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segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

cap. 10/20 - fichamento do livro de memórias - A CASA DO RIO VERMELHO - Autora: ZÉLIA GATTAI

capítulo       10/20

         Gatos

         A mãe de Jorge sempre gostou de gatos e ele herdou esse gosto da mãe.  Ao ponto do gato dele dormir sobre sua máquina de escrever e ele adiar o trabalho para não acordar o gato.

         Uma vez Jorge estava em São Paulo e acabou vendo um anúncio e comprou uma gatinha siamesa novinha.   Colocou nela o nome de Dona Flor.  A gata cresceu linda.  Até que um dia.... foi pega cruzando com uma gata da família.   A Dona Flor era macho.   Os empregados da casa queriam agora mudar o nome do gato porque não achavam legal ele ter nome feminino...        

         A gata que cruzou com Dona Flor se chamava Gabriela, sempre personagem dos livros de Jorge.

         O golpe do bicho preguiça

         Um dia Jorge viu na rua um camelô vendendo um bicho.  Era um bicho preguiça.   Comprou e levou para casa escondido da esposa.  Soltou no quintal e o animal subiu no pé de mulungu.  Num dia o bicho comeu todas as folhas do mulungu.  Nos dias seguintes, comeu as folhas dos outros dois pés de mulungu e o bicho sumiu do quintal.    O casal nem saiu procurar o bicho pela vizinhança até pelo estrago que ele fazia nos jardins.

         Passam dias e um dia Jorge passa pelo mesmo local onde comprou o preguiça e lá estava de novo o camelô vendendo o bicho preguiça.   Jorge passou longe do vendedor.

         Um ebó sem rumo certo

         Nos domingos os amigos se reuniam para jogar baralho.   Eles no pôquer e elas na tranca ou no jogo de buraco.

         A mãe de Jorge desabafando:   “Tu nem imagina, meu irmão, os amigos de Jorge aqui na Bahia não trabalham, são todos artistas, todos vagabundos, só vivem pintando quadros, cantando, gostam de conversar, rir e de jogar baralho... O único trabalhador deles é Jorge, vive escrevendo o coitadinho, às vezes tenho até pena...”

         Galeria de fotos no livro:  Numa delas, manchete de jornal dizendo quanto Jorge recebeu pelos direitos junto à Metro sobre o livro Gabriela.  Foram 50.000 dolares no ano de 1963.    O negócio propiciou ao casal comprar a Casa do Rio Vermelho.

         Glauber Rocha

         Nos anos da ditadura militar, Caetano Veloso se exilou em Londres e lá Jorge Amado se tornou amigo dele.    Jorge ficou seis meses morando em Londres e lá escreveu Tieta do Agreste.

         Dos artistas de destaque da Bahia, Zélia destaca que o mais amigo de Jorge foi o cineasta Glauber Rocha.   “Acompanhamos a carreira de Glauber e sua vida até o fim”.

         Zélia disse que Glauber foi patrulhado pela esquerda no Brasil no tempo da ditadura porque ele conseguia dialogar com o General Golbery do Couto e Silva que era a eminência parda (agia nos bastidores) dos governos militares.  Ele tinha grande poder nos governos militares.

         Glauber foi viver em Portugal, lá adoeceu e Jorge recomendou que ele voltasse para perto da mãe para cuidar melhor da saúde.  Esse conselho de Jorge, ele não seguiu.  Quem morava em Portugal na época e era amigo comum de Jorge e Glauber era o escritor baiano João Ubaldo Ribeiro, este que acompanhou no que pode o amigo até que Glauber veio a falecer.   Glauber quando estava já perto de falecer, foi transferido para o Brasil mas logo que aqui chegou, faleceu.

         Dorival Caymmi

         Era assíduo frequentador da casa de Jorge Amado.  Época na qual Caymmi compôs a música Minininha do Cantóis.   Era tempo do terreiro de Cantois e a Mãe de Santo local era Minininha do Cantóis.

         Mesmo em Salvador era bastante comum as pessoas confundirem Jorge Amado com Dorival Caymmi e vice versa.   Jorge levava numa boa.

         Sobre essa semelhança, Zélia diz que eles tinham alguma semelhança “só na cabeça branca”.

        

         Continua no capítulo 11/20 

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