Total de visualizações de página

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

PALESTRA COM O PROCURADOR DELTAN DALLAGNOL - LAVA JATO

RESENHA DA PALESTRA DO PROCURADOR DELTAN DALLAGNOL – LAVA JATO
Anotações feitas pelo Engenheiro Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida
Palestra realizada dia 26-08-15 no Teatro do Colégio Santa Maria (Marista) Curitiba-PR
Promoção do Rotary Club Curitiba Marumby
Tema: A SOCIEDADE CONTRA A CORRUPÇÃO
Na abertura foi lembrado que hoje é o Dia do Voluntariado
O Procurador Deltan ingressou aos 22 anos de idade na área jurídica do serviço público e tem doutorado em Harvard. Especialista em apurar crime financeiro. Começou a atuar no ministério público em 2002 e em 2005 atuou no caso das CC 5 do Banestado. Adiante, na fala dele, há umas cifras desse caso que ainda não teve um desfecho.
Foi dito pelo anfitrião do evento que os jovens estariam desanimados com o Brasil. Ficou até a questão: Mudar do Brasil ou mudar o Brasil?
A fala do Dr.Deltan – ele é o Coordenador da Força Tarefa que apura o caso Lava Jato.
No ministério público federal sua tarefa é técnica, imparcial e apartidária, segundo o mesmo.
Caso Lava Jato - Foram feitas 20 denúncias contra 104 pessoas. Houve 12 acordos de colaboração premiada. Recuperado até agosto-15 1,5 bilhão de reais. Foram 36 pedidos de cooperação internacional para ajudar a apurar os desvios.
Mostra como a ponta do iceberg uma cifra reconhecida de 6,2 bilhões de reais de desvios.
Ao longo do tempo no Brasil a estimativa é que a corrupção gira em torno de 200 bilhões de reais. Mostrou mapa da corrupção no mundo e o problema é generalizado em maior ou menor grau, com destaque para a Ásia em incidência. Numa escala dos menos corruptos aos mais, o BR ocupa a 69ª posição. Isto no mapa da Transparência Internacional – uma ong.
Mostrou o vídeo de uma reportagem de um advogado que declarou: No BR uma prefeitura não consegue colocar um paralelepípedo no calçamento de uma rua sem correr propina.
Para mostrar que o problema da corrupção vem de longe no BR, lembrou que um dos colonizadores logo no início da colonização deixou claro que não vieram para fazer o bem, mas para levar os nossos bens. Ouro, madeira, etc.
Sobre a corrupção, disse que temos que conhecer um pouco do inimigo.
Diante dos fatos o Ministério Público Federal sugere que a Nação tem que propor mudanças sistêmicas para agilizar as averiguações e rapidez e mais rigor na lei para poder efetivamente punir os culpados. Atualmente as penas são brandas e são tantas instâncias para o réu recorrer que acaba desaguando tudo em prescrição e impunidade dela resultante. Isto tem que mudar através da mudança na lei. O MPF propôs um rol de 10 Medidas para alcançar essa mudança sistêmica e elas estão no site, no qual também há o formulário para os abaixo-assinados em apoio. Pretende-se colotar 1,5 milhão de assinaturas para entregar ao Congresso e lutar para que as leis sejam alteradas e assim conseguir criar meios para averiguar e punir culpados.
www.combateacorrupçao.mpf.mf.br/10-medidas (fazer busca na internet)
Corrupção – duro de descobrir, duro de provar, risco de anular o processo (por algum detalhe), demora na tramitação, risco de prescrição, penas brandas. Situação atual.
Quando conseguimos executar a pena, esta vai de 2 a 12 anos independente do valor desviado. E cumprido ¼ da pena o réu já tem direito ao indulto. Hoje o desonesto ve nisso a impunidade e acha que vale a pena o crime do gênero. Corrupção e impunidade andam de mãos dadas. Tem que mudar isso.
