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quinta-feira, 19 de março de 2015

RESENHA DE PALESTRA COM O DR.EM ECONOMIA MARCIO POCHMANN - UNICAMP

RESENHA DE PALESTRA COM O DR.EM ECONOMIA MARCIO POCHMANN
                                   Professor da UNICAMP de Campinas-SP.   Setor Cesit/IE

Anotações pelo Engenheiro Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida
O evento foi nas dependências do Senge Sindicato dos Eng em Curitiba-PR   13-03-15
Organizador do evento:   IDP  Instituto Democracia Popular

     O evento contou com lideranças dos movimentos populares de Curitiba e região metropolitana.     O tema do evento foi:  ESTRUTURA E MOBILIDADE SOCIAL
     O IDP promoverá uma palestra com debate por mês até o final deste ano, sempre em temas sociais de interesse dos movimentos populares.   
     Os eixos do IDP – Direito à Cidade; Direitos Humanos e Direito ao Trabalho.

     O resumo da fala do palestrante Dr.Marcio Pochmann
     Na abertura da fala, ele destacou que no momento (passeatas/protestos) tudo está  contaminado pelo “curtoprazismo” e o noticiário atual.    Lembrou que aqui o plenário é um espaço alternativo no qual dá para analisar o cenário de forma mais ampla.
     No capitalismo há centros dinâmicos e periféricos.   Até os anos 90 os USA eram o centro dinâmico e de lá para cá o eixo vai se deslocando para a Ásia, com destaque para a China.   Um dos elementos a destacar é a moeda que até os anos 90 era o dólar e que passou a perder força no contexto mundial.   Outro fator é a força militar, esta que os USA tem de sobra.
     O Brasil tem uma das maiores zonas costeiras do mundo e nosso petróleo a explorar está concentrado no mar.   Por outro lado, temos pouca força de segurança para garantir esse patrimônio estratégico.    Como também temos pouca força de segurança para a imensa fronteira seca com os países vizinhos.
     Das 500 maiores empresas multinacionais do mundo, mais de 200 são americanas, se bem que nem todas estão localizadas nos USA.      Os USA, de 2008 a 2014, período de economia em baixa e em recuperação lenta, teve crescimento em todo esse período, de 13%, o que daria uma média de menos de 2% ao ano.   Nesse mesmo período porém, o mercado de ações deles cresceu bem acima de 100%.  Por outro lado, a remuneração do trabalho lá caiu nesse período.
     Os países emergentes estão tentando “sair” dessa ordem mundial polarizada pelos USA.   Nesse contexto entra a articulação do BRICS, a busca de nova moeda para as trocas, à margem do dólar; a busca de se criar nova empresa de Avaliação de Riscos Países para ter alternativa às viciadas e desacreditadas que estão no mercado mundial.  As mesmas que não alertaram (passaram batidas) com a bolha da sub prime dos USA.
     Nesse contexto também entra a criação de um Banco de Investimentos do BRICS como fonte de financiamento a países emergentes.
     A presidente Dilma se depara após a eleição com fraturas em dois pilares.   Falência do sistema político brasileiro, que é ilegítimo.   Foi bolado na Ditadura Militar por Golbery do Couto e Silva e está de longa data superado.   Os eleitos não tem sintonia com o povo e seus anseios.
