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domingo, 10 de agosto de 2014

RESENHA DO LIVRO – DIÁRIO DO CLIMA – SONIA BRIDI

            
           crédito da foto:   https://www.google.com.br/search?q=foto+da+cordilheira+dos+andes


     Resenha feita pelo leitor Eng.Agr. Orlando Lisboa de Almeida

     O Brasil está para participar da Cop 20 que tratará das mudanças climáticas e ocorrerá no Peru.  O Cop vem da precursora reunião de Copenhagen.
     A jornalista catarinense Sonia Bridi fez um giro pelo mundo em busca de levantar dados sobre os lugares onde as mudanças climáticas tem mostrado efeitos mais marcantes e dessa reportagem resultou o livro editado em 2012.
     Página 15 – Passagem por La Paz – Bolívia.   Altitude de mais ou menos 4.000 m acima do nível do mar.    Perto da capital tem o lugar chamado Chacaltaya que tem uma estação de esqui na neve que anda abandonada porque a neve “sumiu”.
     15 – Degelo constante na Cordilheira dos Andes, de forma atípica.   Os cientistas prevêem que em apenas 15 anos nos Andes não haverá mais gelo abaixo dos 5.000 m de altitude.
     16 – Os cientistas usam um cilindro que perfura a neve e tira amostra das camadas e estas, estudadas, dão noção do comportamento do clima em décadas e até séculos.   Também ao analisar troncos das árvores, nos anéis de crescimento, há parâmetros sobre como o clima se comportou em certo período.
     19 – A altitude expõe o ser humano ao risco de embolia cerebral.
     21 – A repórter (que já percorreu o mundo) disse que a Bolívia é um dos países mais autêntico na face da terra em suas vestimentas típicas do dia a dia e modo de vida, com destaque para o interior do país.  Há grandes populações indígenas como os Aimarás, os Quíchuas.
     21 – A repórter viu pelo interior da Bolívia irrigações com plaquinhas do USAID Agencia de Desenvolvimento Americana.    Explicaram lá que após o Evo Morales assumir o governo, este expulsou os americanos que exploravam o país e o povo local.
     22 – A cultura da quinoa, grão de alto valor nutritivo, que é base da alimentação da região.  
     25 – Uyuni – o maior deserto de sal do mundo (era mar que secou há 30.000 anos).
     27 – O salar é a maior reserva do minério LÍTIO do Planeta.   Cobiçado internacionalmente por ser muito usual em eletrônicos como celulares, etc.   É o metal mais leve que há.  Usual em baterias de celulares, etc.  (pesa 10% de uma convencional)
     28 – Consta que os automóveis são responsáveis por 18% das emissões de GEE no planeta.   GEE Gases do Efeito Estufa.  Os USA são responsáveis por 50% das emissões por veículos.
     35 – Passou por Cusco, que foi sede do Império Inca.  (no Peru)
     38 -  “O Peru é um dos países mais lindos que visitei”, diz a jornalista.    CONTINUA......

