PALESTRA
– RESUMO – GADO DE LEITE A PASTO – EMBRAPA
Anotações feitas pelo
Eng.Agr.Orlando Lisboa de Almeida -
orlando_lisboa@terra.com.br
Evento: Seminário Sobre Produção de Leite a Pasto
Local e data: Cruzeiro do Sul – PR. 19-06-2009 – Casa da Cultura
Palestrante: Dr. Leovogildo Matos – Embrapa Gado de
Leite. Ele é mineiro e está atualmente
atuando na Embrapa Soja em Londrina, mas sua atuação continua com pecuária de
leite com foco na Agricultura Familiar.
Quase três décadas de pesquisa e viagens de trabalho internacionais
(Panamá, Nova Zelândia e outros)
Pecuária Leiteira no Brasil e no Mundo
Por quê leite à pasto?
Rebanho adequado para isso.
Trabalho com pequenos produtores do Oeste e
Sudoeste do Paraná
Realeza-PR está disponibilizando uma área
perto da cidade para se fazer um Centro de Treinamento em Pecuária Leiteira.
Ele disse que leite é o melhor negócio
para o meio rural brasileiro. Afirma
que ao longo do tempo colocaram na nossa cabeça que leite é um problema e que o
preço do leite é problema. Mesmo o
leite sendo um ótimo negócio, disse que observa que no PR nas melhores terras o
pessoal cultiva soja e cana. Que nossa
pecuária leiteira está no escanteio, jogada nas terras marginais muitas vezes.
Estados produtores de leite (base 2006):
MG
7,1 bilhões de litros por ano;
PR – 2,7 bilhões;
RS – 2,6 bilhões: GO – 2,6 bilhões; SP 1,7
bilhões; SC 1,7 bilhões...
São Paulo fica nessa de dar ração no cocho
para vacas e não consegue competir com os custos dos produtores das novas
fronteiras agrícolas como GO, RO, PA, etc.
Vem perdendo terreno.
Lembrou que a embalagem longa vida (leite
UHT) causou uma revolução no mercado do leite no BR. Isto porque pode ser transportado a longas
distâncias com temperatura ambiente. Vem
leite até do PA competir com o leite do sul do Brasil.
Leite no mundo (2005)
USA 80,2 bilhões de litros; Índia – 38,5 bilhões (só leite de vaca). Esta separação foi feita pelos USA, porque se
somar leite de vaca com leite de búfala, a Índia atinge produção anual de 95,67
bilhões de litros por ano. Em terceiro,
a Rússia.
Evolução da produção de leite no BR: Ano 1980 – 11,1 bilhões de litros; ano de
2006 25,7 bilhões de litros. O BR já foi o maior importador de leite e
genética do ramo do mundo. Hoje é
exportador.
Preço do leite corrigido
Ano de 1980 -
R$.0,93 por litro
Ano de 2006 -
R$.0,45 por litro
O custo de produção sempre foi
problema. O sucesso no ramo vai
depender do nosso custo. clicar para continuar ......
De 1980 a 2006, como visto acima, crescemos a
produção anual de leite em 14,6 bilhões de litros (de 11,1 para 25,7). Crescemos “uma Nova Zelândia”, o que não é
pouca coisa. E os preços vem
decrescendo. A propósito, a N.Zelândia
(que ele conhece bem) não é tão grande no setor leiteiro mas é o maior
exportador de leite do mundo com 25% do mercado.
Produção da Austrália – 10,2 bilhões de
litros por ano
Canadá – 8,1 bilhões;
Argentina – 8,1 bilhões de litros.
Custo de produção em dólar US $0,10 a 0,15 por litro
– Brasil, Argentina, etc. Entre os mais
baixos do mundo.
De 1980 para cá nossa produção de leite
aumentou mais que nosso PIB e mais que nossa população. O que está estagnado no BR é o poder de
compra do brasileiro. A renda per capita do brasileiro (1991-2005)
aumentou nesse período em 19,6% no total.
A produção de leite aumentou bem mais que isso. Caem os preços de mercado do leite.
No Brasil o preço do leite vem em queda
nos últimos 30 anos e vai continuar em queda.
É uma tendência aqui e no mercado internacional.
Como racionalizar custos...
