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sexta-feira, 29 de março de 2024

Fichamento 16/22 - do livro - O BRASIL NO ESPECTRO DE UMA GUERRA HÍBRIDA - autor Professor Dr Antropólogo - PIERO C. LEIRNER (UFSCar)

 capítulo 16/22

         ...”do meu ponto de vista, Bolsonaro não foi mais um candidato qualquer com apoio dos militares”.

         Não é só alguém que atraiu a simpatia de um segmento.  Ele passou a ser uma peça central de um movimento que começou a ser realizado a partir de um consórcio de generais que tiveram as experiências necessárias para dirigir o processo de guerra híbrida...   (página 232 do livro).

         A operação de “estabilização no Haiti” comandada por militares brasileiros.    Em 2008 num seminário militar, um general disse ao autor deste livro:   “Olha, essa missão no Haiti...  O ponto é o seguinte:  Cuba, Venezuela, Caribe, tem toda infraestrutura desses lugares que é potencial para a gente.   É projeção de poder”.

         ...”Mas junto com projeção de poder vem outras coisas.  No caso, vem toda uma atualização da parafernália teórica e doutrinária das MOUT militares.  Operations in Urban Terrain elaborada pelos USA.   Segundo o manual do MOUT, as projeções populacionais para o futuro indicam que praticamente todos os conflitos do mundo irão ocorrer em ambiente urbano.”

         “Mais do que tudo isso, e ainda tomando os valiosos depoimentos dos comandantes  (obra – Castro e Marques, 2019) é notável que a experiência do Haiti, além de bélica, foi de governo”.   (comandada por militares brasileiros).

         Além de combater a criminalidade por lá, combater as forças insurgentes, mas também coordenar inúmeras agências, Ongs e setores da administração pública, relações com as elites...   elaborar eleições...   “Tudo isso somado foi um verdadeiro laboratório, onde os comandantes experimentaram a expertise de ser o centro do Estado e da nation-bilding haitiana”.

         O autor estudou a lista dos onze comandantes brasileiros que atuaram no Haiti.   Discrimina no livro os nomes, as patentes militares e o tempo que cada um operou lá.  Mostra que não por acaso estes militares foram alçados no governo Bolsonaro a cargos estratégicos aqui no Brasil.

         “Ou seja, o que vemos aqui?”  Quase todos os comandantes da Minustah (campanha no Haiti) assumiram posições chave em ministérios ligados às informações e à articulação política.”

         ...”no mundo militar as coincidências não devem existir”.   Não creio que isso se trata somente de uma coterie baseada em camaradagem”.

         ...”Acho que o Haiti foi  um rascunho para um desenho mais complexo que passou a ser pensado antes”.

         Um dos que atuaram no Haiti, o General Heleno que comandou todas as tropas lá.

         Depois, se desentendeu com Lula e foi destacado para a Amazonia.  Depois passou para a reserva em 2011.     ...”passou a fazer política intensa pelo Clube Militar e em células de militares radicais como o Terrorismo Nunca Mais.   (contraponto ao Tortura nunca mais da Esquerda)

         ...”Heleno, assim, voltou do Haiti apto a produzir uma guerra psicológica de espectro total e alavanca sua posição”.     “...realizou um balão de ensaio onde se testou a ideia de intervenção”.

         “Já o General Villas Bôas passava a imagem de bom moço e no seu cargo que era o terceiro na hierarquia do Exército, passava a imagem de uma arma a serviço da legalidade e longe de ser política.  Só que no bastidor, desde 2015 quando Bolsonaro andava  em campanha, franqueou a ele livre trânsito nos quarteis...”

 

                   Continua no capítulo 17/22

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