capítulo 15/18
Rumo a Dusseldorf (na Alemanha)
Na cidade, participaram de
um importante congresso de escritores.
Dentre estes, Angel Miguel Astúrias, Prêmio Nobel de Literatura, Vargas
Llosa, Gabriel García Marquez, Eduardo Portella, Josué Montelo. Jorge e a preocupação com a pontualidade. Tomar café antes da família e sair mais
cedo. Estavam hospedados numa cidade
menor, onde acharam hotel, 30 km distante do evento. Zélia comenta: “Eu sempre digo e repito que a pontualidade
é uma qualidade, mas o excesso de pontualidade, a preocupação de chegar antes
da hora marcada, é um defeito”.
Noturno para Londres
Em Londres, ficaram na
casa de Olinto, amigo de longa
data. Ele era o adido cultural da
Embaixada do Brasil na Inglaterra.
Zélia citou o artista
Genaro, destacado na arte da tapeçaria.
Carybé também estava lá em Londres para ser homenageado por um
banqueiro. Como isso ocorreu? O filho do banqueiro gostava de cavalos e
uma vez visitando a Bahia, descobriu telas de Carybé representando cavalos e
adquiriu obras para sua coleção. Daí o
convite do banqueiro para o artista plástico Carybé, compadre de Jorge Amado.
Zélia destaca que Carybé pintava
quadros tão esmerados representando cavalos que até num dos palácios da rainha
da Inglaterra tem quadros equestres dele.
Em Londres num teatro
estava passando a peça Óh Calcutá!. No
Brasil em tempo de ditadura, a peça estava proibida e aumentava a curiosidade
do povo, inclusive por saber que no fim da peça os atores se apresentavam nús.
A filha Paloma de Zélia e
uma prima fizeram questão de assistir a peça em poltronas um tanto distantes da
dos pais para poderem fazer seus comentários numa boa. As moças empolgadas e já festejando, pois
as amigas ao saberem que assistiram a peça iriam morrer de inveja.
Ao fim da peça, uma pessoa
toca no ombro e Paloma e pergunta o que ela achou da peça e onde estavam os
pais dela, primos dessa pessoa. As
moças ficaram com a cara no chão ao saber que o tio que elas nem sabiam que
estava em Londres, não só estava, como assistiu no banco de trás e escutou o ti
ti ti das duas. Eita mundo pequeno!
No Hyde Park em Londres
estava na moda o seguinte: Qualquer
pessoa que queria soltar o verbo em praça pública, subia num caixote na praça e
dava o recado. Boca livre, podia nesse
local falar mal até da família real britânica.
Em Portugal, uma aldeia
submersa
Zélia visitou um pequeno
povoado rural que estava para ficar submerso por uma represa. Os moradores geralmente que lá viviam por
várias gerações sucessivas, lamentando ter que deixar o local de tantas
lembranças dos seus antepassados. Inclusive
abandonando as parreiras de uva. Zélia
ficou muito triste com o que lá viu e ouviu do povo.
Casamento do filho de
Jorge Amado, comunista e praticante do Candomblé
A noiva queria casar na
Igreja Católica e João Jorge não era nem batizado. Sem batizado, a igreja não realizaria a
cerimônia. No ponto de vista de Jorge
e Zélia, não precisaria de cerimônia religiosa nem no cartório. Eles mesmos, ambos desquitados (ainda não
havia sido aprovado o divórcio) viviam juntos.
(viveram mais de 50 anos juntos até o fim)
“Tínhamos o nosso
exemplo: apenas o amor nos ligava a
tantos anos”.
Jorge e Zélia ao longo do
tempo a dois, antes de haver a lei do divórcio para poderem se casar e legalizar
a situação já que seus filhos até então eram legalmente considerados
ilegítimos. Viveram juntos 32 anos sem
papel passado e quando aprovaram o divórcio, se casaram no cartório. Assim facilitava a vida dos filhos e
documentação inclusive passaporte.
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