Professor: Arquiteto
Urbanista Juliano Geraldi (Professor da PUC PR)
Local: Solar do
Rosário – Centro Histórico – Curitiba – PR
Data: 04-07-2019 –
parte da manhã.
Resenha feita pelo
Eng.Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida, aluno do curso de duração
de um mês (julho-2019).
Neste curso de cinco
aulas, teremos três teóricas e duas em campo, visitando locais de
interesse do curso.
Neste curso além de
alguns que já vem seguindo conosco no Patrimônio Histórico, há
novos alunos, sendo um advogado, uma guia de turismo, duas
professoras, uma urbanista.
À aula em si.
Cidade e pessoas. Processos e obras. Meio ambiente.
Começaremos a abordagem de Curitiba pelo começo do século XIX,
quando a urbanização se acelerou. Lembrou que nos tempos remotos
os índios Tupis Guaranis que viajam muito tinham passagem por estas
terras que era numa das rotas dos indígenas.
Em 1654 nasce o
povoado de Nossa Senhora da Luz e Bom Jesus dos Pinhais.
Mostrou um mapa do
tropeirismo com alguns ramais. Foco na ligação RS com Sorocaba-SP
que era um importante entreposto comercial do tropeirismo.
Sorocaba/Itararé/Castro/Ponta Grossa/Palmeira. Bifurca ramal
Guarapuava. Outro ramal – Palma PR/Xanxerê-SC/Chapecó/Palmeira
das Missões – RS/Santo Angelo.
Outro ramal de Ponta
Grossa/Lapa/Rio Negro/Mafra/Lages/Vacaria/Porto Alegre.
Início da urbanização
de Curitiba - A Casa Romário Martins, com eira e beira no estilo
português está em pé no Largo da Ordem no Centro Histórico de
Curitiba. Uma das edificações mais antigas da cidade. Abriga
um centro de cultura com exposições temporárias.
Em frente à Casa
Romário Martins tem um bebedouro para cavalos preservado.
O cientista Saint
Hillarie passou por Curitiba em 1820. Fez um interessante
perfil do povo que aqui habitava na ocasião. Destaca a cor
branca das pessoas... as mulheres com traços mais delicados...
falam com desenvoltura.
Sobre Curitiba há uma
tela pintada por Debret datada de 1827 que é um importante
“retrato” da incipiente cidade.
Curitiba em sua zona
urbana em 1857 tinha 34
quarteirões apenas. Por perto, o Rio Belém e o Rio Ivo (que descia
do Batel). Num morro (Alto São Francisco) um cemitério e em
outro morro (então fora do povoado) no Alto da Glória, o cemitério
dos alemães. A região aqui tem problema de drenagem e os
cemitérios nos morros são inclusive para evitar lugar encharcado.
1857
– Curityba. Aproximadamente 12.000 habitantes.
Região
da cidade com poucos declives, tem no Rio Iguaçu um declive ao redor
de 1% o que faz o rio correr com lentidão e no caso de estar
poluido, demora bem mais para diluir os poluentes em seu curso.
1853
- Ano de Emancipação do PR
da Provincia de São Paulo, da qual até então era a chamada Quinta
Comarca. Nessa época a cidade portuária Paranaguá teria ao
redor de três vezes mais população que a pequena Curitiba.
1857
– o Engenheiro francês Pierre Taulois recomendou
que Curitiba passasse a adotar o alinhamento das ruas, o que foi uma
ação de planejamento urbanístico para a época.
FERROVIA
PARANAGUÁ – CURITIBA (partiu a obra do litoral para cá). A obra
desafiadora cortando a Serra do Mar foi executada em cinco anos,
entre 1880 e 1885.
A
estação ferroviária de Curitiba ficou meio de lado da cidade e
coube ao Engenheiro Ernesto Guaita a
incumbência de projetar ruas e infraestrutura da estação e acessso
à mesma.
Muitos
hoteis e casas comerciais passaram a surgir próximos à estação
ferroviária.
O
proletariado começou a residir próximo à estação por conta do
trabalho e também pela região onde hoje fica o Batel, Água Verde.
Fizeram
a Santa Casa então meio fora da região residencial, onde hoje fica
a Praça Rui Barbosa.
Curitiba
praticamente dobra sua população urbana em poucos anos com a
chegada da ferrovia.