Citou alguns especialistas mundiais em combate à corrupção, sendo um deles Michael Sandel.
Estudiosos tem feito estudos de custo e benefício no caso de combate à corrupção. Confronta fatos e leis dos países sobre o tema. Corrupção é um crime racional. O do delito analisa se vale a pena o risco para o benefício.
Hong Kong era um caos em corrupção. Fizeram mudanças severas nas leis ao ponto de muitas empresas se mudarem para outros países. Hoje estaria em 16º lugar no ranking da corrupção, partindo dos mais honestos. Mudou muito para melhor. (Relembrando, o BR em 69º lugar)
Ele disse que hoje há uma janela de oportunidade de mudar isso no Brasil. Citou a respeito inclusive uma frase do historiador (não me lembro bem o nome) ? José Murilo de Carvalho.
Voltou a falar das 10 medidas propostas para mudança da lei visando o combate mais efetivo da corrupção. Destacou que o Juiz Sergio Moro foi o primeiro a assinar o abaixo assinado sobre as 10 medidas.
Disse que nós cidadãos também temos que rever nossos costumes e combater as pequenas corrupções do dia a dia. Não tentar subornar o guarda de trânsito, não ocupar vagas de cadeirantes, não levar material de escritório da empresa para casa, etc.
Teste em NY onde deixaram 20 carteiras com dinheiro e documentos (inclusive endereços/fones) em lugares distintos pela cidade. Todas foram achadas e devolvidas. Como seria por aqui?
É proposta inclusive a criminalização do enriquecimento ilícito. Fica o réu na situação de ter que tentar provar a origem da sua riqueza, quando é colocada em dúvida.
Pretende-se que a corrupção seja colocada como crime hediondo na lei e penas maiores, de 12 a 25 anos. Penas maiores para valores acima de R$.80.000,00 em valores atuais. Ler as medidas no site do MPF.
Sobre a morosidade que gera impunidade citou um caso que se chamou Propinoduto dos fiscais do RJ. Ocorreu o evento em 1999/2000. Dos sucessivos julgamentos em diferentes instâncias, um destes ocorreu em 2014 (em terceira instância). A maioria dos crimes já estão prescritos no caso e ainda há recursos. Estima-se que o desfecho será por volta de 2021. Corrupção comprovada, 36 milhões de dolares bloqueados no exterior, mas não vai dar em nada, infelizmente.
Dentre as medidas propostas está a recuperação do lucro derivado do crime.
Não perca a capacidade de se indignar com a injustiça, conclama ele. Se o brasileiro é aquele que não desiste nunca, nós não vamos desistir do Brasil, completa.
Caso Banestado – lavaram 35 bilhões de dinheiro de corrupção. Houve uma porção de ações penais, só uma ainda tramita. Não alcançaram o objetivo.
Ele disse que no caso o nosso sistema é feito para não funcionar e temos que mudar isso.
Somos convidados a:
Colher Assinaturas no abaixo assinado para as 10 medidas propostas pelo MPF
Enviar cartas de apoio a essas medidas
Ação em 02-09-15 quando os abaixo assinados serão entregues ao Congresso.
No Facebook. Mude.chega
Não devemos desistir dos nossos sonhos. Temos que agir para mudar tudo isso.
Contato: comunicação - Liliana F. Pereira lilianafrazao@mpf.mp.br
Na ocasião o palestrante recebeu do Rotary o Título de Companheiro Paul Harrys, uma elevada distinção a quem tem ações marcantes dentro dos princípios que são caros ao clube.
No agradecimento geral que ele fez, destacou que o trabalho que faz é em equipe e agradeceu à equipe citando inclusive o apoio dos estagiários. Um gesto cidadão.
A palestra durou uma hora e foi bem concorrida e nos parece que cumpriu com o objetivo.
orlando_lisboa@terra.com.br

