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quinta-feira, 7 de novembro de 2019

PALESTRA – TEMA SOBRE A MORTE EM DETERMINADAS CULTURAS (Ênfase no MÉXICO)



(resenha da palestra em si)

Palestrante: Melissa Grassi, graduada em Relações Públicas e estudos posteriores em áreas de humanas outras.
Local: Instituto Cervantes de Curitiba PR. 06-11-19 19-21 h
Anotações pelo Eng.Agr. Orlando Lisboa de Almeida
Tema que ela propôs:
Cemitérios como lugares de memória: as celebrações de finados no contexto íbero-americano.
O Renato, do Instituto Cervantes, ao dar as boas vindas ao público que lotou o auditório, disse que organiza projetos na área de história neste Instituto.
A palestrante atua pela prefeitura de Curitiba desde 2011 na área de cemitérios e comanda inclusive visitas guiadas aos mesmos segundo agendamento.
Há modalidades de visitas diurnas e visitas noturnas.
Ela esteve no ano passado num evento no tema no México e reuniu estudiosos de vários países. Assistiram lá em 02 de novembro a celebração do Dia De Los Muertos. Cada dois anos os pesquisadores se reunem num determinado país.
Morte – momento de aproximação e afastamento.
O Cemitério São Francisco no centro histórico de Curitiba tem 165 anos.
Por volta do ano 1030 da era cristã, monges começam os festejos do Dia de Todos os Santos e colocaram próximo o Dia de Finados para que as pessoas buscassem a santidade e também não se esquecessem dos falecidos da família.
Pelo século IV dC – sepultar familiar pertinho do túmulo de um santo era a busca de ganhar o reino eterno. Parte do processo de salvação da alma (cristianismo) era sepultar os entes queridos em solo sagrado nas igrejas ou no entorno dela.
Nesses tempos a média de vida do povo era em torno de até 40 anos, portanto uma vida breve e o medo de perder o direito à vida eterna no céu.
Mais recente, o apego a São Francisco de Assis, o sacerdote que voava segundo a crença. E que nos voos passaria pelo purgatório e muitas almas agarrariam a batina do santo ou os nós do cordão de cintura dele para serem resgatadas e irem para o céu. (ela brincou que seria um tipo de Uber para o céu)
Nesse tempo, a pessoa comprava a roupa tipo a batina de São Francisco para a veste do morto. Era quase um passaporte para o céu na crença do povo.
Além da roupa, se encomendava (mediante pagamento) um tanto de missas para a alma no purgatório para acelerar a passagem por lá rumo ao céu.
A palestrante cita até o exemplo de Clara, a avó dela, que toda noite rezava para as almas no purgatório para acelerar a ida delas para o céu. E ela acreditava piamente nisso e que essas almas em retribuição acordavam ela todo dia no horário adequado sem precisar de despertador.
Crença então da época, de que quanto mais se rezasse pelas almas no purgatório, mais rápido elas pagavam os pecados e iriam para o céu.
A Catedral de Curitiba tinha no passado quatro confrarias. Ela até citou o nome de cada uma. Cada confraria tinha seu túmulo para seus integrantes na Catedral.
No centro histórico onde há a igreja do Rosário dos Pretos, esta é de aproximadamente 1930 e foi edificada no local que havia uma igreja mais precária e bem mais antiga. Era também conhecida como a igreja dos Mortos, até porque ficava a caminho do cemitério São Francisco, logo mais acima do local.
Em certo tempo, havendo pestes nas quais morriam muita gente, o pessoal passou a achar que não era uma boa enterrar essas pessoas em igrejas ou ao lado delas, porque os “miasmas” emanados dos mortos contaminariam os vivos. Daí se buscou enterrar os mortos em lugar isolado e afastado das moradias. Passam a ter os cemitérios não vinculados a igrejas.
No México, herança católica num misto com crenças dos povos pré colombianos (Astecas e Maias).
01-11 – Dia de Todos os Santos
02-11 – Dia de Finados.
Ela e outros pesquisadores visitaram um cemitério na zona metropolitana da Cidade do México no Dia de Finados. Nesse dia choveu e até o motorista que as levou disse que elas eram azaradas, porque geralmente não chove em finados deles.
Eles tem um deus do infra mundo representado por uma figura humana pintada e de fígado grande. Comeria os mortos...
Passam a celebrar os mortos na mesma data dos colonizadores cristãos até por uma questão de evitar atritos;
Os feriados dos mortos no México é a maior Celebração popular do País.
28-10 – rezam pelos que tiveram morte violenta e suicídios.
31-10 – Dia das almas não batizadas
01-11 – Dia de reverenciar a alma das crianças finadas
02-11 – Dia de Finados (adultos).
Fala-se por lá da figura (e imagens) da Santa Muerte, mas ela disse que percebeu que por lá é um apego bem minoritário e não é bem aceito pela grande maioria do povo. Olham com estranhamento quem se apega a essas imagens.
Há nas vésperas grande venda de roupas e fantasias para o Finados, inclusive flores, velas, etc.
No dia dos mortos crianças, é mais festivo por assim dizer. Muitas crianças, inclusive de colo, com fantasia específica da ocasião.
02-11 – dia de Finados lá é o dia de visita em peso aos cemitérios. Ela disse que perto da data e na data, por todo comércio que se vai, se encontra o Altar dos Mortos.
Crença de que no Dia dos Mortos estes vem visitar os vivos da família. Eles queimam um produto chamado copal, tipo de incenso. Além de uso de velas, flores.
No cruzeiro do cemitério, ela viu algumas ossadas humanas como parte da celebração mas não conseguiu se inteirar dos detalhes de significado.
Flor de ? Tama puche, que lembra cheiro de cravo de defunto e que atrairia a alma para o lugar. Há flores da espécie de cores como branca, amarela, vermelha e fazem composição com petalas delas no túmulo tipo nosso tapete de Procissão.
Há dois personagens importantes lá, cujo nome ouvi como Caterina e Catrin, um casal de esqueletos. São vestidos com roupas chiques e fazem parte dos ritos.
São muito populares por lá na época de finados.
As famílias alimentam os mortos no dia de finados com coisas que eles gostavam em vida. Passado o dia de finados, o pessoal consome os produtos ofertados, mas dizem que estes perdem o sabor porque o morto teria antes saboreado o alimento.
Há inclusive o pão del Muerto. Ela trouxe uns exemplares do tipo para a plateia degustar. Adocicado e saboroso.
Acreditam que tem que cuidar bem do morto sempre porque se não o fizerem, a alma do morto pode ser recrutada por pessoas maldosas e assim a alma pode passar inclusive a agir contra o parente relapso.
Falou do Brasil em tempos atuais em que mudou muito o rito do sepultamento, que foi “terceirizado”. Antes o morto falecia em casa, era velado em casa, pranteado de dia e de noite se fosse o caso e depois, rumo ao cemitério.
Hoje em dia é comum a pessoa ser internada, morrer sem a presença de um ente querido do lado, muitas vezes ser cremado e as cinzas até espalhadas em algum lugar da natureza. Não fica uma referência de lugar de deposição do morto e tem havido casos de forte depressão de gente de família que adotou essa prática de espalhar os restos mortais.
Ela falou do arrependimento de fazer é menor que o arrependimento de não fazer.... ver o morto, etc.
                            orlando_lisboa@terra.com.br     






