Parte Quatro – Visita às ruinas da cidade Maia de Chichen Itzá
Fizemos
um passeio de dia inteiro para nos deslocarmos de Playa Del Carmen, onde
ficamos hospedados, em ônibus de turismo num pacote para a mais destacada das
ruinas da Civilização Maia em Chichen
Itzá.
Sem
dúvida, das ruinas maias que visitamos, esta é a mais destacada a majestosa,
além de bem preservada. É classificada
entre os bens tombados pela UNESCO, órgão cultural da ONU.
Lá
contamos com as explicações de um dos guias
locais, o Sr. Arturo que se diz descendente dos maias e que fala sempre com
o maior entusiasmo. Os comentários que
seguem tem como base o que ele nos passou e eu optei por não fazer uma pesquisa
mais complexa porque o intuito era captar o que se via e associar às
informações do guia.
No
centro do local, a pirâmide majestosa.
Atrás dele, uns 50 m afastado, um templo com uma estrutura de grandes
colunas, sempre de pedra, em parte de face quadrada e em maior parte, de face
cilíndrica, no que teria sido um grande mercado e era coberto de pedra.
No
lado esquerdo, umas edificações menores, uma com referência aos mortos, outra
com as cabeças da serpente sagrada e em seguida, o maior campo de pelota
encontrado nas edificações dessa civilização.
O
local com suas edificações se chama Chichen Itzá, que significa Boca do Poço dos Itzaes ou dos Feiticeiros. Ao lado esquerdo da pirâmide tem um “poço”
natural que eles chamam de cenote, que é uma formação natural em forma de um
afundamento da rocha calcárea contendo água permanente ao fundo. Consta que tem toda a macro região há ao
redor de 6.000 desses poços e nos arredores de Chichen Itzá, ao redor de vinte.
A
pirâmide em si se denomina KUKULKÁN, cujo significado:
Para os maias "kukul" significa sagrado
ou divino e "kan" significa serpente. ..
Lembrado que
os povos milenares já tinham a serpente como símbolo da medicina inclusive,
como se constata até os nossos dias.
A cidade em si tinha aproximadamente 25
km2 no seu auge por volta do ano 1250 dC.
Teria no apogeu, nesta cidade, ao redor de 50.000 habitantes. Já os maias como um todo foram 8 milhões,
espalhados por vários países da América Central mais ao sul em relação ao
México e em parte do México. Depois decaiu por talvez doenças, invasão de outros povos, etc. A cidade ficou abandonada por séculos e
desconhecida e foi descoberta em 1843 por um americano e um britânico. Estava toda coberta de floresta, inclusive
nas edificações. Grande parte da
cidade ainda fica sob floresta, sem ser escavada. Os estudiosos estimam que 90% das
construções incluindo templos desta cidade estão escondidos na floresta.
A pirâmide é oca e tem sistema de
acesso interno para se chegar ao ápice onde tem um nicho em que ficam duas
imagens, uma humana e outra de jaguar vermelho, símbolo de poder.
O jaguar era encrustado com pedras de jade e ao que se sabe, essa pedra
é comum na Ásia e não se explica como os maias de então teriam acesso a tais
pedras preciosas.
Desde 2007, por regulamento da
UNESCO/ONU, não se pode mais subir na pirâmide para preservá-la como patrimônio
de toda a humanidade.
Um dos símbolos dos maias era a árvore
da vida. A copa é o mundo com suas
três dimensões. Nas raízes, o
intramundo. Os cenotes, que seriam um
dos acessos ao intramundo, tinham um lado sagrado em relação ao mundo.
Rito
de Sacrifícios Humanos. O guia
diz que os maias não tinham ritos de sacrifícios humanos. Que isto foi incorporado após invasão e
domínio pelos Toltecas, povos não
maias, guerreiros. Os Aztecas teriam
se formado como civilização em época posterior ao declínio dos Maias.