Comida de Vaca é Capim. Capim novo
(diz que até o Luiz Gonzaga, rei do baião já sabia disso).
Pasto rapado é pasto sem capim para a vaca
pastar. Capim novo e colhido pela vaca.
Ela pasta as folhas e não os talos.
Quando cortamos o capim para fornecer às vacas, cortamos com talo,
muitas vezes ainda passados, fibrosos.
Diz ele que quem come “bambu” é urso panda.
Pasto porque é a comida de menor custo
para vaca de leite e assim dá mais lucro para o produtor de leite. A função da vaca é produzir lucro. E vaca
dá trabalho. A danada resolve parir de
madrugada...
No Panamá, um dia falando para pequenos
produtores de leite um deles fez um desabafo a respeito: Doutor, produzir leite é pior que cuidar de
um puteiro. O Doutor provoca para ouvir
a justificativa. Pois é, doutor, ao
menos o puteiro fecha na Sexta Feira Santa e a gente descansa um pouco.
O Brasil é tropical e tem pasto abundante
ao menos em sete meses do ano. O capim
perde quantidade e qualidade no outono-inverno por menor luminosidade (e calor)
e menos chuvas.
Demanda resumida da vaca:
Recursos para cada vaca
Verão -
somente pasto de boa qualidade
60 a
75 kg de
capim por dia
Inverno
– pasto e cana (capineira)
pasto + 1 t de cana por mês/vaca
Cana
de boa qualidade, com bom teor de açúcar, não cana taquara, cana ripa. Solo bem cuidado.
Diz:
eu fiz a cerca e a porteira e tranquei as vacas lá, então tenho a obrigação de
não deixar faltar nada para elas. É um
“contrato”. Eu forneço o que ela precisa
e ela me fornece o leite e lucro.
Ele faz um cálculo de produtividade de
cana de 100 toneladas por hectare, o que é comum por aqui, para cana bem
manejada e adubada.
1 há., dá 100 t que dá para alimentar 20
vacas (complemento de pasto no inverno) nos cinco meses de capim baixo. Demanda:
1 t/mês/vaca x 5 meses x 20 vacas = 100 t. = 1 há.bem manejado de
canavial.
Ele fez um exemplo interessante com a
Economia da “Porcaria”. Colocado um
suíno de 65 kg
de Peso Vivo (PV) para engorda e fornecido apenas 1 kg de ração por dia a
ele. Passado o tempo que seria da
engorda o suíno pesou de novo os mesmos 65 kg e só gastou ração. Um suíno com o mesmo peso inicial – 65 kg . Recebeu na engorda 2,37 kg de ração por dia e
no final de 77 dias pesou 121
kg . Deu lucro e
progresso ao produtor.
Só que no caso da vaca, a ração não tem
dado retorno. O menor custo vem do
fornecimento de capim de qualidade na quantidade certa e no inverno, reforço
com volumoso como cana, etc.
Sobre o Por quê de gado de leite a pasto,
citou exemplo das Redes de Referência da Emater-PR e do IAPAR. (dados de 2006)
Pasto perene de verão – custo de R$.0,04
centavos por kg de MS (matéria seca).
Pasto de inverno, milheto, etc.
– custo de R$.0,15 por kg de matéria seca. Já complica o custo do leite.
Cana de qualidade - R$.0,03 por kg de MS.
Citou dados de pesquisa de Viana e Borges
(2003) também.
Volumoso – pasto – custo de 15 dólares/
tonelada;
Silagem de capim elefante (napier) – 45
dólares por tonelada;
Silagem de milho – ao redor de 60 dólares
por tonelada (inviável econ.)
Há trabalhos do Eng.Agr.Sidney Baroni da
Emater Regional de Maringá-PR sobre gado de leite e custos de produção. Ele citou algo do Baroni.
Vaca recebendo durante o ano todo, período
de lactação e vaca seca, silagem de milho,
gastaria o equivalente a 26,6
kg de leite/DIP
Dias de Intervalo de parto.
Incluindo as vacas secas.
Inviável economicamente.
Quando fornecido pasto no verão e pasto
mais silagem de milho no inverno, o custo equivaleria a 14,7 kg .de leite por dia
(DIP).
