RESENHA DO LIVRO – CHÁVEZ NUESTRO
Autores: jornalistas Rosa Miriam
Ilizalda e Luiz Báez (em castelhano)
Editora: Casa Editora Abril -
Havana – Cuba - 400 p
- de 2004
Resenha pelo Eng.Agr. Orlando
Lisboa de Almeida - maio – 2013
Página 11 - Cita que o presidente Chávez passou por oito
escrutínios nos últimos cinco anos. (o
livro é de 2004)
16 – O basebol é o esporte mais
popular na Venezuela.
17 – O garoto Hugo Chávez,
criança, de alpargatas velhas no primeiro dia de aula. Não deixaram ele assistir a aula.
18 – Resposta de pessoa na rua ao
ser perguntado. Responde: Por qué lo quiero tanto? Ah! El da mucho amor y no tiene a menos a los
pobres. Eso es algo que nosotros no olvidamos.
43 – Chávez ficou quase dois anos
preso após a rebelião que comandou tentando derrubar o governo de Carlos Andrés
Perez. Chávez era do Batalhão de Paraquedistas.
44 – Chávez e sua boina e
camiseta vermelha. O povo aderiu em
massa e usar isso era forma de manifestar apoio às suas idéias.
45 – Num costume da planície do
interior, Chávez, mesmo presidente, pedia a benção ao irmão mais velho que era
da sua equipe. Algo de cultural do seu
povo.
55 – Ele como presidente, adota
no país a alfabetização de adultos, muitos com mais de sessenta anos de idade. Questão de cidadania.
59 – Cita frase de Simon Bolívar,
herói nacional em quem
Chávez muito se inspirou:
“Eu sigo a carreira gloriosa das
armas só para obter a honra que elas dão:
por libertar minha pátria e por merecer o reconhecimento das pessoas, do
povo.”
69 – Antes de ser eleito
presidente, na fase em que ficou preso por tentar derrubar o governo Carlos
Andrés Perez, ganhou na prisão o escapulário (amuleto) que foi de Maisanta, um
herói regional da sua terra e seu povo no passado.
71 – Após a prisão de Chávez, ele
em campanha, lhe “roubaram” o primeiro veículo que ele usava e explodiram o outro. Verdadeiros atentados de cunho político.
72 – Os seus admiradores, por
onde passava, deixavam até recadinhos com preces, explicando a situação em que
as pessoas viviam. Ele coletava os
recadinhos e depois lia todos. Assim
foi se formando a legião de boinas e camisetas vermelhas, os que aderiam pra
valer aos seus ideais revolucionários.
123 – A estratégia de ensinar o
povo a ler e escrever. Para que o povo
se liberte e entenda os problemas do país.
123 - Chávez diz:
“El pueblo de Venezuela no es el mismo”.
154 – Havia desde longa data,
antes mesmo do Governo Chávez, missões militares dos USA lá na Venezuela. E o próprio embaixador americano teria agido
com os golpistas quando Chávez governava o país e houve uma tentativa de
derruba-lo do poder. Na verdade ele foi
retirado do governo por três dias e em seguida, com a pressão do povo nas ruas,
tiveram que recolocá-lo no poder.
Cita no caso o embaixador Shapiro que já teria atuado no Chile para
derrubar Allende e também governo na Nicarágua e em El Salvador.
158 – No momento em que depuseram
Chávez da presidência, Fidel ligou às lideranças chavistas e recomendou a elas
que não se imolassem. Que haveria meios
de se retornar ao poder com a força do povo nas ruas. Como de fato ocorreu. (em 2002).
Teria sido um excelente conselho aos chavistas.
159 – Foi na Venezuela que surgiu
a figura do “desaparecido” por razões políticas. E não houve lei antes da era Chávez para
punir esse tipo de crime.
159 – Os autores do livro avaliam
que o Tribunal Supremo da Venezuela
ainda é brando com esse tipo de crime e com os golpistas que estão
tentando derrubar o governo.
181 - No golpe que depôs Chávez da presidência por
três dias, os golpistas tiraram do ar todas as emissoras de TV para evitar que
através destas o governo que estava sendo deposto se manifestasse e trouxesse o
povo para as ruas para pressionar pelo retorno do governo constitucional.
