Total de visualizações de página

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

PALESTRA COM ESPECIALISTA EM GADO DE LEITE DA EMBRAPA - LEITE A PASTO

PALESTRA – RESUMO – GADO DE LEITE A PASTO – EMBRAPA


     Anotações feitas pelo Eng.Agr.Orlando Lisboa de Almeida -       orlando_lisboa@terra.com.br     


     Evento: Seminário Sobre Produção de Leite a Pasto

     Local e data:   Cruzeiro do Sul – PR.     19-06-2009 – Casa da Cultura
     Palestrante:  Dr. Leovogildo Matos – Embrapa Gado de Leite.  Ele é mineiro e está atualmente atuando na Embrapa Soja em Londrina, mas sua atuação continua com pecuária de leite com foco na Agricultura Familiar.  Quase três décadas de pesquisa e viagens de trabalho internacionais (Panamá, Nova Zelândia e outros)
     Pecuária Leiteira no Brasil e no Mundo
     Por quê leite à pasto?
     Rebanho adequado para isso.
     Trabalho com pequenos produtores do Oeste e Sudoeste do Paraná
     Realeza-PR está disponibilizando uma área perto da cidade para se fazer um Centro de Treinamento em Pecuária Leiteira.
     Ele disse que leite é o melhor negócio para o meio rural brasileiro.   Afirma que ao longo do tempo colocaram na nossa cabeça que leite é um problema e que o preço do leite é problema.   Mesmo o leite sendo um ótimo negócio, disse que observa que no PR nas melhores terras o pessoal cultiva soja e cana.   Que nossa pecuária leiteira está no escanteio, jogada nas terras marginais muitas vezes.
     Estados produtores de leite (base 2006):
     MG   7,1 bilhões de litros por ano;     PR – 2,7 bilhões;
     RS – 2,6 bilhões: GO – 2,6 bilhões; SP 1,7 bilhões; SC 1,7 bilhões...
     São Paulo fica nessa de dar ração no cocho para vacas e não consegue competir com os custos dos produtores das novas fronteiras agrícolas como GO, RO, PA, etc.  Vem perdendo terreno.
     Lembrou que a embalagem longa vida (leite UHT) causou uma revolução no mercado do leite no BR.   Isto porque pode ser transportado a longas distâncias com temperatura ambiente.  Vem leite até do PA competir com o leite do sul do Brasil.
     Leite no mundo (2005)
     USA 80,2 bilhões de litros;  Índia – 38,5 bilhões (só leite de vaca).  Esta separação foi feita pelos USA, porque se somar leite de vaca com leite de búfala, a Índia atinge produção anual de 95,67 bilhões de litros por ano.  Em terceiro, a Rússia.
     Evolução da produção de leite no BR:    Ano 1980 – 11,1 bilhões de litros; ano de 2006   25,7 bilhões de litros.     O BR já foi o maior importador de leite e genética do ramo do mundo.   Hoje é exportador.
     Preço do leite corrigido
     Ano de 1980  -   R$.0,93 por litro
     Ano de 2006  -   R$.0,45 por litro
     O custo de produção sempre foi problema.   O sucesso no ramo vai depender do nosso custo.                      clicar para continuar ......

