capítulo 05/10
Capítulo Seis do livro – O Corpo como
Cemitério (Os papeis da PIDE -3 –
polícia da repressão)
Um soldado fala ao jornalista no tempo
que o narrador era garoto e estava na companhia do pai na conturbada Inhaminga.
O soldado português diz que seus
colegas são todos medrosos da guerra.
Que se pudessem, voltavam todos para casa. E acrescenta: “O que eles não sabem é que ninguém volta de
uma guerra”. (se volta fisicamente, mas
a cabeça é outra, perturbada)
Declaração da líder Maniara (a que é
parteira e enterradeira de mortos do conflito)
Foi ela que trocou a bandeira
portuguesa pela capulana (roupa típica
de Moçambique). O que deu toda a confusão
na aldeia de Inhaminga.
“Quem primeiro vê os mastros são os
deuses. Se mexi na vossa bandeira foi
para agradar os antepassados”. Ela
lavava fardas dos soldados. Ela, sobre
os jovens soldados. “É sempre assim com
estes rapazes: por mais tamanho que
tenham, a farda fica-lhes sempre demasiado grande”. “Não é o corpo que lhes falta. É a idade”.
Ela sobre os soldados portugueses: “Que soldados são os deles que não cantam e
não dançam?”
O padre moçambicano que recebe na
igreja o alferes que comandou as tropas que executaram várias pessoas em
Inhaminga. Ele, negro.
Disse do seu dilema. É padre, mas ninguém confessa com ele. Para os portugueses, por ele ser preto e
pelos locais por ele ser padre (cristão, fora das tradições religiosas deles)
Ele diz que lá ele atende o Deus dos
brancos de dia e os deuses da sua terra à noite.
O Alferes tinha tatuagem no braço com “amor
só de mãe”. E após matarem os locais,
Maniara protestou e disse que todos ali tinham pais e ela era a mãe de
todos. Aquilo abalou o alferes.
A poeira na estrada. “O carro brecou, os pneus deslizaram pela
areia vermelha levantando uma imensa nuvem de poeira que engoliu o homem, o
carro e a estrada.”
Eles em Inhaminga, zona de conflito e
terra de Benedito e sua gente.
O pai de Benedito fala mais a língua
local e já foi preso político várias vezes
Para falar em prisão, pronuncia o termo prisão na língua portuguesa
porque na linguagem deles, nativos, não existe esta palavra.
O pai de Benedito (ao ser preso) “Era o
primeiro de sua aldeia a dormir numa casa de cimento”.
Argumenta: “que queriam tanto a sua companhia que até
fecharam a porta à chave”. (ele
preso...)
Capítulo 7 – Há chumbo dentro de Camila
Cidade da Beira, março de 2019 (ocasião que Diogo, filho de Adriano está de
retorno após décadas, ao lugar onde viviam)
Diogo (jornalista e poeta) no Hotel e
recebe recado de que tem visita. Pensa
que era Liana e autoriza a portaria a deixar a visita entrar. Chega Camila e não, Liana. Usava vestido curto. Agora Camila com 65 anos de idade. Ele recordando. O pai dela matou o namorado dela no dia que
ela fez 15 anos.
Camila depois na rua conversando com
Diogo e pega uma pedra para atirar na delegacia de polícia. Ela não se conforma pelo fato de Moçambique
manter a polícia no mesmo prédio depois da Independência (1976), prédio este
onde os repressores puniam seu povo.
Capítulo Oito – As Notícias (Os papéis da PIDE – 4)
Anotações de meu pai. A Encomenda – ano de 1973
Falando a um líder revolucionário, o
português Pacheco.
“A nossa causa está a crescer, camarada”. “Não sei qual é a sua causa, meu caro
Pacheco – declarei – A minha causa é ter emprego, cuidar da minha família...” (diz o jornalista Adriano, pai de Diogo)
Carta do Soldado Sandro para minha
mãe
Voz do comando das tropas: “Se derem atenção aos pretos, eles desatam
a contar-nos histórias e acontece como nas Mil e Uma Noites: nunca mais vocês os matam”.
“Ainda bem que eles falam outra língua,
disse o capitão. Se os entendêssemos,
nesse momento deixariam de ser inimigos”...
Continua no capítulo 06/10
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