RESENHA
DO MINI CURSO SOBRE O MUNDO DO TRABALHO - PARTE 1
Palestrante: Professor Dr. Helder Molina, da UERJ
Graduado em História, Mestrado em Economia e História e Doutorado
em Ciência Política (oriundo do Mato Grosso)
Data e local: 30-11-2018
e 01-12-2018 no SENGE Sindicato dos Engenheiros no Paraná – Curitiba – PR
Anotações pelo Engenheiro Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida
Atualmente no âmbito nacional há duas federações da
Engenharia, sendo uma a Fisenge , da qual o Senge do Paraná é filiado e a Fenae.
As duas federações tem suas diferenças, mas tem dialogado
frente aos desafios que tem surgido inclusive com as mudanças conservadoras nas
leis do trabalho que afetam os trabalhadores em geral e os engenheiros empregados
em particular.
Destaca que o mundo do trabalho é mais complexo que as
relações de trabalho em si.
Faz um histórico para resgatar as lutas dos trabalhadores ao
longo dos tempos. Diz que a crise é
sistêmica e não começou no Brasil.
Destacou que a política normalmente tem grande dose de paixão. Buscar separar um pouco o lado racional do
tema. A paixão não é sempre
ideológica, podendo a pessoa estar sendo instrumentalizada.
Faz vinte anos que ele está na UERJ Universidade Estadual do
Rio de Janeiro. Torcedor do Botafogo do
Rio.
A utopia é uma busca que nos coloca em movimento e só
termina com a morte. Uma esperança militante. Aos 58 de idade, motivado. O que nos traz aqui no Mini Curso é o fato
de sermos solidários. Na busca pelo bem dos outros mesmo que os
beneficiários não entendam a nossa luta.
Disse
que o pessimismo dele dura menos de dez segundos. “A história se entende na longa duração”.
As coisas requerem certa paciência. Relembrou que Marx dizia que a história se
repete como fato ou como tragédia. Os
cenários vão se sucedendo numa correlação de forças. Ganhar ou perder faz parte da luta
social. Ele assessora entidades
sindicais paralelamente à atividade de Professor Universitário há trinta
anos. Vivenciou várias fases. Muitos tipos de sindicalistas. Classifica em dois grupos: Os surfistas e os mergulhadores. Os surfistas não entendem o fenômeno pelo
olhar superficial. Já os mergulhadores
entendem os fenômenos em profundidade.
(eu creio que essa classificação explica também um pouco do
que percebemos nas redes sociais quando há debate político, por exemplo)
Curso de formação, como este. Buscar aprender a mergulhar.
Os conceitos de esquerda e direita vem da Revolução Francesa. Houve os que buscavam avanços e os que
buscaram retroagir à condição anterior com monarquia absolutista e tudo o
mais. Ele disse que atualmente ser de esquerda ou de direita
não é o que a pessoa se declara. É o
que ela pratica.
Chama o pessoal que luta por mudanças no rumo da cidadania
de Campo Progressista. Disse que muitos dos que votaram no de
direita recentemente tem algo de fascista mesmo não sabendo o que o termo
significa.
História - Feudo –
grande propriedade rural da época. Um
espaço privado, do senhor feudal e a mão de obra era pelos servos. Feudo – campo; burgo – cidade. No regime feudal a igreja mantinha aliança
com os reis (monarquias absolutistas) e os senhores feudais. Esse sistema feudal na Europa gerou
acúmulo de capital que inclusive impulsionou as grandes navegações na busca de
mais mercados e matérias primas. Esse
período marca o início do capitalismo (1400 a 1500). Potências da época: Inglaterra, Holanda, Espanha, Portugal, etc.
Grandes navegações e “descobertas” de novas terras para
expansão da atividade capitalista – mercados e busca de matérias primas. Foi o início da Globalização.
Nessa lógica, Portugal vem à América na busca de abrir
mercado, explorar riquezas naturais, matérias primas. Usou e abusou do trabalho escravo.
Lula e Dilma tentam mudar a lógica de nós sermos
colônia. O Brasil de então apoiou o BRICS – Brasil, Russia, Índia, China e
África do sul. Incluindo a meta do
Banco de Desenvolvimento criado pelos BRICS.
Afeta os interesses da potência mundial e vem o castigo. Dilma deposta e Lula preso.
O mundo moderno está sob a égide do capitalismo. Um dos cientistas que estudou em profundidade
isso foi Marx. Sugerida a leitura do
texto do Manifesto Comunista, parte 1 – Burgueses e Proletários (oito páginas) . Destaca que o mundo gira à base da lógica
do mercado. A Europa expande seu
comércio para o mundo dentro do modelo capitalista.
Mudança do sistema produtivo – Revolução Industrial.
No feudalismo havia um equilíbrio entre campo e cidade. Mas as mudanças no sistema produtivo com
máquinas a vapor, etc. impulsionaram a produção e produtividade e a riqueza
concentrou mais na cidade que no campo, esvaziando os feudos e florescendo a
burguesia nas cidades. Muda também o
eixo de poder.
O trabalho no feudo era de baixa produtividade (pelos servos
sem ganho) e estes trabalhavam ao senhor feudal uma média de 6 horas por
dia. Já a partir da revolução industrial
inclusive com a luz elétrica nas fábricas, acelera a produção e a jornada de
trabalho fica mais longa que poderia chegar a até 14 horas por dia. E emprega homens, mulheres e crianças.
No campo a mão de obra ficava mais dispersa e nas fábricas,
havia o trabalho coletivo e em ambiente restrito. A mão de obra interage mais e é um fator
inclusive de reivindicações. O serviço
fica sob supervisão de capataz. Linha
dura. Jornadas de trabalho
enormes. A lógica da revolução
industrial é produzir com alta produtividade, em grande escala e procurar
ampliar mercados. Esvazia os feudos e
reforça os burgos. Os senhores feudais
(antes poderosos) passam a ser ultrapassados pelos burgos e os burgueses que detem
o sistema de produção em massa.
Essa ascensão da burguesia
é também um salto político.
Derruba os senhores feudais
e caem os reinos com seus monarcas apoiados pela igreja e os senhores feudais. A Inglaterra conseguiu a negociação para
mudar o regime e preservar seus reis apesar de que os mesmos tem status mas não
tem quase poder. O mesmo ocorre com
outros reinos como a Espanha, Suécia e alguns outros.
Sobre as péssimas condições de trabalho na época da
Revolução Industrial sugere o filme Germinal baseado no livro homônimo de Emile
Zola. (filme dirigido por Gerard Depardieu).
A vida média dos trabalhadores de então ficava na casa dos
trinta. Nessa época explode o uso inclusive
da mão de obra infantil. Período de
desajustes sociais com migração de pessoas da zona rural para urbana, a questão
cultural, a escolaridade, etc. Pessoas
não se adequam bem ao novo sistema.
Conflitos. O sistema é que produziu os
inadequados, vítimas da dinâmica.
É comum estes serem taxados de sem iniciativa (culpados), etc. Tanto se bate nesta tecla de culpar as
vítimas que até estas acabam não entendendo o processo em si e ficam resignados
na posição de culpa.
A partir da Revolução Industrial se cria uma massa de
deserdados. Só se organizando é que
podem sobreviver. Aqui entra o papel inclusive do sindicalismo.
A fábrica de um lado é o cativeiro do trabalhador, mas
também é onde está concentrada a coletivização dos oprimidos. Gera conflitos e busca de saídas.
No feudalismo os trabalhadores estavam fragmentados e nas
fábricas, estão concentrados. Facilita
a articulação.
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continua na matéria seguinte deste blog.
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