capítulo 10/20
Gatos
A mãe de Jorge sempre
gostou de gatos e ele herdou esse gosto da mãe.
Ao ponto do gato dele dormir sobre sua máquina de escrever e ele adiar o
trabalho para não acordar o gato.
Uma vez Jorge estava em
São Paulo e acabou vendo um anúncio e comprou uma gatinha siamesa novinha. Colocou nela o nome de Dona Flor. A gata cresceu linda. Até que um dia.... foi pega cruzando com uma
gata da família. A Dona Flor era
macho. Os empregados da casa queriam
agora mudar o nome do gato porque não achavam legal ele ter nome feminino...
A gata que cruzou com Dona
Flor se chamava Gabriela, sempre personagem dos livros de Jorge.
O golpe do bicho preguiça
Um dia Jorge viu na rua um
camelô vendendo um bicho. Era um bicho
preguiça. Comprou e levou para casa
escondido da esposa. Soltou no quintal e
o animal subiu no pé de mulungu. Num dia
o bicho comeu todas as folhas do mulungu.
Nos dias seguintes, comeu as folhas dos outros dois pés de mulungu e o
bicho sumiu do quintal. O casal nem
saiu procurar o bicho pela vizinhança até pelo estrago que ele fazia nos
jardins.
Passam dias e um dia Jorge
passa pelo mesmo local onde comprou o preguiça e lá estava de novo o camelô
vendendo o bicho preguiça. Jorge passou
longe do vendedor.
Um ebó sem rumo certo
Nos domingos os amigos se
reuniam para jogar baralho. Eles no pôquer
e elas na tranca ou no jogo de buraco.
A mãe de Jorge
desabafando: “Tu nem imagina, meu
irmão, os amigos de Jorge aqui na Bahia não trabalham, são todos artistas,
todos vagabundos, só vivem pintando quadros, cantando, gostam de conversar, rir
e de jogar baralho... O único trabalhador deles é Jorge, vive escrevendo o
coitadinho, às vezes tenho até pena...”
Galeria de fotos no
livro: Numa delas, manchete de jornal
dizendo quanto Jorge recebeu pelos direitos junto à Metro sobre o livro
Gabriela. Foram 50.000 dolares no ano de
1963. O negócio propiciou ao casal
comprar a Casa do Rio Vermelho.
Glauber Rocha
Nos anos da ditadura
militar, Caetano Veloso se exilou em Londres e lá Jorge Amado se tornou amigo
dele. Jorge ficou seis meses morando
em Londres e lá escreveu Tieta do Agreste.
Dos artistas de destaque
da Bahia, Zélia destaca que o mais amigo de Jorge foi o cineasta Glauber
Rocha. “Acompanhamos a carreira de
Glauber e sua vida até o fim”.
Zélia disse que Glauber
foi patrulhado pela esquerda no Brasil no tempo da ditadura porque ele
conseguia dialogar com o General Golbery do Couto e Silva que era a eminência
parda (agia nos bastidores) dos governos militares. Ele tinha grande poder nos governos
militares.
Glauber foi viver em Portugal,
lá adoeceu e Jorge recomendou que ele voltasse para perto da mãe para cuidar
melhor da saúde. Esse conselho de Jorge,
ele não seguiu. Quem morava em Portugal
na época e era amigo comum de Jorge e Glauber era o escritor baiano João Ubaldo
Ribeiro, este que acompanhou no que pode o amigo até que Glauber veio a falecer. Glauber quando estava já perto de falecer,
foi transferido para o Brasil mas logo que aqui chegou, faleceu.
Dorival Caymmi
Era assíduo frequentador
da casa de Jorge Amado. Época na qual
Caymmi compôs a música Minininha do Cantóis.
Era tempo do terreiro de Cantois e a Mãe de Santo local era Minininha do
Cantóis.
Mesmo em Salvador era
bastante comum as pessoas confundirem Jorge Amado com Dorival Caymmi e vice
versa. Jorge levava numa boa.
Sobre essa semelhança,
Zélia diz que eles tinham alguma semelhança “só na cabeça branca”.
Continua no capítulo 11/20