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terça-feira, 26 de dezembro de 2023

CAP. 7/20 - fichamento do livro de memórias - A CASA DO RIO VERMELHO - autora: ZÉLIA GATTAI

capítulo 7/20

 

         Maus presságios.   João Goulart na presidência do Brasil e o cenário político se complicando.    Jango teve que passar para a reserva alguns generais com perfil golpista.      Jango fazia um governo um pouco voltado para a esquerda e tinha apoio de vários setores sociais que andavam inclusive fazendo passeatas na ocasião.

         Jorge Amado já tinha sofrido com uma ditadura militar no passado, perseguido, preso e exilado e sentia o desconforto do momento.   Ele e Zélia apreensivos.   Achavam que Jango estava cutucando o leão com vara curta.

         “Com esse espírito de preocupação, viajamos de mudança do Rio para a Bahia no final do ano de 1963”.   (a ditadura que derrubou Jango foi na passagem de março para abril de 1964).

         Antes da mudança do casal, o Coronel João, pai de Jorge Amado faleceu.

         Zélia e uma amiga arrumando as malas para a mudança – a parte que iria de carro.    Livros, presentes etc.

         Jorge foi só para colocar as malas no carro.   No meio da tarefa entrou bravo em casa dizendo que não coube nem a metade das malas.   Deu em choro.     Depois que Zélia se acalmou, ela desceu até o carro, organizou a bagagem e coube tudo certinho.

         A casa começa a funcionar

Na Bahia, decidiram colocar as crianças numa escola pública para elas ficarem mais integradas com as pessoas do povo local, os menos privilegiados.

         “Queremos nossos filhos sem empáfia, eles deveriam conhecer de perto as necessidades do povo”.

         Explosão

         Ligaram ao mesmo tempo na casa nova três geladeiras e um freezer e a sobrecarga na energia deu um estouro no transformador da rua e ficaram sem energia.    Por conta disso, tiveram que pagar caro por um novo transformador bem mais potente na rede elétrica pública.   Saiu cara a fatura.

         O sapo cururu

         “A casa estava pronta e graças ao excelente arquiteto e aos nossos amigos, grandes artistas da Bahia, tínhamos conseguido o que desejávamos: viver numa casa ampla, arejada, agradável, sem requintes de grandeza, combinando com nossa maneira simples de ser, vida simples, sem ostentação”.

         Tinha até sapos coaxando à noite no quintal que tem um laguinho no jardim.   Jorge gostava de ver e ouvir os sapos.

         Carybé apareceu de visita, viu o sapo e adorou.   Brincou com ele até.  Disse que gostaria de ter um sapo em casa também.

         Passam os dias e Zélia gravou o coaxar do sapo e levou a gravação escondida para a casa do Carybé.    No meio da prosa, ela deu uma escapadinha, ligou o gravador no som alto, isto à noite, e Carybé ficou todo eufórico.   Catou uma lanterna e saiu procurando no quintal o tal sapo.

         Era um trote de uma série que vinham pregar na base do chumbo trocado.

         Calasans Neto

         A casa do casal tinha muitos toques artísticos e só a porta de entrada, azul, era sem graça.   Foi então que o artista amigo, Calasans Neto, fez uma porta entalhada com o casal de personagens de Tereza Batista, protagonista de um romance de Jorge Amado.

         O artista destacou que fez o personagem Doutor Emiliano Guedes, amante de Tereza Batista com a feição de Jorge.   E já avisou que Zélia não precisava ter ciúme porque de costas, estava Tereza nua e que ela foi inspirada no corpo de Zélia.    Zélia destacou:   Mas eu estou de costas, não se vê o rosto.   O artista respondeu:    “E quem falou em rosto – riu o malandro – Ela é você de costas, sem tirar nem por”.      Jorge completou:   - “De balaio grande”, rindo e se divertindo com a discussão.

         Nesse tempo entre os artistas do convívio com o casal, tinha inclusive o cineasta Glauber Rocha.  Ela cita inclusive o poeta Carlos Anisio Melhor.

        

         Continua no capítulo 8/20 

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