Quando os do Alto Comando dos chavistas,
no terceiro dia do golpe, percebendo que os golpistas estavam dissolvendo todos
os poderes e instalando uma ditadura, se reuniram e fizeram um comunicado ao
vivo por telefone, via uma repórter da CNN que acabou (sendo ao vivo) colocando
aquilo no ar para o mundo. Então o povo
da Venezuela pode saber melhor o que estava se passando.
189 – Entrevistado um general
venezuelano, ele diz que visitou Cuba e viu que lá o povo vive bem, que não é
nada do que se pintava de ruim sobre Cuba na Venezuela anterior ao
chavismo. Coisas da mídia.
190 – Consta que 80% do povo da
Venezuela, um dos países mais ricos em petróleo, vive abaixo da linha de
pobreza.
211 – O vice presidente do mandato
do Chávez sendo cassado para ser tirado de circulação no dia 13 de abril. Se o vice fosse cassado ou morto, não
haveria o vice para assumir em caso de tirarem Chávez do poder. Era o jogo do adversário.
A multinacional de telefonia TELCEL, no
dia 13 de abril (no golpe) fez campanha na TV e liberou de graça ligações da
Venezuela para o exterior “para que o mundo celebre com a Venezuela em liberdade.” A empresa comemorando o
golpe que em três dias se reverteu.
212 – O vice presidente de
Chávez, durante o golpe, estando Chávez preso pelos golpistas, fez contato com
a Unión Radio na qualidade de Presidente porque o presidente estava detido, mas
a rádio o censura e não coloca nada da sua fala no ar. Não aceita ouvi-lo e muito menos colocar sua
fala no ar.
213 - Através da esposa do vice presidente ele
recebe o número do celular de um jornalista da CNN que era seu conhecido desde
o tempo da campanha para presidente. O
repórter lhe passa o telefone de alguém da CNN para entrevistá-lo e por um cochilo,
a TV Globovisión (da Venezuela) que estava transmitindo em cadeia com a CNN,
acabou colocando a fala do Vice do Chávez
no ar para todo o povo venezuelano.
Essa fala ao povo foi muito importante para o povo ir em massa às ruas e
pedir a volta de Chávez.
218 – Médicos cubanos. No golpe, os golpistas, para tentar enganar
o povo venezuelano disse que continuaria os programas sociais, mas eles não
iriam mais aceitar os médicos cubanos, estes que estavam mudando a realidade do
povo da roça, das montanhas, enfim, dos lugares onde se concentram os mais
pobres.
219 – A Venezuela vendia antes,
durante e depois do golpe contra o Chávez, algo como 1,3 milhões de barris de
petróleo por dia aos USA. O governo
pede que os USA respeitem Chávez e o seu povo.
220 – A Igreja sempre recebeu
subsídios do governo e não prestava conta ao Estado. Com Chávez, se pediu prestação de contas à
Igreja. O que é dever do Estado.
221 – O autor narra uma cena da
popularidade de Chávez. Numa
concentração popular, um pai pede para Chávez pegar seu filhinho no colo. Chávez pega, beija a criança e devolve-a ao
pai, que chora de emoção pelo gesto do presidente.
222 – Cita o poeta e presidente
da Comissão de Política Exterior da Assembléia Nacional Venezuelana: Tarek William Saab. (“o Turco”)
231 - Constatação – sem o apoio fundamental de
gente nacionalista nas forças armadas, Chávez e o povo não teriam chegado ao
poder. Diferente da Argentina e Chile
onde as elites compõem as forças armadas, na Venezuela o povo simples também
integra as Forças Armadas e fez a diferença.
232 – Os bolivarianos colocaram
na Constituição de forma expressa a proibição de vender a Petroleira deles e
mais algumas indústrias de base estratégicas.
233 – Resgate cultural do povo
venezuelano.
234 – “Cuando los medios mienten,
las paredes hablan”
235 – Chávez no poder alfabetizou os pobres, deu acesso às universidades a
estes e acesso aos médicos. O povo
reconhece tudo isso.
