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terça-feira, 29 de abril de 2014

RESENHA DO LIVRO “ALMAS MORTAS” NICOLAI GOGOL

                 
     Resenha feita pelo blogueiro Orlando Lisboa de Almeida

     Eu não conhecia nenhuma obra de Gogol e fui presenteado por um amigo (João Francisco de Oliveira) que gosta de leitura, com a obra Almas Mortas do ucraniano nascido em  1.809 e que viveu um trecho da vida na Rússia e escreveu vários livros.
     Como de costume (desde 1994), faço uns rabiscos com aquilo que achei de mais interessante na obra para servir de lembrança e que, aqui publicados, espero que sirvam de aperitivo e que despertem em outras pessoas a curiosidade por ler esta bela obra que foi publicada segundo consta, em 1842.
     O livro que li é da editora Nova Cultural – SP – 2003 e tem 494 páginas – 1ª edição. 
     ( tradução – Tatiana Belinky).   Digo isso porque vou citar as páginas onde fiz os destaques e sem os dados da edição o número da página não diz nada.  

     O livro é uma ficção que trata de um vigarista que começa a correr o trecho pelo interior se hospedando, fingindo ser gente do comércio, gente de bem, e vai ludibriando as pessoas.   O mais interessante é que a cada contato com boa vida, é feita uma descrição do lugar, dos costumes e do comportamento das pessoas.   Mostra que o ser humano tem lá suas virtudes e seus defeitos que são meio transcendentes no tempo e no espaço.   Vale conferir

     28 – Casa com animais abrigados no térreo;
     30 – Homens que se beijam ao cumprimentar.  Costume russo;
     34 – O regime na Rússia e o requinte do francês:  piano, artes manuais...;
     36 – Fala de um governador que borda nas horas de lazer.
     61 – Lá também tem os pardais, pássaros que migraram para a Europa e foram trazidos até para o Brasil, aqui para tentar controlar larvas de insetos vetores de doenças. O pardal não era do ramo, mas se adaptou bem ao Novo Mundo.
     62 – Remédio com banha de porco e “óleo canforado” que, diga-se de passagem, o óleo com cânfora era usado na zona rural de onde nasci e passei a infância (Cerquilho-SP).
     63 – passagem interessante que fala do comportamento humano diante da hierarquia.
     68 – A palavra “encasquetar”.    Esta e outras que destaco curiosamente (coisa do tradutor), são muito comuns na minha terrinha de origem, meu berço e minha época.
     85 – Porqueira – outra da terrinha.
     92 – Outra citação importante do comportamento humano.    Visão superficial dos outros – alguém bem vestido engana.
     120 – Balalaica – instrumento musical primitivo com duas cordas.   (hoje é marca de vodka barata por aqui, ao que parece)
     125 – Receita de nhanha, um prato típico da Rússia.
     136 – Unha de fome – fominha – expressão típica da minha terrinha
     144 – Cambaio – idem
     152 – Herdeira – filha mais velha ?    será que é ou era isto o usual por lá?
     170-171 – Drama do escritor “realista”.
     182 – Esgueirar
     195 – Chusma
     195 – Cita Goethe e o livro (que li e gostei) .. “Os sofrimentos do Jovem Werther”
     231 – “Deus nos livre e guarde”   (típica da terrinha minha)
     232 – Outra passagem interessante falando da hierarquia
     256 -  Formando uma entidade assistencial.  Gasta tudo (ou rouba) nos meios e chegam centavos ao fim.
     269 – A pessoa se afogando e não pensa em nada; se apega até com uma palha...
     271 – O ser humano é sábio sobre os outros, mas sobre si...
     274 – Expressão – Já não era sem tempo.   (típica da minha terra, de novo!)
     279 – Encóspias – formas de madeira para alargar sapato novo (para lacear)
     284 – Saracotear – destaque da terrinha.   (preciso saber o nome e a biografia do ou da tradutor (a)}.
     292 – Conselhos malucos do pai do personagem.
     323 – Atarantado;
     331 -  Sem dó nem piedade (expressão típica da terrinha, de novo – me perdoem)
     336 – Pândega – idem
     335-336 – Métodos de um eficiente professor   (preciso rever para citar o milagre!)
     339 – São Petersburgo – frio de até trinta graus negativos.
     341 –  Consta que antes da Revolução (Russa) a pessoa se preocupava com o próximo, com a nação.
     360 -  ervilhas – uso por lá.
     373 – desenxabidas – expressão curiosa de novo
     394 – empachar  (barriga estufada ..)
     398 – Caçoando
     400 – Deu na veneta
     412 – algo fundamental – conferir lendo ...
     416 – enriquecer rápido...
     416 -  O autor faz uma grande defesa do homem do campo
     417 – Charrua – arado de tração animal com uma aiveca – parte de ferro que corta o solo.
     419 – lá tem rouxinol, cotovia.
     421- começar as obras pelo começo e não pelo meio...(também na profissão)
     423 – Sobre Administração Rural
     429 – gostar da paisagem
     431 – empanzinar    (ficar com o “bucho” estufado  - com gases)
     451 – desembestaram
     494 – Para encerrar, outra pérola da minha terrinha:   mal e mal   (malemá)

                       orlando_lisboa@terra.com.br







terça-feira, 22 de abril de 2014

RESENHA DO LIVRO – O PRÍNCIPE - MAQUIAVEL



Quem fez a resenha (sem caráter acadêmico):  Eng.Agr.Orlando Lisboa de Almeida

    Livro:   O Príncipe – autor:  Nicolau Maquiavel, italiano de Florença, nascido no dia 03-05-1469.    Editora:  Civilização Brasileira, 6ª.edição, RJ, 1981 – 159 páginas.

