capítulo 06/10 (leitura em fevereiro de 2022)
Voz do comando das tropas: “Se derem atenção aos pretos, eles desatam
a contar-nos histórias e acontece como nas Mil e Uma Noites: nunca mais vocês os matam”.
“Ainda bem que eles falam outra língua,
disse o capitão. Se os entendêssemos,
nesse momento deixariam de ser inimigos”...
Sandro que é gay e soldado quer como
soldado deixar a causa dos colonizadores e passar para o lado da guerrinha
armada pelo seu povo.
Sandro em carta fala ao seu tio adotivo
Adriano Santiago que é jornalista e poeta:
“Quando pensa poeticamente o tio diz coisas acertadas”.
Papel 17 – Excerto do meu diário - Teatro de sombras – ano 1973
................... Capítulo 9 – Os fintadores do Destino
Cidade da Beira, março de 2019
Liana pede para o jornalista Diogo
falar com o padre Martens no telefone.
– Como você descobriu o padre Martens?
Resposta dela: Milagre chamado
internet. “É uma seita com mais
seguidores que qualquer religião. E já
tem fanáticos...”
As fotos secretas que eram para
Adriano, lá no passado entregar a um revolucionário. Adriano se enganou e entregou fotos de
mulheres bonitas no lugar das fotos relativas à revolução.
Benedito agora, 2019, é do Partido que
está no poder na Moçambique independente.
“O seu amigo agora é uma pessoa importante”. O reencontro entre Benedito Fungai e Diogo
depois de mais de quarenta anos.
Diogo em reflexão: “E vejo nele como eu próprio envelheci”. Homens andando de mão na mão é costume em
nossa terra.
Benedito, no passado, criado por
patrões portugueses, tinha vontade de ir para a guerrilha. “Foi assim que aconteceu – diz Benedito –
Em casa de portugueses aprendi que era moçambicano.”
Mais adiante, Benedito já na guerrilha,
comunica ao pai que passou a lutar pela liberdade. O pai diz:
- Pobre do povo que é oprimido – vaticinou Capitine – E mais pobre o
povo que tem que ser libertado”.
Diogo e Benedito recordando em 2019 na
infância e os tempos das peladas de futebol.
Entravam em campo em fila como se houvesse torcida. O Diogo puxava a fila e os meninos o
aplaudiam muito. “Na altura eu não
percebia: não aplaudiam o jogador, mas o
dono da bola”.
Um dia receberam um time de meninos
ricos, todos brancos. O time do Diogo
era de povo simples, mesmo todos brancos, menos o Benedito, que jogou no gol.
Passados muitos anos, Benedito já
autoridade na cidade, no campinho pede para o Diogo contar um causo da infância
deles num jogo de futebol. Contar para o
jovem sobrinho de Benedito. O jovem
ouve o causo e depois volta ao jogo.
Benedito diz ao amigo: “Tenho
inveja de ti. E não é a fama, não é o
sucesso. Imagino um escritor como
alguém que vive a vida dos outros.
Benedito conta ao amigo Diogo que
Sandro era na verdade filho do pai de Diogo com uma amante. E que ela era dançarina de cabaré. Virgínia, mãe de Diogo inventou a história
de acidente de automóvel dos pais de Sandro.
Isto foi para enganar os vizinhos sobre o caso.
Sandro então, por parte de pai, era o
único irmão de Diogo e ele não sabia.
Cresceram “primos” juntos.
Capítulo 10 – A espera do fim do mundo
Os papéis da PIDE – 5
O Papa Paulo VI pediu aos padres que
atuavam em Moçambique que não abandonassem o país quando este passou pela revolução
de Independência.
Parte 19 – Carta do Inspetor de Polícia
– Campos
Na rebelião popular (anos 70) o exército prendeu todos os
suspeitos em Inhaminga. Era muita
gente. Mandavam os presos para trás do
hospital. Faziam os presos abrirem a própria
cova e depois eram fuzilados.
A família dos executados vinham à
polícia em busca de informação e eram informadas de que os presos estavam “desaparecidos”. Que tinham ido ao mato buscar lenha...
Entre os executados... “havia ali velhos, mulheres, rapazitos”.
O agente em carta reclamou ao seu
superior. “Não poderíamos matar tanto e
tão a eito”.
As execuções começaram a causar mal
estar nas tropas portuguesas. Os
soldados portugueses tinham colocado muitas minas terrestres na região do
conflito em Moçambique.
Continua no capítulo 07/10
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