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domingo, 10 de setembro de 2017

RESUMO DA PALESTRA DO PROFESSOR MARCOS POCHMANN (DA UNICAMP) NO 11º CONSENGE EM CURITIBA PR (SET/17)

RESENHA DA PALESTRA DO PROF. MARCIO POCHMANN NO 11º CONSENGE EM CURITIBA – PARANÁ  - 07-09-2017

     Consenge – Congresso Nacional de Sindicatos de Engenheiros
     Assisti a palestra e fiz as anotações do que pude destacar, dentro do entendimento que tive da fala.   
     TEMA: “Soberania, Desenvolvimento e o Papel do Estado Brasileiro”
     O palestrante é graduado em Ciência Política e tem Doutorado na Unicamp em Economia.    É pesquisador e professor da UNICAMP.
     Revela-se o acirramento da luta de classes no Brasil.  Disse que no enredo do “livro” da nossa história, o golpe pode ser apenas um capítulo de um conjunto de ações no qual podemos tomar rumos positivos como resultado da luta.
     Entre as décadas de 30 a 50 fomos o país que mais cresceu no mundo, mesmo contrariando os interesses dos USA.    Ele citou Osvaldo Aranha e seus planos para o desenvolvimento do Brasil.
     Diz que naquelas décadas, o Brasil optou por um foco na urbanização e industrialização.    Estamos com 195 anos de independência, mas sabemos que ainda há muita dependência.
     Perdemos recentemente uma batalha, mas não perdemos a guerra.
     O trabalho é uma variável dependente da capacidade de produção.   Há uma visão do trabalho labor, trabalho para a sobrevivência e que geralmente é alienado.     Ele falou do trabalho heterônomo – pela sobrevivência.
     O Brasil hoje é produto de pressão que vem de fora.   USA – 2008 e o estouro da bolha.   Reflexo pelo mundo.  Crise complexa.   USA deixa de ser a centralidade do capitalismo mundial.    Perde parte da capacidade de produção e trabalho; sua moeda perde força; suas forças armadas perdem poder relativo no contexto global.
     Antes dos USA, foi a Inglaterra a potência mundial.   Os USA passaram a potência mundial do período das Guerras para cá.
     O cenário atual é de MULTIPOLARIDADE de poder econômico e político.   Polos como China, Rússia, Alemanha, Índia, África do Sul. 
     A China desponta.     Lá fora, alguns países se prepararam para suportar as pressões.   Citou os casos, como exemplo, de Turquia e Venezuela.   Reforço das forças armadas, mexer na formatação da justiça para ter posição.    Politizar a classe baixa da pirâmide social.  Quem não fez essa lição de casa não tem resistido às pressões que vem de fora.
     China e os outros tigres asiáticos formam a nova Rota da Seda.  Eles tem o capital de 26 trilhões de dólares (quase o dobro do PIB dos USA que está na casa dos 15) para aplicar em outros países.  Essa hegemonia de capital gera poder geopolítico.
     O cenário também mostra mudança na sociedade urbana mundial, Brasil no meio.    (clique no local lindicado para abrir a continuação....)

