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sábado, 16 de maio de 2015

RESUMO DO FORUM LIXO& CIDADANIA - 14-07-2011

          
           Anotações pelo Eng.Agr. Orlando Lisboa de Almeida     


     O evento foi realizado nas dependências da UEM Universidade Estadual de Maringá (Maringá - PR), no DACESE – bloco 125 -    Início 19.30h  e contou com duas explanações, sendo a primeira com os convidados da cidade de Tibagi – PR que tem um trabalho interessante no tema e a segunda palestra por conta de um representante da empresa Foxx que está sintonizada com o propósito do poder público municipal de Maringá no sentido de incinerar o lixo urbano.

     Palestra do pessoal de Tibagi-PR.    O tema deles é “Recicla Tibagi”

     O projeto em andamento lá resulta de um convênio entre a Prefeitura local e as Associações de Catadores de Recicláveis de Tibagi.   Um pouco sobre o município:
     Tibagi-PR é o segundo município do estado em extensão territorial.  Tem 20 mil habitantes e é o maior produtor de trigo do Brasil.
     Citadas as duas leis e resoluções que deram amparo ao trabalho deles.   A lei federal atual exige que todo serviço relativo aos resíduos sólidos urbanos tenham uma parcela de separação dos recicláveis a cargo de pessoas da comunidade, numa visão inclusiva do ser humano.
     Eles lá fizeram e está operando o Centro de Triagem e Compostagem de Tibagi.   Foi elaborado um projeto e divulgado à comunidade que apóia o serviço.   O caminhão de coleta do lixo puxa uma carretinha preparada para o lixo reciclável para atender aquelas pessoas que podem se enganar com os dias de descarte do reciclável.
     No galpão de separação da fração reciclável, ao invés da esteira convencional (que é cara) eles adaptaram aquelas telhas amianto grandes, tipo calhetão sobre cavaletes para dar a altura adequada à pessoa para trabalhar em pé separando o lixo.
     Os recicladores, através de convênio, são remunerados pela prefeitura em 1 salário mínimo, transporte ao trabalho, três refeições por dia mais uniforme adequado.   Além disso, as muitas mulheres que trabalham na varrição de ruas, têm jornada de 4 horas e quem tem filhos que precisa de creche, tem 100% de atendimento por conta da prefeitura.   Afinal esse pessoal presta um serviço relevante para a comunidade.
     Compostagem:   A  parte orgânica e molhada do lixo vai para a compostagem que dependendo do clima pode demorar de 35 a 90 dias.    A compostagem pronta se torna um excelente adubo orgânico que eles estão usando em três estufas para produção de flores que são colocadas pela prefeitura ou adquiridas pela comunidade.    Como dizem:   lá nosso lixo vira flor.   A produção de compostagem não consegue suprir a demanda local.    Para cada 1 kg de material orgânico que entra no processo, gera-se 0,6 kg de compostagem.     Apenas uma pessoa tem dado conta de cuidar das três estufas.

     Objetivos dos trabalhos deles   (são 80 recicladores – coleta – varrição de ruas e separação de recicláveis no galpão)
Ø      tratar os resíduos sólidos urbanos
Ø      criar trabalho e renda para o pessoal carente
Ø      proteger a saúde pública
Ø      reciclar resíduos e acabar com o lixão
     Eles tem um sistema e recolhem inclusive o lixo eletrônico e dão o destino correto.

     Destaque:   Após o processo de separação do reciclável e do material que vai para compostagem, prensam (compactam) para reduzir volume do que sobra e resulta em apenas 20% do lixo que vai para o aterro sanitário.   Com isso o aterro prolonga em 12 vezes sua vida útil.
     Eles tinham na cidade problema com aranha marron e escorpião.   Fizeram campanhas pela mídia local e realizaram bota fora de lixo, entulhos dos quintais e solucionaram o problema das aranhas e escorpiões que se proliferam em lugar onde há lixo e entulho.
     Pneus velhos – eles têm convênio com oficinas e lojas de pneus para articular o descarte correto e destinação adequada aos pneus velhos.   Ganha o meio ambiente.    Iniciaram suas atividades em 04-01-2009 – ACAMARTI Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Tibagi.
     Inauguração:  29-05-2009.   LO Licença Operacional 18.481         O trabalho deles tem sido premiado e repercutido, levando muitas pessoas e entidades a visitarem a cidade, ao ponto deles precisarem organizar uma agenda receptiva e as visitas são pré agendadas sempre para as quintas feiras.     No site oficial da prefeitura há dados também sobre a entidade.       www.tibagi.pr.gov.br  .   E-mail meioambiente@tibagi.pr.gov.br    fones (42) 39162151   e 88161189
     Na parte de Educação Ambiental – resumo das ações que eles fizeram e vem fazendo:
Ø      produção e distribuição de material informativo impresso
Ø      inserção de spot na emissora de rádio local
Ø      publicação de ações no site da prefeitura e jornais
Ø      realização de peças teatrais amadoras
Ø      palestras de divulgação.
     Frações do lixo local:
     Reciclável seco                   25%
     Rejeito/inservível                 16%          (45 toneladas por mês)
     Reciclável orgânico 56%          (158 toneladas por mês)
          A entidade já ganhou muitos prêmios pela forma de atuação, inclusive o título de Cidade Limpa, sendo a primeira cidade do Paraná a conquistar esta premiação.
     Contaram com o apoio de um técnico em Saneamento Sanitarista para dar suporte aos trabalhos da entidade.         (a palestrante deu o recado em 30 minutos)


     Segundo Tema:      “Central de Recuperação Energética de Resíduos”
                                        Alexandre – empresa Foxx

