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segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Cap 1-2/4 - fichamento do livro - AVESSO DA PELE - autor: JEFERSON TENÓRIO

 


         Anotações pelo leitor Eng. Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida

         Autor do livro – Jeferson Tenório – Editora Cia das Letras – 2ª reimpressão – ano 2020 – 190 páginas 

 

         O autor é nascido no RJ e radicado em Porto Alegre.   Tem doutorado em Teoria Literária.

         Na introdução tem uma apresentação de Paulo Scott na orelha do livro.

         “Jeferson Tenório se coloca como autor que nos ajuda a compreender nossa identidade brasileira, humana”.

         A Pele    - sobre o pai     “Eu queria um tipo de presença, ainda que dolorida e triste.  E apesar de tudo, nesta casa, neste apartamento, você será sempre um corpo que não vai parar de morrer”.

         “Até o fim você acreditou que os livros poderiam fazer algo pelas pessoas”.       ...”Em silêncio, esses objetos me completam sobre você”.

         O autor se refere a objetos da Umbanda que a família pratica.   Alguidar  (vaso de barro que pode ser de uso doméstico ou de ritual da Umbanda).   O pai era filho de Ogum.

         Fala da tia Luara.   

        ... O pai era professor e o narrador, após o pai falecer, está entrando em contato com objetos do cotidiano do pai.   Provas de alunos, canetas, redações, cadernos...”

“Teu caos me comove.  Olho para tudo isso e percebo que serão esses objetos que vão me ajudar a narrar o que você era antes de partir.   Os mesmos utensílios que te derrotaram e que agora me contam sobre você”.

         Capítulo 2

         O pai professor e um dia um aluno pediu para sair porque estava passando mal.   Acabou vomitando sobre o professor.

         O pai quando criança já sentia ansiedade.  Aos 12 anos a ansiedade já era forte  ...  “sofreu antecipado por todos que viessem a viver na Terra.

         No caso do vômito, o pai dele, professor em escola pública de Porto Alegre, tinha trinta anos de idade.

         O pai aos 18 anos, tinha úlcera no estômago e não foi aceito no Exército.    Assim, com essa idade, já com úlcera, sem plano de saúde nem dinheiro para se tratar.

         O pai, virgem aos 18, magricela, jurando bandeira.   O militar grita para todos erguerem mais o braço, “porra!”.   “Senão vai pra cela por um dia”.

         O pai se lembra que um dia, ainda aos quatorze anos, já foi abordado pela polícia sem ter cometido nada errado.   Abordado por ser preto.

         O pai dele tinha padrasto quando tinha quatorze anos, idade na qual foi algemado no Rio de Janeiro, quando ia indo visitar o pai.

         Ao descer do ônibus, foi confundido por um grande número  de moleques que acharam que ele tinha roubado o boné de um deles.

         Agrediram ele ao máximo e depois ele foi algemado.   Nessa situação, descobriram que ele não era o ladrão.

         ...”E ser confundido com bandido vai fazer parte de sua trajetória”.

         ... “Você precisa ser honesto consigo mesmo:  você não sabe como se formou professor”.

         Vestibular aos 19 e emprego num escritório de advocacia em Porto Alegre.

         Bruno, o advogado que o contratou: “Bruno disse com todas as letras que não gostava de negros”.

         Foi para o protagonista a primeira impressão racista direta.

         Bruno alegou que dando o emprego iria salvar o rapaz das drogas, das armas e da violência”.

         Os pais dele se conheceram como colegas de trabalho num supermercado no RJ.    O pai dizia que na juventude ele com bigode se parecia com o bigode do jogador Rivelino.

         “Ele era um homem de poucas palavras e sua mãe gostava de homens de poucas palavras”.     Antes de casar, o pai vai à casa de Mãe Tereza de Iemanjá se aconselhar e receber a benção.

         Continua no capítulo 2     

          

         O livro em geral trata da trajetória de um professor negro nascido no RJ e que viveu a juventude em Porto Alegre.   O fio da meada mostra as agruras de viver desde sempre enfrentando desde criança o preconceito racial.

         O livro tem sido objeto de frequentes discussões nas redes sociais.

             Quando o narrador era criança, o pai saiu de casa e abandonou a família.    Um dia o terapeuta falou para o pai da criança:  É cruel abandonar alguém.

         Falando do pai....   “Você se sentia um fracassado por não conseguir mais amar minha mãe”.     ...”minha mãe também estava arrependida por ter depositado sonhos e planos em você”.  “Ela também se sentia culpada.”

         A mãe estudou letras mas não quis dar aulas.

         O pai do narrador morreu no Rio de Janeiro aos 75 anos e então já tinha uma segunda família.

         “Você tinha um ano de idade quando seu pai sumiu no mundo”.   “Anos a fio, suportou a pobreza, o racismo e a ausência paterna foi uma espécie de sinônimo da vida”.

         Tempo de criança.    ...”evitar chorar.  Vai chorar para dentro”.

         O casal jovem com dificuldades de relacionamento e a mãe dele recomenda terapia de casal para eles.   Indicou a Jane que era a terapeuta da mãe.

         O jovem casal andando pela cidade e entra num bar.   Encontram no bar a terapeuta de casais, Jane, bêbada e arrumando treta.   Frustração do casal.

         O protagonista quando garoto, com problemas na escola.   Acharam que ele era magro, passava fome.

         “Pessoas brancas nunca pensam que um menino negro e pobre possa ter  outros problemas além da fome e das drogas”.

         Terapeutas brancos tentando orienta-los.   ...  o casal percebe que parte dos problemas deles era por serem negros e sofrerem com o racismo.

         Henrique pensava...   “e ninguém nunca te diz que você pode fracassar.   Que está tudo bem se você cometer um erro.   O mundo seguirá.  Nada demais vai acontecer”.

         No passado a mãe de Henrique, vendo que ele era um menino quieto, achava que ele era autista.  Até ele achava que isso poderia ser de fato.

         Depois da mãe dele desconfiar, ele também...   “a partir daquele momento você sempre achou que fosse autista, mesmo sem saber bem o que isso significava.”

         Dentre as cobranças que ouvia sobre os negros...   “Nunca saia sem documentos”.   “Não ande com quem não presta”.   Não seja um vagabundo, tenha sempre um emprego....   .... ao longo do tempo   ....”um manual de sobrevivência...”.

         O casal no taxi, ambos sem achar o que conversar depois da sessão com os analistas.   “Nada do que vinha à cabeça era bom para ser dito”.  (ele achava).

...   O protagonista aos doze anos, morando com a mãe e os irmãos na casa da avó em Porto Alegre.  Vida de pobre.  Mãe desempregada, ambiente hostil.

         O tio, polícia civil, traia a esposa e ela um dia descobriu e fez barraco.  Pegou faca para matar ele, que sacou a arma e deu um tiro no chão para assustá-la.    O protagonista ficou paralisado diante da cena.

         Continua no capítulo 2/4

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