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segunda-feira, 27 de maio de 2024

Fichamento do livro - cap 4 - QUARTO DE DESPEJO - Diário de uma Favelada - CAROLINA MARIA DE JESUS (ANOS 50/60)

 capítulo 4

 

         Ela na Avenida Cruzeiro do Sul.    ... Na favela todos sofrem.   “Mas quem manifesta o que sofre é só eu.  E faço em prol dos outros”.

         Anos 1957-58.   A vida piorando.   Falta de dinheiro até para a pinga.  Menos  serviço para a polícia.

         As impressões dela na cidade... sala de visita.   Na favela:  “E quando entro na favela tenho a impressão que sou um objeto fora de uso digno de estar em um quarto de despejo.   Mal vestidos.  “Sou rebotalho”, estou no quarto de despejo, e o que está no quarto de despejo ou queima-se ou joga-se no lixo”.

         Nas favelas de dia, vários homens em casa.   “Uns porque não encontram emprego.  Outros porque estão doentes.  Outros porque embriagam-se”.   “Só interfiro-me nas brigas onde prevejo um crime”.

         “O meu sorriso, as minhas palavras ternas e suaves, eu reservo para as crianças”.

         Famílias que mudam para a favela, as crianças pioram no comportamento.  “São diamantes que se transformam em chumbo”.   Transformam-se de objetos que estavam na sala de visita para o quarto de despejo.

         ...”os políticos sabem que eu sou poetisa.  E que o poeta enfrenta a morte quando vê seu povo oprimido”.

         Pouco dinheiro em casa.  Não tenho açúcar porque ontem eu sai e os meninos comeram o pouco que tinha”.

         Ela viu um jovem catador de papel que achou carne estragada no lixo e comeu ela “esquentada”.   Carolina alertou mas ele disse que estava há dois dias sem comer.  Ele morreu intoxicado.

         Morreu e foi enterrado como indigente, sem nome e sem documentos.

         Marginal não tem nome.

         Um dia na casa de uma patroa que lhe dá um conselho.   “Ela disse para eu não me iludir com os homens porque eu posso arranjar outro filho que os homens não contribui para criar o filho”.

         Catou uns tomates descartados na fábrica Peixe. (também marca de massa de tomate).

         “Duro é o pão que nós comemos.  Dura é a cama que dormimos.  Dura é a vida do favelado”.

         Dona Julita, a patroa de Carolina.   Um dia a filha da Carolina pediu para a mãe.   – “Mãe, vende eu para a Dona Julita, porque lá tem comida gostosa.”

         No barraco “digo louças por hábito, mas é latas.   Comum faltar gordura para a comida.

         “Fiz comida.  Achei bonito a gordura frigindo na panela”.  Que espetáculo deslumbrante!.

         Para ela, ter o arroz e o feijão já era uma conquista.  

         Época de eleições...   “Mas o povo não está interessado nas eleições, que é o cavalo de Troia que aparece de quatro em quatro anos.”

         A vizinha, mãe de duas crianças que tentou se matar bebendo soda cáustica.

         ...Faz duas semanas que não lavo roupa por não ter sabão.

         ... “ia andando meio tonta.   A tontura da fome é pior que a do álcool.   A tontura do álcool nos faz cantar, mas a da fome nos faz tremer.”

         Está com fome e toma um café com pão.   ...depois que comi, tudo normalizou-se aos meus olhos.   Passei a trabalhar  mais depressa.

 

         Continua no capítulo 5

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