A
cidade passa a contar com seu código de postura, lei municipal que
ditava regras para convivência na zona urbana. O maior problema
ambiental de então, fim do século XIX era o pessoal que
lavava seus cavalos nos rios que
passam na zona urbana, aumentando a poluição das águas. Ao
ponto de haver proibição legal e fiscais que ficavam em botes
subindo e descendo o rio fiscalizando e multando os infratores.
O
código de postura daquela época só foi substituido completamente
pelo novo de 2001.
Crescimento
da população de Curitiba. Entre 1890 e 1920, período de grande
crescimento, passou para ao redor de 75.000 pessoas. E nos cem
anos entre 1890 e 1990, chegou ao final do período com mais de
1.000.000 de habitantes. Grandes desafios de saneamento, etc.
Em
1904 Curitiba tinha seus poços completamente poluidos e a água não
era mais potável. A prefeitura contratou uma empresa privada de São
Paulo que tinha grande experiência em saneamento. Era a
Companhia de Melhoramentos de São Paulo.
Vieram atuar por essa Cia em Curitiba dois engenheiros: Otaviano
do Amaral e Alvaro de Menezes.
Antes
das obras de saneamento, onde hoje temos a Praça Zacarias, havia uma
bica onde muitas pessoas coletavam água para consumo.
Os
engenheiros da Cia projetaram e foi construido no pé da Serra o
Reservatório São Francisco que ainda está em função como um dos
meios de abastecimento de Curitiba. A canalização segue mais ou
menos reta da região central da cidade para o rumo de Pinhais e de
lá para o pé da serra. Boa parte da obra do reservatório é em
alvenaria e subterrâneo. Foi esgotado no fim dos anos 90 para
manutenção. Já cogitaram de esvaziar o local, fazer ajustes e
usar como um espaço cultural.
O
reservatório atualmente abastece 16 bairros de Curitiba.
1900
- Nesse ano fizeram uma hierarquização das vias em
Curitiba, definindo avenidas de acesso mais rápido, ruas
secundárias, etc. Foi mais uma obra de planejamento urbanístico.
1903
– foi feito um grande colégio público, o Colégio Xavier da
Silva. Curiosamente na época prevaleciam os colégios religiosos
e o ensino era mais elitizado e buscava-se também manter o foco na
fé cristã. E nesse início de século XX já a administração
pública tentava mudar o foco para escolas públicas com formação
laica e cidadã dentro do conceito de então. (era uma forma de
disputa ideológica no caso). Nesse contexto o Colégio Sagrado foi
feito num local proletário.
1910
- Pavimentação das ruas do centro da cidade e implantação
dos bondes.
1916
- Ano em que foi edificado o Belvedere. Aquele prédio em
frente ao Museu Paranaense, no Alto São Francisco, Centro Histórico
de Curitiba.
1917
– Affonso Camargo assume o contrato e indeniza os sócios da
Companhia de Melhoramentos de São Paulo, passando então esta a uma
empresa pública. Havia muita reclamação do povo com a companhia
até então. Nesse tempo todos os poços de Curitiba estavam
contaminados.
1918-1919
- Curitiba enfrenta a febre tifóide que causou muitas mortes
na cidade. E na época o saneamento básico da cidade era bem
precário. Foi um inferno astral ao povo e ao governante.
1919
– Assume o governo o Médico Caetano Munhoz da Rocha (pai do Bento
que depois de décadas foi governador do PR).
1920
– 1921 – Plano Saturnino de saneamento e urbanismo para tentar
melhorar as condições de vida na cidade.
1930
– O mundo teve a quebra da bolsa de NY, recessão e esta afetou
nosso País e nossa região. Considera-se que com isso vem ao
fim a chamada Primeira República e vem o Estado Novo com Vargas.
Engenheiro
Saturnino de Brito – o do Plano de saneamento de 1920-1921. Ele
tinha na bagagem a experiência de projetar obras do gênero em
Santos e Recife. Canais de drenagem para escoamento de água.
No caso de Curitiba um dos exemplos é o canal da rua dos Chorões
perto do SESC da Esquina.
Familias
tradicionais governam o Paraná desde longa data. Um dos casos é o
do governador Bento Munhoz da Rocha Neto que era filho do Médico
Caetano Munhoz. Bento foi governador na época do Primeiro
Centenário da emancipação do estado do PR, comemorado em 1953.
(Primeiro Centenário – 19-12-1953).
Na
aula seguinte haverá a abordagem do urbanismo de Curitiba na
sequência do que foi visto acima.
Zap (41) 99917.2552 Eng.Agr. Orlando
– Curitiba PR. Julho - 2019
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