Anotações pelo Eng Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida
Palestrantes:
NILMA LINO (pedagoga)
– ex ministra (2015-2016) do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos
Direitos Humanos
PAULO DE TARSO VANNUCHI (jornalista e
cientista político) – ex ministro (2005-2010) da Secretaria Especial de
Direitos Humanos e representante do Brasil na OEA Organização dos Estados
Americanos (2014-2017) no setor de Direitos Humanos
A coordenação da mesa ficou a cargo da Diretora Vera Karan –
Diretora da Faculdade de Direito da centenária UFPr.
Na abertura das falas a anfitriã Dra Vera destacou que se
Curitiba tem seu lado de direita, também por aqui tem gente que se coloca na
vanguarda das lutas pela cidadania e uma pauta atual é relativa aos direitos
humanos.
Fala da ex Ministra Nilma
(fiz uma pequena síntese das falas)
Quando se golpeiam os direitos humanos, também é golpeada a
democracia. Ela destaca que antes do
golpe tínhamos no País governos com perfil democrático popular capitaneados
pelo Partido dos Trabalhadores. (denomina o grupo de Campo Progressista)
Por outro lado, na atualidade os que estão com o poder
político no governo são conservadores, racistas e homofóbicos e estão
empoderados para fazer o que estão fazendo de nos levar ao atraso. Apoiam os setores de direita, contra os
direitos humanos, contra as leis trabalhistas, privatizando sem critério, etc.
Nosso evento aqui neste ato faz parte da resistência ao
golpe. Ela disse que no Brasil a
injustiça social é tanta que há gente que ainda nem atingiu o status de ser
humano e aumenta por isso tudo a importância de lutar pelos direitos humanos.
Disse desse retrocesso da decretação da intervenção na
segurança do estado do RJ. Vem o
assassinato da vereadora Meirielle que era uma defensora dos direitos
humanos. Autoridades apoiando a
violência policial. Os direitos
humanos andam ameaçados.
Na fala da Diretora Vera em aparte
A PEC 55 que bloqueia o orçamento da União por um longo
período prejudica o atendimento à população em saúde, educação, segurança, etc.
Dificultaram a demarcação de terras indígenas, terras de
quilombolas, etc.
Uma autoridade (que não consegui captar o nome – Paulo Cezar
Quintela, no que entendi) não pode estar presente mas enviou um documento
escrito que foi lido aos presentes pela anfitriã Vera Karam. Na carta se recrimina a ação da mídia que
apoiou ostensivamente o golpe; critica a forma dita parcial de atuação da Lava
Jato e a prisão arbitrária do ex Presidente Lula.
Diz que estão fazendo o desmanche da nossa Constituição de
1988 e do estado de direito. Um
atraso. Uma afronta aos direitos humanos.
Fala do ex Ministro Paulo de Tarso Vannuchi
Ele cita dois genocídios no Brasil. O primeiro contra os índios (aproximadamente
5 milhões de índios dizimados pelos colonizadores)
O segundo: A
escravidão negra de 330 anos no Brasil.
Escravos capturados na África.
Citou inclusive o Professor escritor Jessé de Souza
Que publicou recentemente livros sobre o tema.
O PT no poder praticou a tentativa de conciliação de classes,
mas de um lado, continua a Casa Grande.
A elite tosca de sempre.
Sobre os golpes no Brasil, citou de passagem a chamada “República
do Galeão” cujo grupo urdiu por quase dez anos os planos que desaguaram no
golpe militar de 1964 que trouxe a Ditadura ao País. Fez um paralelo dizendo que a chamada “República
de Curitiba” também seria um caldeirão que em muito contribuiu para o golpe de
2016.
Destacou o fenômeno positivo de Curitiba, apesar da chamada
república de Curitiba, tem uma legião qualificada de pessoas que lutam pela
democracia e os direitos humanos e, claro, contra o golpe.
No contexto, relembrou que Tiradentes foi formalmente “maldito”
por três gerações de forma expressa.
Disse que de certa forma amaldiçoaram também o Mariguella.
Ele que é de 1950, na ditadura de 1964 ele era líder estudantil
e lutou contra a ditadura no interior de São Paulo. Congresso da UNE em 1968. (clicar no local indicado para continuar....)
Citou que o José Dirceu, que tem até hoje para se apresentar
e ser preso, está condenado a trinta anos em regime fechado, uma pena maior do
que a de um dos maiores bandidos do Brasil, o Fernandinho Beira Mar. Está tudo errado.
Destacou que o paranaense Heitor de Alencar Furtado, que era
deputado federal na época da Ditadura e ousou ao fazer um discurso de apoio às
mães e mulheres de desaparecidos no regime militar em curso. No outro dia estava cassado pelo presidente
General Ernesto Geisel.
Relembrou os nomes de alguns de vanguarda que enfrentaram a
ditadura com riscos de serem mortos inclusive. Lula (e seus discursos a sindicalistas no
Estádio de Vila Euclides lotados), Dom Paulo Evaristo Arns, Dom Pedro
Casaldáliga, Ulisses Guimarães, o Senhor das Diretas Já.
Disse que recentemente o ministro do STF, Barroso, num ato
contra a lei, barrou o indulto determinado pelo Presidente Temer (conforme a
lei), e que não poderia o ministro ter feito isso.
