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sábado, 12 de fevereiro de 2022

CAP. 04/10 - fichamento - livro - O MAPEADOR DE AUSÊNCIAS - autor moçambicano - MIA COUTO

 cap. 04/10

 

            O da polícia para saber dados de Adriano Santiago (pai de Diogo) foi procurar a mãe dele.   Disse a ela que iria visitar em Moçambique o lugar onde ele vivia e que se interessava por ouvir dados do local.    E deu corda para ela ir falando.   "Uma pessoa daquela idade troca tudo por um momento de atenção".   A velha sabia que ele era Inspetor de Polícia, da PIDE Polícia Internacional e de Defesa do Estado.   

         A mãe de Adriano:   “Não se preocupe com meu filho.   O meu filho é um sonhador.    “Sonha com a política como sonha com as mulheres”.

         “O Adriano acha que a poesia é o mais poderoso dos explosivos”.

         A mãe de Adriano acha que ele quis sempre ser criança.   “É por isso que o Adriano escreve versos.  É por medo.  O meu filho tem medo de olhar o grande vazio de sua vida”.

         O Inspetor da Polícia quis saber o que o levou a ir par Inhaminga.  (o lugar onde o conflito estava mais acirrado)

         Ela sabia que a FRELIMO Frente Nacional de Libertação de Moçambique atuava por lá inclusive.    A Frelimo matou um maquinista de trem branco.

         O Sandro fez serviço militar e atuava na terra dele pelo colonizador, contra a guerrilha da Frelimo.

         A mãe do poeta fala ao policial.   Sobre o filho adotivo dela, o Sandro, ser atualmente militar.    “Foi mandado para o serviço militar.  Acho graça que se chame ‘serviço’ a ocupação que consiste em matar pessoas”.      “Meu filho Adriano não é fiel na política...  O meu filho será um eterno amante da vida, das mulheres e de devaneios poéticos.   O regime dele só existe em sonhos”.

 

         Papel 8 – Depoimento da vizinha Rosinha – vizinha da família de Adriano.

         A vizinha dizendo que a família de Adriano é muito doida.    ...”dona Laura, sendo mulher, se põe a ler livros na varanda à frente de toda gente.  Exibe-se assim, sem pudor, de manhã à noite”.

         ...”os pretos lá na tradição deles, são muito dados a visitar os familiares e, para eles, os parentes são todos misturados, os vivos e os mortos”.

         A vizinha diz que faz reuniões na casa dela, mas não são de política.   Ela é espírita.  E diz:   “O inspetor sabe dos segredos dos vivos.  Pois eu conheço os segredos dos mortos”.

         Papel 9  - Diário de uma mãe, Virgínia Santiago (mãe de Adriano)

         A esposa de Adriano, jornalista e poeta, que não impediu o marido e o filho Diogo a irem para o local dos conflitos, Inhaminga.     “...fazer as malas e vou sair desta cidade.   Não sei para onde.   Não saber para onde fugir é tão triste como ficar em casa”.

         Capítulo 5 do livro – Uma alma esburacada.

         Cita Lao Tsé:   “A lembrança é um fio que nos condena ao passado”.

         Encontro do poeta Diogo (filho de Adriano)  com uma vizinha e amiga de infância.    Camila, que veio com sua mãe Rosinda.    “Esta mulher que me abraça é linda e sabe da sua beleza”.

         A velha parente recordando a mãe do jornalista.   “A tua mãe dizia que na nossa cidade, tão fechada e cinzenta, faltar à verdade não era um pecado.  Era uma generosidade”.      O marido da velha, Vitorino Sarmento, dizia sobre o povo seu e os da colônia.   “Estes pretos, mesmo sendo estranhos, são todos da mesma família.   Que inveja dessa gente.   Nosso caso é inverso.  Somos parentes e nunca chegamos a ser família”.

         Rosinda, viúva, mãe de Camila, declara:    “Esta cidade que vai te libertar é a minha prisão.  Passo a vida em casa.”

         Na saída, Camila de forma escondida da mãe, deixa o número do telefone para o jornalista Diogo.   A mãe entrega a Diogo uma carta.

         O guarda do cemitério é Capitane, pai adotivo de Benedito e Jerónimo.

         Vitorino Sarmento (pai de Camila) tinha como criado o Jerónimo, tinha um quê com essa filha e ficou possesso quando pegou ela no flagrante com o criado Jerónimo no passado.    Montou uma farsa e matou o criado e a outra filha dele.     Por causa do crime que cometeu e pelo caso que tinha com a filha Camila, Vitorino ficou louco.    Toda noite tinha a visão de que o morto estava na porta de sua casa e que ele tinha que remover o corpo de lá.   Pirou.

         Em Portugal já tinha terminado o tempo do ditador Salazar no poder e já era tempo do presidente Marcelo Caetano.  

         Logo após o crime,  Vitorino internou Camila num hospital psiquiátrico sem indicação médica.    Mais adiante, Vitorino já louco, foi internado no mesmo hospital.   Mais ou menos no mesmo tempo que Camila foi liberada do hospital.    Vitorino morreu na cela dois dias depois.