sábado, 8 de agosto de 2015

RESENHA DAS PALESTRAS DE PROFESSORES DA UNICAMP



Anotações feitas pelo Eng.Agr. Orlando Lisboa de Almeida
             orlando_lisboa@terra.com.br
Data e local:   07-08-2015 no auditório do Senge Sindicato dos Eng. do PR
Promoção do IDP Instituto Democracia Popular de Curitiba (foco na luta pela regularização das ocupações urbanas)

Tema:    O mundo do trabalho na atualidade
Palestrantes – Professores da UNICAMP – Amilton Moretto e Eduardo Fanhani

Resumo das falas do professor Amilton
     As pessoas de melhor condição econômica no Brasil comumente acham que o miserável é assim porque não tem iniciativa, é vagabundo.
     Lembrou que muitos dos que recebem Bolsa Família tem emprego, mas ganham abaixo do necessário e a Bolsa Família acaba sendo importante no contexto.
     Citou a escala usual na condição -   Indigentes, pobres, vulneráveis, outros.   
     Nos dias atuais é comum o setor de RH Recursos Humanos das empresas ter como ponto de corte a exigência de segundo grau aos candidatos a emprego.   As pessoas das classes mais baixas da população, por falta de oportunidade, tem escolaridade abaixo do segundo grau e acabam ficando de fora na disputa pelas vagas.     Baseado nessa constatação, fica demonstrado que mesmo havendo aquecimento do mercado de trabalho, os menos favorecidos acabam ficando de fora dos empregos formais.    Pesquisas revelam isso.    
     Do ano 2000 para cá, tivemos uma melhoria significativa na distribuição da renda no Brasil.   Mas ainda a injustiça social é grande em nosso País.  Em 1970 os pobres no Brasil eram 60% da população total.   Citou bastante dados do PNAD Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar – IBGE.
     O crescimento da nossa economia de 2000 para cá ficou entre 3,5 e 4% ao ano com melhoria do emprego e renda.  Reduziu a pobreza no País.
     A política de reajustar o Salário Mínimo acima da inflação na década também ajudou a melhorar a distribuição de renda.
     Falou da moradia popular e lembrou que além de abrigar a família, muitas vezes é também um local onde o morador elabora produtos para obter renda quando não tem um emprego formal.
     Mostrou dados oficiais (IBGE) de 2010 sobre as residências de pessoas pobres que vivem com renda familiar de até R$.70,00 por mês.  Pelo Censo Demográfico de 2010, temos no Brasil:
     4.009.433 domicílios cujas famílias ganham até R$.70,00 por mês.
Destes domicílios:
     42,6% sem abastecimento de água potável
     32,1% sem banheiro
     44,4% sem coleta de lixo
     66,4% sem esgoto sanitário
      7,6%  sem energia elétrica domiciliar
     Ele citou uns dados que foram publicados na Folha de São Paulo em fev/13 com resultados da Auditoria Cidadã da Dívida pública brasileira.
     Percentual do Orçamento da União:
     0,04% aplicado em saneamento básico
     3% em educação
     44% em juro e parcelas pagas da dívida pública.
     Comumente quando há corte no Orçamento da União, os itens mais afetados são os que atendem as pessoas de baixa renda.
     O governo está elevando a taxa de juros buscando reduzir a inflação.  O pesquisador disse que há outros meios de combater a inflação sem elevar os juros que elevam nossas dívidas.
     Defende obviamente que se gaste com critério e se corte despesas desnecessárias, mas o caminho atual não tem sido a melhor forma.
     Lembrou que o desemprego em 2002 quando o Lula assumiu era de 12% e foi caindo para abaixo de 6%.   Agora com as condições desfavoráveis da economia, o desemprego está se elevando.
     Ele disse que foi constatado por estudos que um dos grandes problemas do nosso mercado de trabalho formal é a rotatividade da mão de obra.   Ao ponto de ocorrer o seguinte:   Nestes tempos em que houve aumento do emprego, por conta da rotatividade da mão de obra, também houve aumento do pagamento de seguro desemprego.      Defende que há de se atacar as causas da rotatividade da mão de obra.   Citou dados do FAT Fundo de Amparo ao Trabalhador – do Ministério do Trabalho.    De 2003 a 2013, um período de elevação do emprego, houve uma elevação de 70% no número de beneficiários do seguro desemprego por conta da rotatividade acima citada.

                  Estes foram os dados que consegui anotar da fala do professor, da forma que consegui entender e espero que seja útil às pessoas que buscam um entendimento maior sobre o tema. 
    
(a segunda palestra, do Professor Eduardo Fanhani eu publico logo que colocar a mesma no Word)