     De 1980 a 2006, como visto acima, crescemos a produção anual de leite em 14,6 bilhões de litros (de 11,1 para 25,7).   Crescemos “uma Nova Zelândia”, o que não é pouca coisa.   E os preços vem decrescendo.   A propósito, a N.Zelândia (que ele conhece bem) não é tão grande no setor leiteiro mas é o maior exportador de leite do mundo com 25% do mercado.
     Produção da Austrália – 10,2 bilhões de litros por ano
     Canadá – 8,1 bilhões;
     Argentina – 8,1 bilhões de litros.
     Custo de produção em dólar     US$0,10 a 0,15 por litro – Brasil, Argentina, etc.  Entre os mais baixos do mundo.
     De 1980 para cá nossa produção de leite aumentou mais que nosso PIB e mais que nossa população.    O que está estagnado no BR é o poder de compra do brasileiro.   A renda per capita do brasileiro (1991-2005) aumentou nesse período em 19,6% no total.   A produção de leite aumentou bem mais que isso.   Caem os preços de mercado do leite.
     No Brasil o preço do leite vem em queda nos últimos 30 anos e vai continuar em queda.  É uma tendência aqui e no mercado internacional.
     Como racionalizar custos...
     Comida de Vaca é Capim.  Capim novo  (diz que até o Luiz Gonzaga, rei do baião já sabia  disso).
     Pasto rapado é pasto sem capim para a vaca pastar.   Capim novo e colhido pela vaca.  Ela pasta as folhas e não os talos.  Quando cortamos o capim para fornecer às vacas, cortamos com talo, muitas vezes ainda passados, fibrosos.   Diz ele que quem come “bambu” é urso panda.
     Pasto porque é a comida de menor custo para vaca de leite e assim dá mais lucro para o produtor de leite.    A função da vaca é produzir lucro. E vaca dá trabalho.   A danada resolve parir de madrugada...
    No Panamá, um dia falando para pequenos produtores de leite um deles fez um desabafo a respeito:  Doutor, produzir leite é pior que cuidar de um puteiro.   O Doutor provoca para ouvir a justificativa.   Pois é, doutor, ao menos o puteiro fecha na Sexta Feira Santa e a gente descansa um pouco.
     O Brasil é tropical e tem pasto abundante ao menos em sete meses do ano.   O capim perde quantidade e qualidade no outono-inverno por menor luminosidade (e calor) e menos chuvas.   
    Demanda resumida da vaca:
Recursos        para cada vaca
Verão   -   somente pasto de boa qualidade      60 a 75 kg de capim por dia
Inverno – pasto e cana (capineira)              pasto + 1 t de cana por mês/vaca 
Cana de boa qualidade, com bom teor de açúcar, não cana taquara, cana ripa.  Solo bem cuidado.
Diz: eu fiz a cerca e a porteira e tranquei as vacas lá, então tenho a obrigação de não deixar faltar nada para elas.  É um “contrato”.  Eu forneço o que ela precisa e ela me fornece o leite e lucro.
     Ele faz um cálculo de produtividade de cana de 100 toneladas por hectare, o que é comum por aqui, para cana bem manejada e adubada.
     1 há., dá 100 t que dá para alimentar 20 vacas (complemento de pasto no inverno) nos cinco meses de capim baixo.   Demanda:  1 t/mês/vaca x 5 meses x 20 vacas = 100 t. = 1 há.bem manejado de canavial.
     Ele fez um exemplo interessante com a Economia da “Porcaria”.   Colocado um suíno de 65 kg de Peso Vivo (PV) para engorda e fornecido apenas 1 kg de ração por dia a ele.    Passado o tempo que seria da engorda o suíno pesou de novo os mesmos 65 kg e só gastou ração.   Um suíno com o mesmo peso inicial – 65 kg. Recebeu na engorda 2,37 kg de ração por dia e no final de 77 dias pesou 121 kg.   Deu lucro e progresso ao produtor.  
     Só que no caso da vaca, a ração não tem dado retorno.   O menor custo vem do fornecimento de capim de qualidade na quantidade certa e no inverno, reforço com volumoso como cana, etc.
     Sobre o Por quê de gado de leite a pasto, citou exemplo das Redes de Referência da Emater-PR e do IAPAR.    (dados de 2006)
     Pasto perene de verão – custo de R$.0,04 centavos por kg de MS (matéria seca).     Pasto de inverno, milheto, etc.   – custo de R$.0,15 por kg de matéria seca.   Já complica o custo do leite.
     Cana de qualidade -   R$.0,03 por kg de MS. 
     Citou dados de pesquisa de Viana e Borges (2003) também.
     Volumoso – pasto – custo de 15 dólares/ tonelada;
     Silagem de capim elefante (napier) – 45 dólares por tonelada;
     Silagem de milho – ao redor de 60 dólares por tonelada (inviável econ.)
     Há trabalhos do Eng.Agr.Sidney Baroni da Emater Regional de Maringá-PR sobre gado de leite e custos de produção.   Ele citou algo do Baroni.
     Vaca recebendo durante o ano todo, período de lactação e vaca seca, silagem de milho,  gastaria o equivalente a 26,6 kg de leite/DIP   Dias de Intervalo de parto.   Incluindo as vacas secas.   Inviável economicamente.
     Quando fornecido pasto no verão e pasto mais silagem de milho no inverno, o custo equivaleria a 14,7 kg.de leite por dia (DIP).
     Já no pasto de verão exclusivo e pasto + cana + uréia – custo de 9,1 kg de leite por dia  (DIP).   Aqui tende a ser viável.
     A pergunta fundamental é a seguinte:  1 litro de leite (preço recebido pelo produtor) compra quantos kg de ração?     Ele disse que hoje com o preço de 1 litro de leite o produtor não consegue comprar nem 1 kg.de ração.     E 1 kg de ração suplementar para a vaca não aumenta 1 litro de leite na produção da vaca de modo geral.
    É o mercado que diz o que posso fazer.
     Importante:
     Vaca de 15 kg de leite por dia pode receber dieta com 80% de pasto;
