capítulo 7/25
...”comecei minha pesquisa com militares em 1992. Era então, o segundo antropólogo no Brasil a
fazer pesquisa dentro de uma instituição militar, seguindo os passos de Celso
Castro e sua pesquisa na AMAN Academia Militar de Agulhas Negras (vinculada à Aeronáutica)
...”cheguei aos militares numa condição permeada por uma
lógica semi-integrativa em que o outro pode ser um afim mas jamais chegar a ser
um dos nossos. Nesse sentido, o civil
pode ser considerado um amigo do
Exército – alguém que pode sobretudo representar a possibilidade de
concretização de uma proposta ou projeto público comum”. (Leiner, 1997)
O Exército tem a ECEME Escola de Comando do Estado-Maior do
Exército e esta tem curso até o nível de doutorado.
O autor obtinha sinais de que o Exército tinha o desejo de
nortear um projeto nacional avalizado pelas nossas elites.
Faziam na ECEME sucessivos Ciclos de Estado para os quais
convidavam autoridades, políticos, empresários, acadêmicos etc.
Faziam convites a “estreitamento de laços”. Houve depois um intercâmbio maior entre a
USP e a ECEME.
Em 1997 o autor fez sua Dissertação e em seguida o Exército
fechou as portas à continuação de estudos do gênero e os orientandos do autor
ficaram sem a possibilidade de acesso para continuarem a linha de estudo dos
militares.
Lembrando que no mundo dos militares há a dicotomia
amigo/inimigo. No treinamento
militar: “Ordem se obedece, não se
explica.”
Na Nota de Rodapé deste livro, página 70:
...”Pretendo sugerir ao fim desta Tese, o projeto militar é,
no fim das contas, um projeto de domesticação da sociedade, no sentido de torna-la
o mais próximo possível de uma projeção de si próprio.”
O desafio do pesquisador realizar seu trabalho no Exército,
por ser colocado na condição de ...”pesquisado”, invertendo a lógica do
trabalho acadêmico.
...”o deslocamento em relação a quem interroga e a quem
responde”.
...”além disso...
sempre houve um oficial da Inteligência – ou S2 – escalado para ser meu
interlocutor”.
O autor cita alguns itens dos manuais militares discutidos
nas “Operações Psicológicas”. (página 75)
Cita inclusive um manual de origem norte-americana usado aqui.
Cenário pós atentado de 11 de setembro nos USA (Torres
Gêmeas) com o colapso destas. As
Operações Psicológicas passaram a ser mais ativas na questão da guerra.
...”o quanto de operação psicológica é utilizado nas táticas
de atração e conversão de antropólogos e seus trabalhos”.
Durante os trabalhos o autor constatou que... “ficava absolutamente patente a indiferença
entre as disciplinas das ciências sociais, o que importava era mesmo o estreitamento
de laços, muito mais do que o aproveitamento de qualquer tipo de conhecimento
específico.
Após os anos 90, o pesquisador notou que muitos militares
passaram a fazer cursos em universidades.
O pesquisador Celso Castro relatou: “os cadetes que ele entrevistou subiam na
hierarquia e não se esqueciam dos efeitos de ter um pesquisador paisano dentro
da AMAN Academia Militar de Agulhas Negras, bem como seu livro passou a ser
lido dentro da caserna.
Nota do leitor aqui:
Há dentre as dezenove páginas deste livro dedicadas à citação
bibliográfica, oito obras de autoria de Celso Castro.
Continua no capítulo 8/25