capítulo 02/10
Universo
Descarrilado (Os papeis da PIDE – 1)
Os
comunistas portugueses, por baixo do pano, apoiavam o movimento de liberação do
Moçambique. Este que fazia ações de
guerrilha para derrubar o poder português.
Carta de
1973 a Adriano Santiago, vinda de líder comunista de Portugal. Adriano é jornalista, poeta e
revolucionário. Havia na época o PCP
Partido Comunista Português em Portugal.
Sobre o
apoio dos padres holandeses na região do Moçambique. O dirigente do PCP na carta a Adriano
Santiago. “Os padres holandeses nesta
vila, abrir-lhe-ão as portas para chegar à verdade. Esses missionários serão imprescindíveis,
mas não se deixe iludir: padres são
padres e os compromissos dessa gente são diferentes dos nossos. Falam em nome do povo sofredor, mas enganam
os mais humildes com promessas de um paraiso celestial”.
No
interior onde haverá missão lá no tempo revolucionário, o povo originário não
fala o português em Moçambique. Então,
levar o empregado para servir de intérprete.
O líder
orienta o jornalista na missão. “O seu
maior inimigo não são os outros. Quem
atrapalha é o seu lado poético”.
Lider: Faustino Pacheco. (reside em Portugal)
O risco
do revolucionário: “Mas se a vida nunca
me pertenceu, ao menos que eu tome posse da minha morte”.
Parte 2
– A Viagem a Inhaminga (excerto do meu
diário – 1)
Cidade
de Beira, fevereiro de 1973. Tempo de
guerrilha com foco em Inhaminga.
O
empregado de Diogo, o negro Benedito Fungai é nascido em Inhaminga. É o intérprete entre Diogo e seu povoado.
O filho
Benedito ao pai ao partir em missão: -
Não nos despedimos da mãe? O pai
diz: - Quem se despede da tua mãe
arrisca-se a nunca mais partir.
O
pai: Vamos para Inhaminga. O nome do povoado tem origem na língua
regional de terra de espinheiros.
O
jornalista poeta: “As terras são
mulheres, foram feitas para abraçar”. O guia Benedito fala baixo só para o filho do
jornalista. Terra de espinhos. Nem os bichos se deitam naquela terra.
O primo
Sandro, criado pelo jornalista. Os pais
de Sandro morreram num acidente de automóvel.
Quando
Sandro ficava bravo dizia que iria sumir lá para Inhaminga.
“Em
África não há distâncias. Há apenas
profundezas”. Inhaminga é a terra natal
de Benedito, o empregado dos pais de Diogo.
Havia
aldeamentos em Inhaminga onde os portugueses obrigavam povos originários (que
chamavam de índios) a morarem nesses aldeamentos.
Esse
lugar já tinha sofrido muito com a Guerra.
O pai de
Diogo, no passado, dirigindo o carro, recitando versos e gesticulando com as
mãos. E diz ao filho: “É o que tenho para oferecer à tua mãe –
palavras e versos...”
Mas a
tua mãe não entende, ela é uma mulher demasiado prática.
O carro
enguiçou no caminho, no meio da estrada ladeada pela mata. Entraram no carro enguiçado por
segurança. Adriano perguntou - Temos medo de bichos ou das pessoas?
- Bichos
e pessoas, aqui é tudo o mesmo – respondeu Benedito. Eram tempo de guerrilhas para agravar tudo.
No
passado o jornalista mentiu para a esposa que estava com câncer. A esposa rezando para São Braz, protetor das
doenças do peito. E ele deixou de fumar
nesse dia.
“O poeta
Adriano era um homem feliz, tão feliz que nem sabia que vivia”.
Papel 3
– Ofício Interno da PIDE/DGS - Polícia
da repressão política.
Beira,
fevereiro de 1973 (tempos de guerrilha
pela Independência)
O pai de
Benedito era informante para os dois lados do conflito, da revolução. E o poeta jornalista não sabia disso.
Em
Inhaminga, soldados com fuzis ao lado da linha do trem e mulheres com seus
guarda-sois. As brancas. Elas, funcionárias da estrada de ferro. Estão em greve e estão bloqueando os
trilhos.
Um
empresário europeu tinha por lá a fábrica de cimento, plantações, serrarias e
muitos outros empreendimentos. “Tudo
nas mãos de um só homem”.
O Estado
construiu uma barragem e uma usina elétrica e o empresário aproveitou essa
infraestrutura para expandir seus negócios na região.
Na praça
da cidade de Inhaminga, uma pilha de mortos (negros – povos originários) e
guardas vigiando os mortos. A ordem
era para deixa-los sem enterrar, para servirem de exemplo e intimidar os outros
que tendiam a apoiar a guerrilha.
Uma
placa de madeira alertando: “Isto é o
que acontece com quem ajuda os terroristas”.
Os
padres pedem para os militares autorizarem eles a enterrarem os mortos. Os militares retiveram os mortos na praça
para intimidar a população. E disse um
dos soldados: “Há quem trabalha melhor
depois de morto”. (ali servindo de
exemplo para o povo ficar intimidado)
Continua
no capítulo – 03/10
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