     Vaca de 25 kg de leite por dia pode receber no máximo 20% da sua necessidade diária de alimento em pasto.   O restante tem que ser no cocho.
     Vaca de 35 kg.de leite por dia – não pode comer capim (volumoso).  Tem que ser 100% ração balanceada.
     Dados de Davison (1996)    O Brasil tem clima tropical, com sol, calor e chuvas regulares em muitas regiões.   O clima é altamente favorável para produção de gramíneas.   As forrageiras (pastagens) que usamos em geral são enquadradas na classe C4 de crescimento e rendimento altos.   Favorável para gado de leite a pasto.
    Nessa condição natural, não faz sentido eu usar em gado de leite uma genética que não aproveite essa condição natural tropical para tirar leite a pasto, de baixo custo.  Alerta:   Ele diz que a maior parte dos palestrantes que vem falar para produtores de leite vem com a proposta de aumentar a produtividade por vaca.  Cuidado!!!!
     Antes de 1996  com 1 litro de leite o Australiano comprava 4 kg.de ração e era viável dar ração para vaca.    Depois que a China entrou naquele ritmo forte de crescimento e passou a demandar mais grãos para produzir mais proteína animal para seu povo, a coisa mudou.   O mundo viu as fontes de proteína (soja, etc.) subirem de preço.    Foi um baque na atividade leiteira na Austrália.   Quem entendeu a nova realidade e mudou para vacas de menor produtividade individual (inclusive vacas menores) e menor demanda de ração sobreviveu no setor.  Quem não entendeu a mudança e continuou dando ração para as vacas de leite como antigamente quebrou.  E o palestrante já esteve por lá nas duas fases.  Diz que tem dados daquela região no site     WWW.animalscientist.org/community/node/231
     Solução que eles encontraram para enfrentar a nova fase de ração cara:
Ø  rebanhos modestos  (100 a 200 vacas ) manejo sistema familiar;
Ø  baixo custo de produção (menos ração);
Ø  Pastagens perenes – gado a pasto;
Ø  Rebanhos mais adaptados  (Jersey e Sahival x Frísio Australiano) – gado menor e mais rústico;
Ø  Média de 4.100 kg.de leite por lactação  (antes era bem maior);
     O palestrante diz que tem gente que olha torto para as propostas de gado a pasto, mas há uma pá de respaldo científico para isso.
     No Oeste do PR ele vem trabalhando com grupos de produtores familiares que produzem leite e lá usaram o formato de entrega mediante convênio com um laticínio regional.   (Lat.Diplomata, no caso).
     Por lá o pessoal está se dando bem na pecuária de leite.
     Lembrado que o preço do leite não é função do custo de produção.  É o mercado que vai definir quanto vai pagar pelo leite e cabe ao produtor adequar seus custos.  Não adianta ficar reclamando do governo.
     Mostrou países onde não há subsídio ao leite e não tem havido mudança na produtividade do leite por vaca e o pessoal tem conseguido lucro.   Com administração dos custos de produção.
     Ele disse que houve caso em que o prefeito assistiu a palestra junto com os produtores familiares e depois de ouvir a palestra disse.   Que bom ouvir isso.  Ainda dá tempo de cancelar o projeto de instalar aqui um Posto de Inseminação do gado para aumentar a produtividade do rebanho.    Haveria transferência de embrião e tudo o mais.   Foi cancelado o projeto.
     A Irlanda e a Nova Zelândia são exemplos de países que sofreram com o aumento do preço da ração do gado de leite e passaram a pesquisar sistema de produção de leite que traga mais lucratividade.
     Voltando ao leite longa vida e a revolução na geografia do leite no BR:  Enquanto SP vê minguar sua pecuária leiteira baseada na ração, o PA cresceu sua produção de leite entre 1996-2005 em 212%.  Leite a pasto.  Nesse mesmo período SP teve uma retração de 13% em sua produção.
     Cenário interno -  nosso mercado consumidor de leite é composto por muita gente com baixo poder aquisitivo.  Hoje o leite está caro ao consumidor e vai, no curto prazo, cair o consumo.
     Vai abordar –
     Mercado consumidor; Qual o sistema de produção?  Alimento?  Que animal?  Custo de produção;  A IN 51 sobre qualidade do leite.
     Sobre a Instrução Normativa 51 do Governo Federal, lembrou que ela é favorável ao produtor de leite, ao consumidor e ao País.   Vacas mais saudáveis, leite mais seguro e mais saúde pública.    E mais mercado externo.
     Faz uma pergunta para o pessoal refletir:   Por que as bacias leiteiras das Novas Fronteiras do BR recebem pelo leite produzido 60% do que o produtor do Sul-sudeste recebe (bacias leiteiras tradicionais) e mesmo assim as das Novas Fronteiras vem crescendo 10% ao ano???
     (as bacias leiteiras tradicionais do BR vêm decrescendo na faixa de 6 % ao ano)
     Tendências -  energia cara e subindo; combustíveis, idem; custos financeiros altos.
     Ele disse que às vezes copiamos modelos de fora, onde tudo é diferente da nossa realidade.  Ele morou 5 anos em NY.  Mostrou fotos de gado estabulado no Norte dos USA (inverno rigoroso) e Canadá (inverno mais rigoroso ainda).   Por lá o gado fica protegido no inverno não só por causa do gado, mas também para o conforto do retireiro (proteção contra ventos frios e neve).   Não dá para importar o tipo de sala de ordenha deles para nosso ambiente tropical que não tem esse frio todo.   Nada de “free stal” etc.    Até ele ironizou:   Aqui faz tempo que não cai neve...
     Citou dados de pesquisa no Instituto Cristão de Castro – Colégio Agrícola.    Experimento de Silva, em 2005 lá.
     O estudo fez uma correlação entre 4 sistemas de alimentação do gado de leite e a produtividade e o lucro.