Um comentário:

  1. Interessante ter postado sobre a morte! Estava lendo seu post sobre a praça e me lembrei de quando era adolescente e toda vez que ia a Benedito Calixto passava por dentro do cemitério são Paulo atrás da casa dos meus pais. É interessante ver como as culturas "cultuam" seus mortos. Minha família por parte de mãe é japonesa e a morte sempre foi uma celebração, um culto a vida de quem foi. Sempre tive uma visão diferente dos amigos quanto a isso. Me lembro de estar brincando com os primos no enterro do meu avô. Só levamos um pito por causa da gritaria pois estávamos felizes por termos nos encontrado! Acho que meu avô gostaria que fosse assim!
    Lavar o túmulo era um evento infantil! Íamos todos com rodo, vassoura, escova, sabão. Era um momento para lembrar daqueles que já tinham partido. Nunca de tristeza!
    Estudei em frente ao cemitério da Consolação. Ao menos tentei! Kkk Passava horas passeando entre as lápides, nada mórbido! Tem obras lindíssimas. Personagens históricos de São Paulo.
    Minas Gerais também tem suas peculiaridades. Fui visitar uma vez o túmulo do Tancredo Neves e como era uma excursão da escola paramos de ônibus na frente da igrejinha aonde fica o cemitério. Já havia passado do horário... Ainda era cedo, não voltaríamos a cidade então foram convencer o pároco a abrir o cemitério para a tal visitação... Linda cena do por do sol! Muito sobre a história do Brasil.
    É uma pena a cultura brasileira ver como um local sombrio, de tristeza... Há tanta história nesses locais!
    Aqui em Brasília o cemitério é no formato parque. Abandonado, mal cuidado... Uma pena... Há tanta história da cidade a ser contada, pesquisada...
    O que eu gosto é pesquisar uma boa história! E há tanta história pra ser contada, lembrada e relembrada nestes locais!
    Hoje as pessoas estão tão imediatistas... Vejo pela minha filha, tem 15 anos. Tão alienada pela história do Brasil! Foi prós Estados Unidos no meio do ano e deixou de ir ao capitólio pelo calor! Mesmo que não se importe com a história do país... Mas pela arquitetura então deus do céu! Aquele prédio é lindíssimo! Mas enfim... Como mudar... Até os professores estão descrentes...
    Seguimos então firmes e forte com a nossa eterna curiosidade no conhecimento!!! Fala de exemplo com certeza não é!
    Grande abraço!

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