Já no pasto de verão exclusivo e pasto +
cana + uréia – custo de 9,1
kg de leite por dia
(DIP). Aqui tende a ser viável.
A pergunta fundamental é a seguinte: 1 litro de leite (preço recebido pelo produtor)
compra quantos kg de ração? Ele
disse que hoje com o preço de 1
litro de leite o produtor não consegue comprar nem 1 kg .de ração. E 1 kg de ração suplementar para a vaca não
aumenta 1 litro
de leite na produção da vaca de modo geral.
É o mercado que diz o que posso fazer.
Importante:
Vaca de 15 kg de leite por dia pode receber
dieta com 80% de pasto;
Vaca de 25 kg de leite por dia pode
receber no máximo 20% da sua necessidade diária de alimento em pasto.
O restante tem que ser no cocho.
Vaca de 35 kg .de leite por dia – não
pode comer capim (volumoso). Tem que ser
100% ração balanceada.
Dados de Davison (1996) O Brasil tem clima tropical, com sol, calor
e chuvas regulares em muitas regiões. O
clima é altamente favorável para produção de gramíneas. As forrageiras (pastagens) que usamos em
geral são enquadradas na classe C4 de crescimento e rendimento altos. Favorável para gado de leite a pasto.
Nessa condição natural, não faz sentido eu
usar em gado de leite uma genética que não aproveite essa condição natural
tropical para tirar leite a pasto, de baixo custo. Alerta: Ele diz que a maior parte dos palestrantes
que vem falar para produtores de leite vem com a proposta de aumentar a
produtividade por vaca. Cuidado!!!!
Antes de 1996 com 1 litro de leite o Australiano comprava 4 kg .de ração e era viável dar
ração para vaca. Depois que a China
entrou naquele ritmo forte de crescimento e passou a demandar mais grãos para produzir
mais proteína animal para seu povo, a coisa mudou. O mundo viu as fontes de proteína (soja,
etc.) subirem de preço. Foi um baque
na atividade leiteira na Austrália.
Quem entendeu a nova realidade e mudou para vacas de menor produtividade
individual (inclusive vacas menores) e menor demanda de ração sobreviveu no
setor. Quem não entendeu a mudança e
continuou dando ração para as vacas de leite como antigamente quebrou. E o palestrante já esteve por lá nas duas
fases. Diz que tem dados daquela região
no site WWW.animalscientist.org/community/node/231
Solução que eles encontraram para
enfrentar a nova fase de ração cara:
Ø
rebanhos
modestos (100 a 200 vacas ) manejo sistema
familiar;
Ø
baixo
custo de produção (menos ração);
Ø
Pastagens
perenes – gado a pasto;
Ø
Rebanhos
mais adaptados (Jersey e Sahival x
Frísio Australiano) – gado menor e mais rústico;
Ø
Média
de 4.100 kg .de
leite por lactação (antes era bem
maior);
O palestrante diz que tem gente que olha
torto para as propostas de gado a pasto, mas há uma pá de respaldo científico
para isso.
No Oeste do PR ele vem trabalhando com
grupos de produtores familiares que produzem leite e lá usaram o formato de entrega
mediante convênio com um laticínio regional.
(Lat.Diplomata, no caso).
Por lá o pessoal está se dando bem na
pecuária de leite.
Lembrado que o preço do leite não é função
do custo de produção. É o mercado que
vai definir quanto vai pagar pelo leite e cabe ao produtor adequar seus
custos. Não adianta ficar reclamando do
governo.
Mostrou países onde não há subsídio ao
leite e não tem havido mudança na produtividade do leite por vaca e o pessoal
tem conseguido lucro. Com administração
dos custos de produção.
Ele disse que houve caso em que o prefeito
assistiu a palestra junto com os produtores familiares e depois de ouvir a
palestra disse. Que bom ouvir isso. Ainda dá tempo de cancelar o projeto de
instalar aqui um Posto de Inseminação do gado para aumentar a produtividade do
rebanho. Haveria transferência de
embrião e tudo o mais. Foi cancelado o
projeto.
A Irlanda e a Nova Zelândia são exemplos
de países que sofreram com o aumento do preço da ração do gado de leite e
passaram a pesquisar sistema de produção de leite que traga mais lucratividade.