Sistema 1 -  gado com 20% da dieta diária no cocho
Sistema 2 – gado com 45% da dieta diária no cocho
Sistema 3 – gado com 65%   “
Sistema 4 – gado com 100% “
     Margem de lucro líquida no sistema 1 (20% de cocho):   R$.1.637,00/vaca por lactação;
     Margem de lucro líquida no sistema 4 (100% de cocho)  R$.   820,00/vaca por lactação.
     Ele diz que ao dar palestras lá na região de Castro os polacos argumentam:  Doutor, nós aqui estamos em cima da terra mais cara do país e temos que produzir mais leite.   O Doutor rebate:   por estarem nas terras mais caras do país, vocês tem que produzir mais LUCRO.
     O gráfico representativo da produção diária das vacas nos quatro sistemas citados demonstrou que a produtividade por vaca era crescente, mas o lucro não.
     A respeito disso, mostrou uma tabela de experimento de Vilela e Resende (2001).    
     O palestrante diz se o produtor tem compromisso com as vacas (mais leite por vaca) ou com os filhos (mais lucro)?
     Ele diz que no PR a “briga” dele é com os produtores de leite que fazem silagem de milho para o gado de leite.   O produto em geral é caro e ainda nem sempre fazem a silagem com boa técnica e assim ainda perdem produto por decomposição.    Em Castrolanda ainda o pessoal consegue ao redor de 45 t de silagem de milho por há.plantado.   Mas no Sudoeste a média não passa de 18 t por hectare, o que é de muito baixa produtividade.
     Alguns fatores a considerar – custos de oportunidade; máquinas e implementos; época de plantio do milho.     Fazer silagem ou vender o milho como grão?   O pequeno comprar máquinas de silagem ou alugar.  Se for alugar, consegue no momento certo de fazer a silagem?    Precisando alugar maquinário consegue plantar e colher o milho na época melhor?
     Em associação de produtores, em geral a patrulha mecanizada requer que a gente entre na fila para usá-la.  Em geral, não conseguimos no momento adequado.
     No campo em geral o produtor perde de 20 a 30% da silagem por uma série de problemas de manejo.
     Dados de Carneiro & Spaniol (2009)

