maiores departamentos da citada Universidade que envolve Engenharia Aplicada na área Ambiental.    Tratam efluentes do campus da universidade e de um bairro de Sttutgart.   Essa cidade é pólo de indústria têxtil e de indústria química e os efluentes do setor se junta aos efluentes domésticos, tornando complexo o tratamento do esgoto.    Junto com os efluentes chegam inclusive compostos organo halogenados que tem propriedades cancerígenas.  É um dos desafios.
     Em certos processos, usam carvão ativado que é bem eficaz.     (Se entendi a tradução, o sistema novo de tratamento de esgotos da cidade de Toledo-PR contaria com um sistema de membranas de origem alemã).

     Sétima Palestra:   “Políticas e Regulação do reuso potável nos Estados Unidos”
     Palestrante:  James Krook – Consultor da ESEPA
     Ele é da equipe mas não é diretamente o especialista em reuso potável.   Regulamentos do estado da Califórnia  (região de pouca água).  Muitas regulamentações para reuso de água, inclusive para contemplar com segurança o reuso para fins potáveis.
     O sistema tem que ser muito seguro.  Questão de saúde pública.   Não há nos USA em nível federal, norma para reuso da água.   É descentralizado e fica a cargo de cada estado.
     Focou a fala nos cuidados com agentes biológicos microbianos nocivos à saúde que costumam estar presentes nos esgotos.    Os regulamentos deles estão em aprimoramento pelos pesquisadores e depois são submetidos a um Painel com vários especialistas.  Depois seguem aos legisladores para transformarem em normas.


     Palestra Oitava – “Apresentação de Produtos e Serviços da empresa HIDROMAR”

     Problema na aplicação de cloro pelas ETEs.   Muito comum equipamentos antigos, com avarias, sem regulagem e manutenção precária.   Difícil dosagem correta de produtos químicos.      Inspirados no programa Lata Velha do Luciano Hulk da TV, criaram o Programa ETA Velha com caminhão, apetrechos e técnicos com a meta de fazer num só dia uma “renovação” de toda a ETE de forma que a mesma consiga em seguida trabalhar com  condições adequadas inclusive para dosagem de produtos químicos no tratamento de esgoto.   Lembrando que o cloro requer um manuseio cuidadoso para não oferecer risco às pessoas e ao meio ambiente.      Equipar e treinar os operadores da ETE.   Eles tem equipe e materiais para isso.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

RESENHA – 2 º. SIMPÓSIO INTERNACIONAL REUSO DA ÁGUA

RESENHA – 2 º. SIMPÓSIO INTERNACIONAL REUSO DA ÁGUA –  28-29/4/15

Local:   Curitiba – PR   - Campus da Universidade Positivo
Realização – ABES PR Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental
Resenha feita pelo Engenheiro Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida 

     Foram ao todo 21 palestras, sendo 8 internacionais e 13 por palestrantes nacionais.
     Seguem abaixo as resenhas das palestras anotadas da forma que consegui captar, anotar e entender dentro das limitações da minha formação que não tem foco no tema.

     Na abertura, foi formada a mesa de autoridades e dentre estas o anfitrião, Reitor da Universidade Positivo, Sr. José Pio.    Na sua breve fala de boas vindas, para realçar a importância da água no contexto atual pelo Brasil e o mundo, destacou que em 1930 o mundo teria 1 bilhão de pessoas e na atualidade estamos com 6 bilhões e a quantidade de água no planeta é limitada.  O uso racional é a cada dia mais importante.
     Presença inclusive do Sr.Péricles, representando a Sanepar paranaense do setor de água e saneamento.
     O Sr. Renato de Lima (Geólogo), da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Curitiba, lembrou que esta capital tem desde o ano 2000 lei sobre o Reuso da Água.
     Na fala do representante da ABES, promotora deste Simpósio, foi dito que o Ministério do Meio Ambiente e o CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente foram convidados para este evento mas optaram por não mandar representante.    Foi destacado que no Brasil não temos uma legislação/regulamentação que venha a apoiar as iniciativas de REÚSO DA ÁGUA.   É um gargalo a ser enfrentado.

