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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

CAP. 02/10 - fichamento - livro - O MAPEADOR DE AUSÊNCIAS - autor moçambicano - MIA COUTO - leitura fevereiro de 2022

 capítulo 02/10

 

         Universo Descarrilado  (Os papeis da PIDE – 1)

         Os comunistas portugueses, por baixo do pano, apoiavam o movimento de liberação do Moçambique.   Este que fazia ações de guerrilha para derrubar o poder português. 

         Carta de 1973 a Adriano Santiago, vinda de líder comunista de Portugal.    Adriano é jornalista, poeta e revolucionário.   Havia na época o PCP Partido Comunista Português em Portugal.

         Sobre o apoio dos padres holandeses na região do Moçambique.   O dirigente do PCP na carta a Adriano Santiago.     “Os padres holandeses nesta vila, abrir-lhe-ão as portas para chegar à verdade.   Esses missionários serão imprescindíveis, mas não se deixe iludir:  padres são padres e os compromissos dessa gente são diferentes dos nossos.   Falam em nome do povo sofredor, mas enganam os mais humildes com promessas de um paraiso celestial”.

         No interior onde haverá missão lá no tempo revolucionário, o povo originário não fala o português em Moçambique.   Então, levar o empregado para servir de intérprete.

         O líder orienta o jornalista na missão.    “O seu maior inimigo não são os outros.   Quem atrapalha é o seu lado poético”.

         Lider:  Faustino Pacheco.   (reside em Portugal)

         O risco do revolucionário:   “Mas se a vida nunca me pertenceu, ao menos que eu tome posse da minha morte”.

         Parte 2 – A Viagem a Inhaminga   (excerto do meu diário – 1)

         Cidade de Beira, fevereiro de 1973.   Tempo de guerrilha com foco em Inhaminga.

         O empregado de Diogo, o negro Benedito Fungai é nascido em Inhaminga.   É o intérprete entre Diogo e seu povoado.

         O filho Benedito ao pai ao partir em missão:   - Não nos despedimos da mãe?  O pai diz:  - Quem se despede da tua mãe arrisca-se a nunca mais partir.

         O pai:  Vamos para Inhaminga.     O nome do povoado tem origem na língua regional de terra de espinheiros.

         O jornalista poeta:   “As terras são mulheres, foram feitas para abraçar”.     O guia Benedito fala baixo só para o filho do jornalista.   Terra de espinhos.   Nem os bichos se deitam naquela terra.     

         O primo Sandro, criado pelo jornalista.   Os pais de Sandro morreram num acidente de automóvel.

         Quando Sandro ficava bravo dizia que iria sumir lá para Inhaminga.

         “Em África não há distâncias.   Há apenas profundezas”.   Inhaminga é a terra natal de Benedito, o empregado dos pais de Diogo.

         Havia aldeamentos em Inhaminga onde os portugueses obrigavam povos originários (que chamavam de índios) a morarem nesses aldeamentos.

         Esse lugar já tinha sofrido muito com a Guerra.

         O pai de Diogo, no passado, dirigindo o carro, recitando versos e gesticulando com as mãos.   E diz ao filho:    “É o que tenho para oferecer à tua mãe – palavras e versos...”

         Mas a tua mãe não entende, ela é uma mulher demasiado prática.

         O carro enguiçou no caminho, no meio da estrada ladeada pela mata.   Entraram no carro enguiçado por segurança.   Adriano perguntou   - Temos medo de bichos ou das pessoas? 

         - Bichos e pessoas, aqui é tudo o mesmo – respondeu Benedito.   Eram tempo de guerrilhas para agravar tudo.

         No passado o jornalista mentiu para a esposa que estava com câncer.   A esposa rezando para São Braz, protetor das doenças do peito.   E ele deixou de fumar nesse dia.

         “O poeta Adriano era um homem feliz, tão feliz que nem sabia que vivia”.

         Papel 3 – Ofício Interno da PIDE/DGS  - Polícia da repressão política.

         Beira, fevereiro de 1973   (tempos de guerrilha pela Independência)

         O pai de Benedito era informante para os dois lados do conflito, da revolução.    E o poeta jornalista não sabia disso.

         Em Inhaminga, soldados com fuzis ao lado da linha do trem e mulheres com seus guarda-sois.    As brancas.   Elas, funcionárias da estrada de ferro.   Estão em greve e estão bloqueando os trilhos.

         Um empresário europeu tinha por lá a fábrica de cimento, plantações, serrarias e muitos outros empreendimentos.   “Tudo nas mãos de um só homem”.

         O Estado construiu uma barragem e uma usina elétrica e o empresário aproveitou essa infraestrutura para expandir seus negócios na região.

         Na praça da cidade de Inhaminga, uma pilha de mortos (negros – povos originários) e guardas vigiando os mortos.    A ordem era para deixa-los sem enterrar, para servirem de exemplo e intimidar os outros que tendiam a apoiar a guerrilha.

         Uma placa de madeira alertando:   “Isto é o que acontece com quem ajuda os terroristas”.

         Os padres pedem para os militares autorizarem eles a enterrarem os mortos.   Os militares retiveram os mortos na praça para intimidar a população.   E disse um dos soldados:    “Há quem trabalha melhor depois de morto”.   (ali servindo de exemplo para o povo ficar intimidado)

         Continua no capítulo – 03/10

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