Relembrou as lutas pelas Diretas Já. Que na Constituição de 1988, logo após o fim
da ditadura, o PT e o PSDB teriam feito um pacto pela defesa dos Direitos
Humanos. Citou de passagem o Plano
Nacional de Direitos Humanos de 1998, de 2002. Citou Rogerio Pinheiro.
Destacou que os Planos eram elaborados com debate popular.
Os defensores dos Direitos Humanos conseguiram com muito
esforço a lei e a instalação da Comissão da Verdade que teve como missão fazer
pesquisas e audiências públicas para mapear os crimes cometidos na época da
Ditadura Militar. Mas lamentou que
no Brasil a postura foi de esconder da população esse tipo de problema, que
deveria ser inclusive debatido nas escolas e tudo o mais, para servirem de
lição. Fizemos o contrário do que
fez a Alemanha depois do triste e marcante evento do nazismo que trouxe
vergonha e dor a tantos. Eles
difundem o que aconteceu e levam-se alunos para os lugares onde fatos
ocorreram, para que se conheçam o que houve e que não se repita mais. E puniram quem merecia punição. Aqui não divulgamos e ficaram os algozes
impunes.
Ele disse que nos 21 anos da Ditadura de 1964 o Brasil
assinou apenas um acordo internacional sobre Direitos Humanos ainda por
interesse porque a empresa Odebrecht estava fazendo uma obra na África e se não
assinássemos o tratado, poderíamos perder a obra em curso.
Falou do discurso capitalista da liberdade. Diz que não há efetiva liberdade, por
exemplo, de uma criança pobre transitar num Shopping sem ser vista como alguém
inferior e inconveniente.
Ele que já nos representou na OEA Organização dos Estados
Americanos frisou que os direitos humanos tem um amplo espectro, incluindo
direitos econômicos, etc. Destacou
positivamente o programa Fome Zero, que é o acesso do povo vulnerável à
alimentação como um dos direitos humanos.
Ações do Lula. Fome
Zero, etc. Conferências populares que
chegaram a ouvir em torno de 500.000 pessoas no tema da Segurança em diversas
etapas e regiões.
Assessorava o governo do Lula e disse que o ex presidente
sempre destacava duas situações nas quais este muito se emocionou em audiências
que teve no Palácio. Uma ao receber
representantes de portadores de hanseníase e outra ao receber dirigentes do
Movimento Nacional dos Catadores de Recicláveis, pelo qual fez muito em seus
governos. Houve inclusão social,
inclusão de estudantes, combate ao racismo, etc.
Opinião sobre a Lava Jato – seletiva, partidarizada. Foto recente do Moro ao lado do tucano Dória
lá em NY recebendo homenagem.
O golpe e o apoio da mídia que ao seu ver foi fundamental
para que o tal ocorresse.
O primeiro exercício de ódio teria sido aquela passeata em
protesto contra a passagem de ônibus em SP.
O tal do 20 centavos. A Globo
viu nisso uma oportunidade de colocar lenha na fogueira e incendiar o governo.
Enganou o povo em massa
e ajudou de forma marcante no golpe. No
contexto louvaram até o Eduardo Cunha que na época se prestou a ajudar no
golpe.
Disse que vamos reverter esse golpe. “Não dá para enganar a todos o tempo todo”. Não há espaço para depressão. Destacou que o Lula mesmo na prisão está
motivado e lidera as pesquisas para a presidência em 2018. Há muita injustiça e a nossa tendência é ter
ódio, raiva. Lula não está sozinho,
ele tem amplo apoio de lideranças e do povo.
Temos o direito e o dever de lutar contra o golpe.
Ele atuou na Comissão da Verdade. ( o palestrante)
Disse que quando passou por Curitiba em tempos atrás, levou
das lideranças daqui muitos pedidos de apoio ao Fachin para o cargo de Ministro
do STF. Depois o Fachin acabou negando
seu passado de homem da justiça na visão dele.
Num alento inclusive aos jovens presentes, deixou
claro: Nós vamos reverter essa
injustiça.
Fase das perguntas
Na verdade o pessoal presente declaradamente fizeram
depoimentos breves de luta e apoio aos direitos humanos. Dentre os presentes, uma professora da
Unioeste de Toledo lamentando a receptividade que o Bolsonaro teve na
cidade.
O Sr Lafayete Neves, um dos veteranos da luta pela
democracia fez sua breve fala.
Na minha breve fala citei uma soma de depoimento com
desabafo e um alento. Depoimento por
ter lido na Folha de SP que um deputado federal ousou colocar na Câmara Federal
um projeto de lei segundo o qual o “cidadão de bem” poderia usar arma e
inclusive matar alguém até por susto, sem que isso fosse considerado
crime. Um projeto absurdo, mas só o
fato de apresenta-lo já dá o tom dos dias atuais, o que é pra lá de lamentável.
Desabafo ao me mostrar indignado com esse tipo de desplante
de uma autoridade eleita pelo povo. E
um alento: Exemplo aos jovens – nós estamos
inconformados, mas estamos fazendo o que está ao nosso alcance para revertermos
esse quadro para a busca da restauração do estado de direito. Finalizando, destaquei que sou paulista do
interior, mas encerraria o alento com um
ditado popular gaúcho sobre a persistência:
“Eu fora do pago, me acalmo mas não me amanso”.
Disponível no blog www.resenhaorlando.blogspot.com.br
Muito bom. Parabéns caro Amigo.
ResponderExcluirAqui, fazemos o que podemos, sempre no sentido de exercitar a cidadania. Fraterno abraço.
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