Total de visualizações de página

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

CAP. 11/20 - fichamento do livro de memórias - A CASA DO RIO VERMELHO - Autora: ZÉLIA GATTAI

 capítulo 11/20

 

         Vinicius de Moraes e seu violão na casa de Jorge.  “À beira da piscina, o inseparável copo de uísque ao lado, violão em punho, Vinícius cantava”.

         Vinicius foi casado com uma baiana e chegou a ter casa na praia de Itapuã-BA.   Tentou morar lá de forma permanente.   Fez música sobre a praia de Itapuã.

         Um dia ele, na casa de Jorge, violão em punho, copo do lado, resolve cantar uma musiquinha para os netinhos do casal anfitrião.    Ele canta algo inédito e Zélia corre pra dentro e traz o gravador e grava meio na surdina.

         Manteve essas gravações guardadas e depois da morte de Vinícius, ela entregou a gravação à companheira dele.   Foi assim que nos chegou a gravação de músicas infantis como aquela  “Lá vem o pato, pata qui patacolá...”.    Também o clássico:   “Era uma casa muito engraçada / não tinha teto, não tinha nada...”

         Relembrando, Vinícius foi diplomata e serviu em Paris.   Quando ele frequentava a praia em Itapoã-BA, a rua vizinha onde o artista plástico Calazans Neto tinha casa era precária e nem nome tinha e ficava difícil até a correspondência.   Pediu tantas vezes à prefeitura para cuidar disso.  O amigo Vinícius fez uma Petição em versos ao prefeito da cidade e logo em seguida foi atendido.   A rua passou a ter nome e recebeu calçamento.   O artista plástico era procurado por turistas do Brasil e vários até do exterior.   Ficou mais fácil achar a casa com o atelier dele.

         A petição foi feita por Vinícius e publicada por Jorge Amado no Jornal A Tarde.    Deu resultado.

         Conceito de liberdade

         No tempo da ditadura militar, Vinícius de Moraes, então Diplomata em Paris, foi despedido.   O despacho do presidente General Costa e Silva: “Afaste-se esse vagabundo”.   Assinado – presidente Costa e Silva.

         Tempos de repressão e uma repórter entrevistando Vinícius e provocando para levar para o campo da política.   Perguntou a ele sobre o conceito dele para liberdade.  Ele foi irreverente:  - “Meu conceito de liberdade é fazer cocô de porta aberta”.

         O homem forte

         Odorico Tavares era o homem forte dos Diários Associados no estado da Bahia.   (Os Diários Associados eram tipo as Organizações Globo...)

         A empresa do pernambucano Assis Chateaubriand trouxe o primeiro canal de televisão para a Bahia.

         Odorico tinha em casa uma coleção de obras de arte em óleo sobre tela de vários artistas famosos como Di Cavalcanti e outros.   Ele frequentava a casa de Jorge Amado.

         Sem sair do lugar

         Jorge Amado tinha dois cães da raça inglesa Pug e um deles tinha o nome de uma personagem do livro de Charles Dickens, de quem Jorge era fã.   Di Cavalcanti na época tinha recebido o título de Doutor Honoris Causa da UFBA Universidade Federal da Bahia.    Antes, o pintor tinha sido nomeado por João Goulart para embaixador na França.   Assumiu num dia, João Goulart no outro dia foi cassado pelo golpe militar e Di Cavalcanti, comunista, foi apeado do poder.   Foi embaixador por um só dia.

         Festival de Cassações

         Perseguições políticas pelo regime militar e cassações.  Começou em 1964 e o AI 5 Ato Institucional de 1968 endureceu ainda mais o regime, dando mais poderes ao presidente general.    “...dando poderes totais ao regime militar, carta branca para cometer crimes: prender e torturar, cassar os direitos do homem, sobretudo de cientistas, compositores, cantores, artistas plásticos, jornalistas”.

         Dos compositores, os mais visados foram Caetano Veloso e Chico Buarque de Holanda.    Tanto que Gilberto Gil ficou sem clima para cantar e compor e se autoexilou na Europa.   Nessa fase ele compôs a música:  Aquele Abraço.    Chico Buarque viveu no exílio na Europa e no período viveu uns anos na Itália.    Nesse tempo Roberto Carlos fez a música para Caetano Veloso, a música Debaixo dos Caracois dos Seus Cabelos.

 

                   Continua no capítulo 12/20

Nenhum comentário:

Postar um comentário