     Ele, sabendo que o público tendia mais para a forma de destinar os resíduos sólidos acima citado, ressaltou que acha o sistema razoável, principalmente para cidades pequenas.      E o seu enfoque será para cidades de maior porte.
     Lembrou que na lei atual a ordenação básica exige:  Coletar, reciclar, tratar e dispor.  A meta da lei é acabar com o sistema atual de lixão a céu aberto.
     Ele fez uma explanação bastante técnica e usou muito o PPT Power point, com lâminas ricas em artes gráficas, porém com muita informação por lâmina, dificultando a visão de quem assistia a palestra.      (letra 10 para quem está distante uns 6 m... não dá). Ele citou o caso de SP que fez campanhas para reduzir o uso de sacolinhas plásticas e as indústrias das tais sacolinhas aumentaram a espessura das mesmas.   Assim, caiu em 70% o número de sacolinhas utilizadas, mas aumentou a venda de plástico dos fabricantes de sacolinhas.    Estamos vivendo a época das redes sociais na web e ações desse tipo podem, logo, logo, custar caro a tais empresas...  assim espero!
     Mostrou um fluxograma de uma indústria de incineração de resíduos sólidos numa lâmina de ppt.    Eu contei nesta lâmina 33 quadradinhos, cada um “explicando” uma parte do processo.   (em letra oito!).     Ele disse  que o desafio é, como manda a lei, articular  a ação dos recicladores (catadores de recicláveis, etc) com a indústria que trata os resíduos.     “O município que não tem coleta seletiva de lixo está ilegal”.    E nós do  plenário sabemos disso e estamos esperneando por aqui, inclusive a Promotoria de Defesa do Meio Ambiente.    
     Ele falou muito da Europa, do Primeiro Mundo, para tentar respaldar o método da incineração.   Na Alemanha e França se usaria muito a incineração de lixo.    Em Paris eles conseguem, segundo citou, ao redor de 30% de recicláveis.    Disse  que em geral é a Europa é quem mais recicla e também quem mais incinera lixo.     Citou que da década de 70 para cá foram só 5 acidentes com gravidade nesse tipo de usinas.
     Na França houve um sério acidente (explosão) de uma incineradora e isso desacelerou o processo de uso desse sistema por um tempo, mas estaria o sistema em expansão por lá.
     Disse que na Alemanha a coleta e destinação do lixo não é da jurisdição dos municípios, mas sim dos estados.    Me parece algo razoável em princípio.
     A Espanha é o país da Europa onde se faz mais compostagem a partir do lixo urbano.
     A China implantou 90 usinas (unidades térmicas) de incineração de lixo.    
     No Qatar, que é um país pequeno e rico em petróleo, optaram por usar o material orgânico do lixo em compostagem no sistema fechado, que gera também o biogás.
     O sistema proposto é processado em usinas que queimam o lixo gerando calor e este gera vapor que fornece energia mecânica e esta gira turbinas que geram energia elétrica. No processo, são gerados gases tóxicos e 10 a 15% do material queimado sobra como cinzas.   Os gases tem que receber tratamento para recuperar os materiais tóxicos em suspensão e que são destináveis a aterros classe 1.  ( No PR só tem 1 aterro para esse tipo de resíduo – classe 1 na Região Metropolitana de Curitiba)
     Sobre o medo das usinas, disse que elas têm que ficar nas zonas urbanas por questão de logística (não gastar muito combustível para levar o lixo para longe) e que são seguras, ao ponto do povo de Paris conviver bem com elas, por exemplo.
     Perguntado se há incineradores do gênero proposto implantado no Brasil, ele disse que em operação ainda não.   Que os projetos mais adiantados estão em São Bernardo do Campo, em Barueri e Jundiaí.
     O lixo do Brasil é mais úmido que o da Europa, tendo umidade entre 55 e 65%.   É mais difícil de queimar na usina.     Disse que na queima de orgânicos gera inclusive dioxinas.     Que há no Brasil normas para esse tipo de queima e que no caso do lixo é muito menos tolerante do que as emissões de quem queima bagaço de cana, resíduos de madeira, etc.    Para estes últimos no Brasil não há limite de emissão de gases.     Falou também que no Norte do BR muito da energia elétrica vem de centrais movidas à queima de petróleo que são altamente poluentes e não tem havido preocupação com isso.                               
     Ele disse que no sistema proposto dá para inclusive gerar crédito de carbono.    Que a coleta seria viável ao redor de 50 km da usina.    O módulo mínimo seria ao redor de 500 t por dia e o custo para o cliente (município) sairia entre R$.60,00 e R$.80,00/tonelada.      
     Eu cá, fiz meus cálculos grosso modo:    Se Maringá gera por dia 200 t de lixo, já descontado o reciclável, seriam 6.000 t por mês, a 70,00 por tonelada, daria 500.000 por mês, ou R$.6.000.000,00 por ano.      Sem contar com as despesas de coleta e recicladores..         Disse que ao redor de 100 pessoas trabalham numa usina da modalidade,  uns 80 no operacional e uns 20 no administrativo.

     A fala do segundo palestrante se estendeu um tanto e terminou as 21.40.    Haveria uma fala do Prof.Jorge Villalobos que iria discorrer sobre a situação jurídica dos municípios da região no tema dos lixões.   Mas dado ao adiantado da hora, o plenário resolveu deixar esta parte para a próxima reunião.     As reuniões do Fórum Lixo & Cidadania são nas segundas Quintas Feiras do mês e são abertas aos cidadãos e entidades.   
    Isto foi o que consegui anotar da forma que entendi e espero ter retratado de forma adequada o que foi discutido.                 orlando_lisboa@terra.com.br