Os Toltecas impõem aos maias dominados,
seus deuses e ritos. Um símbolo
importante: A Serpente Emplumada. (misto
de homem, pássaro e serpente). Nas
apresentações aos turistas, é comum vermos pessoas oriundas dos maias vestidos
com trajes fazendo referência à Serpente Emplumada. Na invasão espanhola, estes colocam a
serpente como coisa do mal, do demônio, o que se supõe, para sufocar a cultura
local dentro de estratégia de domínio.
(foto mais accima, vê-se a cabeça da serpente de boca aberta do lado direito da foto, próxima ao solo. na foto mais abaixo, na parte dos mortos, as duas cabeças de serpente na parte superior , ambas de boca entreaberta)
A Pirâmide
de Kukunkán
Tem influência Tolteca. Base quadrada de 55 x 55 m e altura de 30
metros. São 91 degraus x 4 lados,
perfazendo 364 degraus, mais o pedestal menor, formando os dias do ano. Eles dominavam com perfeição os ciclos
solar e lunar.
A obra da Pirâmide teria durado 52 anos e demandado mão de obra de 30.000
pessoas.
A pirâmide e seus anexos tem uma série de
detalhes. Um deles é na face esquerda
onde na base, de lado a lado, tem uma cabeça
da Serpente. Nos dois equinócios do
ano (dia igual a noite), (setembro e março) em hora exata da tarde, a sombra do sol na escadaria forma o corpo
da serpente que “desce” até se unir à cabeça que fica na base. Momento de ritos inclusive de começar
plantio de grãos como milho e calabaça (tipo de batata). Aumenta muito o fluxo de turistas nessas
datas especiais.
Nessa face onde tem as serpentes, a
pessoa se postando em linha reta uns 30 m da base da pirâmide e bate palmas
ritmadas, do ápice da pirâmide vem o eco
perfeito. Batendo as palmas além
do eco, se escuta algo como o piar do pássaro
sagrado Quitzal, uma ave sagrada para os maias. Essa ave ainda existe nas selvas tropicais de
país mais ao sul da América Central.
O eco é tão perfeito e tem seu lado
místico, que cantores de ópera já se apresentaram lá, como Pavarotti e outros.
Templo da Grande Mesa – Local de
Cremação e Sacrifícios.
Templo dos Guerreiros ou das Mil
Colunas.
Este templo tem em seu teto dois pilares de pedra de tal forma
dispostos que em época exata do ano o sol poente se coloca exatamente entre os
dois pilares e era momento solene de sacrifício humano aos deuses. Isto em junho,
no solstício de Verão.
O
boato do Fim do mundo
O calendário maia previa um fim de
ciclo em 12-12-2012. O povo moderno espalhou que assim eles
estavam definindo a data do fim do mundo, sendo que na verdade era apenas o fim
de um ciclo em si, nada mais.
Livros
maias. Eram milhares e após a
invasão espanhola, muitos, ao redor de 3.000 foram levados à Europa e queimados
inclusive pela Santa Inquisição.
Tem-se registro da preservação de 3 códices maias em museus na França,
Holanda e Alemanha.
O
campo de Pelota e o Rito de Oferenda
O jogo de pelota tinha uma conotação
principalmente ritual, de oferenda aos deuses. Atletas selecionados, sete de cada lado,
jogavam a bola que era tocada com os lados
do corpo à altura da cintura e tinham que acertar com elevado grau de
dificuldade um dos dois aros de pedra que ficavam de cada lado e ao alto do
campo. O campo local tem o local
específico para a realeza assistir o jogo, as autoridades e local para o povo.
(vista dos aros nos lados e no alto das laterais. Na foto abaixo, detalhe do aro em si)
Quem fazia o “gol” conquistava o
direito de se oferecer em sacrifício aos deuses. Acertado o alvo, o jogo acabava.
Vimos num parque temático em outro
local, o XCaret, uma demonstração desse jogo de pelotas ancestral. Uma bela apresentação.
Haverá
outros capítulos de outros passeios por Cancun e região
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