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quinta-feira, 31 de maio de 2018

RESENHA DAS PALESTRAS/DEBATE SOBRE A GREVE DOS CAMINHONEIROS – CURITIBA – PR - 30-05-2018 - 19 as 22 h


         Anotações feitas pelo Eng.Agr Orlando Lisboa de Almeida
         Local:   Auditório do SENGE Sindicato dos Eng do Paraná
         Tema: “Greve dos caminhoneiros e suas implicações econômicas e políticas
            Palestrantes:
         Eric Gil Dantas – Economista e Mestre em Ciência Política
         Fabiano Abranches Silva Dalto -  Professor da UFPr, mestre em Desenvolvimento Econômico e Dr em Economia Institucional
         Fala do Eric
         Temer recentemente estava na pesquisa com 76% de avaliação negativa em seu governo.  Número que vinha em pequena queda em virtude de alguma reação no controle de inflação e taxa de juro.
         Nesse contexto ocorre a greve dos caminhoneiros.   Foram mostrados números coletados em pesquisa pela CNT Confederação Nacional dos Transportes.     Pela pesquisa,  os caminhoneiros autônomos são maioria.  Um perfil destes pela pesquisa da CNT:   99,8% são homens.   Quase 40% com ensino fundamental incompleto.
         Condições de trabalho:  jornada em média bem acima das 8 horas por dia.    A média estaria entre 9 e 12 h de jornada por dia.     No acumulado mensal, ficam em média 20 dias longe da família.
         Dados coletados em amostra de motoristas autônomos sobre seus principais problemas:
         1º Custo dos combustíveis
         2º Valor baixo dos fretes
         3º Risco de assaltos e roubos
         A pesquisa tem outros itens e também há outra para motoristas que são empregados.
         O Brasil concentra de forma marcante sua logística em transporte rodoviário.   Isso é um gargalo.
         O faturamento estimado anual dos transportes estaria em 200 bilhões de reais.
         O setor é afetado pela crise econômica e pelo aumento de custos.
         Pesquisa DataFolha do Jornal Folha de SP:    87% do povo apoia a greve dos caminhoneiros.   10% contra.    Difícil uma pesquisa onde tão poucos tinham opinião formada a respeito do caso.     Por outro lado na mesma pesquisa mostrava que se reduzir o preço do diesel poderia acarretar aumento de impostos, o povo consultado então era contra.
         Pela pesquisa, 96% das pessoas consultadas sobre a greve, acharam que o governo federal demorou demais para tomar providências.
         55% da população é contrária à privatização da Petrobras.   O pesquisador disse que no final dos anos 90, na era FHC a maioria era a favor privatizar a companhia.
         Uma provocação no bom sentido lançada pelo palestrante:   Lockout ou greve?    (Lockout é quando patrões/empresas param – e que é proibido por lei no Brasil).   Parte da pauta dos caminhoneiros era de interesse patronal como a redução de encargos dos empregadores do setor.     Entende que no caso há demandas dos autônomos e dos empregadores, tudo misturado.
         Destacou que os petroleiros entraram em greve e duas Confederações do setor estão com eles.    Os metroviários em algumas capitais também entraram em greve.
         No caso dos petroleiros (greve prevista para 3 dias), a justiça se antecipou e considerou a greve abusiva alegando que a pauta era política contra o presidente da Petrobrás e contra o governo federal.
         É um momento político aberto.  Difícil se localizar no olho do furacão que é agora.


         Fala do Professor Fabiano
         Ele mostrou um quadro com alguns dados acessíveis sobre a Petrobrás.
Discriminação
2010
2012
2014
2016
2017
Prod.oleo e gas em mil barris/dia
2.583
2.598
2.669
2.144
2.707
Lucro líquido em milhões R$
35.189
21.182
-21.600
2.510
-5.477
EBTIDA em milhões de reais
52.100
62.900
59.140
88.700
87.800
Valor de Merc.
Em bilhões R$
380
255
288


