Resenha feita
pelo leitor Eng.Agr. Orlando Lisboa de Almeida
O Brasil está
para participar da Cop 20 que tratará das mudanças climáticas e ocorrerá no
Peru. O Cop vem da precursora reunião de
Copenhagen.
A jornalista
catarinense Sonia Bridi fez um giro pelo mundo em busca de levantar dados sobre
os lugares onde as mudanças climáticas tem mostrado efeitos mais marcantes e
dessa reportagem resultou o livro editado em 2012.
Página 15 – Passagem
por La Paz –
Bolívia. Altitude de mais ou menos 4.000 m acima do nível do
mar. Perto da capital tem o lugar
chamado Chacaltaya que tem uma estação de esqui na neve que anda abandonada
porque a neve “sumiu”.
15 – Degelo
constante na Cordilheira dos Andes, de forma atípica. Os cientistas prevêem que em apenas 15 anos
nos Andes não haverá mais gelo abaixo dos 5.000 m de altitude.
16 – Os
cientistas usam um cilindro que perfura a neve e tira amostra das camadas e
estas, estudadas, dão noção do comportamento do clima em décadas e até
séculos. Também ao analisar troncos das
árvores, nos anéis de crescimento, há parâmetros sobre como o clima se
comportou em certo período.
19 – A altitude
expõe o ser humano ao risco de embolia cerebral.
21 – A repórter
(que já percorreu o mundo) disse que a Bolívia é um dos países mais autêntico
na face da terra em suas vestimentas típicas do dia a dia e modo de vida, com
destaque para o interior do país. Há
grandes populações indígenas como os Aimarás, os Quíchuas.
21 – A repórter
viu pelo interior da Bolívia irrigações com plaquinhas do USAID Agencia de
Desenvolvimento Americana. Explicaram
lá que após o Evo Morales assumir o governo, este expulsou os americanos que
exploravam o país e o povo local.
22 – A cultura da
quinoa, grão de alto valor nutritivo, que é base da alimentação da região.
25 – Uyuni – o
maior deserto de sal do mundo (era mar que secou há 30.000 anos).
27 – O salar é a
maior reserva do minério LÍTIO do Planeta.
Cobiçado internacionalmente por ser muito usual em eletrônicos como
celulares, etc. É o metal mais leve que
há. Usual em baterias de celulares,
etc. (pesa 10% de uma convencional)
28 – Consta que
os automóveis são responsáveis por 18% das emissões de GEE no planeta. GEE Gases do Efeito Estufa. Os USA são responsáveis por 50% das emissões
por veículos.
35 – Passou por
Cusco, que foi sede do Império Inca. (no
Peru)
38 - “O Peru é um dos países mais lindos que
visitei”, diz a jornalista. CONTINUA......
40 – Machu Pichu
é um local ameaçado pelas mudanças climáticas.
A mudança no clima tem trazido mais chuvas e chuvas mais fortes para lá,
ameaçando o local.
46 – Acampamento
religioso a 4.700 m
de altitude com 30.000 peregrinos da fé. Temperatura de cinco graus negativos
no Vale de Sinakara (no Peru). Ritual
Quíchua pré Colombiano. Trata de Apu,
divindade das montanhas. Sincretismo
Inca-Católico – O Senhor de Qoyllur Ritii.
Até o passado recente, na época do ritual no local, havia gelo mas agora
na mesma época do ano só tem gelo 1.000 metros montanha acima, por conta da
mudança do clima. O recuo da camada
de gelo nos Andes fez os nativos mudarem um ritual milenar de levar gelo nas
costas até Cusco. Hoje isso não é mais
possível. Atualmente inclusive falta
água nas regiões baixas que eram abastecidas pelo degelo da Cordilheira. Então não retiram mais o gelo para o ritual
inclusive num gesto de preservar o que ainda tem da natureza.
A repórter
conversou com um dos peregrinos que vem ao local para o ritual anual há vinte
anos e este disse que antes havia gelo na área do acampamento e atualmente não
há mais e atribui isso às mudanças climáticas decorrentes de ação humana.
64 – Passagem
pela Inglaterra na caminhada porque os ingleses que sempre foram potencia
naval, tem um dos mais sofisticados Observatórios Meteorológicos do mundo e
acompanham a questão das mudanças do clima entre suas atribuições. (O observatório data de 1854). Dados desse aparato ajudaram até as tropas
no “Desembarque na Normandia”, via
previsão climática. Quase 2.000
cientistas trabalham nesse Observatório que é ligado ao Ministério da Defesa da
Inglaterra.