237 – A direita, segundo consta,
antes do golpe para depor Chávez, teria promovido uma matança em Puente Llaguno para
acusar o chavismo de ter feito aquilo.
247 – General forte aliado de
Chávez, que capitaneou a resistência ao golpe de 11-04-02, antes disso leu “A
Arte da Guerra” de Sun Tzu.
252 – Antes do Chávez, lá para
trás no tempo, “separaram” as forças armadas, já tentando evitar que esta um
dia fosse simpática ao povo e desse um
basta na velha política ou, por outro lado, criasse uma ditadura que não
interessasse às elites locais.
267 – No golpe de 11-04-2002, um
jornal do interior fez um encarte de 16 páginas com fotos para apoiar Carmona,
o golpista. De Chávez, o jornal
colocou uma pequena foto dele “enxugando suor do rosto”. (esse filme a gente conhece por aqui no BR
com nossa “gloriosa” mídia).
271 – Resistência ao golpe em
Maracay – juntou 14 generais que agrupavam 20 batalhões. Comandavam 20.000 soldados leais ao
chavismo. Agregavam poder militar maior
que o dos golpistas.
272 – O grande militar, General
Balduel, depois do feito – enfrentar e vencer os golpistas, disse que adotou
ensinamento de Sun Tzu (A Arte da
Guerra). “O melhor combate é aquele que
se ganha sem necessidade de manchar de sangue as espadas”
273 – Os 50 civis (bolivarianos)
que vieram ao Forte de Maracay (onde Chaves estava preso) no dia do golpe
(12-04) para apoiar Chávez, no dia 13 já somava 50.000 chavistas. Isto ajudou muito a enfraquecer a tentativa
de golpe e o restabelecimento do governo bolivariano.
277 – Os autores citam que os
americanos teriam, via emissário, oferecido uma fortuna em dólares em ocasião
anterior para o General Balduel debandar para o lado das elites.
292 – A luta que se trava na
Venezuela não é só de classes, mas também de tonalidades de pele.
Esta
segunda parte do livro dá uma visão da formação do Chávez e essa formação e sua
trajetória explicam melhor sobre sua pessoa e seu carisma.
323 – Chávez declara. Só fui ver TV pela primeira vez quando já
era cadete das forças armadas. Coisas
de família. A avó dele usava Vick
Vaporub para todo tipo de dor.
Chávez na juventude adorava o basebol e o
esporte ajudou o garoto a ir para a cidade grande e se alistar na academia
militar. Lá quase ficou de fora porque
uma vez uma nota dele na escola “raspou”
(ficou abaixo do exigido) e assim ele teria que cair fora, mas como era
bem acima da média em basebol, acabou ficando por lá e subindo por seus méritos
e dedicação.
337 – Algo que explica um pouco
de sua formação e o contexto. Quando
Chávez foi para a Academia Militar, a novidade por lá era que o pessoal começou
a dar uma formação Humanística com
Metodologia, Sociologia, Economia, História Universal, Física, Química,
Introdução ao Direito, Direito Constitucional,etc. Paralelamente a isso, a Academia Militar
incorporou em seus quadros, professores civis para dar aulas nos quartéis. (Plano Andrés Bello)
341 – O presidente do Peru Juan
Velasco Alvarado, de esquerda, teve suas idéias estudadas por Chávez que andou
lendo os livrinhos com os discursos deste.
“La Revolucion Nacional
Peruana” e “El manifiesto Del Gobierno
Revolucionário de La Fuerza Armada
de Peru”.
343 – Na promoção da turma de
Chávez, escolheram o nome de turma de Bolívar.
345 – No tempo de Chávez jovem
cadete militar, um dia deu uma escapada do serviço para ir defender o time de
Barrinas. O jogo era importante e estava
sendo transmitido ao vivo pela emissora de rádio. Chávez fez um jonron e o locutor deu enorme
destaque ao lance, dizendo em alto brado que o lance foi de Chávez. Todos no quartel vibraram e o comando ficou
sabendo. Ficou uma arara por ele ter
escapado do quartel para o jogo. Mas
foi perdoado.