Voltando ao leite longa vida e a revolução
na geografia do leite no BR: Enquanto SP
vê minguar sua pecuária leiteira baseada na ração, o PA cresceu sua produção de
leite entre 1996-2005 em 212%. Leite a
pasto. Nesse mesmo período SP teve uma
retração de 13% em sua produção.
Cenário interno - nosso mercado consumidor de leite é composto
por muita gente com baixo poder aquisitivo.
Hoje o leite está caro ao consumidor e vai, no curto prazo, cair o
consumo.
Vai abordar –
Mercado consumidor; Qual o sistema de
produção? Alimento? Que animal?
Custo de produção; A IN 51 sobre
qualidade do leite.
Sobre a Instrução Normativa 51 do Governo
Federal, lembrou que ela é favorável ao produtor de leite, ao consumidor e ao
País. Vacas mais saudáveis, leite mais
seguro e mais saúde pública. E mais
mercado externo.
Faz uma pergunta para o pessoal refletir: Por que as bacias leiteiras das Novas
Fronteiras do BR recebem pelo leite produzido 60% do que o produtor do
Sul-sudeste recebe (bacias leiteiras tradicionais) e mesmo assim as das Novas
Fronteiras vem crescendo 10% ao ano???
(as bacias leiteiras tradicionais do BR
vêm decrescendo na faixa de 6 % ao ano)
Tendências - energia cara e
subindo; combustíveis, idem; custos financeiros altos.
Ele disse que às vezes copiamos modelos de
fora, onde tudo é diferente da nossa realidade.
Ele morou 5 anos em
NY. Mostrou fotos de
gado estabulado no Norte dos USA (inverno rigoroso) e Canadá (inverno mais
rigoroso ainda). Por lá o gado fica
protegido no inverno não só por causa do gado, mas também para o conforto do
retireiro (proteção contra ventos frios e neve). Não dá para importar o tipo de sala de ordenha
deles para nosso ambiente tropical que não tem esse frio todo. Nada de “free stal” etc. Até ele ironizou: Aqui faz tempo que não cai neve...
Citou dados de pesquisa no Instituto
Cristão de Castro – Colégio Agrícola.
Experimento de Silva, em 2005 lá.
O estudo fez uma correlação entre 4
sistemas de alimentação do gado de leite e a produtividade e o lucro.
Sistema
1 - gado com 20% da dieta diária no
cocho
Sistema
2 – gado com 45% da dieta diária no cocho
Sistema
3 – gado com 65% “
Sistema
4 – gado com 100% “
Margem de lucro líquida no sistema 1 (20%
de cocho): R$.1.637,00/vaca por
lactação;
Margem de lucro líquida no sistema 4 (100%
de cocho) R$. 820,00/vaca por lactação.
Ele diz que ao dar palestras lá na região
de Castro os polacos argumentam: Doutor,
nós aqui estamos em cima da terra mais cara do país e temos que produzir mais
leite. O Doutor rebate: por estarem nas terras mais caras do país,
vocês tem que produzir mais LUCRO.
O gráfico representativo da produção
diária das vacas nos quatro sistemas citados demonstrou que a produtividade por
vaca era crescente, mas o lucro não.
A respeito disso, mostrou uma tabela de
experimento de Vilela e Resende (2001).
O palestrante diz se o produtor tem
compromisso com as vacas (mais leite por vaca) ou com os filhos (mais lucro)?
Ele diz que no PR a “briga” dele é com os
produtores de leite que fazem silagem de milho para o gado de leite. O produto em geral é caro e ainda nem sempre
fazem a silagem com boa técnica e assim ainda perdem produto por
decomposição. Em Castrolanda ainda o
pessoal consegue ao redor de 45 t de silagem de milho por há.plantado. Mas no Sudoeste a média não passa de 18 t
por hectare, o que é de muito baixa produtividade.
Alguns fatores a considerar – custos de
oportunidade; máquinas e implementos; época de plantio do milho. Fazer silagem ou vender o milho como grão? O pequeno comprar máquinas de silagem ou
alugar. Se for alugar, consegue no
momento certo de fazer a silagem?
Precisando alugar maquinário consegue plantar e colher o milho na época
melhor?
