capítulo 9/20
Houve a passeata dos
estudantes e passando em frente ao Palácio, um estudante ajuntou uma pedra para
atirar no Palácio. Zélia deu um alto
lá! E o estudante jogou a pedra fora.
Se jogasse a pedra, formaria tumulto e daria um argumento para a polícia
reprimir o movimento e até prender os líderes da passeata que era de protesto
mas era pacífica.
A passeata terminou perto da
Reitoria da UFBA Universidade Federal da Bahia. Terminou com cerco policial, gás
lacrimogênio, mas sem prisões nem vandalismo.
Zélia fez valer a experiência do tempo de militância estudantil.
Ladeiras da Bahia
Há ladeiras para todo lado
em Salvador. Dadá realiza seu
sonho. Na Ladeira dos Perdões morava
Dadá, viúva do cangaceiro Corisco, lugar-tenente de Lampião rei do cangaço. Dadá tinha quatorze anos quando foi raptada
por Corisco no tempo do Bando do Lampião.
“Fora muito feliz com o
cangaceiro e não admitia que falassem mal dele.”. Dadá não deixou enterrarem Corisco sem a
cabeça. Ele e outros do bando foram
fuzilados e depois decapitados. A
cabeça dele e de outros estavam em vidros com conservante na Faculdade de
Medicina.
Dadá guardava os ossos de
Corisco por anos debaixo da cama e lutava para ter a cabeça dele de volta para
lhe dar um sepultamento digno.
Mais adiante o governador
da Bahia, Luiz Viana Filho, determinou que as cabeças fossem devolvidas às
respectivas famílias. Só então Dadá
conseguiu sepultar Corisco da forma que achava mais digna.
Jorge e Zélia estão entre
os que ajudaram na coleta para realizar o sepultamento de Corisco.
Biografia de Corisco e
Dadá
Um dia um vigarista
entrevistou Dadá e depois foi tentar uma “parceria” com Jorge Amado para
escrever um livro sobre o casal de cangaceiros. Jorge logo de cara deu o fora no
oportunista, que mesmo depois do não, continuou telefonando para Jorge ainda
tentando a tal parceria.
As campainhas tocam
Gente na porta de casa ou
no telefone pedindo coisas até
inusitadas. Esta, por telefone: -É dona Zélia? Jorge Amado não pode atender? Então falo com a senhora mesmo. Sabe o que é? Minha professora mandou que a gente lesse o
livro de Jorge Amado, o Mar Morto. Eu
não tive tempo de ler e preciso falar sobre ele hoje. Se não souber, tiro zero”.
Por haver em Salvador o
Teatro Jorge Amado em homenagem a ele, muitos pensam que o teatro é dele e
costumam pedir ingressos para eventos no local. Tem até candidatos a ator ou atriz que
liga achando que ele pode indicar a pessoa para atuar no teatro.
Aparece gente querendo
contar a história da vida dela para ver se Jorge Amado se interessa em colocar
em algum livro. ...”é um história
muito boa, muito forte, vai dar um romance e tanto, com toda certeza” – garante
um dos interessados.
O imperador romano
O famoso jato Concord fazia
voos comerciais entre o Rio de Janeiro e Paris com escala em Dacar na
África. Demorava a metade do tempo dos
voos normais de jatos convencionais.
Por essa rapidez, Jorge e Zélia usaram várias vezes o Concord para ir ou
vir de Paris.
Até padre apareceu lá na
casa de Jorge com livros para ele autografar. 0 leitor começa elogiar
Jorge e ele fica encabulado diante de elogios.
Ao se despedir, o padre
ajoelhou diante de Jorge e disse que ele se parecia com um imperador romano.
Casa pronta, Hóspedes
ilustres
Concluída a reforma da
Casa do Rio Vermelho, foi uma sequencia de visitas de amigos ilustres. Muitos citados nominalmente por Zélia no
livro.
Na ampla casa tem o
gabinete que seria para Jorge escrever mas ele não usa o local para isso. Prefere sempre estar no ambiente social da
casa interagindo com as pessoas e querendo saber quem telefonou, quem bateu na
porta e assim por diante. É o jeito
dele.
Continua no capítulo 10/20
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