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sexta-feira, 1 de maio de 2015

RESENHA – 2 º. SIMPÓSIO INTERNACIONAL REUSO DA ÁGUA

RESENHA – 2 º. SIMPÓSIO INTERNACIONAL REUSO DA ÁGUA –  28-29/4/15

Local:   Curitiba – PR   - Campus da Universidade Positivo
Realização – ABES PR Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental
Resenha feita pelo Engenheiro Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida 

     Foram ao todo 21 palestras, sendo 8 internacionais e 13 por palestrantes nacionais.
     Seguem abaixo as resenhas das palestras anotadas da forma que consegui captar, anotar e entender dentro das limitações da minha formação que não tem foco no tema.

     Na abertura, foi formada a mesa de autoridades e dentre estas o anfitrião, Reitor da Universidade Positivo, Sr. José Pio.    Na sua breve fala de boas vindas, para realçar a importância da água no contexto atual pelo Brasil e o mundo, destacou que em 1930 o mundo teria 1 bilhão de pessoas e na atualidade estamos com 6 bilhões e a quantidade de água no planeta é limitada.  O uso racional é a cada dia mais importante.
     Presença inclusive do Sr.Péricles, representando a Sanepar paranaense do setor de água e saneamento.
     O Sr. Renato de Lima (Geólogo), da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Curitiba, lembrou que esta capital tem desde o ano 2000 lei sobre o Reuso da Água.
     Na fala do representante da ABES, promotora deste Simpósio, foi dito que o Ministério do Meio Ambiente e o CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente foram convidados para este evento mas optaram por não mandar representante.    Foi destacado que no Brasil não temos uma legislação/regulamentação que venha a apoiar as iniciativas de REÚSO DA ÁGUA.   É um gargalo a ser enfrentado.

     Primeira Palestra:    “Aspectos e considerações das políticas e da regulação do reuso de água no contexto mundial”   - Palestrante:  Bianca Elena Jiménez  - UNESCO
     Ela é mexicana e tem vasta formação e traquejo no ramo.    Ela participou do 4º Relatório do IPCC das Mudanças do Clima.
     Cenário para 2025  - estima-se que 38% da população mundial esteja com carência de água – stress hídrico.   Em 2050 – estima-se em 66% da população mundial com o citado problema.
     Pelo mapa apresentado, a maior gravidade fica pelo oriente médio, norte da África e boa parte da Ásia.   Mas a regra é problema pelo mundo todo.
     Reuso da água em geral se refere a usar pela segunda vez a água em outra atividade.

     Segunda Palestra:  “Reuso da água como instrumento da gestão de recursos hídricos”   Palestrante:    Mônica Porto – USP   Universidade de São Paulo.
      O tema é desafiador no mundo todo.  Atualmente ela está atuando na Secretaria de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo.     Destacou que no período chamado “das águas” de SP  - outubro/13 a março/14 – foi atípico e o menos chuvoso desde que o IAC Instituto Agronômico de Campinas começou a medir chuvas há 125 anos.     Em 1926 houve somente 730 mm de chuva nas águas (outubro-março) e em outubro/13 a março/14 teria chovido 550 mm, ou seja, ao redor de 20% a menos que o pior ano até então documentado, que seria em 1926.
     Em abril/2015 as chuvas em SP ainda estão abaixo da média histórica.   A região metropolitana de São Paulo tem ao redor de 20.000.000 habitantes.    A grave crise hídrica criou a hora de agir para implantar soluções técnicas segundo ela.   O reuso da água está no contexto.   A SABESP criou em SP um bônus para quem economiza água.  Na atualidade, 82% dos consumidores teriam economizado ao menos 10% de água e passaram a usar a água com um pouco mais de critério.
     Política Nacional de Recursos Hídricos – Lei 9.433/97  
     Mostrou um mapa do BR com os graus de carência de água.   Concentram-se mais nas regiões NE e Sudeste.
     Reuso e questão locacional.   Quando as estações de tratamento de esgoto (ETE) foram projetadas, não se pensava em reuso de água.   Foram feitas em regiões afastadas das zonas de demanda.     Agora com a perspectiva de reuso, fica mais onerosa a logística da água de reuso.
     Falou do Projeto Aquapolo – reuso de água.    Projetado para atender o Pólo Petroquímico do ABC paulista.     No caso a estatal Sabesp em parceria com empresa privada está construindo uma adutora de 17 km para trazer água de ETE da região para o reuso da água no Pólo Petroquímico que conta com várias indústrias do setor.    Foi dito em certo momento que para 1 litro de petróleo processado, se gasta ao redor de 1 litro de água, parte desta para resfriar equipamentos.   No processo muita água evapora e se perde.      Foram citados projetos de destaque no setor também em Córdoba na Argentina e dois projetos no México.
     Ela disse que teme que no Brasil, ao se regulamentar o reuso da água, o mesmo seja tão restritivo que inviabilize a atividade, o que cria insegurança aos empreendedores no ramo.    A Academia não tem sido ouvida em muitas regulamentações e isto é problema.
     Em São Paulo, tem sido feito a tempos o reuso de água para lavar ruas.    Ela teria dito que ao monitorar historicamente os parâmetros da água que chega às ETEs de SP, teriam notado que tem aumentado o teor de sódio no esgoto que chega.
     Pela norma de reuso atual em São Paulo, mesmo para lavar ruas, o teor da água tem que ter menos coliformes que em praia considerada ótima para balneabilidade.
     A ETE de Barueri-SP seria a maior da região metropolitana.