     Maquiavel foi antes de tudo um grande estudioso.   Conhecedor da Ciência Política como poucos de sua época.   Suponho que seu nome é muito citado inclusive por pessoas que não leram sua obra.   Comum ouvir o termo:   Esse cara é maquiavélico.   Sempre houve, há e haverá mazelas em todo lugar e também na vida pública.   Na verdade, em termos, ele estudou o Poder e as formas de exercê-lo até sua época e catalogou para a posteridade.   
     Vou citando termos ou situações com a respectiva numeração da página, já que a ficha do livro está acima.
    13 – Baseado em seus estudos e experiência em relação ao exercício do poder até sua época indicava:  No caso de conquistas de novos territórios – duas medidas.   Extinguir a linhagem do antigo príncipe; Não alterar as leis e os impostos (para não revoltar o povo)
     13 – Quando são povos de outras línguas e culturas, recomenda ao conquistador que vá habitar a terra conquistada como forma de melhor equacionar o domínio.   Estando lá, ao ver nascer qualquer desordem, já adota medidas para colocar tudo nos eixos.  (num tempo em que as vias e comunicações eram outras, precárias)
     13 – Fala do monarca estando habitando a nova posse, pode optar por interagir com o povo sendo amado ou sendo temido.  Duas formas diversas de ser respeitado pelo povo.
     13 – Fala de como os romanos tiveram sucesso.   Compara as opções de Colônias ou Fortificações.    Estabelecer colônias nos lugares conquistados, só trazendo o staff de governo e “rebaixando” os poderosos locais e não mexendo com o povo (a plebe), sendo defensor deste.    Menos oneroso que montar Fortificações que requerem recursos ($) para montar e manter e cria animosidade com todos, inclusive porque isto se faz e se mantém com impostos cobrados do povo.
     15 – Comparou motim com a tuberculose.   Quando está sendo planejado (o motim), no começo é mais difícil de diagnosticar, mas é mais fácil de combater.  Já se estiver adiantado o motim, é mais fácil de diagnosticar e mais difícil de combater.     Melhor é o príncipe estar morando na área e fica sabendo mais rápido dos problemas.
     35 – A dificuldade de introduzir novas ordens (mudanças) nas terras conquistadas.  Em geral contraria interesses e estas pessoas vão agir contra as ordens.
     As pessoas que seriam beneficiadas, continuam não crendo nas mudanças (se elas serão para melhor), nas inovações e tendem a não apoiá-las.
     40 – Quem recebe a “delegação” de cuidar de um reino sem ter ele próprio lutado para conquistar (recebe de mão beijada) tem pouca chance de ir em frente.
     55 – Governar com o povo ou com apoio dos poderosos.
     “O povo não quer ser mandado nem oprimido pelos poderosos e estes desejam governar e oprimir o povo”.
     59 – Tibério Graco (162 a.C) criou a Lei Agrária no Império Romano e causou uma revolta dos poderosos ao ponto de morrer enforcado pelos senadores e outras forças políticas (latifundiários, etc) do império.    No mesmo evento morreram ao redor de 300 pessoas próximas do Imperador.
     Mais tarde seu irmão Caio Graco também foi implementar uma Lei Agrária e 3.000 dos seus morreram por isso e Caio Graco foi obrigado a se deixar ser morto por um dos seus para não ser executado pelos inimigos.   
     62 – Cidades Livres  e fortificadas como as citadas da Alemanha (Frankfurt, Nuremberg e outras).     ...”tem muros e fossos adequados, possuem artilharia suficiente, conservam sempre nos armazéns públicos o necessário para beber, comer e arder por um ano.   E tem trabalho para o povo”.  (em caso de cerco pelo inimigo).     Nesse tempo era comum o inimigo vir e tocar fogo nas casas rurais, nos armazéns rurais e nas pastagens e plantações.   Para cortar a ração da cidade e desanimar o povo sitiado.
     68 – Houve compra de voto para ser Papa em certa época.  Cita Rodrigo Borgia, pai de Lucrecia Borgia.    Eram comuns crimes pelo poder e muitos tipos de trapaça.
     90 – “ Eis que um homem que queira em todas as suas palavras fazer profissão de verdade, perder-se-á em meio a tantos que não são bons”.    
     97 -  Evitar o ócio dos súditos.    
“Os homens esquecem mais rapidamente a morte do pai do que a perda de patrimônio.”



              orlando_lisboa@terra.com.br


     

segunda-feira, 21 de abril de 2014

RESENHA – AFFONSO ROMANO DE SANT´ANNA – Escritor


Anotações feitas pelo Eng.Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida (blogueiro)
Local :  SESC Maringá (12-09-11) – Semana da Literatura do SESC

