Total de visualizações de página

terça-feira, 12 de junho de 2018

RESENHA - REUNIÃO ALIMENTO SEGURO - QUESTÃO DOS AGROTÓXICOS - COM O MINISTÉRIO PÚBLICO DO PARANÁ - MAIO 2018

RESENHA DE REUNIÃO NO MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
Tema:    Agrotóxicos  (Reunião Alimento Seguro) – data:  16-05-2018
     A convite formal ao CREA PR, participamos de uma da série de reuniões promovidas pelo MP para tratar da questão dos agrotóxicos e seus desdobramentos no meio ambiente, na saúde pública e afins.     Consta que esse verdadeiro Forum Permanente com essa pauta já tem cinco anos e se busca o uso mais racional dos agrotóxicos no âmbito do Paraná. 
            Pelo CREA PR nesta ocasião participaram:  Eng.Agr.Almir Gnoato, Coordenador da CEA Câmara Especializada de Agronomia do CREA; Eng.Agrônomo Ricardo Araujo – Assessor da CEA do CREA PR, Eng.Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida – Conselheiro do CREA PR e Gestor da Fiscalização do CREA em 2018; Eng.Químico Tiago, Agente Fiscal de carreira do CREA PR.
            A reunião foi dirigida pelo anfitrião do MP Procurador da Defesa do Consumidor, Dr Ciro Expedito Scheraiber.   Havia em torno de 28 pessoas presentes, quase todos de formação técnica no ramo como Engenheiros Agrônomos e Médicos Veterinários.    Alguns nomes que anotei:  Xenia Nassif (MP), Eng. Agrônoma Elisangeles da FAEP, Adriano da ADAPAR (Diretor de Defesa Agropecuária da ADAPAR), Marcilio da ADAPAR, Ana Lucia M. Peixoto,  Paulo Cezar Vidal da Emater PR, Eng.Agr. Ivo Melão do CPRA Centro Paranaense de Referência em Agroecologia (pesquisador), Eng. Agrônomo Marcos Andersen – da SESA Secretaria da Saúde do Paraná, Caratina Ruaro, Médica Veterinária, Hugo Reis Vidal, FEAPAR Federação dos Eng. Agrônomos do Paraná, Julio Veiga Filho, da Agroecologia da Emater.
            O Dr Ciro sugere que o Pleno desta reunião (Forum) dê autorização para o MP assinar termos de cooperação com os municípios nessa tarefa.
            O MP com o recebimento de laudos que contém problemas (resíduos de agrotóxicos), vai mapear em banco de dados para agir mais articulado.
            O Eng.Agr. Marcos Andersen começou uma apresentação de dados:
            A SESA Secretaria da Saúde através do departamento que ele atua, monitora cinco CEASAS e por amostragem, a qualidade dos ingredientes da merenda escolar nas escolas públicas estaduais do Paraná.    Acompanham a questão sanitária.
            Já o MAPA Ministério da Agricultura e Pecuária conta no PR com 15 fiscais, que o representante considera um número bem restrito para atender uma demanda de monitorar alimentos e bebidas no Paraná, do que vem de outros estados e também do que vem da importação, cuja segurança também tem que ser atestada pelo MAPA.   Não vê como estender mais a atuação além do que já fazem nas funções de rotina.
            Foi citado no evento o Livro de Ordem que está em fase de implantação, no qual o pessoal da Engenharia terá que anotar dados que permitirão facilitar a rastreabilidade inclusive de agrotóxicos.
            O Dr Ciro destacou que o CNMP Conselho Nacional do Ministério Público está articulando uma ação no tema agrotóxicos em âmbito nacional.    Frisou que a atual lei dos agrotóxicos é de 1989 e está em fase de ser substituída por outra lei que está em andamento no Congresso.
            A respeito, o colega representante do MAPA lembrou que pela lei de 1989 em vigor, há três ministérios que atuam para liberação de registro de agrotóxicos, quais sejam:  Saúde, Agricultura e Meio Ambiente.     A lei em discussão no Congresso na prática tiraria dois ministérios do páreo, deixando apenas o da Agricultura, o que deixaria o setor mais frágil em relação ao consumidor e à saúde pública segundo a opinião dele.
            Dr Ciro que já vem conduzindo os trabalhos há anos, se coloca de modo bastante informal e deixa todos estimulados a colocarem suas idéias e posições.   Frase do anfitrião:   “Juntar os cavacos aqui neste Forum”.  Nos juntarmos para sermos mais fortes nessa parada.
            Alguém alertou o Dr Ciro para a crescente participação dos Técnicos Agrícolas (nível médio) que por lei recente também estão habilitados para emitir RA Receituário Agronômico, o que fragiliza mais o setor.     Lembrado que, por lei, o CREA está vedado até de fazer análise curricular dos cursos que formam os Técnicos em Agropecuária.
            Agora, a explanação do Marcos Andersen da SESA
            Dados tabulados de resultados do PARA Programa Estadual de  Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos, dados de 2017.     Programa da SESA REVESPEA Plano Estadual de Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas aos Agrotóxicos.     
            Citado o Forum dos agrotóxicos que vem sendo meio que Piloto lá em Maringá-PR sob o comando do Promotor Maurício Calache.   Envolve apoio da UEM Universidade Estadual de Maringá e TECPAR que em seu laboratório faz análises de resíduos.     Disse que Maringá está com mais estrutura (e verba) pelo apoio do Procom local que teria mais orçamento que o Procom estadual e vem bancando as análises de resíduos.    (continua.............

