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terça-feira, 9 de janeiro de 2024

CAP. 12/20 - fichamento do livro de memórias - A CASA DO RIO VERMELHO - Autora: ZÉLIA GATTAI

capítulo 12/20

 

         A barganha

         Di Cavalcanti pintou uma tela de baianas deitadas de presente para o casal Jorge e Zélia.   Jorge deu a ele um cachorrinho de uma raça inglesa que tinha encantado o pintor.   Foi, digamos, uma troca de presentes entre velhos amigos.  (imagina o valor dessa tela hoje em dia...)

         Floriano Teixeira

         Um maranhense que era radicado em Fortaleza.  Era um pintor de qualidade, tanto que a arquiteta Lina Bo Bardi (a que projetou o MASP da Avenida Paulista em SP) recomendou que ele viesse morar em Salvador para dar mais vez à sua obra.  Veio para Salvador com apoio dos amigos artistas, inclusive do casal Jorge e Zélia.   Fez sucesso com sua arte, inclusive ilustrou vários livros de Jorge Amado.  

         “É autor das capas da primeira edição de cinco livros de memórias editados por Zélia Gattai”.

         ...  Em outro tema...   Foi o diretor Bruno Barreto quem dirigiu o filme Dona Flor e seus dois maridos com os atores Sonia Braga e José Wilker.

         Confusão no Pelourinho

         Num mesmo momento rodavam em Salvador as filmagens de três filmes baseados em obras de Jorge Amado.    Ao iniciar uma cena externa alguém da equipe técnica pede silêncio dos passantes – silêncio geral e o povo obedece mais ou menos.

         “Às vezes a equipe tem que repedir o pedido de silêncio com megafone”.

         Um dos diretores ouviu falar que ali na área do Pelourinho (no centro histórico) havia  um tal Sergipinho que segundo a lenda urbana já tinha esfaqueado e matado um cidadão no passado e ainda lambido o sangue na faca.   O tal era temido.

         O diretor pediu para a equipe convidar o Sergipinho para trabalhar na equipe e o serviço era, na hora das filmagens externas, pedir silêncio para o povo.   Ele falava uma só vez e sem megafone.   Todo mundo se calava.

         “Encantado com o cargo, o temido facínora passou a ser o mais feliz e eficiente auxiliar da equipe de gravação”.

         Coração mole

         Como alertava o próprio pai de Jorge Amado, este era muito bom escritor, mas era fraco para negócios.   Os filmes sobre os livros dele fizeram sucesso e Jorge pouco ganhou com eles.  Mas Jorge ficou muito feliz com a aceitação dos seus filmes pelo público.

         A vendedora de quadros

         Um amigo pintor primitivista encontrou o amor de sua vida e queria se casar.  Mas para isso, queria comprar uma modesta casinha.  Pediu ajuda à amiga Zélia.   Ela sugeriu ajudar vendendo seus quadros para os contatos dela no meio artístico que sempre foi grande.      Assim combinaram e à medida que ia vendendo os quadros, ia pagando as prestações da casa e atingiram o objetivo.

         Vendo a desenvoltura de Zélia no setor, outros amigos pintores foram colocando ela como intermediária junto aos potenciais clientes.   Ao ponto dela começar a cobrar uma pequena comissão para ao menos cobrir custos de deslocamentos, hospedagem etc.    Aumentou o negócio que surgiu por acaso.

         Ela foi notando que estava ficando com pouco tempo para ficar com o marido.    Ele não reclamava, mas ela sentia que deveria parar com essa atividade de vender os quadros.   Parou com a atividade e repassou para uma sócia que tinha para a continuidade do negócio.

         O amigo artista plástico

         O amigo artista plástico Carybé (argentino que vivia há anos em Salvador) ganhou um concurso internacional e foi pintar dois murais no Aeroporto Internacional John Kennedy em Nova Iorque.   

         Outro episódio – Jorge sempre afobado para não perder hora

         Jorge sempre gostou de ser pontual nos horários dos compromissos.   Em Cuba, numa festa na casa onde morava na época Gabriel Garcia Marquez, Jorge apressou tanto a esposa que ela se arrumou e esqueceu de colocar o sapato para o evento e foi de chinelo.  No meio do percurso, ela percebeu mas era tarde demais.  Foi assim mesmo.

         Garcia Marquez, prêmio Nobel de literatura, comunista, vivia em Cuba por não ser bem visto pelos políticos do seu país na época.    Conquistou em Cuba um casarão com amplo espaço de jardim no entorno para ele poder viver e escrever com tranquilidade.

         Na ocasião da festa com a presença de Jorge Amado, Fidel Castro disse:   “Aqui Gabo (como chamavam Garcia Marquez) pode escrever tranquilamente seus livros.  A casa é dele enquanto for vivo.   Depois, certamente, será um museu”.

 

         Continua no capítulo 13/20 

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