     O SESC tem uma programação cultural interessante que sempre acompanhei e neste caso, o convidado era o escritor citado, que tem mais de 40 livros publicados.  É mineiro, escreve inclusive ensaios e poesia, tendo sólida formação acadêmica (doutorado) na área da literatura e já foi inclusive presidente da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.    Foi também gestor do Departamento de Letras da PUC.
     Um professor doutor em Letras da UEM Universidade Estadual de Maringá, presente no evento, destacou que é incomum conciliar uma carreira de escritor com a docência e atuação na vida pública.   Louvou a obra do palestrante Affonso.
     O mote do bate papo:   LITERATURA E SOCIEDADE
     O professor da UEM que apresentou o palestrante disse que ele é um “sociólogo” da literatura.
     O palestrante disse que o SESC é um verdadeiro segundo Ministério da Cultura por suas ações no setor.     Discorreu um pouco sobre um Ensaio dele no tema da Literatura.
     Falou que constata que o pessoal de Letras lê escondido “A Cabana”, “Livros dos Demônios”, etc.   Livros de grande apelo popular e comercial.   Ele defende a idéia de que se deve estudar os best sellers.   Procurar saber o por quê do sucesso.  Expandir a fronteira da literatura.   Ele prega isso a décadas.  Lembrou da ascensão no Brasil das classes C, D, etc.   Mais potencial de novos leitores.
     Disse que gosta de abordar o tema “leitura”.   “Ler o Mundo” é o nome da obra.
     Ele disse que o Tolkien , que é versado em literatura antiga, diz que a literatura ocidental entrou em declínio após o ano de 1.200 d.C.   Ele disse que esse autor tinha que ser estudado na Academia.
     Citou um professor de Filosofia que chegou para uma turma que estava tendo a primeira aula da sua matéria e disse pausado:   Sou o professor de Filosofia.   A Filosofia não serve para nada...    Agora, nos próximos 50 minutos da aula, vou falar sobre o Nada.
     Tudo da Grécia veio de Homero.   E dizem que Homero nunca existiu.
     Ele disse em tom brincalhão, que se tirar Shakespeare da Inglaterra, aquela ilha acaba.
     Sobre Cervantes.   No centenário de Cervantes na Espanha se fez um pacote turístico segundo os “caminhos” trilhados pelo seu herói imaginário Dom Quixote.   E legiões de turistas seguem a rota e numa determinada taberna, ao entrar, o dono da casa em traje típico da época, recebe os visitantes  e no rito da espada sobre o ombro, “nomeia” o turista de Cavaleiro.    Fizeram uma ação calcada no personagem imaginário.    (Com Romeu e Julieta acontece algo semelhante na Itália)
     Disse que muitos defendiam que a poesia era uma coisa arcaica e com as novas mídias ela involuiria.   E aconteceu o contrário.    “A poesia não tem uma função, ela é uma função”.
     Tem gente que começa na literatura meio ruim.  Alguns com o tempo vão piorando.  Muitos  que escrevem, não escrevem.  São escritos.  Eles reescrevem o que já foi escrito.  Não criam.
     Começar a ser escritor é quando se tem redação própria.  Ter o domínio dos meios de expressão.
     Ele disse que Clarice é um raro caso de escritor que já nasceu “pronto”.   Ele leu texto dela de quando ela era bem jovem.     Falou também da beleza das crônicas de Rubem Braga.
     Só no Brasil existiu uma “escola” a dizer (na década de 70) que o poema tinha acabado naquele sentido até então.   A partir disso o poema seria visual.
     Foi feita referência a um poema do palestrante chamado “Parem de jogar cadáveres na minha porta”.    Estaria no Youtube interpretado pelo ator Antonio Abujanra.
     Ele disse que os jovens estão subindo a montanha e ele está descendo do outro lado da montanha.    “Quanto mais temos medo da morte, temos mais medo da vida”.    Há um poema dele chamado “Preparando a Cremação”.
     Citou o episódio do Rubem Braga que estava com câncer na faringe em estado avançado.  Foi do Rio a São Paulo encomendar a cremação.  O burocrata perguntou sobre o corpo e ele disse:   O corpo sou eu.
     Se captei bem, ele se referiu a Drummond com a frase:
     Ele já teve a fase em que era maior que o mundo, a que ele era menor que o mundo e a terceira quando ele entendeu como sendo igual a todo mundo.   
      Citou Lucio Costa, arquiteto urbanista que projetou Brasília.   Planta de Brasília sem biblioteca.   E ele, Lucio Costa teria justificado:  Essa coisa de biblioteca pública nunca fez sucesso no Brasil.
     Paulo Freire -  O educador que desenvolveu um método que conseguia alfabetizar inclusive cortador de cana em 45 dias.    Relacionava coisas com os objetos de trabalho para ajudar no processo de aprendizagem, partindo do mundo do alfabetizando.    Depois vem o intelectual Francisco Wefort, genro de Paulo Freire e, no governo federal, quase acaba com o Programa Pro Ler.
     Disse que estamos vivendo em sentido geral, um momento de grandes transformações.    Livros aos mil  - “lixeratura”.    Disse que quem criou esse termo foi um grupo de literatos alternativos de MG.
    Falou que o Brasil não produz livros demais.   Produz leitores de menos.     Disse que à grande maioria no BR nunca foi apresentado o livro.   Quando a pessoa lê, ela gosta.
     Citou um açougue de Brasília que tem biblioteca e faz sucesso a tempos.    Em MG uma borracharia com biblioteca – tem três filiais.
     O site Viva Literatura já levantou 10.000 projetos que estão de desenvolvendo Brasil afora.
     O palestrante foi quem, em sua passagem no governo federal, criou o Programa ProLer.
     Citou um caso curioso que ilustra o que foi dito logo acima:
     O caso do “leitor” que era analfabeto e não queria a alta do hospital em certo dia antes do final do livro e disse isso ao seu médico.    O assistente disse ao médico que o paciente era analfabeto.  Daí o médico quis saber melhor isso de final do livro para um analfabeto.    E veio a explicação:   Realmente sou analfabeto, mas meu vizinho aí do 14 lê pra mim.  Eu leio nas palavras dele.
     Sobre Hai kai, citou um:   (de uma autora brasileira)
Tomara que caia
Um hai kai
Na sua saia.
     Do livro do palestrante sobre os três enigmas:  a Ciência, a Religião e a Arte.   A ciência explica muitas coisas, a religião, pela fé, também.  Muito do que uma e outra não explicam, a arte, com suas alegorias, equaciona.    Temos certa necessidade disso tudo, completa ele.
     O rigor formal em si não necessariamente será uma obra de arte.
     Fez uma ressalva à afirmação de João Cabral de Melo Neto que em certo momento afirmou que há poetas formais e os que fazem arte.
     Ele disse que muitos bibliotecários não lêem.   Muitos professores não lêem...
     Num outro contexto da prosa.   Já há na China 240 bilionários.
     O autor tem intenções ao elaborar a obra, mas ela será para ao público e este interage com a obra e faz releituras.    A respeito, citou Guimarães Rosa que teria dito:  O grande crítico é aquele que ajuda o autor a reler sua obra.
     Sobre o Episódio da bomba na entrada do Rio Centro na época da Ditadura.    O palestrante fez um poema sobre o episódio.    “A implosão da mentira”.   Ele leu a poesia para o público que gostou muito.

     Espero ter captado uma pequena parte do que foi dito pelo grande autor e já peço desculpa por eventuais falhas na redação e no conteúdo pois sou um amador.   Não gravo nada.   Ouço com atenção, anoto o essencial e depois coloco no Word.

    Uma frase que me ocorreu para fechar a resenha.     Frase atribuída ao poeta da Checoslováquia, Jan Neruda (1834-1891):   Quem não sabe nada tem que acreditar em tudo.            Parêntesis meu: (portanto, vamos ler, ler, ler...)


    Tenho um segundo blog (mais antigo) com textos geralmente mais curtos, de opinião, cultura e lazer.     www.orlandolisboa.blogspot.com.br 
    
               
    
  



     

quinta-feira, 17 de abril de 2014

RESENHA DO LIVRO – HENFIL NA CHINA (ANTES DA COCA COLA)


     Resumo feito pelo leitor:    Orlando Lisboa de Almeida   Eng.Agrônomo -  setembro de 2012


     Conforme já disse algumas vezes, das leituras que faço de 94 para cá, coloco aquilo que achei mais marcante num caderno que depois fica na sequência na estante junto com os livros.    Quando resolvo ir revisitar o tema, a essência está lá, sempre dentro do meu ponto de vista.
     Vamos ao caderninho, volume VIII, páginas 16 a 22.     Diga-se de passagem, uso computador mas não confio muito nos arquivos virtuais que podem ir para o espaço e eu não quero correr risco, então uso o rabisco no caderno para o caso.
     Livro:  Henfil na China (Antes da Coca Cola)
     Autor: Cartunista Henfil  (era hemofílico e faleceu cedo)
     Editora:  Record – Rio de Janeiro – Brasil
     Edição – 18ª. – ano 1987   - 310 páginas, com ilustrações do autor.

