capítulo 4/20 leitura em dezembro de 2023
Para reformar o pomar da
casa, foram buscar mudas da faculdade de agronomia de Cruz das Almas-BA. Nesse tempo o amigo pintor Carybé já tinha
comprado uma chacrinha e nela tinha vários tipos de frutas em produção e
contava vantagem por isso.
As sauvas, logo que o
casal plantou as mudas, pelaram as folhas das laranjeiras. Tiveram que contratar uma pessoa que era
prática em controlar saúvas.
Na fase de formar o pomar
e jardim, Jorge contratou um jardineiro e este providenciou a compra de
esterco. Na verdade despejaram na casa
uma verdadeira carga de lixo mal cheiroso e que juntava mosca de todo
lado. Tiveram que mandar embora o lixo
e o jardineiro.
Pouco tempo passado, veio
uma intimação da Justiça do Trabalho, convocando Jorge para depor. Ele ficou babando de raiva. Não se conformava. Pagou tudo, não recebeu a contrapartida em
serviço e ainda essa reclamação na justiça.
Logo depois do recebimento
da intimação, Carybé chamou Zélia de lado e disse que foi um trote dele com uns
amigos para assustar Jorge. Intimação
com papel timbrado da Justiça e tudo...
Zélia contou pra ele que
fingiu junto aos amigos não saber de nada e já tinha feito contato com um
advogado amigo, antes de saber que era trote.
Desmarcou com o advogado e se fez de não saber de nada junto aos
amigos. Estes entraram em pânico pelo
tamanho da brincadeira e envolver a justiça.
A Revanche de Jorge
Jorge forjou um anúncio no
jornal em nome da escola de Inglês da amiga que participou do blefe contra
ele. No anúncio, oferta de um punhado
de bolsas de estudo nos USA por conta da escola. No dia marcado, uma multidão de gente lá na
porta esperando a vez. A dona da
escola acabou tendo que de fato (ela era americana casada com brasileiro),
oferecer umas bolsas nos USA. Tudo por
conta da revanche do amigo Jorge.
E teve que ela pagar a
conta do anúncio caro que chegou na escola.
Viagem a Cuba
A convite do poeta cubano
Nicolás Guillén, o casal foi visitar Cuba poucos anos após a Revolução que foi
em 1959. Foram lá no começo dos anos
60. O poeta, antes da revolução, era
ferrenha oposição ao regime do ditador Fulgêncio Batista. Foi exilado no tempo do ditador e viveu pela
Europa e lá conheceu o casal, também exilado, Jorge e Zélia. Zélia cita outros países que visitou no
tempo do exílio: China, Mongolia, URSS, Tchecoslováquia, França.
Em Cuba visitaram em
Havana inclusive o Cabaré Tropicana que na ditadura antes da Revolução era o
paraíso dos turistas americanos que vinham veranear nas praias e cassino de
Havana.
O casal Jorge Amado e
Zélia estavam na viagem acompanhados dos compadres Carybé e esposa. Visitaram vários lugares na capital e
interior de Cuba.
“Passamos duas semanas
visitando o que nos mostraram e o que quisemos ver”. Conversavam com o povo para sentir as
mudanças no novo regime pós Revolução Cubana de 1959.
O povo simples enfrentando
um desafio de mudança cultural. Citou
o exemplo dos pescadores que antes viviam em barracos precários, sem água nem
banheiro. Agora, o governo fez
colonias de casas em alvenaria com água encanada e esgoto. Através de assistentes sociais, em visitas
periódicas, buscavam que os moradores cuidassem da limpeza do local inclusive
por conta da saúde pública. Alguns
moradores reclamavam meio incomodados...
“Não necessito de tanto luxo, prefiro viver em paz”.
Visitaram a histórica Baia
dos Porcos. Onde há apenas um ano
atrás, cubanos dissidentes da revolução, treinados pela CIA americana na
Guatemala, partiram em barcos da Nicarágua, buscando invadir Cuba e derrubar o
regime do novo governo. Os golpistas
foram derrotados em dois dias de combate.
Houve alguns mortos de ambos os lados e resultou em 1.200 presos por
tentativa de golpe.
Visitaram em Havana o
túmulo dos Mártires da Pátria, tombados no combate de Baia dos Porcos. “Jorge tem horror a cemitérios. Evita sempre ir a enterros, mas não pode
dizer que não ia lá e fomos”.
No cemitério o guia não
deixou por menos. Mostrou o mausoléu dos
Mártires, mas não deixou de mostrar o túmulo com a estátua de bronze do fundador da fábrica de Rum Bacardi. Uma estátua de corpo inteiro, tamanho
natural do fundador com óculos e tudo.
Abaixo o analfabetismo!
Cuba antes da revolução
era muito pobre e havia muitos analfabetos.
A revolução incluiu uma campanha forte de alfabetização e todos se
empenharam nela. A meta era que cada alfabetizado
buscasse alfabetizar ao menos uma pessoa.
Até o jovem neto do
ministro do governo de Cuba, anfitrião de Jorge, estava no interior do país em
tempo integral no esforço de alfabetizar o povo.
O jovem, para isso, deixou
temporariamente os próprios estudos para retomar mais tarde, após a campanha de
alfabetização.
O genro do ministro era
médico e deixou sua clínica na cidade e foi para o interior atender a população
carente no esforço de reconstrução da Nação.
Se hospedaram, os
visitantes, no prédio alto onde morava o ministro e ficaram sabendo que lá
havia centenas de estudantes que o governo da revolução selecionou pelo perfil
para fazerem estudos superiores para servirem a Pátria. Em geral eram jovens da zona rural,
cortadores de cana. Agora estudando com
tudo patrocinado pelo governo para dar um novo rumo ao país.
Continua no capítulo 5/20
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