     Poder de compra do leite
discriminação
Reais/kg de leite – NOV-07
Reais/kg leite – DEZ-08
Reais/kg leite – FEV-09
Preço do leite
0,73
0,57
0,54
Q. de leite P comprar 50 kg ração
50 litros
58 litros
60 litros
Q.de leite para comprar 50 kg.de sulfato de amônia
58 litros
100 litros
80 litros
Pagar salár.1 ordenhador/mês
910 litros
1.311 litros
1.403 litros
Q de vacas a ordenhar por dia para pagar 1 ordenhador
   29,8 vacas/dia
43 vacas/dia
46 vacas/dia
Q de lactações para pagar a vaca com juro
11,8 lactações
17,2 lactações **
** aqui a vaca já
Morreria de velha
18,1 lactações

     Solução – adubar a pastagem e ter pasto de qualidade e em quantidade para o gado de leite.
     Quando vamos comprar uma vaca, quem conhece melhor a vaca, o que está descartando, ou quem está comprando?    Ele até comparou com um jogo de baralho.   O vendedor vende as melhores?
     Não devemos comprar a vaca considerando apenas a receita bruta estimada de leite por ciclo de ordenha.     A vaca vai produzir 20 litros por dia x Xis dias x R$.0,50.      O cálculo deveria ser.   A vaca me custa por exemplo R$.2.500,00 e se (dados do professor) o lucro por litro de leite varia de R$.0,02 a R$.0,05 por litro, quantos litros preciso para pagar a vaca (e o juro, se for o caso)?    Quanto tempo irá para pagar essa vaca?  Ela se paga?     Há casos de precisar de 18 lactações da vaca para pagar o capital, mas ela não chega a isso em sua vida útil.