        

                            Continua no capítulo 05/10

 

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

CAP. 01/10 - fichamento - livro - O MAPEADOR DE AUSÊNCIAS - autor: o Moçambicano MIA COUTO

Capitulo 01/10                leitura - fevereiro de 2022

 

         É o terceiro livro que li do moçambicano Mia Couto.  Gosto muito dos livros dele e do seu modo de se expressar, usando frases com belas metáforas que levam à reflexão sobre a vida e o comportamento humano.

         O autor destaca que é uma obra de ficção mas a obra caminha tangenciando o país na fase das guerrilhas contra o regime imperialista de Portugal.   A principal parte do livro transcorre em 1973, no final do regime colonial e em 2019 quando o protagonista visita os locais onde tem ligações com o povo.    O autor alerta que apesar da obra ser de ficção, os personagens tem perfil muito próximo de pessoas daquela região e época.

         Curioso é que também lá em Moçambique o autor usa um termo que deveria ser corrente no tempo colonial, chamando os povos originários de índios, tal qual chamavam no Brasil.

         Diogo, o protagonista, fala do pai que era jornalista e poeta português vivendo em Moçambique com a família.   Narra fatos do massacre de 1973 perpetrado pelo Exército português contra os que lutam pela independência de Moçambique.

         Capítulo 1 – Os que falam com as sombras.        Cidade de Beira, ano de 2019.

         “A poesia não é um gênero literário, é um idioma anterior a todas as palavras”.     O protagonista é o poeta Diogo Santiago.     Voltando à terra natal, Moçambique, ele filho de portugueses.  

         “Eis a minha doença: não me restam lembranças, tenho apenas sonhos.  Sou um inventor de esquecimentos”.

         ... o poeta...    tímido e recatado, sendo vítima de uma homenagem pública”.

         A moça do cerimonial vem convidar o poeta para tomarem uma bebida.   Ele recusa.    “Não posso – sou homem de incerta idade”.

         A moça Liana ao poeta:   Sou negra.  Aprenda uma coisa:   a raça está no cabelo.

         Carta de Liana ao professor poeta Diogo Santiago.   Carta junto com documentos de uma prisão pela PIDE, a polícia secreta da repressão em Moçambique, a serviço de Portugal.

         Após a revolução, queimaram os arquivos e o avô de Liana guardou os documentos da prisão do jornalista e pai de Diogo Santiago.     Diogo quer fugir das lembranças e agora tudo volta nessas cartas, relatórios etc.  Documentos que incluem cartas do próprio Diogo quando muito jovem escreveu ao pai então na prisão nos anos 70.

         ...”vou lendo as minhas próprias cartas”...    a caligrafia é parte do corpo, a minha escrita foi ganhando rugas com a idade.

         O avô de Liana era Inspetor da PIDE, da polícia repressora.     O professor Diogo pergunta se o avô de Liana ainda está vivo.    Ela responde:  “Acho que ele nunca esteve vivo”.    Ela pergunta:   O que veio fazer aqui na sua terra?.   Resposta:   - O meu médico disse que esta visita me apaziguaria as memórias.

         Você é casado?   Ele responde:   Não sei.

         Quando Diogo era garoto nos anos 70, a polícia (PIDE) um dia veio à casa dele e apreendeu o livro do poeta Adriano Santiago, pai de Diogo.

         Nome do livro apreendido:   Um Retrato em Busca de Feições.

         O poeta acordando, disse ao policial.   Este livro, não levam.   Os policiais disseram.   Vai você e o livro.

         Levaram o poeta de pijama preso e o público da vizinhança curioso, vendo tudo.

         Dona Virgínia, esposa de Adriano fala indignada aos policiais.    – Tudo isso por causa de um livro?

         A mãe de Diogo dizia que o marido não dormia porque não sabia nem arrumar a cama.    E perguntava para o filho Diogo:   “Que graça pode haver em nos deitarmos numa cama feita por mãos alheias?”

         O último momento dele ao lado do pai que morreu no hospital.    “Espreito a rua e perco a vontade de sair”.

         Depois de muitos anos, voltou à cidade da Beira para recuperar memórias e não consegue sair do hotel.

         ...quem sabe se de medo de descobrir que a minha vida se assenta numa falsidade.

         Diogo selecionando os papeis que recebeu que estavam sob a guarda do avô de Liana que era da polícia nos anos 70, quando o pai de Diogo foi preso.

         Liana estuda Letras e pretende ser escritora.  Ela tem pouco mais de quarenta anos.      Ela é órfã e foi adotada na infância.   Recebeu de tudo na nova família, mas não tem a sua história/memória.   Ela diz:  

         “Ando em busca das narrativas como um cego que procura o desenho no seu próprio corpo”.   Ela:   ...”foi por obediência ao seu pai que dizia que a arte maior do poeta era saber desperdiçar oportunidades.

         Nos tempos de militância, os intelectuais da região se reunia na casa de Adriano Santiago, pai de Diogo.   Eram chamados pelos policiais da PIDE de toupeiras brancas.    Cita o bairro da Manga na cidade da Beira.

         Diogo – volto à minha cidade em busca do passado e também busca de remédio para a depressão.    Diogo é professor e poeta.

         Os revolucionários da turma de Adriano Santiago, pai de Diogo, eram comunistas e apoiavam a luta do povo de Moçambique pela Independência.

         Continua no capítulo 02/10