cap. 04/10
O da polícia para
saber dados de Adriano Santiago (pai de Diogo) foi procurar a mãe dele.
Disse a ela que iria visitar em Moçambique o lugar onde ele vivia e que
se interessava por ouvir dados do local. E deu corda para ela ir
falando. "Uma pessoa daquela idade troca tudo por um momento
de atenção". A velha sabia que ele era Inspetor de
Polícia, da PIDE Polícia Internacional e de Defesa do Estado.
A mãe de Adriano: “Não se preocupe com meu filho. O meu filho é um sonhador. “Sonha com a política como sonha com as
mulheres”.
“O Adriano acha que a poesia é o mais
poderoso dos explosivos”.
A mãe de Adriano acha que ele quis
sempre ser criança. “É por isso que o
Adriano escreve versos. É por medo. O meu filho tem medo de olhar o grande vazio
de sua vida”.
O Inspetor da Polícia quis saber o que
o levou a ir par Inhaminga. (o lugar
onde o conflito estava mais acirrado)
Ela sabia que a FRELIMO Frente Nacional
de Libertação de Moçambique atuava por lá inclusive. A Frelimo matou um maquinista de trem
branco.
O Sandro fez serviço militar e atuava
na terra dele pelo colonizador, contra a guerrilha da Frelimo.
A mãe do poeta fala ao policial. Sobre o filho adotivo dela, o Sandro, ser
atualmente militar. “Foi mandado para
o serviço militar. Acho graça que se
chame ‘serviço’ a ocupação que consiste em matar pessoas”. “Meu filho Adriano não é fiel na
política... O meu filho será um eterno
amante da vida, das mulheres e de devaneios poéticos. O regime dele só existe em sonhos”.
Papel 8 – Depoimento da vizinha Rosinha
– vizinha da família de Adriano.
A vizinha dizendo que a família de
Adriano é muito doida. ...”dona Laura,
sendo mulher, se põe a ler livros na varanda à frente de toda gente. Exibe-se assim, sem pudor, de manhã à noite”.
...”os pretos lá na tradição deles, são
muito dados a visitar os familiares e, para eles, os parentes são todos
misturados, os vivos e os mortos”.
A vizinha diz que faz reuniões na casa
dela, mas não são de política. Ela é
espírita. E diz: “O inspetor sabe dos segredos dos vivos. Pois eu conheço os segredos dos mortos”.
Papel 9
- Diário de uma mãe, Virgínia Santiago (mãe de Adriano)
A esposa de Adriano, jornalista e
poeta, que não impediu o marido e o filho Diogo a irem para o local dos
conflitos, Inhaminga. “...fazer as
malas e vou sair desta cidade. Não sei
para onde. Não saber para onde fugir é
tão triste como ficar em casa”.
Capítulo 5 do livro – Uma alma
esburacada.
Cita Lao Tsé: “A lembrança é um fio que nos condena ao
passado”.
Encontro do poeta Diogo (filho de
Adriano) com uma vizinha e amiga de
infância. Camila, que veio com sua mãe
Rosinda. “Esta mulher que me abraça é linda e sabe da
sua beleza”.
A velha parente recordando a mãe do
jornalista. “A tua mãe dizia que na
nossa cidade, tão fechada e cinzenta, faltar à verdade não era um pecado. Era uma generosidade”. O
marido da velha, Vitorino Sarmento, dizia sobre o povo seu e os da
colônia. “Estes pretos, mesmo sendo
estranhos, são todos da mesma família.
Que inveja dessa gente. Nosso
caso é inverso. Somos parentes e nunca
chegamos a ser família”.
Rosinda, viúva, mãe de Camila,
declara: “Esta cidade que vai te
libertar é a minha prisão. Passo a vida
em casa.”
Na saída, Camila de forma escondida da
mãe, deixa o número do telefone para o jornalista Diogo. A mãe entrega a Diogo uma carta.
O guarda do cemitério é Capitane, pai
adotivo de Benedito e Jerónimo.
Vitorino Sarmento (pai de Camila) tinha
como criado o Jerónimo, tinha um quê com essa filha e ficou possesso quando
pegou ela no flagrante com o criado Jerónimo no passado. Montou uma farsa e matou o criado e a outra
filha dele. Por causa do crime que
cometeu e pelo caso que tinha com a filha Camila, Vitorino ficou louco. Toda noite tinha a visão de que o morto
estava na porta de sua casa e que ele tinha que remover o corpo de lá. Pirou.
Em Portugal já tinha terminado o tempo
do ditador Salazar no poder e já era tempo do presidente Marcelo Caetano.
Logo após o crime, Vitorino internou Camila num hospital
psiquiátrico sem indicação médica.
Mais adiante, Vitorino já louco, foi internado no mesmo hospital. Mais ou menos no mesmo tempo que Camila foi liberada
do hospital. Vitorino morreu na cela
dois dias depois.
Continua no capítulo
05/10