     O sistema político atual permite por exemplo que menos de 3% do povo (empresários) tenham 42% dos cargos de deputados federais como representantes dessa categoria – empresários.
     Média de gasto para eleger um deputado federal no sistema vigente:  4 milhões de reais.    É mais do que o parlamentar vai ganhar como salário em todo o mandato.  Uma conta que não fecha....   A questão dos seus patrocinadores de campanha e a relação entre eles no mandato.
Nossa população é de 52% de não brancos e menos de 10% dos congressistas não são brancos.   Não se sentem representados.    O mesmo ocorre em relação à mulher.
     Em resumo, o Sistema Político atual não nos representa.
     Segundo pilar com problema.   O modelo de capitalismo.    Começou com JK nos anos 50 no BR.   Incentivo a grandes empresas privadas, indústria automobilística, rodovias, etc.   Começa lá a relação viciada entre o mercado e o Estado.    Assim continuou no Regime Militar.   Continua até os dias de hoje.    O que tem propiciado as chamadas Máfias.    Máfia na Saúde; Máfia na Educação; Máfia no Transporte...
     Lula e Dilma lutaram para manter o superávit fiscal do BR.   O então ministro Guido Mantega lutava para que buscássemos em 2015 um superávit fiscal de 2,5% do PIB.  Agora a meta é de 1,2% do PIB.    Disse que a meta da equipe do Aécio era de 2,5 a 3,5% do PIB    (iria impor sacrifícios aos pobres).
     A idéia da Dilma era um superávit menor para não afetar os mais pobres.   No governo Dilma o pais cresceu pouco, mas o pobre não sentiu muito.    No mundo de 2008 a 2013 houve perda de 75 milhões de empregos.     No mesmo período no BR houve aumento de 11 milhões de empregos.      Para conseguir isso o governo brasileiro fez concessões como renúncia fiscal, segurou o preço da energia elétrica e combustíveis, etc.    Foi positivo para manter o emprego e renda do trabalhador, mas não ensejou crescimento à economia.   De 2013 para cá as medidas tomadas pelo governo já não eram suficientes e terá que haver novas mudanças na economia.    Ele disse que agora é o momento do País fazer escolhas.
     Fez uma pequena retrospectiva de pressões da esquerda e os poucos resultados no BR ao longo do tempo.   Em 1926 a Coluna Prestes fez uma peregrinação e o resultado concreto foi quase nulo.   Em 1935 a esquerda forçou mas houve golpe logo em seguida.  Em 1964, idem, com instauração do Regime Militar.   Ele diz que a diferença é quando a esquerda reage.
     Nossa sociedade é pouco organizada.    Citou Getulio, que governava com pouco apoio parlamentar e foi buscar força para governar no povo.    Disse que o primeiro mandato do Lula foi morno e no decorrer do mesmo estourou o Mensalão.   O governo reagiu  e se fez o PAC e outras ações e o seu segundo governo foi melhor.
     Lembrou que a Dilma lá no passado colocou em risco sua vida na defesa do Brasil.  Poucos brasileiros fazem isso.    Falou que passamos da fase de criticar... agora a fase é de se lançar propostas. 