     Ele foi lá pelo ano de 1977 para a China por paixão política e missão de trabalho como repórter de jornal e cartunista renomado.     Primeiro voou até Paris e de lá seguiu para a China com escala no Paquistão.    No Paquistão viu, mesmo no aeroporto, a precariedade da vida do povo local.     Falta de muita coisa, de sanidade, sendo que viu até guardas de pés descalços.   
     Ele cita uma das diferenças culturais até para reflexão:  viu homens de mãos dadas no Paquistão e fez um paralelo.  Há vários povos que tem esse hábito pelo mundo, inclusive certos índios brasileiros e destacou que o andar de mãos dadas não afetou a masculinidade dos homens.    Temos que respeitar as diferentes culturas.
      A China tem 55 Nações.   As minorias, após a Revolução Comunista, passaram a ser atendidas pelo Estado.   E estas tem direito a representantes no Parlamento Chinês.   Sobre essa representação das minorias, fez uma reflexão sobre o Brasil.   Por quê não temos representantes das diversas Nações que compõem o nosso Brasil no Congresso?  Índios, por que não?    Ele faz uma esmerada justificativa dessa tese no contexto (na página 33 da edição citada).
     33 – “A autonomia da língua é o nó vital da autonomia cultural”.
     34 – “ Os costumes, os hábitos, as festas tradicionais e a religião das minorias nacionais são respeitados (na China).”
     34 – O Instituto das Minorias Nacionais e toda a sua estrutura...      “é como se ensinar o índio a ser índio”.   Resgatar a cultura local em sua diversidade.
     35 -  Só trabalhar ou só estudar.  Na China  (1977) a pessoa trabalha e estuda.  Costuma-se estudar no tema em que se trabalha e trabalhar no tema em que se estuda.
     35 – Não tem controle de natalidade para as minorias.  Só há para os Han, que são os majoritários na China em termos de quantidade de pessoas.
   36 – Se desestimula casamentos dos Han com as minorias.   As 54 minorias tem 6% da população chinesa e ocupam 50% do território chinês.    Procura-se que os Han não “invadam” (aspa minha) os territórios das minorias.
     36 – “Estrada nenhuma pode ficar estradando,  madeireira madeirando e multinacionais multinacionando por lá a torto e direito”.
     36 – Fala dos prédios toscos das escolas (1977), afinal não faz tantos anos que  houve a revolução comunista e a pobreza era muito maior por lá.   Diz que o mais relevante é o que se aprende nelas e não os prédios.
     37 – As privadas são para uso de cócoras.   Sem contato com o assento.   Mais natural e menos risco de doenças.   “evita até prisão de ventre”.
     47 – Fezes e urina humanos são coletados e tratados para fertilização de lavouras, afinal passa de um bilhão a população chinesa e não se pode desperdiçar nada.
     50 – Camas sem colchão; uso do tipo de tatame sobre a cama, algo como uma esteira.    Travesseiro de madeira ou de porcelana e nada de problema de coluna, etc.
     62  - Hotel bom  sem chaves nas portas dos quartos dos hóspedes.  Ninguém mexe em nada.    Índice de roubos e furtos é relativamente muito baixo por lá e este é um ponto que os ocidentais não costumam destacar.
     65 – Operários trabalham e estudam.   Fábrica tem creche, biblioteca, escola, etc.
     65 – Mulheres operárias:   1/3 da mão de obra das fábricas.  Quando ficam grávidas, passam para serviço mais leve.   No parto, 56 dias de licença maternidade e depois, 1 hora por dia para amamentar o bebê na creche da fábrica.
     65 – Na fábrica, no ano (77) que visitou lá, o salário variava entre 33 yuans e 108 yuans, portanto não há muita discrepância entre os mesmos.
     65 – No pátio das fábricas, homens e mulheres operários treinam com fuzil meia hora por dia para estarem preparados para a defesa do País.
     68 – Idosos ajudando a cuidar (e repassar valores) às crianças nas creches.  Bom para os pais, bom para as crianças e uma terapia ocupacional para os idosos que se sentem valorizados.    O trabalho dos idosos é voluntário (não remunerado).
     70 – A mulher se aposenta (1977) aos 50 anos e o homem aos 60 anos nas fábricas.
     70 – Não tem férias.   Tem um curto período para viajar e visitar parentes distantes, afinal houve muita migração interna de lugares distantes e do campo para a cidade.
     70 – O administrador (ou a administradora) da fábrica em geral conhece um ou dois dos ofícios que se pratica na mesma.   A pessoa do comando pode mesclar seu trabalho com períodos de retorno à linha de produção, pegando no pesado como os demais operários.   Quem manda, sabe fazer e também tem maior respeito dos colegas.
     71 – Lá o camponês é visto como um pouco inferior aos operários da cidade.   Mas o autor disse que em geral são mais alegres que os empregados das fábricas.
     71 – Adulto não toma leite por lá.    É uma questão cultural inclusive pelo fato de que o organismo do asiático adulto não se dá bem com o leite.
     73 – Crianças nas escolas vão uma vez por ano ao campo fazer serviços leves como arrancar matos da lavoura, colher frutas, etc.    Assim aprendem algo sobre o modo de vida na zona rural e respeitam mais o povo da agropecuária.
      75 – Revista China Ilustrada é editada em 15 idiomas.
     85 – Luto na China é branco, não preto.   O mausoléu de Mao Tse Tsung é branco.

     Estes foram os destaques que anotei do livro que segue adiante com uma série de informações com ênfase na parte educacional do povo chinês.    Lendo o livro, apesar de ser de 1977, já consegue dar uma noção de que o sistema lá adotado iria alavancar a China a uma posição de destaque no cenário mundial.
    Depois desta obra li Laowai, da jornalista Sonia Bridi (Rede Globo de Televisão), já este livro, baseado no tempo de permanência de dois ou três anos lá como correspondente da Globo.      Ela tem uma visão mais superficial e meio debochada do povo chinês.       Pretendo também passar uma resenha deste livro dela em momento oportuno.       Se o livro é controverso, ao menos tem uma boa entrevista com o Dalai Lama que se estende por umas dose páginas.    O livro tem muitas fotos produzidas pelo esposo da Sonia Bridi, ele que é repórter fotográfico.       
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Tenho um segundo blog onde coloco em geral textos mais curtos, que costumo dizer que são de Opinião, Cultura e Lazer, sempre tudo do meu jeito.    www.orlandolisboa.blogspot.com.br



    




     

terça-feira, 15 de abril de 2014

RESENHA DO LIVRO - A ILHA - (CUBA) - FERNANDO MORAIS

      RESENHA DO LIVRO  - A ILHA -  (CUBA)  -  FERNANDO MORAIS
Resenha elaborada pelo Eng.Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida
Editora – Alfa Ômega – São Paulo-SP, 21ª edição, 1984 – 200 páginas      Leitura em fevereiro de 2013.
     Fonte da frase abaixo – frase do presidente americano J.F.Kennedy:     http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Cubana
  
