Total de visualizações de página

sexta-feira, 8 de março de 2024

Fichamento 7/25 - do livro - O BRASIL NO ESPECTRO DE UMA GUERRA HÍBRIDA - autor Professor Dr Antropólogo - PIERO C. LEIRNER (UFSCar)

 capítulo 7/25

 

         ...”comecei minha pesquisa com militares em 1992.  Era então, o segundo antropólogo no Brasil a fazer pesquisa dentro de uma instituição militar, seguindo os passos de Celso Castro e sua pesquisa na AMAN Academia Militar de Agulhas Negras  (vinculada à Aeronáutica)

         ...”cheguei aos militares numa condição permeada por uma lógica semi-integrativa em que o outro pode ser um afim mas jamais chegar a ser um dos nossos.   Nesse sentido, o civil pode ser  considerado um amigo do Exército – alguém que pode sobretudo representar a possibilidade de concretização de uma proposta ou projeto público comum”.   (Leiner, 1997)

         O Exército tem a ECEME Escola de Comando do Estado-Maior do Exército e esta tem curso até o nível de doutorado.

         O autor obtinha sinais de que o Exército tinha o desejo de nortear um projeto nacional avalizado pelas nossas elites.

         Faziam na ECEME sucessivos Ciclos de Estado para os quais convidavam autoridades, políticos, empresários, acadêmicos etc.

         Faziam convites a “estreitamento de laços”.     Houve depois um intercâmbio maior entre a USP e a ECEME.

         Em 1997 o autor fez sua Dissertação e em seguida o Exército fechou as portas à continuação de estudos do gênero e os orientandos do autor ficaram sem a possibilidade de acesso para continuarem a linha de estudo dos militares.

         Lembrando que no mundo dos militares há a dicotomia amigo/inimigo.   No treinamento militar:   “Ordem se obedece, não se explica.”

         Na Nota de Rodapé deste livro, página 70:

         ...”Pretendo sugerir ao fim desta Tese, o projeto militar é, no fim das contas, um projeto de domesticação da sociedade, no sentido de torna-la o mais próximo possível de uma projeção de si próprio.”

         O desafio do pesquisador realizar seu trabalho no Exército, por ser colocado na condição de ...”pesquisado”, invertendo a lógica do trabalho acadêmico.

         ...”o deslocamento em relação a quem interroga e a quem responde”.

         ...”além disso...  sempre houve um oficial da Inteligência – ou S2 – escalado para ser meu interlocutor”.

         O autor cita alguns itens dos manuais militares discutidos nas “Operações Psicológicas”.  (página 75)

         Cita inclusive um manual de origem norte-americana usado aqui.

         Cenário pós atentado de 11 de setembro nos USA (Torres Gêmeas) com o colapso destas.    As Operações Psicológicas passaram a ser mais ativas na questão da guerra.

         ...”o quanto de operação psicológica é utilizado nas táticas de atração e conversão de antropólogos e seus trabalhos”.

         Durante os trabalhos o autor constatou que...  “ficava absolutamente patente a indiferença entre as disciplinas das ciências sociais, o que importava era mesmo o estreitamento de laços, muito mais do que o aproveitamento de qualquer tipo de conhecimento específico.   

         Após os anos 90, o pesquisador notou que muitos militares passaram a fazer cursos em universidades.

         O pesquisador Celso Castro relatou:    “os cadetes que ele entrevistou subiam na hierarquia e não se esqueciam dos efeitos de ter um pesquisador paisano dentro da AMAN Academia Militar de Agulhas Negras, bem como seu livro passou a ser lido dentro da caserna.   

         Nota do leitor aqui:   Há dentre as dezenove páginas deste livro dedicadas à citação bibliográfica, oito obras de autoria de Celso Castro.

 

                   Continua no capítulo 8/25

Nenhum comentário:

Postar um comentário