Anotações feitas pelo
Eng.Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida (blogueiro)
Local : SESC Maringá (12-09-11) – Semana da
Literatura do SESC
O SESC tem uma programação cultural
interessante que sempre acompanhei e neste caso, o convidado era o escritor
citado, que tem mais de 40 livros publicados.
É mineiro, escreve inclusive ensaios e poesia, tendo sólida formação
acadêmica (doutorado) na área da literatura e já foi inclusive presidente da
Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
Foi também gestor do Departamento de Letras da PUC.
Um professor doutor em Letras da UEM
Universidade Estadual de Maringá, presente no evento, destacou que é incomum
conciliar uma carreira de escritor com a docência e atuação na vida
pública. Louvou a obra do palestrante
Affonso.
O mote do bate papo: LITERATURA E SOCIEDADE
O professor da UEM que apresentou o
palestrante disse que ele é um “sociólogo” da literatura.
O palestrante disse que o SESC é um verdadeiro
segundo Ministério da Cultura por suas ações no setor. Discorreu um pouco sobre um Ensaio dele no
tema da Literatura.
Falou que constata que o pessoal de Letras
lê escondido “A Cabana”, “Livros dos
Demônios”, etc. Livros de grande apelo
popular e comercial. Ele defende a
idéia de que se deve estudar os best sellers.
Procurar saber o por quê do sucesso.
Expandir a fronteira da literatura.
Ele prega isso a décadas. Lembrou
da ascensão no Brasil das classes C, D, etc.
Mais potencial de novos leitores.
Disse que gosta de abordar o tema
“leitura”. “Ler o Mundo” é o nome da
obra.
Ele disse que o Tolkien , que é versado em
literatura antiga, diz que a literatura ocidental entrou em declínio após o ano
de 1.200 d.C. Ele disse que esse autor
tinha que ser estudado na Academia.
Citou um professor de Filosofia que chegou
para uma turma que estava tendo a primeira aula da sua matéria e disse
pausado: Sou o professor de Filosofia. A Filosofia não serve para nada... Agora, nos próximos 50 minutos da aula, vou
falar sobre o Nada.
Tudo da Grécia veio de Homero. E dizem que Homero nunca existiu.
Ele disse em tom brincalhão, que se tirar
Shakespeare da Inglaterra, aquela ilha acaba.
Sobre Cervantes. No centenário de Cervantes na Espanha se fez
um pacote turístico segundo os “caminhos” trilhados pelo seu herói imaginário
Dom Quixote. E legiões de turistas
seguem a rota e numa determinada taberna, ao entrar, o dono da casa em traje
típico da época, recebe os visitantes e
no rito da espada sobre o ombro, “nomeia” o turista de Cavaleiro. Fizeram uma ação calcada no personagem
imaginário. (Com Romeu e Julieta
acontece algo semelhante na Itália)
Disse que muitos defendiam que a poesia
era uma coisa arcaica e com as novas mídias ela involuiria. E aconteceu o contrário. “A poesia não tem uma função, ela é uma
função”.
Tem gente que começa na literatura meio
ruim. Alguns com o tempo vão
piorando. Muitos que escrevem, não escrevem. São escritos.
Eles reescrevem o que já foi escrito.
Não criam.
Começar a ser escritor é quando se tem
redação própria. Ter o domínio dos meios
de expressão.
Ele disse que Clarice é um raro caso de
escritor que já nasceu “pronto”. Ele
leu texto dela de quando ela era bem jovem.
Falou também da beleza das crônicas de Rubem Braga.
Só no Brasil existiu uma “escola” a dizer
(na década de 70) que o poema tinha acabado naquele sentido até então. A partir disso o poema seria visual.
Foi feita referência a um poema do
palestrante chamado “Parem de jogar cadáveres na minha porta”. Estaria no Youtube interpretado pelo ator
Antonio Abujanra.
Ele disse que os jovens estão subindo a
montanha e ele está descendo do outro lado da montanha. “Quanto mais temos medo da morte, temos mais
medo da vida”. Há um poema dele
chamado “Preparando a Cremação”.
Citou o episódio do Rubem Braga que estava
com câncer na faringe em estado avançado.
