capítulo – 03/10
Uma das línguas dos
povos originários de Moçambique: chissena.
Maniara é a mãe de
Benedito. Ela numa dança ritual na praça ao redor dos mortos.
Dança ritual, olhos fechados, pá na mão, recitou o nome dos mortos, todos
conhecidos dela que é uma liderança em sua comunidade.
No fim do rito ela disse: "sou como eles, sou terra. E
morri junto com os meus irmãos". Na língua dela, chama o deus
de Mulungo. Benedito é branco e foi criado por Maniara.
Ele ao se ajoelhar nos pés dela, ela declarou que ele não era filho dela.
"Eu não tenho filho branco". (revoltada por causa da
revolução e da opressão ao seu povo)
Maniara disse que foi ela quem enterrou os homens de sua aldeia, mortos
na guerra. "Todos se tornam meus filhos".
O
alferes (chefe dos militares) deu ordem aos seus soltados para eles mesmos
enterrarem os mortos para não dar moral ao povo local. E assim
fizeram.
Capítulo 3 - Escrever nos panos - cidade de Beira, março de
2019
Depressão e suas muitas causas: "Assim como a cidade
colonial enlouquecera para se defender do caos, também eu adoecera para me
defender do meu arruinado cotidiano".
Lá na cidade grande, no Hotel de luxo, representantes e Ongs se reunem
para se acercar dos povos locais. "Uma vez mais, discutem a
miséria do povo nos hoteis mais luxuosos da cidade".
Na cidade grande o jornalista foi visitar o recanto boêmio com direito
até a boate, entre outros, com nome de Moulin Rouge, o ícone do setor em Paris
do passado.
O
professor e Liana a conversar na beira do Rio. Ele recordando da
juventude. Brancos e pretos, originalmente, pescando.
Ele achava um momento justo, brancos e pretos tendo nisso, na pesca, a
mesma chance. "A vida era justa por escassas horas".
Lá na região há uma
superstição. Não se pode responder se uma pescaria no mar foi boa.
Se o pescador responder que sim, o mar se revolta e esse pescador não
consegue mais boas pescarias.
Vestido de Liana se prendeu numa pedra beira mar e rasgou.
Subiram ao hotel e eles conversando no pátio. "Estamos
próximos, os nossos joelhos tocam-se. O rasgão do vestido está
agora completamente a serviço dos meus olhos".
Do pátio viam as águas e ela disse que foi lá para que a mãe dela e o
namorado (raças segregadas) impedidos de viver juntos se amarraram no passado e
se suicidaram se atirando no rio. Só que a mãe dela conseguiu se
desatar e foi salva. O noivo morreu afogado.
A
filha Liana morou em Portugal e voltou para sua terra em busca da mãe Ermelinda
(Almalinda). E o poeta Diogo voltou para rever seu passado.
Liana é mulata.
O
empregado do hotel pergunta ao professor/poeta se ele sabe quem é aquela moça,
a Liana. "Essa sua amiga, professor, é a noiva de um
comandante da polícia."
Capital de Moçambique - cidade de Maputo. O Oceano
Índico banha Moçambique. O paradoxo. Liana busca
traços da própria história de vida. Já o professor sofre o excesso
de sua história de vida.
Ele diz: "Tenho demasiada história, sofro um excesso de
passado". "Quero livrar-me desse tempo que não me deixa
existir".
Quando os pais do professor adotaram os meninos, o Benedito e o irmão
Sandro, eles eram pequenos. A mãe dele costurando roupas
para os meninos adotados. Ela diz: "Gosto de
costurar. Ocupada, não tenho tempo para adoecer".
Sandro, garoto, ajudava por gosto, a mãe adotiva a costurar.
"Não eram as roupas que os dois costuravam: eram pedaços
rasgados de suas almas".
Capítulo 4 - Juras, Promessas e Outras Mentiras
(Os papeis da PIDE -2 - a polícia de repressão)
Papel 6 - Anotações do Inspetor de polícia - 1973
"Diz-se que as polícias são como caçadores: sonham com as presas e,
aos poucos, vão se transformando nelas".
O
da polícia para saber dados de Adriano Santiago (pai de Diogo) foi procurar a
mãe dele. Disse a ela que iria visitar em Moçambique o lugar onde
ele vivia e que se interessava por ouvir dados do local. E deu
corda para ela ir falando. "Uma pessoa daquela idade troca
tudo por um momento de atenção". A velha sabia que ele
era Inspetor de Polícia, da PIDE Polícia Internacional e de Defesa do
Estado.
continua no capítulo 4/10
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