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quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

CAP 4/8 - fichamento do livro (ficção) - PERTO DO CORAÇÃO SELVAGEM - autora: CLARICE LISPECTOR

 capítulo    04                        dezembro de 2023

     (Original de 1943 quando Clarice tinha 23 anos e estudava Direito no RJ)

         Capítulo -  A mulher da voz e Joana

 

         Joana casada com Otávio.  Foi um dia sozinha ver uma casa para alugar.  Não gostou da casa mas se interessou pela mulher.  Mulher viúva e mãe de um filho.

         Joana, após conhecer, disse que não se interessou pela casa.   Perguntou se poderia visita-la uma vez ou outra “para conversarmos”.

         (relato da mulher viúva):          O filho da mulher já é casado e mora em outro lugar.

         ...  “muitos anos de existência, gastou-os à janela olhando as coisas que passavam e as paradas.  Uma vez dividiu-se, inquietou-se, passou a sair e procurar-se”.   Buscou estar entre as pessoas...

         “Ninguém sabia que ela estava sendo infeliz a ponto de precisar buscar a vida.   Foi então que buscou um homem, amou-o e o amor veio adensar-lhe o sangue e o mistério.

         Deu à luz um filho, o marido morreu depois de fecunda-la.  ...   juntou seus pedaços...   Reencontrou a janela onde se instalava em companhia de si mesma.

         ... morreu... virou pó    ...ela é eterna agora.

 

         Capítulo     ... Otávio...

         Olhando-se no espelho...  Joana parecia uma gata selvagem...   “Às vezes ouvia  palavras estranhas e loucas de sua própria boca.   Mesmo sem entende-las, elas deixavam-na mais leve, mais liberta”.

         ... “Mas não queira orar, repetiu-se mais uma vez francamente.   Não queria porque sabia que esse seria o remédio.    Mas um remédio como a morfina que adormece qualquer espécie de dor.

         ...”Preferia conhecer a dor...   “de sofre-la, possui-la integralmente para conhecer todos os seus mistérios”.

         “Havia o perigo de se estabelecer no sofrimento e organizar-se dentro dele, o que seria um vício e também um calmante”.

         Ao piano...   Exercícios...  por que não?   Por que não tentar amar? Por quê não tentar viver?

         Otávio, vinte e sete anos.  “Por que me chamar de folha morta quando sou apenas um homem de braços cruzados?”

         Orar, orar.  Ajoelhar-se diante de Deus e pedir.  O que?  A absolvição.  Uma palavra tão larga, tão cheia de sentidos.   Não era culpado – ou era? De que?   Sabia que sim.   A prima Lídia chega, toca piano.

         Otávio pensava...   prostituta...    “no entanto, mesmo quando se arrependia, voltava a pecar”.

         Amava Otávio desde o momento que ele a quisera, desde pequenos, sob o olhar alegre da prima.   E sempre a amaria ... mesmo quando ele a feria, ela se refugiava nele contra ele”.

         ... a vida é longa.   Temia os dias, um atrás do outro, sem surpresas, de puro devotamento a um homem.

         ... Mas agora ela falava também porque não sabia dar-se e porque sobretudo apenas pressentia, sem entender, que Otávio poderia abraça-la e dar-lhe a paz.

         Ela não era bonita.  No passado Otávio que tinha um caso com sua prima Lídia, após se relacionar com Joana.     ...Daí em diante não haveria escolha.  Caira vertiginosamente de Lídia para Joana.  Sabendo disso, ajudava-se a amá-la.  Não era difícil.    Otávio pensava que ao lado de Joana poderia continuar a pecar.

         Joana teve um caso com Otávio.  Depois, sentimentos controversos, alternando alegria, tristeza, certeza, dúvidas.     ...Serenamente vazia.  Estava pronta.

 

         Continua no capítulo 5 de 8.

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