Continuação do fichamento do
livro Noite sobre Alcântara (final)
117 – O costume da época – mascar fumo de
corda.
122 – Uma negra apareceu com um negrinho escanchado na ilharga (termo que
conheci da minha terra que tem influencia do tropeirismo)
Natalino vai ver a Fazenda Flor da Nata,
da família, que ele não visitava há dez anos.
No passado ela produzia cana, algodão e tinha cem escravos.
123 -
O escravo que o recebe lá informa que por lá deu a bexiga (varíola) e
matou a metade dos escravos e dos outros que ficaram, a maioria fugiu do local
por causa da doença. Agora, só seis
negros e destes, dois no “fundo da rede”
(doentes).
124 – E o feitor da fazenda deu uma
sugestão ao patrão que queria de lá ir visitar a outra fazenda da família: Não vá ver a fazenda Córrego Fundo. Fique aqui mesmo.
124 – Viu sericoras pelo caminho (saracuras?)
125 – Cana caiana. O escravo disse um termo bem
regional: .... ele veio aqui mais
eu. Nada mais produzia a Córrego
Fundo.
126 -
Natalino a pensar do que o Visconde (seu pai) e a família viveriam se
quase toda a renda vinha dessas duas
fazendas. Ele, Natalino, ao menos
vive da pensão por ter lutado na Guerra do Paraguai.
128 – Gente da região enviou escravos para
a Guerra do Paraguai, geralmente substituindo os nobres da família.
129 - Visitando a outra fazenda, pergunta ao
escravo. E os outros?
- Tá tudo debaixo do chão. Só ficô eu pra semente.
129 – Os barcos desciam os rios com algodão,
farinha, arroz e açúcar vindos de mais distante da costa e concorrendo com as
fazendas locais.
131 -
O animador de quadrilha junina usando o francês: - En avant!
En arrière! Balancez! (França – terra de origem da
Quadrilha)
Natalino ao retornar a Alcântara e mesmo
havendo o movimento por causa das festas juninas, percebeu melhor que a cidade
iria ficar deserta logo, logo.
136 – A sempre disputa acirrada dos
partidos Liberal e Conservador, respectivamente “os cabanos” e os “bem te
vis”. Não se misturavam, mas na fase
de decadência alguém propôs uni-los.
Não havia jeito.
137 – Ambos partidos resolveram (por
interesses em mais títulos de nobreza) construir cada um, um castelo para
receber o Imperador Pedro II. Mas não havia
nada de oficial sobre a visita ser realizada ou não. Os nobres, já empobrecidos, mas sem perder
a arrogância, vendendo bens para levantar as obras. Alcântara tem esse nome em homenagem a
Pedro de Alcântara.
Tentaram construir os castelos com
recursos deles, dizendo que não iriam usar verbas públicas para tal.
Esperavam que lá pelo ano de 1860, quando
o Imperador iria visitar os USA, no retorno passaria por Alcântara.
137 – A disputa pelo melhor castelo saiu
inclusive no jornal de São Luis, o “Publicador Maranhense”.
139 – Obras dos dois castelos e o povo
ficava de olho no andamento das obras e na disputa de vaidade dos nobres que já
andavam mal das pernas em termos financeiros. Uso de mão de obra dos escravos.
Em obras, inclusive de calçamento, teriam
usado pedras que vinham de Portugal como lastro nos navios que vinham vazios
para retornarem carregados. As pedras
davam estabilidade ao navio em curso.
Nas paredes dos sobrados e muros usavam
pedras rejuntadas com massa com adição de óleo de baleia para dar a liga e
afirmar a edificação.
143 – Cita o jornal Diário do Maranhão que
seria também da época em São Luis.
(cidade de colonização francesa e o nome homenageia rei daquele país)
144 -
Os cegos cantadores de Alcântara já faziam suas músicas de improviso
fazendo chacota aos prédios dos palácios que tendiam a ficar inacabados e sem
receber o Imperador, como de fato ocorreu.
146 – Cita o Forte de Santo Antonio.
