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Dias atrás eu fui visitar o Museu Ferroviário
de Curitiba que fica anexo ao Shopping Estação, este que ocupa boa parte que
era a antiga Estação Ferroviária da cidade.
No contato que fiz lá, arranjei mais um amigo de Facebook, este que
recentemente me convidou para o Evento dos 130 anos.
Foi um bate papo com especialistas da área
para um público que não era tão grande, mas composto em geral de gente que tem
afinidade e paixão pelas ferrovias. Inclui pesquisadores científicos.
O
evento foi no Teatro Regina Vogue que fica dentro do Shopping Estação, no dia
19-05-15 a
partir das 19 h.
Compuseram a mesa as seguintes pessoas:
Aimoré
Índio do Brasil Arantes – Historiador da Coordenadoria de Patrimônio
Cultural do Estado do Paraná.
Henrique
Paulo Schimidlin (Vitamina) – Curador do Patrimônio Natural do Paraná e
Montanhista.
Juliano
Martins Doberstin – Historiador do IPHAN – PR Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional
Adonai
Arruda Filho – empresário da Serra Verde (trem turístico Serra do Mar)
Fala do Aimoré
Havia em várias partes do BR cursos técnicos
para formar mão de obra ferroviária. Um
dos cursos que chegaram mais perto dos dias atuais (extinta há dez anos) antes
de ser fechado foi o de Mafra-SC.
Curso de Museologia – teve um aqui em
Curitiba que formou 3 turmas e depois encerrou as atividades.
Museu como espaço pedagógico e muito
mais. Para se ter um Museu há vários
requisitos legais como pessoal com formação em História, Museologia, etc.
Ferrovias - no passado, transportando inclusive
passageiros, foram importantes meios de encurtar distâncias, propiciar lazer,
dentre outros.
Havia vagões de primeira classe com bancos
estofados e de segunda classe com bancos de madeira. Eram de madeira, mas não deixavam de ser
confortáveis.
Quando um dos palestrantes era criança,
fez uma viagem de trem para Ibiporã-PR que fica vizinha de Londrina-PR. 24 horas de viagem. O trem ia rumo à divisa com São Paulo lá
pelos lados de Ourinhos e de lá, seguia em “baldeação” para Ibiporã.
A Dra.Vania, professora, é uma estudiosa
da História das Escolas e dentre estas, pesquisa as escolas que davam formação
para mão de obra ferroviária.
O historiador lembrou que a ferrovia
Paranaguá-Curitiba trouxe do porto muito suprimento para Curitiba e o interior
do Paraná e de outro lado, levou para o porto muita madeira nativa da mata atlântica
do Paraná. Hoje temos menos de 7% da
mata nativa. O café também foi desde
longa data escoado em parte por ferrovia para o porto.
O atual Paraná Clube é um sucessor do
antigo Clube Atlético Ferroviário de
futebol. Não é por acaso que o estádio
desse clube fique encravado na região da Estação e pátio ferroviário de
Curitiba-PR. (Estádio Lourival de Brito).
Foi dito que a ferrovia, por ter se
iniciado de Paranaguá (cidade mais antiga) rumo a Curitiba, poderia ser citada
como Ferrovia Paranaguá-Curitiba, nessa ordem.
Fala do Juliano – do IPHAN-PR
Ele tem formação em História. Falou da lei 11.483 de
31-03-2007 que extinguiu a RFFSA Rede Ferroviária Federal S.A e colocou os bens e equipamentos de
interesse histórico no “colo” do IPAHN.
Tratam a estrutura da estação e oficinas
do trem em Curitiba com o nome de um dos engenheiros pioneiros – Teixeira Soares.
Mostrou fotos de parte do acervo. Muitos sinos, relógios que ficavam nas estações,
etc. Disse que a UFPr vai utilizar
parte do espaço do parque ferroviário de Curitiba para expansão da mesma. A entrada para o complexo Teixeira Soares
/ estação Curitiba tem acesso pela Rua João Negrão.
O IPHAN fez o inventário do acervo aos
seus cuidados. Há atualmente 8.125
peças ligadas à ferrovia aqui em Curitiba para Cessão a terceiros. Entidades, que podem incluir Prefeituras
que tenham a ver com a ferrovia na história das mesmas.
