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quarta-feira, 17 de outubro de 2018

RESENHA DE PALESTRA SOBRE AGROTÓXICOS NA ALEP ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO PARANÁ – 17-10-2018 (Eng.Agr. Leonardo Melgarejo)



         Forum sobre a Redução e Uso Racional de Agrotóxicos
         Palestrante  Engenheiro Agrônomo Leonardo Melgarejo   (dados curriculares retirados do site do Deputado Estadual Rasca Rodrigues:  Um dos principais especialistas no tema, engenheiro agrônomo e coordenador do grupo de trabalho sobre agrotóxicos e transgênicos da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), Leonardo Melgarejo, apresentou os riscos à saúde dos trabalhadores do campo e da população em geral, que terá alimentos ainda mais contaminados, caso o “Pacote do Veneno” seja aprovado.)     http://www.rasca.com.br/noticia/especialistas-propoem-a-criacao-de-um-plano-de-reducao-do-uso-de-agrotoxicos-no-parana-C181259.html?fbclid=IwAR2fTaEqSJ1vHt7nTnbbGXl1dLX79_5Br49h2469XpP-28FA9NPh8bD3lGE
         Anotações pelo Engenheiro Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida
         Mostrou uma lista de princípios ativos de agrotóxicos registrados por cultura e por estado.   Há um mesmo princípio ativo que está presente em vários produtos comerciais.    PA princípio ativo.    Há mais de 180 para soja e mais de 400 produtos comerciais para a cultura registrados no Brasil.
         O palestrante é pesquisador e foi da Extensão Rural da Emater do RS.
         PL (projeto de lei) em tramitação no Congresso Nacional que vem sendo bastante combatida pela sociedade civil porque traz retrocessos e mais insegurança à saúde pública na visão de muitos estudiosos.   PL 6299/2002.
         Atualmente pela lei brasileira, somente 27 princípios ativos são monitorados na água potável para consumo humano.   E foi visto acima que só para soja há mais de 180 princípios ativos registrados.     E tem as misturas que podem reagir quimicamente e aumentar a gama de contaminantes.
         Citou a publicação “Mapa de Intoxicações por Agrotóxicos no Paraná”.    Destacou que geralmente se registram casos de intoxicação na modalidade aguda, aquela na qual a pessoa entra em contato com o produto e sente reações como dor de cabeça, de estômago, calafrios, etc.   Estima-se que cada 50 intoxicações desse tipo, apenas 1 é registrada pela saúde pública.  Em muitos casos, ocorre o problema e é contornado sem que se faça a ficha médica protocolar.  
         A média de intoxicações agudas no Brasil, por ano, notificadas, tem ficado entre 12.000 e 14.000.     E  foi visto que há sub notificação.
         Por outro lado, o que preocupa bastante são as intoxicações crônicas.   Aquelas que vão ocorrendo passo a passo e a pessoa não sente e quando apresenta sintomas, o mal já pode estar grave e irreversível.   Estas não tem sido notificadas no Paraná.    Consta que a Sesa Secretaria da Saúde do Paraná está em vias de começar a atuar nessa área também, ou seja, das intoxicações crônicas.
         Falou da atrazina,  componente de um herbicida para a lavoura de milho.   Tem relatos comprovados de ações indesejáveis em saúde humana.  Em estudos com sapos em regiões contaminadas, tem havido reversão de sexto em até 10% da população do animal.     O BR por ano usa mais de 15.000 toneladas de atrazina.
         Glifosato – herbicida – também tem trazido riscos à saúde e ao meio ambiente.     Uso de 200.000 toneladas de glifosato no BR por ano.   Ênfase em soja e milho.
         O palestrante mostrou os índices tolerados no Brasil para resíduos de agrotóxicos em alimentos.   Há casos em que a tolerância aqui é dezenas de vezes maiores que em países como os da Europa.   O risco à saúde humana acaba sendo bem maior.       E foi visto que temos uma gama enorme de produtos em uso por aqui e no caso da água potável, a lei só exige que se monitore a dose de 27 resíduos de agrotóxicos.  
         Disse que no Brasil o câncer deixou de ser uma doença da velhice.   Tem cada vez afetado gente de idades menores.    Suspeita-se de que os agrotóxicos são parte do problema.     Tem havido caso de meninas de até oito anos tendo a primeira menstruação, o que seria mais um indício em investigação.
         Destacou que a maioria dos agrotóxicos contém moléculas que não existiam na natureza e foram sintetizados para fins comerciais.    Os seres vivos podem ter reações de vários tipos a esses produtos e seus resíduos.
         Pela lei atual no BR não se pode registrar produto que possa causar câncer nas pessoas.   Isto dentro do princípio da precaução.     Com o PL em tramitação, se está substituindo (proposto) esse princípio por outro que pressupõe risco baixo, de baixa ocorrência.   O que piora a lei.
         Pela lei atual, há três ministérios envolvidos no registro de agrotóxicos no BR, sendo o M. da Agricultura, o da Saúde e o do Meio Ambiente.   Pelo PL 6299 (Pacote do Veneno – apelidado) o carro chefe das decisões passaria ao Ministério da Agricultura, ficando apenas com papel coadjuvante os outros ministérios:  Saúde e Meio Ambiente.      Se hoje está ruim, então tudo fica mais perigoso.   (clicar no local indicado para continuar)