     O Brasil passa de comércio e indústria para uma economia com predomínio do Setor de Serviços.     Muda muita coisa e a sociedade se reorganiza.     Ascenção dos Pentecostais no Brasil.
     Superamos a fase agrária e nossa indústria se assenta em ofícios, inclusive numa herança dos imigrantes que para cá vieram.     Nos anos 20 a 50 do século passado, vem a industrialização e surgem os sindicatos.    Estes que ocupam na época espaço de socorrer o trabalhador em tudo:  Política, assistencial, previdenciária, etc.
     Anos JK Juscelino (década de 50)  - Plano de Metas.    Incentivou grandes empresas, tanto nacionais estatais como indústrias multinacionais como a indústria de automóveis.
     Luta por salários e condições de trabalho.    Fase de especialização dos sindicatos.     Se formam por categorias profissionais.    Metalúrgicos, bancários, petroleiros, etc.
     A luta política em nossos tempos atuais não é mais via sindicato, este que perde a condição de formar quadros no tema político.
     Não há mais arte operária, gastronomia operária, poesia operária, etc.
     Estamos migrando para o mundo dos Serviços e isso muda muita coisa no mundo social e no mundo do trabalho.   As estruturas atuais, inclusive os sindicatos, enfrentam uma sociedade nova e não entendem a mesma e não há sintonia entre as partes.     Destacou que a economia global tem se transformado rumo à maior ênfase ao setor de Serviços em detrimento da indústria e comércio, ao ponto do Brasil, após a indústria e comércio representarem algo ao redor de 40% do PIB, voltar para ao redor de 10%, índice próximo do que tínhamos em 1910, antes da industrialização.
     Estamos ficando “colados” via web e não conseguimos nos descolar do trabalho pela ligação via internet, inclusive com o trabalho.   Tem aumentado o nível de depressão e mesmo de suicídios.
     Recente pesquisa demonstrou que em cada 10 pesquisados que entraram no mercado de trabalho, só dois se filiaram a sindicato.  Dos oito restantes, quatro disseram que os sindicatos não os representam e os outros quatro acreditam na ação sindical mas não foram “procurados” e se sentem meio órfãos do tipo de apoio que esperam dos sindicatos.
     O atual sistema de trabalho e suas pressões.   Trabalho intermitente, etc.   Nem a família, nem os sindicatos abrigam o desempregado.   Ao contrário, as igrejas (principalmente as pentecostais) os recebem de braços abertos.   Igreja dá pertencimento – lá as pessoas são ouvidas em suas dores.    Espaço coletivo que interage com as pessoas.
     Os sindicatos atuais só têm foco no econômico.    Já os patrões têm (via entidades deles) tem até universidades para passar seus valores e interesses aos trabalhadores.
     Os sindicatos de trabalhadores não estão abrindo o leque para ter mais sintonia com seus representados em termos políticos, culturais, etc.
     O governo atual está estrangulando financeiramente o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos).    Além do mais, dos mais de 5.000 sindicatos, algo de apenas uns 700 contribuem com o DIEESE e os sindicatos não tem departamento próprio para gerar dados sobre a base dos trabalhadores e buscam isso no DIEESE para celebrar acordos.   Usam dados do DIEESE e não ajudam no fomento do mesmo.     
     O palestrante, diante do quadro adverso ao universo sindical, fez mais uma colocação interessante para reflexão do meio.    Os sindicatos comumente têm profissionais de jornalismo em seus quadros e produzem bastante material, mas não há uma articulação para terem mais potencial e de afinarem o discurso para enfrentarem as adversidades e passarem as mensagens do setor, do mundo do trabalho.     Na soma os sindicatos teriam mais jornalistas que os maiores meios de comunicação do Brasil.    Poderia ter mais penetração com uma estratégia mais articulada.     Ressaltou também que em geral os sindicatos fazem pouca pesquisa para estabelecer parâmetros para atuarem de forma mais adequada.
     Citou o problema de falta de renovação nas diretorias dos sindicatos.    Falta também haver mudanças na estrutura dos  sindicatos.       Olhar o operário não só em seu local de trabalho.  Olhar também para a situação dos empregados terceirizados.    Destacou que prefeituras tem passado a buscar novos empregados via Menor Preço.    Os concursos vão ficando para trás.  
     O desafio de reciclar e preparar melhor os dirigentes sindicais e que estes conheçam melhor a realidade dos seus representados.
     Disse que em certos aspectos a direita é mais ágil.   Caso das igrejas e da propaganda na mídia.
     Os desafios são grandes e a vontade de superá-los é maior ainda e o plenário cheio com os debates trazem essa certeza.

                  www.resenhaorlando.blogspot.com.br   

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