“Eu acredito que não há nenhum país no mundo, incluindo qualquer e todo país sob dominação colonial, onde a humilhação da colonização econômica e a exploração foram piores do que em Cuba, em parte devido às políticas do meu país durante o regime de Batista. Eu aprovei a proclamação que fez Fidel Castro em Sierra Maestra, quando justificadamente clamou por justiça e, especialmente, desejava livrar Cuba da corrupção. Vou até ir mais longe: em certa medida, é como se Batista era a encarnação de uma série de pecados por parte dos Estados Unidos. Agora vamos ter de pagar por esses pecados. Em matéria do regime de Batista, eu estou de acordo com os primeiros revolucionários cubanos. Isso é perfeitamente claro.Cquote2.svg
Presidente AmericanoJohn F. Kennedy, entrevista com Jean Daniel, 24 de outubro de 19638
     A Resenha em si:
     O autor Fernando Morais é mineiro de Mariana.  Já conquistou o Prêmio Esso por reportagem sobre a Amazonia.  Tem escrito várias obras inclusive biografias.   Anteriormente li dele Olga e Chatô – O Rei do Brasil.
     O livro A Ilha (Cuba) foi publicado em vários países.
     O autor jornalista Fernando Morais tinha 29 anos de idade quando visitou Cuba.     A primeira edição do seu livro A Ilha é de 1976 e nesse tempo a Revolução Cubana tinha 17 anos, pois ocorreu em 1959.
     Seguem os pontos que destaquei da obra, citando as respectivas páginas, inclusive as introdutórias, cuja marcação é em algarismo romano.
     XV - ...”Cercado por todos os lados por amigos distantes e inimigos próximos (estes, os americanos)”.
     XVI - ...”trabalho e estudo não são atividades incompatíveis ou separadas, mas, ao contrário, se completam.”
     XVI - ...”é o único país latino americano que não tem favelas”.
     XVI -  ...”os noivos tem direito, cada um, no casamento, a 15 caixas de cerveja, 12 garrafas de rum e 6 de champanha.”    Carros para o casamento são fornecidos o quanto necessários para o transporte dos convidados.  Os noivos pagam a gasolina gasta.”
    (esta introdução é feita por Fernando Peixoto)
     Em seguida, comentário de Antonio Callado.
     XIX – “O traço talvez mais comum entre os países da América Latina é a busca da identidade nacional.”    “Cuba teve que em 1901 engolir um “direito” dos USA intervirem militarmente lá e manter a ordem ou a independência do jeito deles.     A Lei de 1901 caiu, mas permaneceu o “direito” dos USA manterem em Cuba a base de Guantánamo.
     XX - ...”um povo empenhado na autoria de si mesmo”.
     Daqui em diante, a obra em si, por Fernando Morais que foi o segundo jornalista brasileiro a entrar em Cuba após a Revolução Cubana.
     26 – Com a revolução caiu o número de turistas inclusive porque foram fechados os cassinos e os grandes bordéis em Cuba.   A praia de Varadero era a “Copacabana” deles.
     27 – Regra do jogo no turismo após a Revolução:   “O que temos a oferecer são praias lindas, preços muito baixos, clima bom o ano inteiro”.
     Aqui ninguém vai encontrar prostitutas, drogas, cassinos.
     28 – O autor notou que em Cuba, de barbudos, só alguns chefes da antiga guerrilha.  O povo, não.
     29 – Heróis – Che Guevara , Camilo Cienfuegos e José Martí
     29 – Aborto é livre até o terceiro mês de gravidez.
     33 -  Rum Bacardi – produto cubano de exportação.     A Jamaica registrou essa marca de rum internacionalmente e passou a ter o direito sobre a marca.
     34 – País do tamanho do Piauí com 1.500 bibliotecas em escolas, sindicatos, etc.
     34 – Basebal é o esporte nacional deles.
     37 – O autor notou que Ho Chi Min parece ser a autoridade mundial mais respeitada pelos cubanos.    
     (toda percepção está baseada na visão de 1976 quando o autor esteve em Cuba)
      41 – Racionamento, mas até os Ministros seguem e tem suas “cadernetas”.
     41 – Na época, 9,2 milhões de habitantes em Cuba.    (1976)
     No começo do governo da Revolução, o governo não tinha o controle  da produção de alimentos e havia um forte mercado negro.  Depois foi sendo eliminado pelo controle do governo.   (Lembrar que desde a Revolução, os americanos decretaram bloqueio a Cuba exigindo que todos os países que tem comércio com os americanos são obrigados a também manter o bloqueio a Cuba).   O bloqueio existe até hoje.
     42 – O rum é um produto quase que da cesta básica do povo cubano.  No maço de cigarro, o alerta impresso:   “Fumar faz mal à saúde”.
     42 – O governo controlava (como no Vietnã) o mercado negro de cigarro e bebida, já que não podia acabar com os mesmos. Alegam evitar o mal maior disso ficar nas mãos do crime organizado.   Grosso modo, cigarro e bebidas no cambio negro custam dez vezes mais.      Por outro lado, criança até dez anos de idade e idoso a partir de 65 anos tem, por lei, direito a 1 litro de leite por dia por pessoa.
     43 – Seus principais produtos de exportação – rum, charuto, cigarros e açúcar.
    44 – Refeições fornecidas aos trabalhadores no trabalho a preço bem baixo.   Três refeições grátis por dia para todos os estudantes.
     44 – Gasolina cara (transporte individual) e ônibus barato.
     44 – Na época, uma dúzia de bob para as moças prenderem o cabelo era um bom presente.   Caro e raro.    Vaidosas, chegam a usar como bob o canudo do rolo de papel higiênico e até saem às ruas com tal aparato.
     45 – Rodovia Carretera Central, com quatro pistas, com mais de 1.000 km na costa do país, de ponta a ponta.
     46 – Muitos itens essenciais gratuitos, inclusive ensino, assistência médica e remédios.
     46 – Não pagam impostos e pagam 6% do salário para manter os benefícios.
    46 – Muitos poupam e guardam as economias no banco, mas a grande maioria acaba optando por gastar bebendo, comendo, dançando, divertindo-se de variadas formas.    Boates e restaurantes lotados nos fins de semana.   Pode ser necessário agendar com dois dias de antecedência.
     46 – Salário Mínimo.    720 cruzeiros (na nossa moeda de 1976)
     46 – Os americanos influenciaram Cuba por 60 anos e em 1961, de um dia para outro, cortaram tudo.    Para agravar a situação no novo regime, os americanos atraíram com grandes salários profissionais como médicos, técnicos e cientistas cubanos.    O país ficou numa situação muito crítica.  Sem peças de reposição, etc, etc.
     51 – Diferença pouca entre os maiores e menores salários:   350 pesos e 80 pesos.   (1975)
     51 – salário de 1 lixeiro – 950  cruzeiros (em moeda brasileira de 1975)
1 motorista – 1.500 cruzeiros
1 jornalista – 2.000 cruzeiros
1 Ministro de Estado – 2.700 cruzeiros
Notar que  há pouca diferença entre os menores e os maiores salários.
      52 – Um dos primeiros atos da Revolução foi a Revolução Urbana – todos passaram a ser donos das casas onde moravam. Antigos proprietários de casas alugadas recebem uma indenização mensal do governo pelas casas desapropriadas.    E os antigos inquilinos passaram a pagar para o Estado uma prestação módica para ficarem donos do que agora é deles para moradia.
     55 – Foram criadas muitas brigadas para construir casas, apartamentos e infraestrutura como escolas, hospitais, etc.  Não há favela em Cuba.   (1976)
     EDUCAÇÃO
     59 – Em 1961 o povo cubano tinha 35% de analfabetos.  Houve uma operação enorme para reverter isso. Trouxeram na primeira etapa, de 35% para 5% de analfabetos e depois (1975) para 2%.
     59 – A Revolução derrubou a Ditadura de Fulgêncio Batista.
     A Revolução colocou o ensino grátis, por conta do Estado até o sexto grau obrigatório.
     60 – Escolas até o 10º grau na zona rural.  O aluno estuda parte do tempo e lida no campo no contra turno.   Começou-se inclusive a produzir hortaliças e citros.  (laranja, etc.)    Com 500 há de laranja, vendendo a produção no mercado internacional, cobriram os custos das escolas rurais.    Meio período estudando e meio, trabalhando.
     61 – Após o trabalho e estudo nas escolas rurais, cada aluno tem que fazer 1 hora de esporte obrigatório.   Rotina de 150 escolas desse tipo pelo país, com alunos de 12 a 16 anos de idade.
     63 – Fases dos estudos:
Pré escolar        2 anos de duração
Primário                    6 anos
Secund. básica        4 anos
Pré Univers.  3 anos
Universitário  4 a 11 anos
     SAÚDE
     68 -  Só se toma remédio lá com receita médica, consulta e remédio de graça.
     69 – Quando houve a Revolução, dos seis mil médicos cubanos, ao redor da metade se asilou nos USA.
     69 – Médico de excelente qualidade na formação.   Após entrar na universidade, fica 11 anos entre trabalho (estágio) e estudos, inclusive trabalhos na zona rural.  
     Na época (1975) ao redor de 40% dos cubanos moravam na zona rural.
     70 – O autor faz uma descrição da mudança radical pela qual passou o tratamento psiquiátrico em Cuba após a Revolução.   É bom ler na íntegra.
     75 – Sobre liberdade de imprensa em Cuba.   À pergunta do autor deste livro (que é jornalista)  um jornalista cubano respondeu:                                   
“Nunca houve liberdade de imprensa em lugar algum.   A imprensa serve ao poder.  Em Cuba, o poder está nas mãos do proletariado.”
     107 – Os pró revolução são chamados de compañeros.  Os contra, de gusanos (vermes).
     110 – Os CDR Conselhos de Defesa da Revolução. Um por quarteirão.   Verdadeiros síndicos de quarteirão.
     111 – Mercenários invadiram a Baia dos Porcos e o Exército e o povo (que tem treinamento militar) em 72 h rechaçaram o ataque.  Muitos dos invasores eram mercenários da Nicarágua, etc.
     112 – USA – distância de 90 milhas de Cuba.
     115 – Livro escrito por Fidel Castro (1953):  “A história me Absolverá”.    (tenho, vou ler e fazer resenha em breve)
     154 -  Parte da entrevista com Fidel onde ele critica Nixon (presidente americano) e acha que o atual (1975) – Carter, é sincero.   Mas...   e então ele elenca muitos problemas do mundo subdesenvolvido e acha que os USA “não sabem disso”.
     156 – Fidel e os direitos humanos.    Respondeu que o Capitalismo e o Colonialismo são os maiores agressores aos direitos humanos pois há fome, miséria, doenças, desnutrição, subdesenvolvimento,etc.
     156 - ...  a exploração do homem pelo homem.  “Penso, portanto, que ninguém de um país capitalista , tem autoridade para falar de direitos humanos.”
     157 – Há presos políticos em Cuba.   No início da Revolução eram ao redor de 15.000.   Na atualidade (1975), são ao redor de  3.000 presos políticos que agiram contra a Revolução.  São presos, mas nunca foram torturados.
     158 – Os líderes contra a Revolução foram presos, julgados e vários foram fuzilados.    Não há um só caso de preso político desaparecido em Cuba.
     160 – Sobre a ajuda à Etiópia, um dos países mais pobres do mundo.   Com 35 milhões de habitantes, tinha 125 médicos apenas.  Cuba mandou médicos e outras formas de ajuda humanitária para lá.    Quase a metade do povo etíope sofria com doença nos olhos – a tracoma que pode cegar.