         Citou o caso de uma ocorrência da lagarta lanígera que na Bahia estava ocorrendo em lavoura e os inseticidas usuais não estavam controlando a praga.    O Ministério da Agricultura, sem consultar os dois outros citados, ao arrepio da lei, aprovou documento que permitiu importar e aplicar um agrotóxico que não tinha registro no BR para a cultura.    Produto:  benzoato de Amamectina.     Se alguém entrar na justiça contra a autoridade que liberou o produto, haverá problema para quem liberou.     Houve estado que não aceitou a liberação.
         O pessoal faz pressão dizendo que há morosidade nos novos registros e o palestrante disse que realmente há mais de uma centena de produtos em fase de teste para possível liberação.    Só que segundo o palestrante, haveria um quase truque comercial na questão.   Uma mesma empresa registra produtos com princípios ativos similares com diversas marcas diferentes para aumentar as opções comerciais e mostrar para os acionistas (que compram ações em bolsas) que a empresa tem um número elevado de produtos comerciais.     Isto inclusive congestiona o setor de registros do órgão público responsável.
         Alegando que querem “agilizar” os registros, no PL 6299 querem que produtos já aprovados em testes em ao menos três países dos 22 da União Europeia, já sejam automaticamente aprovados para registro aqui no Brasil, mesmo que o produto seja banido pela grande maioria dos países da EU.
         Na lei atual não se pode registrar um produto que já tem aqui um similar menos tóxico.     Isto deixa de existir como restrição pelo PL citado.
         Sobre produtos que não são registrados aqui no BR ou mesmo proibidos, pela lei brasileira, não podem ser fabricados aqui.   Pelo PL citado, passa a poder fabricar aqui inclusive produtos que são proibidos de uso internamente.     Notar que é um verdadeiro pacote de maldades e que aumentam os riscos de intoxicações e doenças entre os brasileiros que já seriam hoje o segundo maior mercado de agrotóxicos do mundo.
         No novo PL querem tirar alertas como a caveira com os ossos cruzados que indicam Veneno nos rótulos dos produtos.    Num país como o nosso onde há muita gente de baixa leitura, aquele símbolo já é bem conhecido na zona rural inclusive por crianças, o que serve de alerta.   Tirar isso é aumentar os riscos.
         Pela lei atual, estados e municípios podem legislar sobre agrotóxicos tornando-os mais restritos ou mesmo proibidos no âmbito respectivo.    Pelo PL 6299, cassa-se esse direito.   Só o governo federal poderia legislar sobre a matéria, o que é Mais Um Retrocesso.
         O palestrante avaliou que o PL dificulta a expansão da Agroecologia que é majoritariamente implementada pela Agricultura Familiar.
         No RS os produtores de uva e vinho estão tendo problema com deriva (agrotóxico que vem pelo vento) de produtos passados em lavouras próximas, afetando a lavoura de uva.  Principalmente herbicidas.
         Pulverização aérea.    Há leis restritivas e que indicam velocidade de vento, umidade relativa do ar própria, etc.   Depois que o avião levanta voo, ele não para se as condições meteorológicas ficam desfavoráveis.    E se tem que passar vários produtos, tendem a fazer misturas de tanque inclusive proibidas para ganhar tempo e economizar dinheiro.   Aumenta risco para o meio ambiente.
         No mundo só em glifosato (herbicida) há mais de 750 marcas comerciais.
         Criticou o livro do lobby dos agrotóxicos chamado “Agradeça aos Agrotóxicos por você estar vivo”.    Disse que contém muitas distorções que induzem o leitor ao erro.    Minimiza os riscos dos produtos.
         Casos relatados e estudados de pessoas com deformação em índices acima do normal em regiões arrozeiras do RS.    Onde os agricultores fazem lavouras orgânicas de arroz e nos assentamentos onde não usam agrotóxicos, o mal não ocorre em nível elevado.
         Falou de lavouras menores, onde a pessoa consegue percorrer a lavoura e ver o momento certo de usar agrotóxicos.    Caso a lavoura seja de áreas muito extensas, acaba passando os produtos sem um diagnóstico mais preciso.     Disse que o serviço em grande escala tende a ser alienado. 
         Citou o caso do milho transgênico que contém proteínas inseticidas para combater pragas.    Parte dessas proteínas, após a colheita do milho, ficam na palha no solo e contaminam o ambiente e acabam matando insetos de forma desordenada.    Não são tão seletivos e matam insetos não previstos.
         No Nordeste, a Margarida ativista foi morta por suas posições de denúncia de contaminação ambiental.   Causou repercussão interna e mesmo no exterior.   Houve mobilização da Marcha das Margaridas.
         O CONTRAPONTO -  O PL 6670 DE 2016
         Se busca uma lei que traga critérios menos agressivos ao setor.    Que favoreça a conscientização do povo sobre os riscos dos produtos.    Uma das metas é a taxação progressiva do poluidor pagador.    Pela lei atual o setor de agrotóxicos praticamente é isento de impostos e de outro lado o setor de medicamentos é bem tributado.
         Busca-se a retomada do apoio ao PAA Programa de Aquisição de Alimentos pelo governo, prestigiando o agricultor familiar e os orgânicos inclusive. 
         Esta foi a síntese da fala do pesquisador, da forma que pude entender e anotar.

  Disponível no blog     www.resenhaorlando.blogspot.com.br   
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