65 – No
Observatório a repórter foi entrevistar Sir Brian Horkins (Sir – Cavaleiro da
Rainha) pessoa de renome mundial no tema das mudanças climáticas.
Posição
geopolítica dele: Países populosos como
China e Índia estão em desenvolvimento e vão demandar cada vez mais energia que
hoje está muito focada em petróleo, cujos fornecedores são países com sérios
problemas como os do Oriente Médio e Rússia.
Por isso a tendência seria apostar em fontes alternativas de energia e como
consequência suplementar, ajudaria a poupar a pressão sobre o clima do planeta.
67 – O cientista
diz que ninguém quer sair da zona de conforto em relação à questão
ambiental. Usar carrão, alta
velocidade, etc. “Todo mundo quer ter
um estilo de vida Hollyoodiano” e isto é ecologicamente um absurdo.
68 – Ele conta
que nas Olimpíadas de Inverno de 2010 no Canadá ocorreu uma das estações frias
mais “quentes” e quase não teve neve.
“Estamos vivendo fenômenos climáticos extremos – muito frio, muito
calor, muita chuva, muita estiagem. O que estamos vendo no mundo é consistente
com as previsões de mudanças climáticas pelo aquecimento global”
69 – O tanto de
GEE Gases do Efeito Estufa que estamos colocando agora na atmosfera (afirma o
cientista) vai influenciá-la pelos próximos mil anos.
A repórter Sonia
Bridi opinou que a mesma Inglaterra que impulsionou a Revolução Industrial no
passado poderá vir a ser a mesma nação que irá “puxar” uma Revolução da
Sustentabilidade Ambiental.
70 – Cita o
cientista Bjorn Lomborg que faz um contraponto à maioria dos cientistas do
ramo. Acha ele que tem que enriquecer os povos ameaçados pelas mudanças do
clima e assim eles sobreviveriam (se
virariam). Os cientistas britânicos
discordam dessa posição pontual. Se os
países pobres só crescerem, vão querer
gastar mais energia de forma descontrolada e piorar o cenário que já não é bom.
73 – O cientista
indiano Pavan Sukdev defende em Londres, via a entidade REDD Rede de Emissões
Oriundas do Desmatamento e da Degradação Ambiental. Ele defende que se deve cobrar dos países
ricos para remunerar os países pobres que estão ou venham a proteger as
florestas. Em 2009, 5 bilhões de dólares teria entrado nesse novo mercado de
Serviços Ambientais. Remunerar quem
preserva o Meio Ambiente.
78 – Veneza na
Idade Média foi a cidade mais influente da Europa. Fez expansões com aterros. As fundações das edificações estão afundando
lentamente. Só no século XX afundaram em
média 25 cm .
79 – Veneza está
num país rico que cresceu, se desenvolveu, poluiu e agora tem recursos para ir
remediando as conseqüências do clima.
Mas e os países pobres?
80 – Obras de 11
bilhões de euros para contornar os problemas de Veneza. Obra no mar no entorno da cidade. 78 mega placas de concreto de 300 t cada.
82 – Em Veneza,
no Gran Canal, prédios com o pavimento térreo abandonado pela invasão da
água. Aproveitam os andares
superiores. Houve a “água alta” de
2008 que foi a 4ª. maior elevação do mar, que chegou a 1,5 m na cidade de Veneza.
86 - USA – No estado do Colorado, visitou o NOAA
que cuida do clima e das previsões meteorológicas. O NOAA se beneficia de poder estar ligado à
rede de satélites e estações militares dos USA espalhadas pelo mundo. Inclui sismógrafos em todas as placas
tectônicas visando estudar terremotos e testes nucleares dos outros.
86 – Os balões
meteorológicos começaram a ser usados em 1930. Consta que na costa brasileira numa
extensão de 2.000 km
entre RN e RS, tem ocorrido no oceano a morte de corais pela elevação da
temperatura da água. O chamado “branqueamento”
dos corais.
90 – Os oceanos
estão, sim, se aquecendo.
95 - Fotógrafo de entidade de pesquisa tem
colocado câmeras que filmam durante o ano lugares rochosos que acumulam neve no
inverno. As filmagens mostram que o
gelo vem “recuando” para superfícies cada vez menores.
95 – Telhados
pintados de branco para refletir mais a luz e reduzir um pouco o aquecimento
global.
104 – A NASA tem
satélite só para fotografar e monitorar os lugares onde tem neve no planeta e
estudar o tema.