     Terceira Palestra:  “Reuso da Água no contexto do Plano Nacional de Recursos Hídricos”   -   Palestrante:   Devanir Garcia dos Santos -   ANA  Ag.Nacional de Águas
     Os Comitês de Bacia Hidrográfica e as Outorgas de uso da água
     Necessidade de gestão da oferta de água e gestão da demanda.
     O desafio é aprimorar a gestão dos recursos hídricos.   No contexto, temos os Comitês de Bacias e a figura das outorgas para uso da água.
     Trabalhar com água é como trabalhar com as economias domésticas.  Usar água com critério.     Na gestão da oferta um dos cuidados é a conservação da água e do solo.
     Gestão da demanda -  promover o uso racional da água.    Esta que é um recurso peculiar e essencial à vida.
     Gestão para harmonizar interesses em ofertar água para:
Ø      Agricultura
Ø      Pecuária
Ø      Consumo humano
Ø      Indústria
Ø      Navegação
Ø      Turismo/lazer
Ø      Hidrelétrica
     Muitos sistemas de irrigação em uso no BR carecem de manutenção e desperdiçam água.    A ANA Ag.Nacional da Água tem em seu site na internet, manual para uso racional da água.
     O setor industrial é o que, por razões econômicas, mais usa água de reuso.    Mostrou foto de uma pia de lavatório doméstico acoplada acima de uma caixa de descarga de banheiro.   A água que cai da pia ajuda a encher a caixa de descarga do WC.  Apenas um exemplo.     Captação de água de chuva pode ser algo interessante, desde que feita com critério até por questão de saúde pública.
     No site da ANA há folhetos com dicas para prédios, etc.    Lembrado que em condomínios geralmente a água é a segunda maior despesa.  Uso racional é economia.
     10% da área de irrigação no mundo é com água de reuso.    Mais ou menos 10% da população mundial consome alimentos produzidos com irrigação usando água de reuso.
     Município com população menor que 50 mil habitantes geralmente não tem escala para a viabilidade econômica de tratamento de esgotos nas condições atuais.   Nestas condições, se retira no tratamento de esgoto, inclusive matéria orgânica e nutrientes que poderiam ser usados em irrigação com água de reuso, após tratamento específico e dentro de padrões técnicos.   É uma potencial alternativa.
     Citou que uma cidade com 20.000 habitantes produz 40 litros/segundo de esgoto.  Em caso de reuso, daria para irrigar 60 há de área de agricultura com ganho de produtividade.    No caso, o processo de tratamento de esgoto poderia ser mais simples (dentro da técnica, sempre) de forma a manter a matéria orgânica e nutrientes que são demandados pela agricultura  (produção de forragens, bosques, etc.)
     Foi dito que na cidade de Lins-SP há uma iniciativa interessante nessa linha.  Outros exemplos seriam em Campina Grande – PB, Viçosa-MG.   A ANA busca incentivar o reuso da água entre suas atribuições.
     A SABESP de SP demandava para a Grande SP  antes da crise hídrica atual, 70 m3/s e no momento vem atuando com 50 m3/s inclusive reduzindo a pressão na rede e contando com o apoio dos usuários.    A água viria dos sistemas Cantareira, Alto Tietê e Guarapiranga.    Este último está com maior volume de água, ao redor de 80% da capacidade.   A Cantareira está no nível crítico.    Atualmente cada um dos três sistemas está fornecendo ao redor de 16 m3/s para a Grande SP.
     A questão dos hormônios na rede de esgoto.   Parte significativa vem do uso de anticoncepcionais.
     Ele lembrou que muitos municípios não tratam a água e jogam o esgoto sem tratamento nos mananciais.    Na sequência, outros municípios captam água contaminada e indiretamente estão fazendo em parte o reuso informal da água.    Diz isso para argumentar que há rejeição a fazer o reuso a partir de ETEs, que poderia ser feito de forma criteriosa e por outro lado se faz o reuso de forma indireta por captar água em mananciais poluídos com esgoto não tratado.
     Ele recomenda que não se tenha preconceito com a agricultura irrigada.  Mudar o sistema em uso requer tecnologia e também tem custo.     A ANA apóia o uso racional de água inclusive na zona rural.
     Capacidade de reservação (estocar água).   Citou que no BR há várias cidades de grande porte, até com mais de 1 milhão de habitantes como Campinas e Manaus que não tem sistema de reservação de água.    Capta de mananciais, mas sem represa para estocagem.
                                      E mail dele:       devanir@ana.gov.br

           (seguem em breve novas etapas da resenha em pauta).

     

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