capítulo 16/22
...”do
meu ponto de vista, Bolsonaro não foi mais um candidato qualquer com apoio dos
militares”.
Não
é só alguém que atraiu a simpatia de um segmento. Ele passou a ser uma peça central de um
movimento que começou a ser realizado a partir de um consórcio de generais que
tiveram as experiências necessárias para dirigir o processo de guerra híbrida... (página 232 do livro).
A
operação de “estabilização no Haiti” comandada por militares brasileiros. Em 2008 num seminário militar, um general disse
ao autor deste livro: “Olha, essa missão
no Haiti... O ponto é o seguinte: Cuba, Venezuela, Caribe, tem toda
infraestrutura desses lugares que é potencial para a gente. É projeção de poder”.
...”Mas
junto com projeção de poder vem outras coisas.
No caso, vem toda uma atualização da parafernália teórica e doutrinária
das MOUT militares. Operations in Urban
Terrain elaborada pelos USA. Segundo o
manual do MOUT, as projeções populacionais para o futuro indicam que praticamente
todos os conflitos do mundo irão ocorrer em ambiente urbano.”
“Mais
do que tudo isso, e ainda tomando os valiosos depoimentos dos comandantes (obra – Castro e Marques, 2019) é notável que
a experiência do Haiti, além de bélica, foi de governo”. (comandada por militares brasileiros).
Além
de combater a criminalidade por lá, combater as forças insurgentes, mas também
coordenar inúmeras agências, Ongs e setores da administração pública, relações
com as elites... elaborar
eleições... “Tudo isso somado foi um
verdadeiro laboratório, onde os comandantes experimentaram a expertise de ser o
centro do Estado e da nation-bilding haitiana”.
O
autor estudou a lista dos onze comandantes brasileiros que atuaram no
Haiti. Discrimina no livro os nomes, as
patentes militares e o tempo que cada um operou lá. Mostra que não por acaso estes militares
foram alçados no governo Bolsonaro a cargos estratégicos aqui no Brasil.
“Ou
seja, o que vemos aqui?” Quase todos os
comandantes da Minustah (campanha no Haiti) assumiram posições chave em
ministérios ligados às informações e à articulação política.”
...”no
mundo militar as coincidências não devem existir”. Não creio que isso se trata somente de uma
coterie baseada em camaradagem”.
...”Acho
que o Haiti foi um rascunho para um
desenho mais complexo que passou a ser pensado antes”.
Um
dos que atuaram no Haiti, o General Heleno que comandou todas as tropas lá.
Depois,
se desentendeu com Lula e foi destacado para a Amazonia. Depois passou para a reserva em 2011. ...”passou a fazer política intensa pelo
Clube Militar e em células de militares radicais como o Terrorismo Nunca Mais. (contraponto ao Tortura nunca mais da
Esquerda)
...”Heleno,
assim, voltou do Haiti apto a produzir uma guerra psicológica de espectro total
e alavanca sua posição”. “...realizou
um balão de ensaio onde se testou a ideia de intervenção”.
“Já
o General Villas Bôas passava a imagem de bom moço e no seu cargo que era o
terceiro na hierarquia do Exército, passava a imagem de uma arma a serviço da
legalidade e longe de ser política. Só
que no bastidor, desde 2015 quando Bolsonaro andava em campanha, franqueou a ele livre trânsito
nos quarteis...”
Continua
no capítulo 17/22
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