105 – A
Groenlândia, a partir dos anos 90, começou a perder gelo que vai para o oceano
à razão de 200 giga toneladas por ano. 1
giga tonelada é um bloco de 1 kmx1kmx1km.
Nesse ritmo estima-se que a cada
século, o oceano se eleve em 5
cm . E isso poderá
piorar se o problema se acelerar. A
Groenlândia vem de Green Land. Há
séculos lá foi mais quente e havia o verde da relva e os Vikings deram esse
nome.
Já na Antártica
está ocorrendo algo meio inverso. O aquecimento global está fazendo chover mais
na região e está aumentando o gelo. As
geleiras são água doce.
113 – Sol no
verão da Groenlândia vai até as 22 h. Só
que lá o sol a pino é sol baixo no horizonte, como nosso sol das 17 h.
113 – Barcos na
cor vermelha na região polar para serem vistos mesmo com pouca visibilidade por
causa de neblina.
120 – A famosa
geleira Jacobshavn ou Porto Jacob, o “Rio Amazonas” das geleiras. Tem 600 m de altura e 1.500 m abaixo da
água. Foi dela que se desprendeu o
iceberg que em 1912 afundou o Titanic.
121 – Câmera do Extreme Ice Survery que monitora as geleiras pelo mundo. Deve ter site na web.
122 – O gelo
reflete bastante o calor, mas a água sem gelo absorve 98% do calor e as
geleiras vão recuando.
144 – Tanzânia
(na África). A reporter diz que os
chineses estão construindo infraestrutura na Tanzânia para terem fonte de
matérias primas. Estão fazendo em
décadas o que os europeus não fizeram em séculos pelo continente africano.
145 –
Kilimanjaro, o pico mais elevado da África.
O que tem neve perene no ápice.
Por muito tempo na Europa não se acreditava que na África teria local
com neve permanente. Está crescendo o
turismo na África em geral e na Tanzânia em particular e isto estaria ajudando
a economia local. Cita o livro “As
Neves de Kilimanjaro” de Ernest Hemingway.
Diz a repórter que o livro até fala da África, mas o tema é sobre a vida
e suas escolhas. Altura do Kilimanjaro
– quase 6.000 metros
acima do nível do mar (5.895 m ) – é o ponto
culminante da África.
157 – Males da
montanha. Edema pulmonar ou edema
cerebral. Acúmulo de água.
Acima dos 3.000
m de altitude, a pessoa pode sentir sintomas desse
mal. Se a pessoa insistir, um edema
cerebral mata em 12 horas. No caso da
repórter, tinha equipe de apoio e demorou 7 dias na subida do Kilimanjaro e 1,5
dia na descida.
160 – Ela cita o
especialista de renome em meteorologia, Carlos Nobre, ligado ao INPE Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais. Ele é
membro do IPCC que cuida do tema do aquecimento global e mudanças climáticas no
âmbito mundial.
167 – Desabafo da
repórter: “Vida de mãe é sentir culpa”
169 – No Kilimanjaro, ela estava a 3.300 m de altitude, acima
das nuvens e pode ver ao cair da tarde os raios do sol poente de baixo para
cima das nuvens.
179 – A neve do Kilimanjaro de 1912 para cá já se
reduziu em 85%.
194 – Visita ao
Butão (Butão se refere a Buda). Pais que preserva muito a natureza e tem
apenas 700.000 habitantes. Fica entre a
China e a Índia.
Templo da Tigresa
– sobre uma pedra de 900 m
de altura.
199 – No Butão no passado se cortavam árvores
para vender aos países vizinhos. Hoje
não cortam mais pois sabem que sem árvores não terão água nem a natureza
preservada. Sem água não teriam vida.
No Butão 2/3 do
território atualmente é área de preservação permanente das florestas. Eles controlam o número de turistas para
evitar pressão ambiental e exigem dos turistas gasto mínimo de 300 dolares por
dia. Não medem o PIB do país e se
interessam pela felicidade do povo.
Esporte nacional – arco e flecha.
O budismo não
prega o apego ao dinheiro. “Nós pensamos
nas próximas gerações que vão herdar o mundo”.
O presidente do Butão é jovem e se formou em Oxford.
Se não
restringissem o turismo, alguns ganhariam com isso e o povo em geral perderia
em preservação natural e cultural.
Já no caso do Nepal, a avalanche de turistas tem trazido inclusive
poluição ambiental.
211 – China -
Movida a carvão que para eles é abundante e barato. Polui um bocado e não é renovável. Investiram 33 bi de dólares para ter energia
do carvão com sistema menos poluente que o modelo anterior.