     Comentários são bem vindos.      orlando_lisboa@terra.com.br 


    




domingo, 13 de abril de 2014

RESENHA DA ENTREVISTA COM O FILÓSOFO SERGIO CORTELLA

    
     Resenha feita pelo eng.agr.  Orlando Lisboa de Almeida      orlando_lisboa@terra.com.br

     Hoje, 18-03-13, li uma entrevista super interessante com o Filósofo e Educador Mario Sergio Cortella, publicada na revista Paraná Cooperativo, ano 8, número 90, de jan/fev/13.
     Segue uma resenha bem sintética do tema que é ALTERNATIVA PARA UMA SOCIEDADE DE PARTILHA.
     ...”não é um cada um pra si e Deus pra todos, mas é um  por todos e todos por um”.
     “Muita gente ainda vê a democracia como um encargo, e ela não é um encargo, é um patrimônio e precisa ser cuidada.”
     ...”os nossos ancestrais, que às vezes são chamados de primitivos, eles só sobreviveram frente aos predadores porque cooperavam.   Se eles competissem, teriam sido destruídos pelos predadores.”
     “Nós somos um animal fraco perto dos outros animais, não temos velocidade e força física, não resistimos muito tempo no meio natural, só conseguimos sobreviver como espécie porque cooperamos na origem.”
     “Mahatma Gandhi disse, com razão:  olho por olho e um dia todos acabamos cegos
     “Millor Fernandes um dia disse que o importante é ter sem que o ter te tenha.   Isto é, não seja possuído por aquilo que você possui.”
     “... o mundo que vamos deixar aos nossos filhos depende muito dos filhos que vamos deixar para esse mundo.”
     “Formar novas gerações que não tem o esforço para obtenção das coisas significa enfraquecê-los na personalidade, quebrar o vigor ético...”
     “... informação é cumulativa e conhecimento é seletivo.”   Comer bem não é comer muito.
     Sobre a informática nas escolas...    “percebeu que uma parcela dessas tecnologias são distrativas, elas distraem.”     “A gente tem que usar as máquinas, não amá-las”.
     Cotas Raciais -   “...mas o que mais gosto nela é que, ao ser polêmica, traz à tona temas que a gente fingia que não existiam”. 
    
