capítulo 12/20
A barganha
Di Cavalcanti pintou uma
tela de baianas deitadas de presente para o casal Jorge e Zélia. Jorge deu a ele um cachorrinho de uma raça
inglesa que tinha encantado o pintor.
Foi, digamos, uma troca de presentes entre velhos amigos. (imagina o valor dessa tela hoje em dia...)
Floriano Teixeira
Um maranhense que era
radicado em Fortaleza. Era um pintor de
qualidade, tanto que a arquiteta Lina Bo Bardi (a que projetou o MASP da
Avenida Paulista em SP) recomendou que ele viesse morar em Salvador para dar
mais vez à sua obra. Veio para Salvador
com apoio dos amigos artistas, inclusive do casal Jorge e Zélia. Fez sucesso com sua arte, inclusive ilustrou
vários livros de Jorge Amado.
“É autor das capas da
primeira edição de cinco livros de memórias editados por Zélia Gattai”.
... Em outro tema... Foi o diretor Bruno Barreto quem dirigiu o
filme Dona Flor e seus dois maridos com os atores Sonia Braga e José Wilker.
Confusão no Pelourinho
Num mesmo momento rodavam
em Salvador as filmagens de três filmes baseados em obras de Jorge Amado. Ao iniciar uma cena externa alguém da
equipe técnica pede silêncio dos passantes – silêncio geral e o povo obedece
mais ou menos.
“Às vezes a equipe tem que
repedir o pedido de silêncio com megafone”.
Um dos diretores ouviu
falar que ali na área do Pelourinho (no centro histórico) havia um tal Sergipinho que segundo a lenda urbana
já tinha esfaqueado e matado um cidadão no passado e ainda lambido o sangue na
faca. O tal era temido.
O diretor pediu para a
equipe convidar o Sergipinho para trabalhar na equipe e o serviço era, na hora
das filmagens externas, pedir silêncio para o povo. Ele falava uma só vez e sem megafone. Todo mundo se calava.
“Encantado com o cargo, o
temido facínora passou a ser o mais feliz e eficiente auxiliar da equipe de gravação”.
Coração mole
Como alertava o próprio
pai de Jorge Amado, este era muito bom escritor, mas era fraco para
negócios. Os filmes sobre os livros
dele fizeram sucesso e Jorge pouco ganhou com eles. Mas Jorge ficou muito feliz com a aceitação
dos seus filmes pelo público.
A vendedora de quadros
Um amigo pintor
primitivista encontrou o amor de sua vida e queria se casar. Mas para isso, queria comprar uma modesta
casinha. Pediu ajuda à amiga Zélia. Ela sugeriu ajudar vendendo seus quadros
para os contatos dela no meio artístico que sempre foi grande. Assim combinaram e à medida que ia
vendendo os quadros, ia pagando as prestações da casa e atingiram o objetivo.
Vendo a desenvoltura de
Zélia no setor, outros amigos pintores foram colocando ela como intermediária
junto aos potenciais clientes. Ao ponto
dela começar a cobrar uma pequena comissão para ao menos cobrir custos de
deslocamentos, hospedagem etc.
Aumentou o negócio que surgiu por acaso.
Ela foi notando que estava
ficando com pouco tempo para ficar com o marido. Ele não reclamava, mas ela sentia que
deveria parar com essa atividade de vender os quadros. Parou com a atividade e repassou para uma
sócia que tinha para a continuidade do negócio.
O amigo artista plástico
O amigo artista plástico
Carybé (argentino que vivia há anos em Salvador) ganhou um concurso
internacional e foi pintar dois murais no Aeroporto Internacional John Kennedy
em Nova Iorque.
Outro episódio – Jorge sempre
afobado para não perder hora
Jorge sempre gostou de ser
pontual nos horários dos compromissos.
Em Cuba, numa festa na casa onde morava na época Gabriel Garcia Marquez,
Jorge apressou tanto a esposa que ela se arrumou e esqueceu de colocar o sapato
para o evento e foi de chinelo. No meio
do percurso, ela percebeu mas era tarde demais.
Foi assim mesmo.
Garcia Marquez, prêmio Nobel
de literatura, comunista, vivia em Cuba por não ser bem visto pelos políticos
do seu país na época. Conquistou em
Cuba um casarão com amplo espaço de jardim no entorno para ele poder viver e
escrever com tranquilidade.
Na ocasião da festa com a
presença de Jorge Amado, Fidel Castro disse:
“Aqui Gabo (como chamavam Garcia Marquez) pode escrever tranquilamente
seus livros. A casa é dele enquanto for
vivo. Depois, certamente, será um museu”.
Continua no capítulo 13/20
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