capítulo 6
“Passei 23 anos mesclada com os marginais”. Só não me extraviei por gostar de ler...
Página 257 – sobre a inspiração para o título deste
livro: “...a favela é o quarto de
despejo da cidade. Nós, os pobres,
somos os trastes velhos”.
Um comentarista no final do livro explica a origem do termo
favela. Favela é uma planta. Em Canudos na Bahia havia o Morro da
Favela. Ficava no sertão. Houve a sangrenta guerra de Canudos etc.
Soldados do Rio, voltaram da Guerra de Canudos e não foram
indenizados. Tiveram que morar em
barracos no Morro da Providência no RJ.
Aí o morro foi apelidado de Morro da Favela, lembrando Canudos.
Voltando às falas da Carolina: Uma mulher da favela se suicidou. A autora reflete: “Mas é uma vergonha para a Nação. Uma pessoa matar-se porque passa fome”.
Filas de pobres em frente à fábrica de bolachas para tentar
ganhar bolachas quebradas para comer. A
mulher que distribui dá a ordem: - Quem ganhar deve ir-se embora. ...
“Uma pessoa mata-se porque passa fome. E a pior coisa para uma mãe é ouvir... – Mamãe eu quero pão! Mamãe eu estou com fome!”.
Um soldado que bebe arrasta a asa para ela. Ela sabe que ele bebe e não gosta disso.
- “O senhor sabe que o soldado alemão não pode beber?
O soldado olhou-me e disse:
- Graças a Deus, sou brasileiro.
Pouca grana...
“Temos que voltar ao primitivismo.
Lavar na tina e cozinhar com lenha.
“Eu escrevia peças e apresentava aos diretores dos
circos. Eles respondia-me: “É pena você ser preta. Esquecendo eles que eu adoro a minha pele
negra, e o meu cabelo rústico. Eu até
acho o cabelo do negro mais educado do que o cabelo do branco. Porque o cabelo de preto onde põe, fica. É obediente”.
A filha Vera doente.
Vômitos e febre. “Não posso
contar com o pai dela. Ele não conhece
a Vera. E nem a Vera conhece ele.”
Época de campanha eleitoral. Cupom para “festa”. Encheu de gente. Era pão, bala e uma régua escolar com o nome
do candidato. (Deputado Paulo Teixeira
de Camargo)
Carne cara... “Pensei
na desventura da vaca, a escrava do homem que passa a existência no mato, se
alimenta com vegetais, gosta de sal mas o homem não dá porque custa caro. Depois de morta é dividida. Tabelada e selecionada. E morre quando o homem quer”.
Morreu a mãe do Paredão.
“Ela era muito boa. Só que bebia
muito.
... “O que eu acho
interessante é quando alguém entra num bar logo aparece um que oferece
pinga. Porque não oferece um quilo de
arroz, doce etc.?
...”Se eu viciar em álcool os meus três filhos não vão
respeitar-me. Eu prefiro empregar meu
dinheiro em livros do que em álcool.”
Corrida de pedestres.
Da favela (Vila Javari) até a Igreja do Pari.
Citou cola com visgo.
“Na rua A tem um baile.
Depois que a favela superlotou-se de nortistas tem mais intriga. Mais polêmica e mais distrações.”
“Eu percebo que se este Diário for publicado vai magoar
muita gente. Tem pessoa que quando me vê
passar saem da janela ou fecham as portas.
O Carteiro desanimado.
“As pessoas sem apoio ... quando
encontra alguém que condoi-se deles, reanimam o espírito”.
“Eu não faço reclamações de crianças. Porque eu gosto de crianças”.
Continua no capítulo 7