     40 – Machu Pichu é um local ameaçado pelas mudanças climáticas.  A mudança no clima tem trazido mais chuvas e chuvas mais fortes para lá, ameaçando o local.
     46 – Acampamento religioso a 4.700 m de altitude com 30.000 peregrinos da fé. Temperatura de cinco graus negativos no Vale de Sinakara (no Peru).   Ritual Quíchua pré Colombiano.   Trata de Apu, divindade das montanhas.   Sincretismo Inca-Católico – O Senhor de Qoyllur Ritii.    Até o passado recente, na época do ritual no local, havia gelo mas agora na mesma época do ano só tem gelo 1.000 metros montanha acima, por conta da mudança do clima.     O recuo da camada de gelo nos Andes fez os nativos mudarem um ritual milenar de levar gelo nas costas até Cusco.  Hoje isso não é mais possível.    Atualmente inclusive falta água nas regiões baixas que eram abastecidas pelo degelo da Cordilheira.   Então não retiram mais o gelo para o ritual inclusive num gesto de preservar o que ainda tem da natureza.
     A repórter conversou com um dos peregrinos que vem ao local para o ritual anual há vinte anos e este disse que antes havia gelo na área do acampamento e atualmente não há mais e atribui isso às mudanças climáticas decorrentes de ação humana.
     64 – Passagem pela Inglaterra na caminhada porque os ingleses que sempre foram potencia naval, tem um dos mais sofisticados Observatórios Meteorológicos do mundo e acompanham a questão das mudanças do clima entre suas atribuições.  (O observatório data de 1854).    Dados desse aparato ajudaram até as tropas no “Desembarque na Normandia”, via previsão climática.    Quase 2.000 cientistas trabalham nesse Observatório que é ligado ao Ministério da Defesa da Inglaterra.
     65 – No Observatório a repórter foi entrevistar Sir Brian Horkins (Sir – Cavaleiro da Rainha) pessoa de renome mundial no tema das mudanças climáticas.
     Posição geopolítica dele:  Países populosos como China e Índia estão em desenvolvimento e vão demandar cada vez mais energia que hoje está muito focada em petróleo, cujos fornecedores são países com sérios problemas como os do Oriente Médio e Rússia.    Por isso a tendência seria apostar em fontes alternativas de energia e como consequência suplementar, ajudaria a poupar a pressão sobre o clima do planeta.
     67 – O cientista diz que ninguém quer sair da zona de conforto em relação à questão ambiental.   Usar carrão, alta velocidade, etc.   “Todo mundo quer ter um estilo de vida Hollyoodiano” e isto é ecologicamente um absurdo.
     68 – Ele conta que nas Olimpíadas de Inverno de 2010 no Canadá ocorreu uma das estações frias mais “quentes” e quase não teve neve.     “Estamos vivendo fenômenos climáticos extremos – muito frio, muito calor, muita chuva, muita estiagem.   O que estamos vendo no mundo é consistente com as previsões de mudanças climáticas pelo aquecimento global”
     69 – O tanto de GEE Gases do Efeito Estufa que estamos colocando agora na atmosfera (afirma o cientista) vai influenciá-la pelos próximos mil anos.
     A repórter Sonia Bridi opinou que a mesma Inglaterra que impulsionou a Revolução Industrial no passado poderá vir a ser a mesma nação que irá “puxar” uma Revolução da Sustentabilidade Ambiental.  
     70 – Cita o cientista Bjorn Lomborg que faz um contraponto à maioria dos cientistas do ramo. Acha ele que tem que enriquecer os povos ameaçados pelas mudanças do clima e assim eles sobreviveriam  (se virariam).    Os cientistas britânicos discordam dessa posição pontual.    Se os países pobres só  crescerem, vão querer gastar mais energia de forma descontrolada e piorar o cenário que já não é bom.
     73 – O cientista indiano Pavan Sukdev defende em Londres, via a entidade REDD Rede de Emissões Oriundas do Desmatamento e da Degradação Ambiental.    Ele defende que se deve cobrar dos países ricos para remunerar os países pobres que estão ou venham a proteger as florestas.    Em 2009, 5 bilhões de dólares teria entrado nesse novo mercado de Serviços Ambientais.   Remunerar quem preserva o Meio Ambiente.
     78 – Veneza na Idade Média foi a cidade mais influente da Europa.   Fez expansões com aterros.   As fundações das edificações estão afundando lentamente.  Só no século XX afundaram em média 25 cm.
     79 – Veneza está num país rico que cresceu, se desenvolveu, poluiu e agora tem recursos para ir remediando as conseqüências do clima.    Mas e os países pobres?
     80 – Obras de 11 bilhões de euros para contornar os problemas de Veneza.  Obra no mar no entorno da cidade.    78 mega placas de concreto de 300 t cada.
     82 – Em Veneza, no Gran Canal, prédios com o pavimento térreo abandonado pela invasão da água.    Aproveitam os andares superiores.    Houve a “água alta” de 2008 que foi a 4ª. maior elevação do mar, que chegou a 1,5 m na cidade de Veneza.