     Falou que a inflação aumentou principalmente por conta dos reajustes de energia elétrica e combustíveis.    O BR está com uma previsão de déficit nas contas públicas para 2015 na casa de 100 bilhões de reais.     A presidente lançou um conjunto de medidas ao Congresso recentemente e estas foram rejeitadas pelo mesmo.   É uma questão a ser resolvida entre o Executivo e o Congresso.
     Disse que o empresariado brasileiro, com o real valorizado, está mais propenso a comprar fora do que fabricar bens aqui.   Assim gastamos divisas e se reduz os empregos e impostos.   Como está a economia, se formos “crescer” vamos comprar mais lá fora, agravando a situação.     Por isso uma solução é desvalorizar o real em relação ao dólar.    Isto desestimula o empresário a comprar lá fora e a alternativa é voltar a produzir aqui, gerando emprego, impostos, divisas, etc.    Falou que seria normal o real desvalorizar até certo ponto em benefício da nossa economia e evitar redução dos empregos.
     Antes de FHC pagávamos ao redor de 1,8% do PIB em serviço da dívida pública.   Com FHC chegamos a pagar até 12% do PIB, o que era um tremendo sacrifício principalmente para os trabalhadores.   Do governo Lula pra cá, estamos pagando ao redor de 6% do PIB, que ainda é alto, mas é a metade do que já se pagou.  Menos sacrifício.
     A Petrobrás é grande e gera ao redor de 13% do PIB atual.   A problemática atual do Lava Jato afeta a empresa e vai até certo ponto afetar nossa economia.     Temos que olhar para o futuro.   Estamos numa época no BR em que a credibilidade dos políticos está em baixa, assim como as lideranças dos trabalhadores, dos estudantes, etc.  Fica desarticulada a ação dos movimentos sociais para a luta, mas cabe o desafio.
     Nós não estamos acostumados com a direita  nas ruas no BR.   Mas lembrou que a direita já foi às ruas em várias ocasiões na nossa história.   Inclusive quando esta apoiou a Ditadura Militar de 1964.    Ele disse que ao menos dá para ver com mais clareza quem é da direita hoje. 
     Falou que a corrupção é grave e, claro, deve receber combate implacável, mas pode não ser a questão central do BR.   Precisamos de reforma política, reforma tributária, etc.  
     O filho do rico está ficando mais tempo fora do mercado de trabalho até fazer a faculdade e mesmo a pós/mestrado, etc.    Depois este acaba entrando no mercado de trabalho com os melhores empregos e salários.
     O Lula construiu seu governo apoiado pelos derrotados (os pobres) dos anos 90.  Trouxe empregos, salários, moradia, etc.     Antes do governo Lula, a massa de salários no BR era de 38% do PIB.    Ao final do governo Lula, a massa salarial era de 48% do PIB.   O BR distribuiu renda no período, ao contrário do que ocorreu com países como México e Colômbia que cresceram mais que nós, mas não distribuíram renda.
     Disse que Jango (João Goulart) propôs em seu governo (1963) as Reformas de Base que eram excelentes para o País, mas sofreu tamanha reação que resultou no Golpe Militar.   Não teve apoio para implantar suas reformas – necessárias, por sinal.
     Temos que superar o medo de ousar.   Deixar de ser governados pelos que já morreram.   Ousar.