Foi do Rio a São Paulo encomendar a cremação. O burocrata perguntou sobre o corpo e ele
disse: O corpo sou eu.
Se captei bem, ele se referiu a Drummond com a frase:
Ele
já teve a fase em que era maior que o mundo, a que ele era menor que o mundo e
a terceira quando ele entendeu como sendo igual a todo mundo.
Citou Lucio Costa, arquiteto urbanista
que projetou Brasília. Planta de
Brasília sem biblioteca. E ele, Lucio
Costa teria justificado: Essa coisa de
biblioteca pública nunca fez sucesso no Brasil.
Paulo Freire - O educador que desenvolveu um método que
conseguia alfabetizar inclusive cortador de cana em 45 dias. Relacionava coisas com os objetos de
trabalho para ajudar no processo de aprendizagem, partindo do mundo do
alfabetizando. Depois vem o
intelectual Francisco Wefort, genro de Paulo Freire e, no governo federal,
quase acaba com o Programa Pro Ler.
Disse que estamos vivendo em sentido
geral, um momento de grandes transformações.
Livros aos mil - “lixeratura”. Disse que quem criou esse termo foi um grupo
de literatos alternativos de MG.
Falou que o Brasil não produz livros
demais. Produz leitores de menos. Disse que à grande maioria no BR nunca foi
apresentado o livro. Quando a pessoa
lê, ela gosta.
Citou um açougue de Brasília que tem
biblioteca e faz sucesso a tempos. Em
MG uma borracharia com biblioteca – tem três filiais.
O site Viva Literatura já levantou 10.000
projetos que estão de desenvolvendo Brasil afora.
O palestrante foi quem, em sua passagem no
governo federal, criou o Programa ProLer.
Citou um caso curioso que ilustra o que
foi dito logo acima:
O caso do “leitor” que era analfabeto e
não queria a alta do hospital em certo dia antes do final do livro e disse isso
ao seu médico. O assistente disse ao
médico que o paciente era analfabeto.
Daí o médico quis saber melhor isso de final do livro para um
analfabeto. E veio a explicação: Realmente sou analfabeto, mas meu vizinho aí
do 14 lê pra mim. Eu leio nas palavras
dele.
Sobre Hai kai, citou um: (de uma autora brasileira)
Tomara que caia
Um hai kai
Na sua saia.
Do livro do palestrante sobre os três enigmas: a Ciência, a Religião e a Arte. A ciência explica muitas coisas, a religião,
pela fé, também. Muito do que uma e
outra não explicam, a arte, com suas alegorias, equaciona. Temos certa necessidade disso tudo,
completa ele.
O rigor formal em si não necessariamente
será uma obra de arte.
Fez uma ressalva à afirmação de João
Cabral de Melo Neto que em certo momento afirmou que há poetas formais e os que
fazem arte.
Ele disse que muitos bibliotecários não
lêem. Muitos professores não lêem...
Num outro contexto da prosa. Já há na China 240 bilionários.
O autor tem intenções ao elaborar a obra,
mas ela será para ao público e este interage com a obra e faz releituras. A respeito, citou Guimarães Rosa que teria
dito: O grande crítico é aquele que
ajuda o autor a reler sua obra.
Sobre o Episódio da bomba na entrada do
Rio Centro na época da Ditadura. O
palestrante fez um poema sobre o episódio.
“A implosão da mentira”. Ele leu
a poesia para o público que gostou muito.
Espero ter captado uma pequena parte do
que foi dito pelo grande autor e já peço desculpa por eventuais falhas na
redação e no conteúdo pois sou um amador.
Não gravo nada. Ouço com
atenção, anoto o essencial e depois coloco no Word.
Uma frase que me ocorreu para fechar a
resenha. Frase atribuída ao poeta da
Checoslováquia, Jan Neruda (1834-1891):
Quem não sabe nada tem que
acreditar em
tudo. Parêntesis meu: (portanto, vamos ler, ler, ler...)
Tenho um segundo blog (mais antigo) com
textos geralmente mais curtos, de opinião, cultura e lazer. www.orlandolisboa.blogspot.com.br
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