Total de visualizações de página

sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

CAP. 15/18 - fichamento do livro de memórias - A CASA DO RIO VERMELHO - Autora: ZÉLIA GATTAI

 capítulo 15/18

 

         Rumo a Dusseldorf  (na Alemanha)

         Na cidade, participaram de um importante congresso de escritores.  Dentre estes, Angel Miguel Astúrias, Prêmio Nobel de Literatura, Vargas Llosa, Gabriel García Marquez, Eduardo Portella, Josué Montelo.     Jorge e a preocupação com a pontualidade.   Tomar café antes da família e sair mais cedo.  Estavam hospedados numa cidade menor, onde acharam hotel, 30 km distante do evento.  Zélia comenta:   “Eu sempre digo e repito que a pontualidade é uma qualidade, mas o excesso de pontualidade, a preocupação de chegar antes da hora marcada, é um defeito”.

         Noturno para Londres

         Em Londres, ficaram na casa de Olinto, amigo  de longa data.  Ele era o adido cultural da Embaixada do Brasil na Inglaterra.

         Zélia citou o artista Genaro, destacado na arte da tapeçaria.   Carybé também estava lá em Londres para ser homenageado por um banqueiro.   Como isso ocorreu?    O filho do banqueiro gostava de cavalos e uma vez visitando a Bahia, descobriu telas de Carybé representando cavalos e adquiriu obras para sua coleção.   Daí o convite do banqueiro para o artista plástico Carybé, compadre de Jorge Amado.

         Zélia destaca que Carybé pintava quadros tão esmerados representando cavalos que até num dos palácios da rainha da Inglaterra tem quadros equestres dele.

         Em Londres num teatro estava passando a peça Óh Calcutá!.   No Brasil em tempo de ditadura, a peça estava proibida e aumentava a curiosidade do povo, inclusive por saber que no fim da peça os atores se apresentavam nús.

         A filha Paloma de Zélia e uma prima fizeram questão de assistir a peça em poltronas um tanto distantes da dos pais para poderem fazer seus comentários numa boa.    As moças empolgadas e já festejando, pois as amigas ao saberem que assistiram a peça iriam morrer de inveja.

         Ao fim da peça, uma pessoa toca no ombro e Paloma e pergunta o que ela achou da peça e onde estavam os pais dela, primos dessa pessoa.   As moças ficaram com a cara no chão ao saber que o tio que elas nem sabiam que estava em Londres, não só estava, como assistiu no banco de trás e escutou o ti ti ti das duas.   Eita mundo pequeno!

         No Hyde Park em Londres estava na moda o seguinte:   Qualquer pessoa que queria soltar o verbo em praça pública, subia num caixote na praça e dava o recado.    Boca livre, podia nesse local falar mal até da família real britânica.

         Em Portugal, uma aldeia submersa

         Zélia visitou um pequeno povoado rural que estava para ficar submerso por uma represa.   Os moradores geralmente que lá viviam por várias gerações sucessivas, lamentando ter que deixar o local de tantas lembranças dos seus antepassados.   Inclusive abandonando as parreiras de uva.   Zélia ficou muito triste com o que lá viu e ouviu do povo.

         Casamento do filho de Jorge Amado, comunista e praticante do Candomblé

         A noiva queria casar na Igreja Católica e João Jorge não era nem batizado.  Sem batizado, a igreja não realizaria a cerimônia.    No ponto de vista de Jorge e Zélia, não precisaria de cerimônia religiosa nem no cartório.  Eles mesmos, ambos desquitados (ainda não havia sido aprovado o divórcio) viviam juntos.   (viveram mais de 50 anos juntos até o fim)

         “Tínhamos o nosso exemplo:  apenas o amor nos ligava a tantos anos”.

         Jorge e Zélia ao longo do tempo a dois, antes de haver a lei do divórcio para poderem se casar e legalizar a situação já que seus filhos até então eram legalmente considerados ilegítimos.   Viveram juntos 32 anos sem papel passado e quando aprovaram o divórcio, se casaram no cartório.   Assim facilitava a vida dos filhos e documentação inclusive passaporte.

        

         Próximo capítulo   16/18

Nenhum comentário:

Postar um comentário