Curiosamente, primeiro teria havido o
povoamento de Paranaguá-PR e lá havia o porto e com o tempo surgiram dois
caminhos para Curitiba. O mais íngreme,
o Caminho de Itupava, que pegava os trechos mais difíceis da Serra do Mar. E havia lá pelos lados de Morretes e
Antonina, o Caminho da Graciosa, que fazia um percurso menos íngreme.
Primeiro, havia trilhos para transporte de
mercadorias no ombro das pessoas, no lombo de mulas. Antonina tinha também seu porto e começou a
se desenvolver mais por causa do caminho da Graciosa. Quando foram construir a ferrovia, por
pressão política (havia até Senadores que eram de Paranaguá) acabaram optando
pelo caminho mais íngreme ligando Paranaguá a Curitiba.
Os 110 km de ferrovia foram feitas em apenas cinco
anos, sendo dois sob a batuta do engenheiro francês Ferruci, que teria
projetado toda a ferrovia e tocado a obra lá na planície litorânea por dois
anos. O trecho mais desafiador da
execução da obra ficou a cargo da engenharia brasileira com destaque para o
engenheiro Teixeira Soares e os irmãos engenheiros Rebouças, que tiveram
inclusive estudos na França.
Curiosamente ambos eram negros.
Perto da estação de Curitiba há uma rua que tem um nome incomum por
homenagear duas pessoas. Rua
Engenheiros Rebouças. Mais que justa
homenagem.
Teixeira Soares tem inclusive cidade no
interior do Paraná em sua homenagem.
No trecho de serra onde passa a Ferrovia,
tinha a Estação Marumbi e no pequeno povoado próximo havia uma Escola de
Cantaria – a arte de trabalhar/entalhar a pedra para edificações, pavimentação,
meio fio, estátuas/monumentos, muros de arrimo, etc.
O profissional do ramo é o
canteiro.
Mostrada uma foto antiga de um casarão que
foi amplo e servia inclusive de escritório de apoio da ferrovia na estação
Ipiranga, no trecho da serra.
Atualmente o casarão, que era de alvenaria, sólido, não existe mais.
Fala do Adonai - Serra Verde – Trens turísticos
Mostrado filme institucional da empresa
com os passeios de litorina e trem de passageiros pela Serra do Mar. Eles tem divulgado inclusive em feiras de
turismo no exterior o passeio e tem tido boa resposta.
Mostrou a foto da ponte São João – toda em
estrutura de ferro. A ponte no passado
só se apoiava nos barrancos do rio, sem pilares intermediários. Quando começaram a usar no trecho as locomotivas
diesel com mais vagões, tiveram que reforçar a ponte e ela ficou com a feição
atual.
A mesma empresa tinha a concessão do trem
de passageiro (Tem do Pantanal do Mato Grosso do Sul). Começou a operar com turismo em 2009 e ele
disse que entregaram a concessão em março deste ano. Não compensava.
Citou alguns estados nos quais tem trens
turísticos como RS, SC (Piratuba), PR, MG, ES.
Tem um site da BWT ligada à Serra Verde
que busca divulgar e vender pacotes para várias ferrovias no Brasil.
Eles procuram preservar o meio ambiente em
sua atuação na Serra do Mar. Tem
certificação do Instituto Falcão Bauer de Sustentabilidade. Costumam toda quarta feira dar 40% de
desconto no trem turístico pela Serra do Mar. Disse que o trecho deu prejuízo por nove
anos seguidos, mas depois passou a trabalhar em azul. Disse que a oficina das
litorinas pode ser visitada e fica no início da Avenida Silva Jardim em
Curitiba-PR.
Convidou
o público para um evento de ferromodelismo que ocorrerá nas dependências da
Serra Verde (ao lado da Rodo-ferroviária de Curitiba), entrada franca no dia
20-06-15. Seria o dia todo.
Alguém do plenário lembrou que parece não
ter um esforço em captar para a história os depoimentos dos ferroviários que
estão idosos. Quando estes se forem,
teremos uma lacuna irreparável. Foi
algo bem lembrado, por sinal, como sugestão de iniciativa.
Isto foi o que consegui destacar e espero
que estimule as pessoas a visitarem o Museu Ferroviário de Curitiba. Vale a pena. Já fiz o passeio de trem pela Serra do
Mar e é maravilhoso também.