     86  - USA – No estado do Colorado, visitou o NOAA que cuida do clima e das previsões meteorológicas.   O NOAA se beneficia de poder estar ligado à rede de satélites e estações militares dos USA espalhadas pelo mundo.   Inclui sismógrafos em todas as placas tectônicas visando estudar terremotos e testes nucleares dos outros.
     86 – Os balões meteorológicos começaram a ser usados em 1930.     Consta que na costa brasileira numa extensão de 2.000 km entre RN e RS, tem ocorrido no oceano a morte de corais pela elevação da temperatura da água.   O chamado “branqueamento” dos corais.
     90 – Os oceanos estão, sim, se aquecendo.
     95 -  Fotógrafo de entidade de pesquisa tem colocado câmeras que filmam durante o ano lugares rochosos que acumulam neve no inverno.   As filmagens mostram que o gelo vem “recuando” para superfícies cada vez menores.
     95 – Telhados pintados de branco para refletir mais a luz e reduzir um pouco o aquecimento global.
     104 – A NASA tem satélite só para fotografar e monitorar os lugares onde tem neve no planeta e estudar o tema.
     105 – A Groenlândia, a partir dos anos 90, começou a perder gelo que vai para o oceano à razão de 200 giga toneladas por ano.  1 giga tonelada é um bloco de 1 kmx1kmx1km.    Nesse ritmo  estima-se que a cada século, o oceano se eleve em 5 cm.  E isso poderá piorar se o problema se acelerar.    A Groenlândia vem de Green Land.  Há séculos lá foi mais quente e havia o verde da relva e os Vikings deram esse nome.
     Já na Antártica está ocorrendo  algo meio inverso.  O aquecimento global está fazendo chover mais na região e está aumentando o gelo.    As geleiras são água doce.
     113 – Sol no verão da Groenlândia vai até as 22 h.  Só que lá o sol a pino é sol baixo no horizonte, como nosso sol das 17 h.   
     113 – Barcos na cor vermelha na região polar para serem vistos mesmo com pouca visibilidade por causa de neblina.
     120 – A famosa geleira Jacobshavn ou Porto Jacob, o “Rio Amazonas” das geleiras.  Tem 600 m de altura e 1.500 m abaixo da água.  Foi dela que se desprendeu o iceberg que em 1912 afundou o Titanic.
     121 – Câmera do Extreme Ice Survery  que monitora as geleiras pelo mundo.  Deve ter site na web.
     122 – O gelo reflete bastante o calor, mas a água sem gelo absorve 98% do calor e as geleiras vão recuando.
     144 – Tanzânia (na África).  A reporter diz que os chineses estão construindo infraestrutura na Tanzânia para terem fonte de matérias primas.   Estão fazendo em décadas o que os europeus não fizeram em séculos pelo continente africano.
     145 – Kilimanjaro, o pico mais elevado da África.  O que tem neve perene no ápice.   Por muito tempo na Europa não se acreditava que na África teria local com neve permanente.     Está crescendo o turismo na África em geral e na Tanzânia em particular e isto estaria ajudando a economia local.    Cita o livro “As Neves de Kilimanjaro” de Ernest Hemingway.   Diz a repórter que o livro até fala da África, mas o tema é sobre a vida e suas escolhas.   Altura do Kilimanjaro – quase 6.000 metros acima do nível do mar    (5.895 m) – é o ponto culminante da África.
     157 – Males da montanha.  Edema pulmonar ou edema cerebral.   Acúmulo de água.
Acima dos 3.000 m de altitude, a pessoa pode sentir sintomas desse mal.    Se a pessoa insistir, um edema cerebral mata em 12 horas.     No caso da repórter, tinha equipe de apoio e demorou 7 dias na subida do Kilimanjaro e 1,5 dia na descida.
     160 – Ela cita o especialista de renome em meteorologia, Carlos Nobre, ligado ao INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.   Ele é membro do IPCC que cuida do tema do aquecimento global e mudanças climáticas no âmbito mundial.
     167 – Desabafo da repórter:   “Vida de mãe é sentir culpa”
      169 – No Kilimanjaro, ela estava a 3.300 m de altitude, acima das nuvens e pode ver ao cair da tarde os raios do sol poente de baixo para cima das nuvens.  
     179 – A neve do Kilimanjaro de 1912 para cá já se reduziu em 85%.
     194 – Visita ao Butão  (Butão se refere a Buda).  Pais que preserva muito a natureza e tem apenas 700.000 habitantes.  Fica entre a China e a Índia.
     Templo da Tigresa – sobre uma pedra de 900 m de altura.
     199 – No Butão no passado se cortavam árvores para vender aos países vizinhos.  Hoje não cortam mais pois sabem que sem árvores não terão água nem a natureza preservada.   Sem água não teriam vida.
     No Butão 2/3 do território atualmente é área de preservação permanente das florestas.   Eles controlam o número de turistas para evitar pressão ambiental e exigem dos turistas gasto mínimo de 300 dolares por dia.     Não medem o PIB do país e se interessam pela felicidade do povo.   Esporte nacional – arco e flecha.
     O budismo não prega o apego ao dinheiro.  “Nós pensamos nas próximas gerações que vão herdar o mundo”.   O presidente do Butão é jovem e se formou em Oxford.
