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terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

cap. 07/10 - fichamento - livro - O MAPEADOR DE AUSÊNCIAS - Autor moçambicano - MIA COUTO

capítulo 07/10

 

         Papel 20 – Excerto do meu diário.  A avó, o mar e os fatos

         Diogo usava consumir flocos de aveia no café da manhã.

         Juliano, o preto velho que sempre foi empregado da avó Laura de Diogo.   A avó dizendo que o marido queria despedir o empregado porque ele estava muito velho e que por isso não ajudava em nada.    ...”este preto – que todos dizem não ser já de nenhum préstimo – todos os dias nos traz uma história”.   A patroa, avó Laura, vê isso como um grande serviço.

         “Não imaginas como preciso escutar essas histórias”.

          Capítulo 11 – Os domadores do caos   -  cidade da Beira, março de 2019

         O velho farmacêutico militante do passado, natural de Goa, que foi província portuguesa no sul da Índia.   Benedito levou o Diogo para visita-lo, estando então o velho acima dos noventa de idade.

         “Estou velho e tão magro que já tenho mais ossos do que palavras.”

         O velho Natalino que foi um dos agitadores da revolução e era comunista.

         Em 1962 a Índia tomou o governo de Goa e Natalino foi preso por uns tempos.   “Nunca Natalino disse uma palavra sobre o que tinha padecido no cárcere”.  Não há lamento mais digno que o silêncio.

         Era o que ele sempre dizia.     Em certo momento, Diogo esperando o barco.   – Que horas parte este barco?

         O marinheiro responde:   “O horário aqui, meu boss, é quando aparecer o último passageiro.  O barco fica cheio e nós arrancamos pontualmente”.

         O Diogo pergunta qual a lotação do barco e vem a resposta:   “O limite máximo pode chegar a uma média de vinte e tal pessoas.  Mas aguenta até cinquenta, dependendo da ventania”.    Esta viagem que vão fazer demora ao redor de três horas rio acima.    “No mar é como na caça: contam-se histórias”.

         Ventania, ondas fortes, água entrando no barco.   O piloto diz:   “Este barco é uma igreja flutuante, reza-se mais aqui que nas igrejas”.   “Um dia começo a cobrar o dízimo”.

         O guia que é da região da terra visitada vai parando para conversar com cada conhecido que não vê há tempos.  E a prosa tem assuntos de colheitas, saúde dos amigos etc.

         Na repartição pública “na parede lateral está suspenso um relógio antigo.   Está avariado, os ponteiros estão mortos”.

         Termo mizungo, equivale a mestiço.

         A viagem de barco foi de Beira até Buzi, sendo uma viagem por um rio e seu afluente.  Foram buscar informações sobre a mãe de Liana.    A que se atirou no mar junto com o namorado, ambos amarrados juntos para se suicidar porque os pais não deixavam eles se casarem.

         Capítulo 12 – Se os mortos não morrem.   Quem é dono do passado?

         Os papeis da PIDE – 6

         Adriano, pai de Diogo, era ateu.   “Estou a chegar aos cinquenta anos, altura em que a idade se vai tornando uma doença.”

         O desprezo da candidata a sogra portuguesa em relação a alguém (alguma pretendente) “de menor estatura”.    A sogra ao conhecer a futura nora:   “Tantas moças do nosso meio e foste buscar uma rapariga da aldeia!”

         A nora em carta à sogra depois de muitos anos.   Chorei e chorei muitos anos...  a senhora me obrigava a sentir vergonha de mim mesma”.

         Carta do Inspetor de Polícia – Óscar Campos

         O inspetor vê na rua protestos de brancos contra o exército que está supostamente lutando para defende-los.    “Alguém disse que a esperança alimenta multidões.”   Pois eu digo:  “O desespero cria exércitos alucinados”.   Estes protestos atingiram a honra da corporação. (do exército).

         “A Beira nunca foi nossa.   Eles elegeram o candidato da oposição.   O quase cego da família, um octagenário  ... “ser quase cego é pior que ser completamente cego...   “a cegueira total inspira compaixão.   Mas não ameaça ninguém.  A cegueira incompleta suscita meto.   Entre os da nossa família, nós nos indagávamos o que é que esse nosso tio era capaz de ver”.

     Um paralelo do militar.   Entre nós militares neste tempo de guerra.   Quem é o inimigo?

         Um dia o Inspetor devolveu o caderno de poesias inédito que tinha confiscado do poeta.   Ele não estava em casa e a esposa dele recebeu o caderno.    Estava sendo pintada a casa dela e ela, irada, pegou o caderno e enfiou dentro da lata de tinta.

         Continua no capítulo 08/10 

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