Em associação de produtores, em geral a
patrulha mecanizada requer que a gente entre na fila para usá-la. Em geral, não conseguimos no momento adequado.
No campo em geral o produtor perde de 20 a 30% da silagem por uma
série de problemas de manejo.
Dados de Carneiro & Spaniol (2009)
Poder de compra do leite
discriminação
|
Reais/kg
de leite – NOV-07
|
Reais/kg
leite – DEZ-08
|
Reais/kg
leite – FEV-09
|
Preço
do leite
|
0,73
|
0,57
|
0,54
|
Q.
de leite P comprar
|
|
|
|
Q.de
leite para comprar
|
|
|
|
Pagar
salár.1 ordenhador/mês
|
|
|
|
Q
de vacas a ordenhar por dia para pagar 1 ordenhador
|
29,8 vacas/dia
|
43
vacas/dia
|
46
vacas/dia
|
Q
de lactações para pagar a vaca com juro
|
11,8
lactações
|
17,2
lactações **
**
aqui a vaca já
Morreria
de velha
|
18,1
lactações
|
Solução – adubar a pastagem e ter pasto de
qualidade e em quantidade para o gado de leite.
Quando vamos comprar uma vaca, quem conhece
melhor a vaca, o que está descartando, ou quem está comprando? Ele até comparou com um jogo de baralho. O vendedor vende as melhores?
Não
devemos comprar a vaca considerando apenas a receita bruta estimada de leite
por ciclo de ordenha. A vaca vai
produzir 20 litros
por dia x Xis dias x R$.0,50. O cálculo deveria ser. A vaca me custa por exemplo R$.2.500,00 e se
(dados do professor) o lucro por litro de leite varia de R$.0,02 a R$.0,05 por
litro, quantos litros preciso para pagar a vaca (e o juro, se for o caso)? Quanto tempo irá para pagar essa vaca? Ela se paga?
Há casos de precisar de 18 lactações da vaca
para pagar o capital, mas ela não chega a isso em sua vida útil.
Alerta
sobre o uso indiscriminado de Ivermectina contra ecto e endoparasitos de
bovinos. Resíduos do produto saem nas
fezes dos animais e matam os microrganismos do solo, inclusive insetos úteis
como o rola bosta que incorpora as fezes do gado no solo. Ao incorporar as fezes também controla em
parte a população da mosca do chifre que coloca seus ovos-larvas nas fezes dos
bovinos.
Ele disse que há trabalho científico
publicado pela Embrapa com bovinos acima de 18 meses. A partir dessa idade, os bovinos estudados
não davam resposta ao uso de vermífugos.
Suponho que o pasto no caso seja de qualidade. Ele disse que em muitos casos a pessoa
pensa que é verme, mas é fome. O animal
está com pasto deficiente, pasto baixo.
Disse
que é comum a pessoa estar num aparente círculo vicioso com muito gado, pasto
rapado e baixa produtividade. Ele cita
uma forma de sair disso: descartar alguns bovinos, aliviando o uso do pasto,
fazer caixa com a venda dos descartes e de preferência usar parte desse
dinheiro para recuperar a fertilidade do solo do pasto. Assim o pasto melhora, o gado aumenta a
produtividade e se sai do buraco.
Ele mostrou em forma de pirâmide as
prioridades que devemos adotar ao estruturar melhor nossa atividade pecuária de
leite:
Na base, o fundamental: melhorar o solo do pasto e sua capacidade de
produção de alimentos (forragem);
Em seguida, melhorar o sistema de
alimentação do rebanho;
Em seguida, melhorar a saúde e reprodução
do rebanho;
Em seguida, melhorar as instalações;
Raça, etc.vem bem depois...
Não vivo do desempenho de um animal. Vivo do desempenho de todo o rebanho de
leite. Fez um paralelo com lavoura de
milho. Eu não me importo sobre quanto de
milho produz um pé. Me interessa quanto
produz por ha.
Só em bovinos o pessoal tem o hábito de
prestar atenção só na produtividade individual.
Somos campeões mundiais na produção de
frango em quantidade e qualidade e não há “galo” famoso.
Os USA foram selecionando ao longo do
tempo as vacas da raça Holandesa para alta produtividade individual. E as vacas selecionadas são grandes, para
ter um rúmen grande, mas que demandam muita ração que para nós aqui é cara e
não compensa. Além do mais, só na ração
a vaca passa a ter problema de acidez no rúmen.