155 -
Sobre a amiga de Olivia no colégio interno em Paris. Eloise, que era homossexual, forçou no
passado, um caso com a companheira de alojamento Olivia e continuaram
amigas. Trocavam cartas. Um dia Olivia ficou sabendo que a amiga foi
presa após matar uma companheira num hotel na França.
158 -
Olivia detesta que a mãe grite com os escravos da casa. Quando isso ocorria, saia de casa para não
ter maior constrangimento.
O pessoal do internato não deixou ela ler
Emile Zola.
169 – Biscoitos sequilhos.
170 – Natalino fez um artigo no jornal de
São Luis falando do descalabro das finanças dos nobres de Alcântara e também
atacou como sempre os monarquistas e apoiou os republicanos. Em pleno Imperio e escravidão. O pai dele, nobre e monarquista, ficou muito
indignado e passou enorme vergonha perante seus amigos da nobreza e do
partido. Discutiu com o filho e deixou
de conversar com ele até a morte, vestindo luto inclusive por esse gesto.
192 – O Visconde (pai de Natalino) segreda
ao médico amigo que já vendeu suas propriedades para honrar sua parte na
construção do palácio. Só sobrou o
sobrado onde morava. Usou o termo
sobre a palavra dada entre os nobres da época: Nós quebramos mas não vergamos.
212 – Cita de Olivia referência ao livro O
Vermelho e o Negro, de Stendal.
238 – Alonso Ramirez – o galã pretendente
a se casar com Olivia. Ficam de namoro e
logo depois ele é preso por passar dinheiro falso. Já vinha de outros estados com esse
golpe. Decepção enorme a Olivia.
241 -
O sonho dos nobres da época era serem “Titulares do Império”. Serem reconhecidos na corte e terem títulos
de nobreza.
253 – Um termo tropeiro: Atafulhar a carta no bolso...
262
- Dois golpes nos nobres na época. Em 1888, abolição dos escravos no Brasil e em
1889, a proclamação da república.
266 -
Prato típico na nobreza de então – galinha à cabidela.
274 -
A esposa do Dr. Carlos (médico que tinha título de nobreza: Barão de
Grajaú) foi a julgamento por castigo que resultou na morte de escravos. Poderia ser “condenada às galés” mas pela
influência, ficou livre.
O episódio do afundamento de um barco de
passageiros na rota São Luis Alcântara, morrendo todos. E duas mulheres, esposa e amante, chorando
o mesmo morto. Vergonha total,
principalmente da esposa do morto, que era comadre de Natalino. Inclusive ele, dali uns tempos foi se
solidarizar com ela e acabaram tendo um caso. Caiu na boca do povo e mais um escândalo
para a família dele administrar.
307 – Nos bons tempos, carruagens pelas
ruas de Alcântara, com brasões dos nobres nas portas das mesmas. Puxadas por cavalos puro sangue árabe.
313 – Natalino se dirigindo à Viscondessa,
sua mãe que era adepta da escravidão.
Vi na guerra o cúmulo: Negros
mandados à guerra do Paraguai por seus patrões e os negros morreram na guerra
por uma pátria na qual eles eram escravos.
326 – Cita o trovador Euclides Faria de
São Luis. Seria muito popular.
339 – Alcântara teve inclusive muitas
salinas e era exportador de sal, dentre outros produtos.
387 – Na passagem do século, com Natalino
pronto para deixar Alcântara em breve.
Na barraca de tiro ao alvo, viu um jovem e percebeu que era a cara
dele. Mas ele achava que era
estéril. Achava mas não era. O filho seria dele. Não teve coragem de conversar com o rapaz mas
soube que a mãe do rapaz foi um caso dele no passado. Era a mulher, filha de um padre.
O rapaz inclusive era canhoto como ele.
Natalino no preparo para despedida, visita
Olivia e conta a ela que não se casou com ela por causa da sua
esterilidade. Não queria uma vida de
casado sem filhos. Lá se foram a vida
dele e dela, de certa forma.
Obrigada pelo texto. Eu li o livro, e é algo marcado pela saudade em diferentes aspectos. Sobre a narrativa dos personagens Natalino e Maria Olívia, há algo realístico?
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