     Primeira Palestra:    “Aspectos e considerações das políticas e da regulação do reuso de água no contexto mundial”   - Palestrante:  Bianca Elena Jiménez  - UNESCO
     Ela é mexicana e tem vasta formação e traquejo no ramo.    Ela participou do 4º Relatório do IPCC das Mudanças do Clima.
     Cenário para 2025  - estima-se que 38% da população mundial esteja com carência de água – stress hídrico.   Em 2050 – estima-se em 66% da população mundial com o citado problema.
     Pelo mapa apresentado, a maior gravidade fica pelo oriente médio, norte da África e boa parte da Ásia.   Mas a regra é problema pelo mundo todo.
     Reuso da água em geral se refere a usar pela segunda vez a água em outra atividade.

     Segunda Palestra:  “Reuso da água como instrumento da gestão de recursos hídricos”   Palestrante:    Mônica Porto – USP   Universidade de São Paulo.
      O tema é desafiador no mundo todo.  Atualmente ela está atuando na Secretaria de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo.     Destacou que no período chamado “das águas” de SP  - outubro/13 a março/14 – foi atípico e o menos chuvoso desde que o IAC Instituto Agronômico de Campinas começou a medir chuvas há 125 anos.     Em 1926 houve somente 730 mm de chuva nas águas (outubro-março) e em outubro/13 a março/14 teria chovido 550 mm, ou seja, ao redor de 20% a menos que o pior ano até então documentado, que seria em 1926.
     Em abril/2015 as chuvas em SP ainda estão abaixo da média histórica.   A região metropolitana de São Paulo tem ao redor de 20.000.000 habitantes.    A grave crise hídrica criou a hora de agir para implantar soluções técnicas segundo ela.   O reuso da água está no contexto.   A SABESP criou em SP um bônus para quem economiza água.  Na atualidade, 82% dos consumidores teriam economizado ao menos 10% de água e passaram a usar a água com um pouco mais de critério.
     Política Nacional de Recursos Hídricos – Lei 9.433/97  
     Mostrou um mapa do BR com os graus de carência de água.   Concentram-se mais nas regiões NE e Sudeste.
     Reuso e questão locacional.   Quando as estações de tratamento de esgoto (ETE) foram projetadas, não se pensava em reuso de água.   Foram feitas em regiões afastadas das zonas de demanda.     Agora com a perspectiva de reuso, fica mais onerosa a logística da água de reuso.
     Falou do Projeto Aquapolo – reuso de água.    Projetado para atender o Pólo Petroquímico do ABC paulista.     No caso a estatal Sabesp em parceria com empresa privada está construindo uma adutora de 17 km para trazer água de ETE da região para o reuso da água no Pólo Petroquímico que conta com várias indústrias do setor.    Foi dito em certo momento que para 1 litro de petróleo processado, se gasta ao redor de 1 litro de água, parte desta para resfriar equipamentos.   No processo muita água evapora e se perde.      Foram citados projetos de destaque no setor também em Córdoba na Argentina e dois projetos no México.
     Ela disse que teme que no Brasil, ao se regulamentar o reuso da água, o mesmo seja tão restritivo que inviabilize a atividade, o que cria insegurança aos empreendedores no ramo.    A Academia não tem sido ouvida em muitas regulamentações e isto é problema.
     Em São Paulo, tem sido feito a tempos o reuso de água para lavar ruas.    Ela teria dito que ao monitorar historicamente os parâmetros da água que chega às ETEs de SP, teriam notado que tem aumentado o teor de sódio no esgoto que chega.
     Pela norma de reuso atual em São Paulo, mesmo para lavar ruas, o teor da água tem que ter menos coliformes que em praia considerada ótima para balneabilidade.
     A ETE de Barueri-SP seria a maior da região metropolitana.