            Dia 29-06-2018 haverá um evento puxado pelo MP do Paraná em Maringá no qual serão convocados os profissionais que emitem RA Receituário Agronômico na região.   O evento será nas dependências do CESUMAR Centro Universitário Maringá.
            O Marcos Andersen disse que no âmbito da CESA (Saúde) eles se pautam em Resolução SESA de 2011.     Coletam amostras de alimentos no comércio e dos que vem de outros estados.   Destacou o mamão, que no PR geralmente vem tudo de fora do estado.   Vão começar a coletar amostras de farinha.  
            Por hora a SESA pesquisa 123 p.a. -  princípios ativos em termos de resíduos em alimentos.    Estão em vias de passar a pesquisar 291 p.a.   Eles tem constatado nas análises ao redor de 19% de alimentos com resíduos em condição de “insatisfatório”.    Na avaliação deles esse nível indica que a situação é muito ruim.   Nos países do Primeiro Mundo esse parâmetro fica ao redor de 3 a 5%.     Morango no PR, 72% insatisfatório; pimentão, 56%; uva – 50%, cenoura, 50%, mamão 28%, tomate 25%...    (deve haver dados na página da SESA na internet).     No caso de morango, houve amostras com 14 diferentes princípios ativos.     Constataram no período, 1096 detecções (não conformidades) e nessas, 60 diferentes tipos de princípios ativos.    Há entre estes, produtos banidos na União Européia.
            Percentuais de alimentos com grau insatisfatório por CEASA
            (178 amostras em 2017 para os 123 p.a. pesquisados)
            CEASA de Foz – 26%
            Londrina         - 17%
            Maringá -   9%
            Mostrou tabela também específica para produtos para a merenda escolar.        6,12% de insatisfatório em tomate.     Destacou que na merenda escolar geralmente os produtos agropecuários são fornecidos por produtores rurais acompanhados pela Emater-PR.    Entre os produtos, há muitos de produtores da Agricultura Orgânica.     
            Destacou que na categoria de insatisfatório, envolve inclusive resíduos de agrotóxicos que são usados sem ter recomendação para aquele tipo de cultura especificamente e este é um problema à parte pelo seguinte:  O registro de um agrotóxico é de alto custo e as empresas em geral não se interessam por registrar produtos para “pequenas culturas” como tomate, cebolinha, etc.     Deixa o agricultor sem opção em alguns casos.   Isto foi reconhecido pelo próprio representante do Ministério da Agricultura MAPA aqui presente.
            Há também o caso citado de hortigranjeiros que foram produzidos e amostrados em época de muitas chuvas seguidas e isto acarreta mais pragas e doenças e mais aplicações de agrotóxicos, agravando os problemas e refletindo nos resultados das análises de resíduos.  
            O Marcos Andersen da SESA destacou que as ações nessa área começaram em 2012 num Plano com 14 ações – vigilância e prevenção à saúde.   O Plano em sua versão em curso, período 2017-2019 tem 19 ações estratégicas.   É aprovado pelo Conselho Estadual da Saúde.     Por sinal, houve eventos dentro desse Plano em cinco regiões do PR recentemente, sendo em Cascavel, Maringá, Londrina e Curitiba.    Envolve as 22 regionais de Saúde do PR em articulação com as Secretarias Municipais de Saúde dos 399 municípios.
            Citado de passagem o Programa Vigiagua no qual por lei monitoram na água potável no PR 27 princípios ativos de contaminantes.  Eles vão procurar expandir para mais princípios ativos no PR.    A meta 14 do atual Plano envolve incentivar o cultivo e consumo de produtos Agroecológicos.    A ação 19 está focada na questão dos resíduos em alimentos.
            O Hugo Vidal destacou também outros contaminantes como por exemplo os biológicos como a aflatoxina.
            O Adriano da ADAPAR citou a Portaria 101 com vigência a partir de maio de 2018 que visa a produção de alimentos com menos agrotóxicos.
            Haverá demanda por expansão da participação de engenheiros agrônomos no setor dentro desse contexto.
            A ADAPAR está criando uma ferramenta (software) para facilitar, após o diagnóstico, a elaboração da RA Receita Agronômica.
            Ao diagnosticar, inter-relacionar produto/doença/condição ambiental.    Em um ano vão cadastrar todos os produtores rurais e daqui um ano (maio/2019) não haverá mais como emitir RA sem o cadastro na Adapar.      A Adapar disse que analisa por amostragem os produtos agropecuários produzidos no Paraná.    Citou o Siagro.    Disse que dos agrotóxicos usados no PR, 60% são herbicidas e destes, 80% são dessecantes antes do plantio da lavoura.    Disse que o sistema de controle do PR no setor de agrotóxicos é o melhor do Brasil na atualidade.   58% do uso de agrotóxicos no PR é em lavouras de soja.
            Citado de passagem a experiência do Tomatec, um programa de produção de tomate ensacado para evitar pragas e doenças, com redução drástica de uso de agrotóxicos.    A produção já é plantada com o produto vendido por antecipação pelo dobro do preço comum do produto.   O município de Urai-PR tem polarizado essa iniciativa promissora.

        Isto foi o que consegui captar de mais de duas horas de falas diversas e espero que isto contribua para a análise do tema por pessoas que tem afinidade com o mesmo.
        Engenheiro Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida – Curitiba – PR
                  Blog    www.resenhaorlando.blogspot.com.br
      (41) 9.99172552   (celular)         

            

Nenhum comentário:

Postar um comentário