348 – Dentre as matérias
opcionais na Academia Militar, cursou Comunicação e esta ferramenta foi muito
útil em sua trajetória. Estava sempre
perto do Comando para conseguir suas metas.
Cuidou do esporte no Batalhão, ergueu o
campo de basebal, trouxe técnicos sem custo para o batalhão para ajudar a
treinar os acadêmicos no esporte e assim estava também integrando o batalhão com a comunidade. Conseguiu que houvesse jogos no Batalhão
envolvendo times e torcida da comunidade.
Ele tinha coluna no jornal de
Barrinas. Até apresentador em concursos
de Miss ele foi. Era destacado para
visitar escolas e angariar calouros para o Batalhão.
Ele mudou a forma da comunidade ver o
Batalhão de Caçadores (especializado em operações anti-guerrilha). Antes, o povo estranhava o Batalhão e
depois do envolvimento, houve entrosamento pelo viés esportivo e cultural.
350 - ... corrupção nas tropas e no país ao ponto
de se chegar à pergunta:
“Que democracia é esta que enriquece uma
minoria e empobrece a maioria?”
350 – No passado, o venezuelano
Juan Perez Alonso, um dos criadores da OPEP Organização dos Países Produtores
de Petróleo teria criado a frase sobre o
petróleo e a injustiça social. “O povo
vai ficar no excremento do diabo”.
358 – A visão negativa que se
constatava dos fazendeiros e até dos pobres contra os índios fazia Chávez
refletir muito.
359 – Em sua fase militar, Chávez
contatou uma Antropóloga e numa missão de campo, foi junto em trajes de civil e
passou vários dias com os índios, tudo isso para melhor entendê-los. Fez amizades lá na tribo e um dia foi
fardado e levou mais soldados, para ganhar a confiança dos índios. Deu resultado.
361 – Nos alojamentos que antes
serviam para abrigar os militares dos USA lá na Venezuela, Chávez, no poder,
usou esses alojamentos para os índios que foram estimulados a vir para a cidade
fazer cursos de Hidroponia (hortaliças em estufa com água e nutrientes, sem
contato com o solo) e Agricultura Orgânica.
Para melhorar as condições de vida nos indígenas em seu meio.
373 – Em 1990 Chavez faz mestrado
em Ciências
Políticas na Universidade Simon Bolívar em Caracas.
373 – Em 1992 tentou liderar um
levante para derrubar o governo da Venezuela.
Teve grande apoio popular e militar.
Não conseguiu o intento imediato, mas ficou muito mais popular ainda e
uma frase dele ficou célebre. “Por
Ahora”. Seria como, desta vez não deu
certo, mas na próxima... E a próxima
era a chegada dele à Presidência pelo voto popular.
376 – Petróleo – corresponde (em
2004) a 27% do PIB da Venezuela e 80% da exportação.
377 - No mandato de presidente, Chávez faz um
referendo popular e lança a Constituinte.
Seu bloco de apoio (bolivariano) consegue eleger 121 dos 128
constituintes. Grande apoio do
povo. Na nova constituição, além de
muitas mudanças, também se define o novo nome:
República Bolivariana de
Venezuela.
379 – Cita uma catástrofe natural
que ocorreu na Venezuela na época. Os
“deslaves”. Avalanche dos morros sobre
os povoados ao ponto de matar ao redor de 20.000 pessoas na região de Vargas na
Venezuela. Uma tragédia.
Nota:
Em praticamente quatro páginas, está um resumo de um livro composto de
quatrocentas páginas. É claro que o
resumo dá apenas uma amostra do conteúdo, mas acredito que vale a pena se
debruçar no livro em si, pois considero muito revelador do país, do povo e do
governo da Republica Bolivariana de Venezuela.
A imprensa de modo geral tem o foco no
capital, no lucro e então é um negócio e não tem interesse em mostrar as
diversas facetas da vida de um povo que trilha um caminho com suas próprias
pernas. Por isso, os livros podem
ajudar a nos informarmos melhor sobre um tema para depois podermos argumentar
melhor sobre o mesmo. Um pouco mais de
ciência e menos de achismo.
Obrigada por trazer essa história magnífica!
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