     Se não restringissem o turismo, alguns ganhariam com isso e o povo em geral perderia em preservação natural e cultural.       Já no caso do Nepal, a avalanche de turistas tem trazido inclusive poluição ambiental.
     211 – China -  Movida a carvão que para eles é abundante e barato.  Polui um bocado e não é renovável.  Investiram 33 bi de dólares para ter energia do carvão com sistema menos poluente que o modelo anterior.
     Tomando por base o ano de 2010, a China pretende em 2 anos que sua energia eólica (do vento) tenha custo igual ao da energia térmica (do carvão no caso).  E em 4 anos, que a energia solar deles tenha custo igual ao da energia térmica.    Investimento em tecnologia para amenizar o problema do aquecimento global e da poluição ambiental.
     213 – A China em 1980 emitia por ano 400 milhões de toneladas de CO2 no ar.  Crescendo, em 2007 emitia 1,7 bilhões de t de CO2 no ar.
     217 – Efeitos da mudança do clima.   Há cidade da China que tem 200 empresas no setor de pérolas.   Com a mudança do clima tem havido enchentes freqüentes com perdas significativas ao cultivo de pérolas, afetando a economia local.
     223 – Arquipélago de Vanuatu  - fica perto da Austrália.  População de 200.000 pessoas.   Falam 130 idiomas fora os dialetos.    Lá a água do mar vem avançando e contaminando com água salgada a água de sub solo da ilha (o chamado lençol freático) e com isso as condições de sobrevivência na região estão ficando complicadas pois haverá carência de água doce no Arquipélago.    O aumento da temperatura da água do mar vem afetando as algas que fazem fotossíntese  e que vivem em simbiose com os corais.   Morrem as algas e causam o “branqueamento” dos corais.  Quando severo, mata os corais e estes deixam de proteger a costa e cai até a vida aquática e a pesca.
     238 – Austrália -  A estiagem tem sido mais freqüente e mais severa ao ponto de dizimar as lavouras e criações dos fazendeiros.   Tem trazido desespero e muitos suicídios entre os mesmos.    É a mudança climática afetando o povo.    Mais de 30% dos fazendeiros atingidos pela estiagem estão se tratando de depressão.
     Lá há regiões com lagos secos e sal no fundo.
     239 – Nessa região da Austrália a ocupação por lavouras e pecuária de forma mais intensiva vem de 1920 para cá.   O povo de lá foi muito obstinado e conseguiu ao longo do tempo “vencer” o clima não tão amigável.    Os descendentes desses bravos pioneiros não conseguem entender que estão vivendo um momento novo com desafios novos causados pela mudança climática.  O desespero é maior.    Recentemente sofreram quatro severas estiagens num curto período de dez anos.
     241 – Na região, historicamente a pior estiagem resultou em apenas 199 mm de chuva num ano.    Neste ano corrente (2004) choveu apenas 115 mm na região.
     244 – Estudo científico projeta para 2030 mudanças climáticas pelo mundo....   Amazônia mais seca, .... sul do Brasil, Uruguai, etc. – mais chuvas (acima da média).   Cientista DAÍ AIGUO.
     Na Austrália  já se busca a chamada reconversão das plantações e criações.  Usar mais plantas perenes (que resistem mais à estiagem) e reflorestamento ao invés de criações e produção de grãos.     O grande problema é a quebra de paradigma.  Quem cria gado não quer mudar.  Quem produz grãos, idem.
     250 – Um grupo específico de cientistas do IPCC ganhou o Nobel da Paz em 2007.    É sinal que seus alertas tem que ser levados em conta.
     250 – Brasil -   Segundo Carlos Nobre, cientista do INPE, o brasileiro, nos anos 2004 – 2005 lançava em média 13 toneladas de GEE Gases do Efeito Estufa na atmosfera por ano.   Nessa época, 70% dos GEE que emitimos veio do Desmatamento.
     Em 2009 com a redução do desmatamento, a emissão de GEE no Brasil  caiu para 7 a 8 toneladas de GEE per capita por ano.    Uma redução significativa.    Destaca que a nossa economia não depende do desmatamento e assim é mais fácil reduzir as emissões no nosso país.
     Ao contrário, nos outros países, o problema está no uso de fontes “sujas” de energia e fica mais difícil abrir mão delas.
     Segundo o Carlos Nobre, o Brasil caprichando pode chegar a emitir 2 a 3 t de GEE per capita por ano, índice semelhante ao da Noruega, Suécia e Dinamarca.
     254 – Há vários países que estão buscando meios de poluir menos e adotam inclusive uso de subsídios para incentivar a produção e uso de alternativas menos danosas ao meio ambiente.

     Isto foi o que consegui destacar do livro que tem também viés da cultura de cada povo visitado, além de outros detalhes.   Recomendo a leitura do livro, com certeza.

                         Anotações: (resenha)   Eng.Agr. Orlando Lisboa de Almeida
                                            orlando_lisboa@terra.com.br 




    








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