     Isto foi o que consegui anotar da fala dele que deverá estar já no Youtube, ligada ao evento do  IDP.    (março/2015).    Eventuais falhas aqui ficam por minha conta como anotador.



     

quinta-feira, 5 de março de 2015

RESENHA DO LIVRO – CHATÔ O REI DO BRASIL (final)

     RESENHA DO LIVRO – CHATÔ O REI DO BRASIL   (final)
     Autor do Livro:  Fernando Morais -    resenha por Orlando Lisboa de Almeida

     Página 574 -  Juscelino (JK) ganhou a eleição para presidente e seu vice foi João Goulart, que era de outro grupo político.   Na época não era por chapas.
     616 – A revista O Cruzeiro estava perdendo leitores e Adolpho Block lança a revista Manchete.   (início dos anos 60)
     633 – Em 1962 se suicida Péricles de Andrade Maranhão (cartunista) , o criador do personagem Amigo da Onça, que foi sucesso por décadas na revista O Cruzeiro.
     635 -  Quando um dos filhos de Chatô, ainda jovem, quebrou uma perna esquiando, o pai lhe mandou dinheiro.  O filho respondeu ao pai com um telegrama:  “Não quero dinheiro, quero um pai”.
     637 – Chatô já tetraplégico (teve trombose cerebral dupla), em 1963, se reúne com as raposas da política nacional para apoiar o Golpe Militar de 1964.   Ainda era muito influente.
     639 -  Comenda da Ordem do Cruzeiro do Sul.   Deve ser a maior que o BR costumava dar a pessoas de relevância.   O presidente Janio Quadros tinha dado a Fidel Castro e Guevara a Ordem do Cruzeiro do Sul.    Mais adiante, já na Ditadura, foi oferecida essa comenda a Chatô e ele se recusou a receber por causa do tempo do Janio e a condecoração a Fidel.
     646 – Em SP, reuniões na Casa Amarela com altas patentes militares e políticos influentes para preparar o golpe militar de 1964.    Jantares oferecidos pelo Chatô para agregar o “povo” golpista.
     647 -  Quando foi aprovada  lei com jornada de cinco horas para jornalista, Chatô ficou fulo da vida.   “Dentro do seu ofício... não pode se sujeitar ao relógio, porque a notícia não acontece com hora marcada.”
     647 – Lima Duarte, da TV Tupi, lia vários dos discursos do Chatô para os convivas (pré Ditadura) nos jantares conspiratórios na Casa Amarela  (do Chatô).
     650 – Chatô, se reconciliando com seus desafetos.   Sempre iniciativa dele.
     653 – Campanha do tempo da Ditadura Militar  (Dê Ouro para o Bem do Brasil).  (observação do resenhista:   Eu me lembro disso e tinha uns 16 anos na época).
     Segundo o livro, que fizesse doação, recebia o anelzinho da campanha e era considerado membro da “Legião Democrática”.    (me lembro de ter visto o anelzinho).
      664 – Em Moscou, Chatô visitou no museu Hermitage, inclusive obras da Expedição do Barão de Langsdorff ao Brasil.
     667 -  A Globo do Roberto Marinho e os contratos escondidos com a Time-Life que passaria a deter 49% do capital da Globo.   Pela lei empresa estrangeira não podia e não pode ser dona no setor de imprensa no Brasil. 
     668 -  Edmundo Monteiro, diretor dos Diários Associados depois entregou o ouro ao afirmar que essa empresa quase fez uma parceria na época com a TV ABC dos USA.  O que seria também ilegal.    E isso foi antes da Globo fazer de fato a parceria com a Time-Life, da qual o Chatô desceu a lenha através dos Diários Associados.
     670 – Essa “parceria” da Globo com a Time-Life teria sido com o dedo do político Roberto Campos que tinha o apoio dos USA para suceder Castello Branco.   No BR o pessoal da esquerda chamava o Roberto Campos de Bob Field, por ele ser ativista pró americano.    Na refrega, Chatô chama Roberto Campos de Casca de Ferida.
     671 -  A briga entre os dois Robertos, o Marinho e o Campos, pela mesma causa (o $ dos USA para a Globo).   Chatô se referia a eles como Roberto Africano (o Marinho) e Roberto Americano ao Campos.
     672 – Em 1966 o Grupo Abril lança a Revista Realidade para ocupar o espaço que era de O Cruzeiro (esta, dos Diários Associados).
     674 – Decreto do final do governo do Castello Branco limitando a cada grupo de comunicação – máximo de cinco estações de TV por grupo.   Começou aí a derrocada dos Diários Associados.
     677 -  O prédio da Vila Normanda (que foi a mansão de Chatô no RJ) foi vendido, demolido e no local fizeram um prédio com o nome de Vila Normanda.
     677 -  Chatô (Diários Associados) vendeu a TV Cultura de SP ao governo do estado com cláusula de que esta não exibiria comerciais em toda sua existência.
     678 -  Ministro Carlos Medeiros da Silva, da Justiça, que redigiu o AI 1.  Ato Institucional – da Ditadura de 1964.
     683 -  Cita discurso no RS de General que se opunha aos rumos da “Revolução de 1964” e a chamava de Ditadura.  Muito interessantes os seus argumentos.
     685 – Paulo Pimentel (foi político no PR) fez festa para batizar uma cidade com o nome do Chatô.   A cidade de Assis Chateaubriand.     Na ocasião Pimentel era governador do estado.
     689 -  Chatô chegou a usar os serviços do então renomado Zé Arigó, mineiro de Congonhas do Campo, que fazia inclusive cirurgias em ritual mediúnico.
     693 – Chatô morre no dia 04-04-1968.   O governo de SP dá o seu nome ao MASP, inclusive porque Chatô era apreciador das artes plásticas.              (final)