     Terceira Palestra:  “Reuso da Água no contexto do Plano Nacional de Recursos Hídricos”   -   Palestrante:   Devanir Garcia dos Santos -   ANA  Ag.Nacional de Águas
     Os Comitês de Bacia Hidrográfica e as Outorgas de uso da água
     Necessidade de gestão da oferta de água e gestão da demanda.
     O desafio é aprimorar a gestão dos recursos hídricos.   No contexto, temos os Comitês de Bacias e a figura das outorgas para uso da água.
     Trabalhar com água é como trabalhar com as economias domésticas.  Usar água com critério.     Na gestão da oferta um dos cuidados é a conservação da água e do solo.
     Gestão da demanda -  promover o uso racional da água.    Esta que é um recurso peculiar e essencial à vida.
     Gestão para harmonizar interesses em ofertar água para:
Ø      Agricultura
Ø      Pecuária
Ø      Consumo humano
Ø      Indústria
Ø      Navegação
Ø      Turismo/lazer
Ø      Hidrelétrica
     Muitos sistemas de irrigação em uso no BR carecem de manutenção e desperdiçam água.    A ANA Ag.Nacional da Água tem em seu site na internet, manual para uso racional da água.
     O setor industrial é o que, por razões econômicas, mais usa água de reuso.    Mostrou foto de uma pia de lavatório doméstico acoplada acima de uma caixa de descarga de banheiro.   A água que cai da pia ajuda a encher a caixa de descarga do WC.  Apenas um exemplo.     Captação de água de chuva pode ser algo interessante, desde que feita com critério até por questão de saúde pública.
     No site da ANA há folhetos com dicas para prédios, etc.    Lembrado que em condomínios geralmente a água é a segunda maior despesa.  Uso racional é economia.
     10% da área de irrigação no mundo é com água de reuso.    Mais ou menos 10% da população mundial consome alimentos produzidos com irrigação usando água de reuso.
     Município com população menor que 50 mil habitantes geralmente não tem escala para a viabilidade econômica de tratamento de esgotos nas condições atuais.   Nestas condições, se retira no tratamento de esgoto, inclusive matéria orgânica e nutrientes que poderiam ser usados em irrigação com água de reuso, após tratamento específico e dentro de padrões técnicos.   É uma potencial alternativa.
     Citou que uma cidade com 20.000 habitantes produz 40 litros/segundo de esgoto.  Em caso de reuso, daria para irrigar 60 há de área de agricultura com ganho de produtividade.    No caso, o processo de tratamento de esgoto poderia ser mais simples (dentro da técnica, sempre) de forma a manter a matéria orgânica e nutrientes que são demandados pela agricultura  (produção de forragens, bosques, etc.)
     Foi dito que na cidade de Lins-SP há uma iniciativa interessante nessa linha.  Outros exemplos seriam em Campina Grande – PB, Viçosa-MG.   A ANA busca incentivar o reuso da água entre suas atribuições.
     A SABESP de SP demandava para a Grande SP  antes da crise hídrica atual, 70 m3/s e no momento vem atuando com 50 m3/s inclusive reduzindo a pressão na rede e contando com o apoio dos usuários.    A água viria dos sistemas Cantareira, Alto Tietê e Guarapiranga.    Este último está com maior volume de água, ao redor de 80% da capacidade.   A Cantareira está no nível crítico.    Atualmente cada um dos três sistemas está fornecendo ao redor de 16 m3/s para a Grande SP.
     A questão dos hormônios na rede de esgoto.   Parte significativa vem do uso de anticoncepcionais.
     Ele lembrou que muitos municípios não tratam a água e jogam o esgoto sem tratamento nos mananciais.    Na sequência, outros municípios captam água contaminada e indiretamente estão fazendo em parte o reuso informal da água.    Diz isso para argumentar que há rejeição a fazer o reuso a partir de ETEs, que poderia ser feito de forma criteriosa e por outro lado se faz o reuso de forma indireta por captar água em mananciais poluídos com esgoto não tratado.
     Ele recomenda que não se tenha preconceito com a agricultura irrigada.  Mudar o sistema em uso requer tecnologia e também tem custo.     A ANA apóia o uso racional de água inclusive na zona rural.
     Capacidade de reservação (estocar água).   Citou que no BR há várias cidades de grande porte, até com mais de 1 milhão de habitantes como Campinas e Manaus que não tem sistema de reservação de água.    Capta de mananciais, mas sem represa para estocagem.
                                      E mail dele:       devanir@ana.gov.br

           (seguem em breve novas etapas da resenha em pauta).