     Nem dá para sintetizar as opiniões que ele diz como educador sobre as formas para melhorar a educação no Brasil que é sexta potência econômica e a desonrosa 66ª.posição na educação.  (recomendo ler na íntegra)
     Vida boa -  “É aquela na qual haja partilha, na qual eu possa repartir vida e afeto”.
     Mensagem final:  Que as pessoas levem a idéia que, de fato, a vida é curta para ser pequena e a gente a engrandece quando a gente a reparte.



sábado, 12 de abril de 2014

RESUMO DO FORUM LIXO & CIDADANIA – CURITIBA – PR.

RESUMO DO FORUM LIXO & CIDADANIA – CURITIBA – PR.    10-04-14


Local do Evento:    Auditório do Ministério Público do Trabalho – 9ª Região

Anotações feitas pelo Eng.Agr. Orlando Lisboa de Almeida – filiado ao Senge Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná.

     A reunião do Fórum foi na parte da manhã e contou com aproximadamente 130 pessoas entre as lideranças dos Catadores de Recicláveis (que são os protagonistas do Fórum), dos órgãos de governo ligados ao tema  (prefeituras, universidades, secretarias de meio ambiente, etc), apoiadores do tema geralmente ligados a entidades da sociedade civil. 
     A mesa dos trabalhos hoje foi composta pelo Promotor Dr.Sinclair e pela líder ligada ao Movimento Nacional dos Catadores, Marilza Aparecida de Lima, que atua a partir de Curitiba.

     Primeira fala -  A convidada foi a Sra.Conceição que veio representando o COEP fundado pelo Betinho, Comitê de Cidadania.    Ela veio falar um pouco do Premio Betinho que foi criado em 2008 para agraciar pessoas que atuam em ONGs.  Troféu Atitude Cidadã.  Cada ano o prêmio tem um foco e o deste ano foi na questão dos Catadores de Recicláveis.   Ela trouxe um troféu e revelou quem ganhou o mesmo, de uma lista de três catadores destacados:  Carlos Alencar de Cavalcanti, Valdomiro Ferreira da Luz e Marilza Aparecida de Lima.   Os três estavam presentes no evento.   O troféu coube à Marilza Aparecida de Lima, que ficou emocionada e foi muito aplaudida pela conquista.
     A Marilza é catarinense de Santa Cecília e atua em Curitiba como catadora desde 1996.
     Em seguida, como de praxe, as pessoas presentes se apresentaram.  Nesta data havia inclusive lideranças do setor de SC, RS, DF.   O prefeito de Ampere-PR participou também.   Havia bastante representantes dos catadores de Guaratuba-PR. 

     Segunda fala -   Representante da Fundacentro – de São Paulo  - Dedicada à questão do trabalho.
     Ela elogiou o Fórum Lixo & Cidadania pela união e a força que tem.
     Em estudos da Fundacentro, analisam a questão do catador de recicláveis em serviço, envolvendo fatores de risco (necessidade de luvas, etc.) e também no seu ambiente doméstico com a qualidade da moradia, da água, se tem esgoto, etc.
     Eles possuem vídeos e cartilhas, sempre buscando ter a participação dos catadores nesses tipos de materiais de divulgação de ações.   Tem site na internet onde é possível ver os vídeos e cartilhas.    www.fundacentro.gov.br
     Há pesquisadores da Fundacentro trabalhando diretamente com catadores.
     Os catadores ainda são discriminados muitas vezes.   Transportam até 170 kg de carga nos carrinhos manuais.   Riscos de cortar as mãos, contaminação, sol, etc.
     No caso de São Paulo, alguns catadores são sem teto (moram na rua), estão expostos aos riscos das drogas, alcoolismo.
     Lembrado que atualmente o governo federal reconhece oficialmente a profissão de catador de recicláveis e há meio dos mesmos inclusive se formalizarem e poderem ter a assistência e previdência do Estado.
    O lema da Fundacentro:      “Fundacentro – trabalhando para quem trabalha”.
     Terceira fala – Sr.Raul – ligado à FUNASA – Fundação Nacional da Saúde
     Ele lembrou que há edital para chamamento à pesquisa na área.  O pessoal pesquisador não tem se interessado em desenvolver trabalhos nessa área dos resíduos sólidos.
     Ele fez a entrega de um caminhão novo para a entidade CATAMAR para a coleta de materiais recicláveis.   Resultado da organização dos catadores.

     Quarta fala – Sr.Carlos – liderança dos catadores -  Projeto da Rede Cataparaná.  O nome do projeto é CVMR Central de Valorização de Materiais Recicláveis
     Ele disse que geralmente os catadores e catadoras não entram por opção no setor.  Mas os que resolvem permanecer, o fazem por opção.   Ele convida as pessoas para irem visitar os trabalhos dos catadores.
     Citada a lei 12.305/10 e o decreto que regulamentou a lei, decreto 7.404/10, que criou a chamada  Política Nacional de Resíduos Sólidos.
     Como as indústrias tem obrigações perante essa lei, há uma série de entidades que tem procurado prestar algum tipo de apoio às ações dos catadores.   A própria FIEP tem dado algum apoio até por força de lei.   Quem fabrica produtos vendidos em garrafas pet por exemplo, tem compromisso com a chamada logística reversa, ou seja, a indústria tem o ônus de recolher de volta as embalagens usadas.
     Os catadores no Paraná estão estruturando seis pólos.   O pólo 1 envolve Pinhais, Curitiba, etc.   O pólo 3 envolve Maringá e região.    Consultando em busca pela REDE CATAPARANÁ dá para ver toda a rede.
     Trabalhando em rede, os catadores tem conseguido um retorno financeiro maior com os recicláveis.   Um aumento de ganho entre 15% e 150%.      A Rede Cataparaná vendeu em 2013 1.409 toneladas de recicláveis.   71% desse peso é em papel.   
     Disse que o educador Paulo Freire falava da utopia, que em certos casos pode virar realidade.     Os catadores, dez anos atrás, não imaginavam que iriam conseguir uma articulação e organização ao ponto de poder realizar plenárias para discutir o assunto com a sociedade civil.  
     Hoje os catadores conseguem reciclar as garrafas pet através de processo industrial e o material produzido é vendido para as indústrias fazerem novos produtos.   Nesse caso os catadores tem um aumento de ganho de até 300% em relação à simples prensagem e venda da garrafa pet em fardos.     Os demais materiais ainda são vendidos apenas prensados, sem muita agregação de valor.
     Mostrou um Certificado que a Rede Cataparaná ganhou por suas ações.   Reconhecimento de entidades e empresas como Governo Federal, Petrobras, Banco do Brasil e várias outras.     Conseguiram também a certificação da Rede Cataparaná como Tecnologia Social, que será divulgada como exemplo de trabalho de sucesso no setor.
     Hoje o projeto CVMR Central de Valorização de Materiais Recicláveis é uma realidade pelo que já tem feito e pode fazer.