Tomando por base
o ano de 2010, a
China pretende em 2 anos que sua energia eólica (do vento) tenha custo igual ao da
energia térmica (do carvão no caso). E
em 4 anos, que a energia solar deles tenha custo igual ao da energia
térmica. Investimento em tecnologia
para amenizar o problema do aquecimento global e da poluição ambiental.
213 – A China em 1980 emitia por ano 400
milhões de toneladas de CO2 no ar.
Crescendo, em 2007 emitia 1,7 bilhões de t de CO2 no ar.
217 – Efeitos da
mudança do clima. Há cidade da China
que tem 200 empresas no setor de pérolas.
Com a mudança do clima tem havido enchentes freqüentes com perdas
significativas ao cultivo de pérolas, afetando a economia local.
223 – Arquipélago de Vanuatu - fica perto da Austrália. População de 200.000 pessoas. Falam 130 idiomas fora os dialetos. Lá a água do mar vem avançando e
contaminando com água salgada a água de sub solo da ilha (o chamado lençol
freático) e com isso as condições de sobrevivência na região estão ficando
complicadas pois haverá carência de água doce no Arquipélago. O aumento da temperatura da água do mar vem
afetando as algas que fazem fotossíntese
e que vivem em simbiose com os corais.
Morrem as algas e causam o “branqueamento” dos corais. Quando severo, mata os corais e estes deixam
de proteger a costa e cai até a vida aquática e a pesca.
238 – Austrália - A estiagem tem sido mais freqüente e mais
severa ao ponto de dizimar as lavouras e criações dos fazendeiros. Tem trazido desespero e muitos suicídios
entre os mesmos. É a mudança climática
afetando o povo. Mais de 30% dos
fazendeiros atingidos pela estiagem estão se tratando de depressão.
Lá há regiões com
lagos secos e sal no fundo.
239 – Nessa
região da Austrália a ocupação por lavouras e pecuária de forma mais intensiva
vem de 1920 para cá. O povo de lá foi
muito obstinado e conseguiu ao longo do tempo “vencer” o clima não tão
amigável. Os descendentes desses
bravos pioneiros não conseguem entender que estão vivendo um momento novo com
desafios novos causados pela mudança climática.
O desespero é maior.
Recentemente sofreram quatro severas estiagens num curto período de dez
anos.
241 – Na região,
historicamente a pior estiagem resultou em apenas 199 mm de chuva num
ano. Neste ano corrente (2004) choveu
apenas 115 mm
na região.
244 – Estudo
científico projeta para 2030 mudanças climáticas pelo mundo.... Amazônia mais seca, .... sul do Brasil,
Uruguai, etc. – mais chuvas (acima da média).
Cientista DAÍ AIGUO.
Na Austrália já se busca a chamada reconversão das
plantações e criações. Usar mais plantas
perenes (que resistem mais à estiagem) e reflorestamento ao invés de criações e
produção de grãos. O grande problema
é a quebra de paradigma. Quem cria gado
não quer mudar. Quem produz grãos, idem.
250 – Um grupo específico de cientistas do IPCC
ganhou o Nobel da Paz em 2007. É
sinal que seus alertas tem que ser levados em conta.
250 – Brasil - Segundo Carlos Nobre, cientista do INPE, o
brasileiro, nos anos 2004 – 2005 lançava em média 13 toneladas de GEE Gases do
Efeito Estufa na atmosfera por ano.
Nessa época, 70% dos GEE que emitimos veio do Desmatamento.
Em 2009 com a
redução do desmatamento, a emissão de GEE no Brasil caiu para 7 a 8 toneladas de GEE per capita por ano. Uma redução significativa. Destaca que a nossa economia não depende do
desmatamento e assim é mais fácil reduzir as emissões no nosso país.
Ao contrário, nos
outros países, o problema está no uso de fontes “sujas” de energia e fica mais
difícil abrir mão delas.
Segundo o Carlos
Nobre, o Brasil caprichando pode chegar a emitir 2 a 3 t de GEE per capita por
ano, índice semelhante ao da Noruega, Suécia e Dinamarca.
254 – Há vários
países que estão buscando meios de poluir menos e adotam inclusive uso de
subsídios para incentivar a produção e uso de alternativas menos danosas ao
meio ambiente.
Isto foi o que
consegui destacar do livro que tem também viés da cultura de cada povo
visitado, além de outros detalhes. Recomendo
a leitura do livro, com certeza.
Anotações:
(resenha) Eng.Agr. Orlando Lisboa de
Almeida
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