Valor Patrimonial em bilhões de R$
307
331










         Como estudioso do assunto, ele diz que os dados mostram que a Petrobrás passa longe de quebrar como andam falando por aí.   Tem mantido a produção de petróleo e tem tido EBTIDA que envolve geração de caixa sólido e crescente.
         A Petrobrás em 2014 superou a Exxon Mobil em produção de petróleo, concorrente multinacional que é uma das mais fortes do mundo.
         Empregos diretos na Petrobrás:
2015           78.470       
2016           68.829       
2017           62.703
         A empresa pela sua complexidade e porte, tem grande número de terceirizados.  Uns dois terços do efetivo são terceirizados.
         A redução de empregos diretos tem ligação com as vendas de ativos que a Petrobras decidiu fazer em tempos recentes.
         Sobre a Lava Jato, num olhar técnico, o palestrante disse que a operação estimou o desvio de 6 bilhões da Petrobrás e concorda que tudo deveria ser investigado e punidos os culpados.   Mas destacou que tudo foi feito de uma forma midiática e política, o que trouxe enormes prejuízos à empresa e ao País.     Citou que a Petrobrás deixou neste período de investir 120 bilhões de reais no negócio, o que geraria mais produção, mais impostos e mais empregos.      Esse cálculo de 120 bilhões que deixaram de ser investidos pela Petrobrás seria de um especialista no setor e ligado inclusive ao PSDB.
         Disse que nossa política econômica atual está toda voltada para o não crescimento da economia.    Quem quer que ganhe a eleição, com as diretrizes e o engessamento do Orçamento da União aprovado pelo Congresso para longo prazo, tende a manter o País quase sem crescimento e assim haverá menos emprego, menos produção, menos tributo.
         Nesse desenho, estaremos sujeitos a crises políticas recorrentes inclusive pela estagnação econômica pelo engessamento do Orçamento público.    No Brasil quem costuma investir é o Estado.   O empresariado, mesmo nas fases de desoneração fiscal, não aumenta o investimento e nem o emprego.
         Ele disse que desde 2015 nossa economia está em recessão.   O governo atual a partir do meado de 2016 mudou a política de reajuste dos combustíveis pelas cotações internacionais do petróleo.    Isso tem sido danoso para nós que produzimos o petróleo internamente de duas formas.  Primeiro porque ficamos à mercê das flutuações internacionais do petróleo por fatores externos.   Segundo, porque o petróleo lá fora é cotado em dólar e assim as flutuações do real em relação ao dólar também nos causa prejuízo pelo atrelamento.
         Orçamento Federal engessado, governo não investe, a economia não cresce, os empresários não investem, continua a recessão e desemprego.
         Citou que no governo Lula o investimento público crescia em 20% ao ano.   Aumentava a economia, a produção e a arrecadação de impostos.  Já no governo Dilma esse ritmo de investimento estava em queda para algo como 8%.   Nessa fase a Dilma “comprou a agenda da FIESP” (Federação das Indústrias do Estado de SP).    Desonerou impostos das indústrias, reduziu arrecadação, não tinha mais como o governo fazer investimento, cai a economia, a arrecadação, o emprego.     E os empresários que na contrapartida da desoneração poderiam investir mais, como sempre não investiram e a economia não cresce.
         Sobre dívida pública ele defende que não é um fator tão alarmante e citou o Japão cuja dívida externa é de 150% do PIB.   A dos USA é acima de 100% do PIB (que é o maior do mundo).
         A PEC 95 em vigor no Brasil assinada pelo Congresso Nacional impede o governo de investir.   Trava tudo.
         De passagem, falou algo da postura das várias direitas e das várias esquerdas no Brasil.    Num caso, citou o discurso do Almoedo do Partido Novo com seu liberalismo no qual “não se apoia a legalização do aborto” e “não se apoia a liberalização de certas drogas” que seriam algumas das pautas da sociedade ou setores dela.
         Diz que setores da Direita em parte defendem o liberalismo na economia junto com o conservadorismo moral.
         Já no debate, o Professor Eric destacou que os integrantes do governo atual estão tirando as estatais da influência do governo e deixando-as ao comando do Mercado.    Bom só para os acionistas daqui e de fora.
         Em contrapartida, o Mercado dá suporte ao Governo federal.
         Citou pesquisa anual do Latino Barômetro para a América Latina e os resultados costumam colocar o BR como o povo que tem a menor estima pela democracia.      De um lado o filme da Lava Jato em seu nome diz que a Justiça é para Todos, mas 90% do nosso povo (a imensa maioria pobre) não acredita na justiça, sente que não tem acesso a ela.    No contexto, lembrou que no BR temos 30 milhões de favelados.
         Disse que a Direita ao longo do tempo tem conseguido ludibriar o povo que vive numa injustiça social enorme com discursos como: combate à corrupção e combate à violência.     E vai enchendo o Congresso de Policiais, etc.
         Voltando ao tema dos caminhoneiros.    90% destes ganham até três salários mínimos.      Nesta greve a pauta dos caminhoneiros era focada na redução do preço do óleo diesel.    Já a pauta dos petroleiros envolvia algo mais complexo como redução dos preços de todos os combustíveis, mudança na política de preço da Petrobrás,  pedir a exoneração do Pedro Parente da presidência da companhia, pedir um basta na desnacionalização dos campos de petróleo, na venda de ativos da companhia, etc.
         Na política aplicada à Petrobrás na atualidade os preços dos combustíveis subiram, as concorrentes desta tiveram maior margem para importar petróleo e derivados para vender em nosso mercado tomando mercado da Petrobras, que viu suas refinarias trabalhando com ociosidade e menor lucro.    A Petrobrás tem perdido mercado com os preços altos dos combustíveis.
         Relembrado que estamos em crise política desde meados de 2013 e que a crise política continua.     Mesmo a eleição pode não solucionar a raiz da crise.  
         Sobre a hipótese de golpe militar, lembrou o Eric que  nos tempos atuais não são usuais as tomadas de poder por golpe militar.   Agora seriam golpes “institucionais” como ocorreu no Paraguai, na Nicaragua, no Brasil, etc.      Na opinião dele o Lula não conseguirá meios legais de se habilitar à presidência em 2018 e que o partido não tem despertado lideranças com perfil para ocupar esse espaço de forma viável.     Destacou inclusive a importância dos prefeitos do interior para puxar votos para candidato a presidente e lembrou que o PMDB tem a maior quantidade de prefeitos e isso pesa em suas alianças. 
         Sobre a Direita, o candidato do sonho do Mercado é o Alkmin, mas este não consegue romper a barreira dos 8% das intenções de votos e isto anima a surgir a hipótese do Doria do mesmo partido deixa-lo para trás na corrida presidencial.

         Isto foi o que consegui resenhar das duas horas e meia das falas e espero que sejam úteis aos que acompanham um pouco do que ocorre com o nosso Brasil.       
                                     orlando_lisboa@terra.com.br     (41)  999172552



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