     Quinta fala -  Um representante da SindiPR Bebidas
     Entidade ligada às indústrias de bebidas que tem a obrigação de implementar a logística reversa das embalagens pet que usam em seus produtos.
     A entidade vem buscando parceria com as entidades dos catadores de recicláveis para que ocorra a reciclagem de embalagens.  Bom para as duas partes.
     Foi dito no Fórum que num passado não tão distante os catadores de Curitiba e região metropolitana conseguiram com a SindiPR algum recurso financeiro e precisavam de um barracão para trabalhar os recicláveis.   Bateram à porta das prefeituras (inclusive a de Curitiba em gestões anteriores) e nada conseguiram mesmo a atividade do catador ser um serviço de interesse público.     Acabaram conseguindo algum apoio da prefeitura de Pinhais na época.    Suponho que é por essa razão que a Rede 1 tem como município primeiro citado o de Pinhais-PR, o que parece razoável.
    Por outro lado, consta que a atual gestão de Curitiba vem dando apoio aos catadores de recicláveis, inclusive no diálogo com a categoria.
                                                                  
     Sexta fala -   Prefeitura de Arroio Grande-RS.  Eng.Agr.Guilherme

     Presentes o Guilherme e o Sr.Valdir, Presidente da cooperativa RECICLAR de catadores daquela cidade.
     Ele de certa forma deixou claro que o começo da organização do setor se deu por ação da promotoria ambiental que obrigou o município a assinar um TAC Termo de Ajuste de Conduta com ações e prazos definidos, dentro do que diz a Lei dos Resíduos Sólidos Urbanos. 
     Atualmente a administração municipal apóia formalmente os catadores e sua cooperativa.    Remunera inclusive em R$.1.000,00  por mês por catador cooperado.  Cada um recebe esse valor por mês, descontado 11% de INSS.    Além disso, tem o ganho com os recicláveis comercializados.     Catadores com uniforme, etc.
     Disse que a ação do poder público está focada em três pilares:
Inclusão Social, Economia de Recursos Públicos e Preservação Ambiental.
     Falaram da peregrinação para tentar conseguir modelos de contratos e demais documentos para formalização das entidades e poder fazer convênio com a prefeitura.  Disse que chegaram a visitar prefeitura que tinha o convênio, mas se recusava a divulgar.     Eles franquearam aos interessados, cópia dos documentos de formalização que utilizaram no caso.      Já foram premiados pelos trabalhos realizados.    O trabalho no formato atual data do ano 2000.   Antes lá havia um lixão a céu aberto.   Hoje reciclam muito e tem aterro sanitário na forma da lei.
     Antes da forma atual, uma firma terceirizada coletava tudo, prensava tudo naqueles caminhões compactadores e depois “terceirizavam” para os catadores separarem (em condição desumana – e sem registro em carteira) o que seria reciclável.
     Na forma atual, houve incentivo à separação do reciclável e passam caminhões distintos de coleta de reciclável e de não reciclável.   Nenhum deles prensa o lixo.
    Citou que na época de tentarem fornalizar tudo no município, sofreram com o lobby de uma empresa que conseguiu licenciar uma área degradada de mineração de carvão de Candeota-RS.    Licença por 20 anos, com apoio de verbas federais inclusive.     As pessoas e entidades procuradas, ao invés de ajudar o município a criar suas soluções locais, sempre tentavam dirigir o lixo para a terceirizada de Candeota.  
     Com as ações de conscientização da população, vem melhorando a qualidade dos materiais recicláveis separados pela comunidade.
     Fazem compostagem da fração orgânica do lixo.   Ainda há alguns problemas a resolver nesse processo, como falta de cobertura e de telas laterais.   Sem telas, o vento espalha material que está em processo de compostagem.
     O aterro sanitário deles tem 30 m x 50 m x 3 m de profundidade.  
     Disse que já ganharam prêmio, mas o maior prêmio é ver o catador trabalhando em condições dignas.   Os catadores hoje tem inclusive conta em banco.     
     Conseguiram já comercializar 500 t de materiais recicláveis.   Material que foi reciclado e não foi para o aterro sanitário     Ganham os catadores e ganha o meio ambiente. (Me parece que ele disse que a cidade tem 19.000 habitantes)
     
     Sétima fala – Um senhor ligado ao Meio Ambiente da Prefeitura de Curitiba.
     Ele anunciou que a prefeitura rompeu o contrato com a empresa privada que cuidava da coleta de lixo da cidade.     Foi aplaudido por essa notícia porque os catadores tinham suas dificuldades agravadas pelas ações da empresa terceirizada e da própria prefeitura em gestões anteriores.
     Informou também que a prefeitura estabeleceu parceria com as farmácias para a logística reversa de medicamentos que o consumidor não usa totalmente e que deve retornar à farmácia e esta encaminha para o local e tratamento adequado.     Não se deve misturar remédio com o lixo e muito menos derramar no esgoto de casa.
     Atualmente na prefeitura a postura é de respeitar a autonomia das cooperativas e associações de catadores de recicláveis em Curitiba.  
     Um catador usou a palavra e reclamou que os carrinhos que foram fornecidos (com motor elétrico, suponho) com recursos do BNDES estão apresentando falhas e os catadores levam o carrinho para a firma responsável pela manutenção e o problema não se resolve.    Ele foi encaminhado para falar com alguém do plenário que tem vínculo com essa tarefa.
     Já no momento final do Fórum, o prefeito de Ampere-PR ao se despedir usou a palavra rapidamente para dizer das dificuldades para ter o apoio da população na questão dos recicláveis.    Ele até convidou o Promotor Dr.Sinclair para ir lá dar uma palestra, pois reconhece a força que isso teria junto à comunidade de Ampere-PR.

     Isto foi o que consegui anotar, da forma que compreendi e espero que esta resenha seja útil a quem acompanha e tem interesse pelo assunto.

                         orlando_lisboa@terra.com.br
                                                                               
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