      Alerta sobre o uso indiscriminado de Ivermectina contra ecto e endoparasitos de bovinos.   Resíduos do produto saem nas fezes dos animais e matam os microrganismos do solo, inclusive insetos úteis como o rola bosta que incorpora as fezes do gado no solo.   Ao incorporar as fezes também controla em parte a população da mosca do chifre que coloca seus ovos-larvas nas fezes dos bovinos.
     Ele disse que há trabalho científico publicado pela Embrapa com bovinos acima de 18 meses.  A partir dessa idade, os bovinos estudados não davam resposta ao uso de vermífugos.    Suponho que o pasto no caso seja de qualidade.     Ele disse que em muitos casos a pessoa pensa que é verme, mas é fome.  O animal está com pasto deficiente, pasto baixo.
     Disse que é comum a pessoa estar num aparente círculo vicioso com muito gado, pasto rapado e baixa produtividade.  Ele cita uma forma de sair disso: descartar alguns bovinos, aliviando o uso do pasto, fazer caixa com a venda dos descartes e de preferência usar parte desse dinheiro para recuperar a fertilidade do solo do pasto.   Assim o pasto melhora, o gado aumenta a produtividade e se sai do buraco.
     Ele mostrou em forma de pirâmide as prioridades que devemos adotar ao estruturar melhor nossa atividade pecuária de leite:
     Na base, o fundamental:  melhorar o solo do pasto e sua capacidade de produção de alimentos (forragem);
     Em seguida, melhorar o sistema de alimentação do rebanho;
     Em seguida, melhorar a saúde e reprodução do rebanho;
     Em seguida, melhorar as instalações;
     Raça, etc.vem bem depois...
     Não vivo do desempenho de um animal.   Vivo do desempenho de todo o rebanho de leite.    Fez um paralelo com lavoura de milho.  Eu não me importo sobre quanto de milho produz um pé.  Me interessa quanto produz por ha.
     Só em bovinos o pessoal tem o hábito de prestar atenção só na produtividade individual.
     Somos campeões mundiais na produção de frango em quantidade e qualidade e não há “galo” famoso.  
     Os USA foram selecionando ao longo do tempo as vacas da raça Holandesa para alta produtividade individual.   E as vacas selecionadas são grandes, para ter um rúmen grande, mas que demandam muita ração que para nós aqui é cara e não compensa.  Além do mais, só na ração a vaca passa a ter problema de acidez no rúmen.
     Informa que a maioria do pessoal técnico ensina que vaca de alta produtividade tem que ser a meta do produtor de leite e já foi visto que se a ração é cara, essa vaca não dará quase lucro.
     Mostrou os dados de um trabalho científico que correlacionava o custo de manutenção de vacas com diferentes produtividades de leite. Custo de mantença da vaca – quanto mais leite ela produz, o custo relativo por litro de leite produzido cresce também, nas condições de preço caro da ração que em geral ocorrem por aqui.
     Gado leiteiro de alta produtividade individual – a vaca geralmente tem menor taxa de prenhez, que chega a ser de menos de 50%.
     Na Nova Zelândia, quando vai chegando o inverno o pessoal seca a vacada de leite para não precisar de tanta ração.   Produzem leite em 9 meses do ano e a vacada descansa por três meses.
     Mostrou um resumo de um interessante trabalho do pesquisador Madalena, da Embrapa Gado de leite:
     Testou tirar leite da vaca sem o bezerro, com o bezerro apojando e com o bezerro ao pé, sem apojo.
     Com apojo – vaca produziu numa lactação 2.400 litros de leite para comercialização e 270 litros para criar o bezerro até a desmama. 
     Sem bezerro ao pé.   A vaca produziu 2.200 litros de leite para comercialização mais 200 litros que foram separados para o bezerro.  Assim ele comprovou que mesmo tratando do bezerro macho até a desmama, é viável e a vaca ainda produz mais leite para venda e o bezerro desmamado tem um preço de mercado razoável.   
     Mostrou o caso de um pecuarista de leite tradicional, seu conhecido, que tinha um rebanho Jersey (no BR) e ganhava dinheiro com leite.   Fizeram a cabeça dessa pessoa e ele começou a cruzar suas vacas com gado leiteiro de maior porte e o ganho da fazenda começou a cair, apesar de produzir um pouco mais de leite.   Percebeu que a vaca Jersey é menor, é mais prolífica (dá mais crias) e dá mais lucro que as vacas grandes.
     Perguntaram sobre irrigação de pasto e ele disse que a experiência dele recomenda mais, se puder irrigar, dar prioridade para irrigar a capineira de inverno, a cana, etc.   No verão, se o pasto estiver com a fertilidade em ordem, a temperatura e as chuvas costumam suprir de forma razoável a demanda do rebanho que tem que ser compatível com o pasto disponível para não deixá-lo rapado.     Ele diz que cana bem manejada para forragem, como visto, pode em 1 ha.produzir alimento complementar para 20 vacas nos cinco meses de frio e se a cana for irrigada, em 1 ha.produz para 40 vacas ou mais no mesmo período.
     Cana sem irrigação na região produz ao redor de 100 t por ha.no primeiro corte, em solo bem cuidado.   Ele tem conseguido até 400 t de cana por ha.com irrigação.    Acredita muito na cana porque mesmo havendo estiagem, mesmo a cana não irrigada, não costuma ter queda significativa de produtividade.  É uma cultura confiável, que não deixa o produtor de leite na mão no inverno.
     Suplemento com cana+uréia+enxofre. (mistura com cuidado)
     (9 partes de uréia e 1 parte de sulfato de amônia). 
     Ele chama de vazio forrageiro o período de outono inverno quando o capim não vejeta bem e o gado precisa de reforço com cana, etc.
     Mostrou o sistema de cocho trenó.   Cocho para volumoso que é colocado no pasto, perto da mangueira e o gado pisoteia o local e defeca por ali, sendo que as fezes e urina ajudam a fertilizar o terreno. Quando o lugar está muito pisoteado, se puxa o cocho para outro lugar e vai assim mudando de lugar para fertilizar mais área e evitar excesso de pisoteio.   Há no site da Embrapa o desenho do tal cocho.
     O e-mail do Dr.Leovogildo é    leomatos@cnpso.embrapa.br

     Isto foi o que consegui captar, ouvindo e anotando e depois coloquei no Word.   Espero que o material seja útil ao pessoal que labuta no ramo.


Nenhum comentário:

Postar um comentário