Informa que a maioria do pessoal técnico
ensina que vaca de alta produtividade tem que ser a meta do produtor de leite e
já foi visto que se a ração é cara, essa vaca não dará quase lucro.
Mostrou os dados de um trabalho científico
que correlacionava o custo de manutenção de vacas com diferentes produtividades
de leite. Custo de mantença da vaca – quanto mais leite ela produz, o custo
relativo por litro de leite produzido cresce também, nas condições de preço
caro da ração que em geral ocorrem por aqui.
Gado leiteiro de alta produtividade
individual – a vaca geralmente tem menor taxa de prenhez, que chega a ser de
menos de 50%.
Na Nova Zelândia, quando vai chegando o
inverno o pessoal seca a vacada de leite para não precisar de tanta ração. Produzem leite em 9 meses do ano e a vacada
descansa por três meses.
Mostrou um resumo de um interessante
trabalho do pesquisador Madalena, da Embrapa Gado de leite:
Testou tirar leite da vaca sem o bezerro,
com o bezerro apojando e com o bezerro ao pé, sem apojo.
Com apojo – vaca produziu numa lactação 2.400 litros de leite
para comercialização e 270
litros para criar o bezerro até a desmama.
Sem bezerro ao pé. A vaca produziu 2.200 litros de leite
para comercialização mais 200
litros que foram separados para o bezerro. Assim ele comprovou que mesmo tratando do
bezerro macho até a desmama, é viável e a vaca ainda produz mais leite para venda
e o bezerro desmamado tem um preço de mercado razoável.
Mostrou o caso de um pecuarista de leite
tradicional, seu conhecido, que tinha um rebanho Jersey (no BR) e ganhava
dinheiro com leite. Fizeram a cabeça
dessa pessoa e ele começou a cruzar suas vacas com gado leiteiro de maior porte
e o ganho da fazenda começou a cair, apesar de produzir um pouco mais de
leite. Percebeu que a vaca Jersey é
menor, é mais prolífica (dá mais crias) e dá mais lucro que as vacas grandes.
Perguntaram sobre irrigação de pasto e ele
disse que a experiência dele recomenda mais, se puder irrigar,
dar prioridade para irrigar a capineira de inverno, a cana, etc. No verão, se o pasto estiver com a
fertilidade em ordem, a temperatura e as chuvas costumam suprir de forma
razoável a demanda do rebanho que tem que ser compatível com o pasto disponível
para não deixá-lo rapado. Ele diz que
cana bem manejada para forragem, como visto, pode em 1 ha .produzir alimento
complementar para 20 vacas nos cinco meses de frio e se a cana for irrigada, em
1 ha .produz
para 40 vacas ou mais no mesmo período.
Cana sem irrigação na região produz ao
redor de 100 t por ha.no primeiro corte, em solo bem cuidado. Ele tem conseguido até 400 t de cana por
ha.com irrigação. Acredita muito na
cana porque mesmo havendo estiagem, mesmo a cana não irrigada, não costuma ter
queda significativa de produtividade. É
uma cultura confiável, que não deixa o produtor de leite na mão no inverno.
Suplemento com cana+uréia+enxofre. (mistura
com cuidado)
(9 partes de uréia e 1 parte de sulfato de
amônia).
Ele chama de vazio forrageiro o período de
outono inverno quando o capim não vejeta bem e o gado precisa de reforço com
cana, etc.
Mostrou o sistema de cocho trenó. Cocho para volumoso que é colocado no pasto,
perto da mangueira e o gado pisoteia o local e defeca por ali, sendo que as
fezes e urina ajudam a fertilizar o terreno. Quando o lugar está muito
pisoteado, se puxa o cocho para outro lugar e vai assim mudando de lugar para
fertilizar mais área e evitar excesso de pisoteio. Há no site da Embrapa o desenho do tal
cocho.
O e-mail do Dr.Leovogildo é leomatos@cnpso.embrapa.br
Isto foi o que consegui captar, ouvindo e
anotando e depois coloquei no Word.
Espero que o material seja útil ao pessoal que labuta no ramo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário